Forçado a Elogiar
Pov Emily
Era a quinta vez que girava em minha cadeira totalmente entediada. Desde que chegou, meu chefe não me deu ordens e muito menos solicitou minha presença em sua sala novamente. Eu tinha adiantado tudo quando esteve fora, de certa forma isso foi bom, mas saber que não teria nada pra fazer até o fim do dia estava se tornando agoniante pra mim, afinal não tinha o hábito de ficar parada.
O relógio na parede acima da porta fazia tic-tac sem parar enquanto eu permanecia girando e girando em minha cadeira. De repente, a porta se abriu e segurei na mesa para parar de girar e me levantei em um pulo ao ver o senhor Rickman ali segurando e olhando para uma pasta de arquivos em sua mão. O que era estranho é que ele não costuma vir até mim para algo, era sempre eu que ia até ele.
__Senhor? Precisa de algo?
Ainda não retirando os olhos da pasta e das folhas dentro dela, ele respondeu:
__Este é o seu relatório dos dois meses que eu estive fora?!
Olhei para a pasta e engoli seco pensando que provalvemente havia feito algo errado e agora meu chefe me chamaria a atenção.
__Sim...eu vejo que realmente é o meu relatório. Há algum problema nele?
Agora ele estava me olhando e fechou o arquivo colocando em cima de minha mesa.
__Foi apresentado para o diretor da empresa... segundo ele, está impecável, e o próprio me exigiu que viesse te parabenizar.
Sorri com a fala dele. Saber que nosso superior havia gostado de meu relatório tornou o meu dia melhor, agora ouvir que meu próprio chefe havia sido forçado a me parabenizar sem ao menos se sentir a vontade pra isso, me fez tirar o sorriso do rosto e voltar me sentar sem ânimo, pois sabia que nunca receberia reconhecimento direto dele, sempre seria de terceiros.
__Tudo bem senhor. _respirei fundo_-Fico feliz de ter feito um bom trabalho. Fiz mais do que minha obrigação. Valeu a pena ficar duas noites sem dormir o preparando.
O senhor assentiu mais nada disse, apenas deixou a sala fechando a porta atrás de si. Bufei com aquela atitude e encostei minha cabeça no encosto da cadeira.
__Era só o que me faltava.
Reclamei pra mim mesmo e esperei até a hora do almoço.
Quando finalmente chegou, peguei minha carteira e saí de minha sala, o senhor Rickman estava sentado à mesa em uma ligação telefônica, por sorte ele estava de costas pra mim olhando pela janela de vidro onde podia ver uma parte da avenida movimentada. Sem avisar, deixei a sala e respirei aliviada não vendo Alice em seu lugar de origem. Caminhei em direção ao refeitório e sorri ao ver Hugo e Joana se falando próximo ao balcão.
__Emi? _Hugo me acenou uma mão sorrindo abertamente_-Venha aqui minha flor.
Caminhei até eles e os abracei antes de me sentar em um dos bancos vazios ao lado do meu amigo.
__Como está sendo com o nosso pesadelo?
Hugo perguntou e bufei
__Sinceramente?
__Uhum.
__Um pesadelo!
__O que ele fez desta vez?
__O que ele não fez desta vez e de outras vezes também, Hugo. _pedi um suco natural de maçã e um misto quente antes de continuar a falar com meu amigo_- Passei duas noites sem dormir preparando um relatório infernal sobre os dois meses sem o senhor Rickman no comando de nosso setor e esperando que tivesse algum reconhecimento da parte dele, só que não! Sempre quem me elogia são aqueles que não estão no nosso setor. Como por exemplo o nosso superior.
__Bem, ele é mais importante nesta empresa do que o senhor Rickman, amiga. Eu ficaria honrado em receber reconhecido vindo da parte do senhor Willians.
Hugo disse e tomou um pouco de seu suco de laraja no canudinho
__Eu sei. Estou grata por ele me elogiar, mais...o que custa sonhar em receber esse tipo de elógio do meu próprio chefe? Eu trabalho pra ele e dez anos, DEZ! e nunca recebi um obrigado de qualquer outra coisa que eu tenha feito.
__Sem contar que você já passou dias com ele naquele escritório fazendo hora extra e nunca recebeu a mais por isso.
__Pois é, Hugo... o que eu tinha que receber por direito. Mais, eu sou muito idiota.
__Menina, não diz isso. Você só é boa de mais.
Joana falou
__Joaninha está certa.
__Ah gente... eu só... eu só tento dar o meu melhor todos os dias, mais também quero receber algum agrado...como um elogio o que seja. A propósito, muito obrigado pela roupa Joana, me serviu muito bem.
__Que bom...essa roupa pertenceu a minha filha. Vocês duas tem o mesmo modelo de corpo, então imaginei que serviria.
__Ficou perfeito. Prometo lhe devolver assim que tiver limpinha.
__Você pode ficar! Tenho mais de onde veio este. Costumo andar com muitas coisas úteis naquele carrinho. Desde absorventes e roupas até mesmo pomadas para hemorroidas.
Rimos de seu comentário e Hugo disse
__Joaninha é precavida. Ela está sempre nos ajudando, é quase um anjo da Guarda.
__Ah ...estou aqui pra servir, querido. Sempre poderão contar comigo.
__Joana... Você é demais.
Hugo beijou a bochecha direira de Joana e sorrimos com a timidez dela. Logo que teminamos nosso horário, voltei a contra gosto para a sala mais por sorte, não encontrei o senhor Rickman por lá. Provalvemente tinha saido para seu horário, então olhei a mesa dele procurando por algum recado que pudesse ter deixado mais não encontrando nada, fui para minha sala e voltei ao tédio chato de antes.
A tarde não demorou passar, porém não vi meu chefe desde então, sua sala estava silenciosa demais, e... ele estava estranho... de alguma forma não parecia o mesmo homem de antes . Talvez era só minha impressão, mais isso me deixou com uma pulguinha atrás da orelha. E curiosa, muito curiosa.
...
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