Bernardo (parte 2)

* Aviso, esse capitulo contém cenas fortes de violência física, violência sexual (estupro) e tortura, que podem ser desconfortáveis para algumas pessoas.

Eu abro minha boca mas nenhuma palavra sai dela, um cheiro forte de álcool toma conta do meu nariz. Eu não consigo me mexer, eu não tenho forças pra fazer absolutamente nada.

O fato de eu reconhecer a faca só torna tudo mais aterrorizante, e ele sabe disso. Eu sinto minhas mãos tremendo, sinto quando um fio gelado de suor escorre pelas minhas costas. O ar parece travar dentro dos meus pulmões, deixando minha respiração difícil e carregada.

- Eu quero entrar na nossa casa Mellanie, por favor, me deixe entrar.

Bernardo diz, mas sua voz soa distante aos meus ouvidos. Como se ele tivesse a muitos metros de distância de mim, o pânico me trava, e eu sei que as coisas podem terminar mal por isso.

- Mellanie, eu estou tentando ser educado aqui. Não vamos dificultar ainda mais aa coisas.

Eu sinto sua mão em mim, passando pela minha bochecha e indo até o meu pescoço. Ele desce sua mão ainda mais, quando ela chega ao meu peito eu sinto o empurrão, forte, que faz com que minha mão escorregue da porta, e me faz cambalear alguns centímetros para trás.

Ele entra e com toda a calma do mundo encosta a porta atrás de si, ele não a tranca, mas ainda assim eu sinto que não serei capaz de fugir de qualquer forma.

Ele sorri e aponta a faca para o meu peito, lagrimas descem pelo meu rosto feito cascata, mas nenhuma palavra se força a sair dos meus lábios.

- Você sabe que fez merda não sabe Mellanie, você se tornou uma vadiazinha e agora vou ter um trabalhão até poder ter a minha Mellanie de volta. Você não tem dó de mim? De me dar tanto trabalho? Isso é revoltante.

Ele para na minha frente, minhas pernas estão moles, mas eu continuo em pé, esse é o único jeito que eu consigo demonstrar que ainda estou firme.

Eu ouço o barulho antes de sentir a dor quando ele da um tapa forte na minha cara. Alguns momento se passam, e sou assolada por tapas e mais tapas na minha face. Meu rosto arde, queima. E quando eu acho que não vai passar disso, ele segura meus ombros e me dá uma joelhada tão forte na barriga que eu sinto vontade de vomitar.

Eu caio de joelhos no chão, e me apoio com os braços enquanto respiro forte, pra evitar que meu estômago saia pela boca. A mão de Bernardo que segura a faca vai até minha cabeça e me agarra pelos cabelos, me fazendo soltar um breve gemido de dor.

Eu demoro alguns segundos pra entender o que ele vai fazer. Com a mão livre ele desabotoa sua calça e cerca de meio segundo depois sua calça está caída em volta dos seus pés. Ele abaixa a cueca em seguida, e vira meu rosto em direção ao rosto dele.

- Aproveita que já tá ajoelhada meu amor. E se você tentar alguma gracinha, eu mato você, tenha isso em mente.

Bernardo leva meu rosto até o seu pau, eu tento resistir, mas isso só faz com que ele agarre meu cabelo com ainda mais força e empurre minha cabeça contra ele. Eu abro minha boca, eu penso em mordê-lo mas não o faço devido ao medo, então eu fico ali com a boca aberta envolta do seu membro, enquanto ele enfia até minha garganta e volta, as lágrimas continuam caindo silenciosamente.

Eu continuo parada, enquanto ele se movimenta na minha boca, de repente ele leva o pau até o fim, atingindo fundo a minha garganta, eu me debato, mas ele segura firme a minha cabeça contra sua pélvis, de repente eu sinto sua ejaculação molhando minha goela. Eu me debato ainda mais, levo minhas mãos até suas pernas, onde eu cravo minhas unhas, mas nada é o suficiente pra impedi-lo, muito pelo contrário.

Quando ele se retira da minha boca e arruma suas calças, eu me sinto derrotada, mas é claro que isso é só o começo. No segundo em que sua roupa está arrumada ele me chuta no maxilar. "Eu avisei pra não fazer nenhuma gracinha" ele diz entredentes e me chuta mais uma vez, dessa vez na boca do meu estômago.

O golpe faz minha visão rodar, e eu me deito no chão em posição fetal. Eu o vejo se aproximar, ele se senta ao meu lado e passa a faca no meu rosto, eu estremeço ao sentir o aço gelado contra minha pele. Ele desce a lâmina pelo meu corpo e rasga o tecido da roupa que eu estou vestindo. O tecido não se desfaz completamente e ele deixa a faca de lado e termina de rasgar com as próprias mãos.

Vento frio bate na minha pele nua, Bernardo leva sua mão até meu peito e o aperta até me ver gritar. Ele pega novamente a faca e passa pela minha barriga, só que dessa vez com a lâmina em minha direção, um filete de sangue se forma onde ele passa a faca, mas ele não faz nenhum corte profundo. Ele aproxima o dedo do sangue e o leva até a boca. Ele faz isso tantas vezes que eu acabo perdendo a conta.

Meu corpo dói, não tem uma parte de mim que não doa nesse momento, minha cabeça lateja cada vez mais forte. E pela primeira vez, me passa pela cabeça que talvez eu não termine esse dia viva. Eu já não tenho mais lágrimas pra chorar, eu me amaldiçoo mentalmente, por um dia já ter amado essa pessoa na minha frente. Eu estava completamente cega.

Bernardo leva a faca ao meu seio e faz um belo corte, profundo o suficiente para pingar várias gotas de sangue no chão, em seguida leva sua cabeça ao corte e eu sinto sua língua em mim. Meu corpo se contrai, se de dor ou de nojo de tê-lo ali eu não sei dizer, ambas as sensações me preenchem, mas isso o leva a um estado ainda maior de fúria. Seus olhos brilham de ódio, sua face está vermelha, e é como se o próprio demônio estivesse na minha frente.

Suas mãos agarram minha cabeça com violência, a suspendem do chão e a batem de volta no piso, de novo e de novo. Tudo gira, eu sinto meu cabelo ficar pegajoso com algo que imagino ser sangue, e tudo se torna escuridão.

~ ♡ ~

Eu abro os olhos com dificuldade, não tenho ideia de quanto tempo se passou. Eu estou no meu quarto, deitada na minha cama, eu tento me mexer e percebo que meus pés e mãos estão amarrados.

Vários cortes tingem minha pele em vermelho, eu me sinto fraca, e é quando o percebo, sentado aos pés da minha cama, murmurando uma melodia que só deve fazer sentido na cabeça dele, e que torna esse momento ainda mais macabro.

- Ah, finalmente você acordou. Eu estava te esperando. Nós ainda não tivemos uma conversa decente.

Eu tento desesperadamente me mexer e me soltar, mas meus membros estão muito bem amarrados. Eu abro a boca e solto um grito, mas sei que soa muito mais baixo do que eu queria. Bernardo se levanta e vem até mim, caminhando calmamente, ele pega um pedaço de pano e o enfia na minha boca.

- Talvez eu tenha usado o termo errado quando eu disse conversar, eu vou falar e você vai me escutar, calada, como deve ser.

- Eu sempre amei você Mellanie, você foi meu primeiro amor, e eu sei que nossa relação foi muito especial. No começo tudo era perfeito, você sempre fez com que eu me sentisse um ótimo homem, você me fez feliz e me fazia querer estar com você mais e mais a cada dia.

- O tempo passou, e eu comecei a ver seus defeitos, que até aquele momento se mantiveram camuflados. Mas você nunca teve problema em melhorar, em corrigir seus erros. Mas claro que isso acabou desgastando muito nossa relação, é muito difícil conviver com alguém problemático assim, e tão cheia de defeitos.

- Quando a gente terminou, eu fiz de tudo pra te salvar. Mas você conheceu pessoas que te levaram pra um caminho errado, te fizeram mudar, te fizeram virar uma pessoa que eu mal reconheço. E eu ainda amo você, mas eu não amo quem você se tornou.

- E é por isso que você está presa aí, depois que você passar um tempo só comigo, longe dessa gente que te influencia e te leva pro mal caminho, eu tenho certeza que você vai voltar a ser a minha Mellanie. Eu vou fazer o que for preciso por você Mellanie, por que eu te amo, e preciso salvar você, de você mesma.

- Nem que seja preciso Mellanie, que só fiquemos juntos novamente nos altos céus.

Bernardo se levanta, e se aproxima de mim, ele parece calmo, ele perdeu o sorriso maníaco, mas isso não me deixa mais tranquila de forma alguma. Tudo o que ele diz, é insano. Não sei o que aconteceu comigo durante o tempo em que fiquei desmaiada, mas meu corpo está fraco, eu não tenho ideia de quanto sangue eu perdi.

Minhas pernas de repente são soltas, mas eu sinto que isso não é sinal de que ele vai me soltar, pelo contrário algo me diz que nada de bom vai sair disso. Quando ele encaixa um travesseiro abaixo da minha bunda, eu percebo que tenho razão.

Bernardo já está nu, e eu sei, eu simplesmente sei que ele me estuprou enquanto eu estava inconsciente. Algo ainda me diz, que não foi só uma vez.

Eu fecho os olhos pra não ver enquanto ele se ajeita no vão das minhas pernas, mas isso não me impede de sentir. Tudo o que eu queria nesse momento é desmaiar de novo, só pra não precisar sentir. Ele ajeita seu pau na entrada do meu ânus, e enfia de uma só vez.

Eu sinto meu corpo rasgar, e choro, choro de dor, choro pela situação, choro pela vida que eu vejo escorrer por entre os vãos dos meus dedos. Eu nunca havia feito isso antes, e tudo só torna o momento ainda pior.

Meu corpo balança com seu movimento, ele segura no meu quadril e empurra tudo até o fim de novo e de novo. Ele é violento, eu sinto como se me rasgasse por dentro, eu tento gritar, mas o som sai apenas como um ruído abafado devido ao pano na minha boca.

Quando ele sai quase totalmente de mim, eu tento empurrá-lo pra longe usando minhas pernas, mas isso só serve pra que ele fique mais nervoso, e me de um tapa.

Logo ele recomeça os movimentos, usando cada vez mais força. Suas mãos apertam meu quadril com tanta força que dói quase tanto quanto suas investidas contra mim. Eu quero sair do meu corpo, eu quero estar em outro lugar, e eu tento, eu tento desesperadamente pensar em outras coisas, pensar no dia que o Geovani me pediu em namoro, mas cada estocada que o Bernardo dá me puxa de volta pro momento atual.

Ele me prende a ele, de corpo e de alma. Esse momento dura toda uma eternidade, e se o inferno existe, ele é exatamente isso que eu estou vivendo agora. Eu não preciso de nenhum demônio, quando eu tenho o Bernardo pra me atormentar. Não existe nada que possa ser pior do que o que estou sentindo nesse momento.

Quando ele termina e joga seu corpo em cima do meu, eu já não tenho mais força, pra lutar, pra tentar, pra viver. Eu sinto o peso do seu corpo em cima de mim, me apertando e prendendo minha respiração de forma desconfortável, mas ao mesmo tempo é como se eu não sentisse mais nada, talvez seja isso a verdadeira liberdade.

- Merda. - eu ouço ele dizer. - Você tá sangrando de novo, porra.

Meus ouvidos ouvem as palavras saindo, mas meu cérebro não consegue processar o que elas significam. Eu pisco meus olhos. Um zumbido invade meus ouvidos. Eu pisco meus olhos. Eu percebo que não consigo mexer meu corpo, nem mesmo as partes que não estão presas. Eu pisco meus olhos. Eu me sinto livre de toda a dor. Eu pisco meus olhos. Eu já não tenho medo mais. Eu pisco meus olhos. Tato, olfato, paladar, audição e visão, um por um meus sentidos vão sumindo. Eu fecho meus olhos. Eu ouço a voz do meu pai, e vejo seu rosto sorridente olhando pra mim de braços abertos, eu me jogo em seus braços. E tudo se vai.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top