Ligando para casa

Pov Emily

Não sei quanto tempo dormi, só sei que foi o suficiente para descansar o meu corpo de uma noite mal dormida. Abri meus olhos e virei minha cabeça, sorrindo ao encontrar meu chefe dormindo pacificamente virado de costas pra mim. Tê-lo ali ao meu lado, de certa forma mexeu comigo, afinal, foi a primeira vez que compartilhei a cama com um homem, e bem, o senhor Rickman não era qualquer homem, era meu chefe, eu deveria ter todos os motivos pra achar estranho nossa situação, mais meu coração me dizia que estava tudo bem, e que naquele momento não existiria nenhum outro lugar que eu desejasse estar. Foi então, que com as batidas frenéticas em meu peito, percebi algo que a muito tempo não tinha percebido: eu estava nutrindo sentimentos em relação ao sr. Rickman e nunca tinha parado para perceber e juntar as peças deste quebra-cabeças. Era por isso que eu nunca quis outro trabalho, eu gostava de onde estava mas ainda mais da companhia dele, do homem a quem nomeei de "pesadelo" sem nem me dar conta de que ele era importante pra mim no pessoal e profissional.

"Temo que isso possa se tornar amor, minha filha. Espero que eu esteja errada"

As palavras que ouvi da minha mãe me fez voltar a realidade. Me sentei e tirei o edredom do meu corpo jogando minhas pernas pra fora da cama. Estiquei meu corpo e me levantei calçando minha sandalha baixa confortável. Me levantei e rodeei a cama olhando para o meu chefe que ainda estava dormindo, suspirei com varios pensamentos na cabeça.

__Sinto muito mãe, mais não posso negar que ele mexe comigo... talvez o que sinto já seja amor, eu só não queria admitir.

Sussurrei e balancei a cabeça seguindo em direção ao banheiro para me arrumar.
Depois de vestir o meu agasalho, peguei minha caneta e um papel da minha agenda, escrevi um pequeno bilhete pra ele dizendo onde eu estaria, cujo eu deveria ter feito antes de o deixar sozinho no carro pensando que eu o havia abandonado, mais não me julguem, eu apenas não pensei em nada além de nos tirar dá estrada. Deixei o pepel e a caneta em cima do criado mudo e saí do quarto segurando meu celular vendo se algum sinal pegava por ali. Mais nada, não havia sinal. Olhei as horas e soltei um gruido desapontado, havia perdido o almoço.

Cheguei na recepção ainda olhando para a tela do meu celular até que a voz de Tia Maria ganhou minha atenção.

__Oi Tia._sorri educadamente pra ela

__Olá menina... você descansou bem?

__Ah sim. Muito bem. Obrigado.

__Nada. É uma pena que acabaram perdendo o almoço, mais eu entendi que deviam estar bastante exaustos pela viagem.

__Sim. Bastante. Mais está tudo bem, a proxima refeição não perderemos.

__Uhm...temos o chá da tarde que será servido às cinco horas, se seu chefe desejar.

__Uhum...eu acho que até lá ele já deve estar acordado. Ainda são duas da tarde. Eu não o quis acordar agora porque o resfriado o daria bastante sono, então preferi deixa-lo descansar mais um pouco.

__Compreendo.

Sorri gentil e olhei para telefone fixo em cima do balcão

__Tia Maria?

__Sim, querida?_ela estava olhando alguma coisa em um caderno e voltou a olhar pra mim

__Estou sem sinal em meu celular, a senhora se importaria se eu usasse o seu telefone fixo para ligar para minha mãe?

__Oh, claro que não me importo. Graças ao céus a linha ainda funciona. Vou deixa-la a vontade, qualquer coisa, estarei vendo algo lá na cozinha. Com licença.

__Toda e obrigado.

Fiquei feliz por saber que a linha ainda funciona, peguei o aparelho e disquei o número da minha mãe colocando o aparelho no ouvido.

"Alô?"

Ouvi a voz embargada de minha mãe no outro lado da linha, então percebi que ela deve estar se lembrando do dia em que o hospital ligou pra casa nos avisando sobre o papai. Suspirei e tratei de falar rapidamente que era eu.

-Mãe, sou eu!

"Filha?..minha menina, você está bem?"

Ela parecia mais aliviada ao ouvir minha voz.

-Sim mamãe. Estou muito bem. Liguei para não te deixar preocupada.

"Oh graças a Deus minha vida. Eu estava apavorada, a tempestade causou um desastre nas estradas, imaginei que você e seu chefe estariam em perigo"

-Não mãe. Não se preocupe mais, o pior já passou.

"Pior? Como assim, pior? O que houve?"

-Ah...mãe...o carro do meu chefe deu uma trabalhinho no caminho e acabou estragando. Ficamos parados na estrada no meio da tempestade mais ficamos seguros dentro do carro. Hoje mais cedo chegamos a um vilarejo e estamos bem.

"De verdade querida? Vocês estão bem mesmo?"

-Verdade verdadeira mamãe. Demorei ligar porque estava sem sinal e agora felizmente consegui telefonar pelo fixo da hospedagem que estamos.

"Ah sim...e como está o seu chefe? Ele não está sendo um idiota com você, não é?"

-Não mãe. Por incrível que pareça, essa viagem está me dando a oportunidade de conhecer um lado do senhor Rickman que eu jamais imaginei conhecer. Definitivamente estou tendo uma visão completamente diferente dele. Mãe, estou sendo sincera com a senhora, meu chefe não deixou de me surpreender desde que entramos no carro para iniciar a viagem e... pela primeira vez em anos, ele reconheceu meu trabalho e esforço e até me agradeceu.

"Ele te agradeceu?"

Mamãe parecia surpresa

-Sim! Tivemos uma conversa quando chegamos na pousada do vilarejo hoje de manhã, a senhora precisava ver a sinceridade nos olhos dele, isso me deixou muito, mais muito feliz, porém sem palavras, porque tudo foi tão instantâneo, não pensava que ele se abriria pra mim desta forma.

"Filha, ele fez mais do que a obrigação em te agradecer"

-Eu não sinto mais que isso era uma obrigação, mãe.

"Você trabalha pra ele a dez anos, e ele nunca foi gentil ou valorizou seu trabalho antes, filha. Sim, era mais do que a obrigação dele lhe agradecer"

-Sabe? O sr. Rickman me disse que o senhor Willians teve uma conversa com ele sobre uma promoção... esta seria pra mim. Meu chefe disse que ficou completamente de acordo e que eu era a mais indicada para o cargo porque eles confiavam em mim. Isso também foi o essencial para que todas as minhas ideias erradas sobre Alan, mudasse completamente.

"Alan?"

-O quê?

"Você agora chama seu chefe pelo primeiro nome?... Filha, o que mais aconteceu entre vocês?"

-O que está insinuando mãe? Não aconteceu nada.

"Eu jamais imaginei você o chamando pelo nome e não de senhor "

-Ah_cocei os cabelos_-Ele quis que eu o chamasse assim, talvez apenas enquanto estivermos nessa viagem. Ele também passou a me chamar por Emily. Está sendo legal assim.

"Isso está estranho, filha"

-Você e suas paranóias mãe.

"Paranóias é o escambal. Sinto que há mais nesta história do que você esteja contando. Meu amor, ele é velho... tem idade pra ser seu avô... Você não está tendo sentimentos por ele, está?"

-Também não exagere mãe. Ele não é tão velho assim pra ser meu avô. E... Não me incomodaria ter sentimentos por ele.

"Emily, você não pode está falando sério?"

-Eu estou! Mãe, eu tenho reprimido isso durante muito tempo, essa viagem está sendo definitiva para encontrar as respostas do meus verdadeiros sentimentos. O que a senhora mais teme, aconteceu. Sinto atração, carinho e paixão por ele. O ódio que eu pensava sentir, nunca existiu... era apenas uma forma ruim pra camuflar meus sentimentos. Eu não queria admitir que de certa forma, Alan mexia comigo, estou grata por estar aqui com ele nesta viagem.

"Isso explica muita coisa. Eu não sei nem o que dizer Emily."

-Mãe, não fica chateada. Por favor!

Dava pra perceber que a voz dela havia mudado comigo e ela só usava meu primeiro nome quando estava chateada, fora isso, se referia a mim com todos os adjetivos carinhosos que uma mãe poderia usar.

"Você sabe o que faz com suas escolhas, filha"

Ela suspirou, acho que esfregava a testa para manter a calma.

-Mãe, eu preciso desligar. Ligo pra senhora mais tarde, tudo bem?

"Uhum. Se cuida...tchau"

-Tchau.

Coloquei o aparelho no gancho e abaixei a cabeça. Eu havia chateado minha mãe e me sentia péssima com isso. Coloquei dois dedos no meio de minha testa respirei fundo, até ser suprendida por uma vozinha fofa de criança me fazendo girar a cabeça para o lado.

__Você está triste moça?

Olhei para a garotinha loira que estava ao meu lado, ela tinha uma deficiência nos olhos. Ela me olhava, mais parecia não está me enxergando.

__Oi pequena _me agachei pra ficar na altura dela_-Meu nome é Emily, qual é o seu?

__Angel. _ela sorriu feliz com a pronúncia de seu nome e eu sorri

__É um lindo nome, para uma garotinha linda como você.

__Obrigado moça. Seu nome também é muito lindo e a senhora também é muito linda.

Aaah... crianças são tão inocentes

__Muito obrigado. Você está aqui sozinha?

Perguntei olhando de um lado ao outro mais a menina balançou a cabeça

__Minha vovó é dona aqui. Ela tá lá na cozinha.

__Sua avó é a Tia Maria?

A menina assentiu e tia Maria logo apareceu na recepção

__Ah senhorita... vejo que conheceu minha neta, Angel.

Me levantei e sorri

__Sua neta é muito educada tia Maria.

__Ela é sim. _a senhora sorriu orgulhosa _-E se parece muito com a minha falecida filha.

__Eu sinto muito pela perda, senhora.

__Obrigado querida.

__Minha mamãe agora é uma estrela. Eu queria ter conhecido ela.

A pequena falou um pouco triste e Tia Maria veio até ela e a pegou no colo.

__Angel não a conheceu, minha filha morreu no parto prematuro. Minha neta saiu com sequelas, mais graças a Deus, muito saudável.

__Graças a Deus! _acariciei a costa da pequena enquanto ela abraçava a avó _- A sequela afetou os olhos dela?

Perguntei um pouco sem jeito e a senhora assentiu

__Angel não tem cem por cento da visão, ela consegue enxergar apenas dez por cento. Mas isso não a atrapalha mais hoje em dia, ela vive uma vida como uma criança normal. Brinca, estuda, vai aonde quer, é inteligente e tem um jeito especial de reconhecer quando uma pessoa está triste e até quando ela é bonita de dentro pra fora.

__Essa moça é muito bonita, vovó _a menina falou querendo descer do colo da avó, a senhora a colocou no chão com um belo sorriso e olhou pra mim me deixando tímida _-Ela só tá uma pouco triste.

__Triste?

A vó perguntou me analisando

__O que houve senhorita?

__Não foi nada. Eu estou bem.

__Não tá não. Ela está triste...eu sei que tá, vovó.

A menina disse e vi o senhor Rickman chegar na recepção de repente, ele olhou entre mim e a menina, enquanto eu abaixava a cabeça. Eu sei que ele escutou o que a garotinha disse e eu não podia mais negar.

...





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