Desafiado
Ao chegar em casa, senti meu corpo mais relaxado. Minha mãe estava na cozinha preparando alguns bolinhos de chuva quando fui até ela e a beijei no lado esquerdo da cabeça.
__Boa noite mãe.
Ela deixou de olhar a fritura para me olhar e sorriu enquanto eu deixava minha bolsa em cima da mesa e ia até a geladeira para pegar a garrafa de água.
__Boa noite filha. _mamãe encostou no balcão da pia_-Como foi no trabalho?
Suspirei e levantei meus ombros fechando a geladeira e enxendo um copo com água.
__Nada de novo. A senhora sabe: meu chefe e sua cara azeda.
Mamãe riu e veio até mim acariciando meus braços enquanto eu tomava água.
__Querida... eu ainda acho que você devia procurar outro emprego.
__Mãe...Já conversamos sobre isso. _falei cansada_-Eu não posso porque é graças a este emprego que estou conseguindo arcar com todas as despesas de casa depois que o papai nos deixou.
__Eu sei! mais você não dependeria apenas deste emprego. Talvez em um outro conseguiria receber o dobro do que recebe e ainda teria seu trabalho valorizado. Sabe o que eu acho?
__O quê?
__Que você se apegou a este chefe de uma tal forma que está sendo difícil tomar uma decisão. Acho que se quisesse já teria saído de lá a muito tempo. Poxa, já faz dez anos, querida.
__Eu não o suporto.
Coloquei o copo vazio na pia e minha mãe me olhou com curiosidade
__Não o suporta? E ainda está lá aguentando seus desaforos. Eu realmente não te entendo filha. Você é igualzinho ao seu pai.
Voltei a geladeira para guardar a garrafa depois fechei a porta.
__Não sei o que aconteceu comigo por ter aguentado todos esses anos ao lado de um chefe como o sr. Rickman, apenas sei que se cheguei até aqui diante de todos os desafios, não posso simplesmente desistir agora. E...Eu ganho bem, apesar de tudo.
__Tudo bem. Não está mais aqui quem falou.
Minha mãe levantou as mãos e voltou para a fritura no fogão
__Vou subir e tomar um banho, volto em alguns minutos, mãe.
Falei dando a conversa por encerrada e peguei minha bolsa, ao sair da cozinha, ouvi minha mãe resmungar algo em relação a nossa conversa.
"Temo que isso possa se tornar amor, minha filha, espero que eu esteja errada"
Se tornar amor? Do quê ela estava falando? Ela não pode achar que estou naquele emprego porque me apaixonei pelo meu chefe? Não! Isso é um absurdo.
Subi as escadas negando com a cabeça enquanto tentava afastar tais pensamentos da mente. Ao chegar no quarto, coloquei minha bolsa no pequeno sofá e me aprontei para o banho. Parecia que eu havia tirado im peso de cima dos meus ombros, a água quente foi o que me relaxou por completo, como eu estava lavando a cabeça, coloquei uma mão na parede e fechei os olhos deixando a água cair sobre meus cabelos, neste momento, algo me veio a mente, ou melhor, alguém. Era ele, o homem que transformava meus dias em um caos completo. A imagem das vezes que trabalhamos até tarde em seu escritório dominou meus pensamentos e eu não conseguia entender porque ela veio de repente. Nunca realmente parei pra pensar nele quando estava em casa e agora isso acontece, o que isso significa?
Abri meus olhos, bufei com tédio e balancei a cabeça.
__Eu devo está trabalhando muito. Preciso de uma boa noite de sono.
Falei comigo mesmo e desliguei a água...me enrolei na toalha e saí para o quarto escolhendo uma roupa larga confortável para dormir.
A noite foi tranquila, dormir logo após o lanche que minha mãe havia preparado pra gente. Acho que nunca havia dormido tão bem em anos, me levantei revigorada e pronta para mais um dia, mesmo tendo que enfrentar o trânsito caótico da cidade.
Quebra de tempo...
Segurando uma agenda e meu estojo de canetas, segui meu chefe taciturno até a sala onde aconteceria a reunião. Ao contrário de mim, o senhor Rickman não pareceu ter uma boa noite de sono, e um detalhe bastante curioso, ele não estava usando gravata, o que por sinal, nunca esquecia.
Enfim, ele empurrou a porta com um pouco de força e entrou na sala, quando eu iria entrar, o homem pareceu se esquecer que eu estava bem atrás dele fechando-a em minha cara. Por sorte, eu não choquei contra ela, mais rapidamente esta foi aberta por ninguém mais que Martin Davies, também conhecido como inimigo do meu "querido" chefe. Eles viviam disputando o cargo da direção, já que num futuro próximo, o senhor Willians tinha planos para se aposentar do cargo.
__Senhorita Jones? _ele disse-me ao abrir a porta com sua voz galanteadora, afinal, Davies sempre tentou conseguir de mim sua confiança para tirar meu chefe da empresa, e se isso acontecesse eu com certeza também seria demitida junto a metade do meu setor, e Alice, a loira oxi interesseira se beneficiaria com isso. _-Entre.
Ele me deu espaço para passar e eu o sorri forçado e entrei procurando pelo senhor Rickman entre os vários homens que conversavam entre si.
__-Onde a senhorita estava? _meu chefe perguntou bem atrás de mim me fazendo pular com o susto, me virei para o encarar e quase revirei meus olhos.
__Eu estava bem atrás do senhor.
Disse e ele levantou uma sobrancelha me analisando, logo percebi olhar para seu inimigo com uma certa raiva.
__O que Davies te falou lá fora?
__Nada de mais senhor. Só abriu a porta pra mim, já que o senhor entrou e me esqueceu do lado de fora.
__Porque convidou sua secretária, Rickman?
Um dos homens perguntaram e me afastei da mesa enquanto meu chefe o respondia.
__Não é da sua conta, é, Hector?
__Bom, essa é uma reunião importante de empresários não para funcionários como ela.
__Ela é a minha funcionária, então ficará aqui até quando eu quiser que fique. Você não tem com o que se incomodar.
Senhor Rickman sorriu sem ânimo e arredou uma cadeira para se sentar, eu fiquei de pé atrás dele.
__Não vai se sentar?
Perguntou ele sem olhar pra mim e me sentei na cadeira ao seu lado no exato momento que o senhor Willians entrava na sala acompanhado de Alice.
__O que irão beber senhores?
Ela mexeu no cabelo loiro como se tivesse jogando charme para os homens ali...mesmo sabendo que seu maior alvo eram sr. Davies e o sr. Rickman.
__Traga café para todos, Senhorita Ferreira.
__Pra ela também?
Alice apontou um dedo pra mim com sua cara feia, se seus olhos pudessem matar, eu já estaria morta.
__Ah sim... o que vai querer beber, Senhorita Jones?
O sr. Willians perguntou com simpatia
__Ah...uma água está ótimo. Por favor.
__Claro... traga café para todos e uma garrafa de água pra senhorita Jones, por favor, Srt. Ferreira.
Pedi água com medo que Alice pudesse colocar veneno em meu café. E sim, ela seria capaz, contado com a forma que ela estava me olhando.
A loira sorriu nervosa e se retirou ao pedir licença.
__Senhorita Jones, seja bem vinda a essa reunião. Pedi a Alan pra traze-la porque li seu relatório e me surpreendi muito, a senhorita é uma grande profissional capacitada para exercer novas funções nesta empresa,talvez em uma promoção futura. Alan concordou comigo.
Olhei para o meu chefe surpresa, mais ele estava concentrado com sua caneta e papel na mesa ignorando totalmente tudo e todos.
__Muito obrigado senhor Willians. Prometo não decepciona-lo.
__Tenho certeza que não. _sorriu e se sentou ao centro da mesa._-Bem, senhores, daremos início a nossa reunião.
[...]
Eles falavam dos lucros enquanto eu ouvia com atenção e anotava tudo que eu achava ser importante mesmo que meu chefe não tenha pedido. Ele por sinal, passou cada segundo calado, até que Davies começou a falar se vangloriando sobre seu feito enquanto meu chefe esteve fora.
__Tenho certeza que eu posso fazer isso de novo. Assinaremos o contrato com eles e isso nos fará aumentar os lucros de exportação.
Davies falou tentando convencer o senhor Willians de que ele era o mais indicado.
__Sr. Willians, sei que seu trabalho nestes dois meses foram excelentes nos trazendo grandes resultados, mais neste caso de contrato, acredito que Sr. Rickman esteja disposto a assinar em nome de nossa empresa.
__Mais Alan não conhece os compradores... eu já estive com eles duas vezes, posso fazer isso de novo.
__Nada impede que eu vá até eles e assine o contrato, Davies. _meu chefe falou pela primeira vez desde que a reunião começou e eu apenas o ouvi_- Se está com medo de que eu possa fazer isso melhor do que você, então eu te digo que é bom temer mesmo porque de fato, sou muito melhor.
Segurei o riso sem que ninguém percebesse, afinal, era divertido essa disputa entre eles. Pois era verdade, eu preciso concordar que meu chefe sabia persuadir um assinate como nenhuma outra pessoa era capaz... se ele assinasse, acabaria convencendo a outras empressas assinarem com a nossa também e todos os nossos materiais de exportação se expandiria para todo o mundo.
__Certo...se você acha... mais quero deixar claro que nesta cidade, doutor bonzão, não tem nenhum aeroporto. Sua viagem deverá ser de carro até lá o que leva um dia e meio até a chegada. Sei que você não é acostumado a viajar em terra firme e isso pode ser um problema pra você.
__É fato. _meu chefe levantou sua sobrancelha e sua voz pareceu ainda mais grave do que antes_-Irei dirigir até lá. Por tanto, senhor Davies_falou com deboche em sua voz_-Isso não será um problema pra mim.
Meu chefe misturou o seu café enquanto fuzilava o sr. Davies com os olhos, toda a sala ficou em uma completa tensão até que o sr. Willians voltou a falar.
__Então chegamos à um acordo. Alan irá nessa viagem enquanto Martin cuidará de todo o setor.
__Sim senhor, será um prazer.
Sr. Davies disse sorrindo com malícia enquanto eu ficava preocupada. Com ele assumindo o setor novamente, eu teria problemas, ele me teria de novo na palma da mão e sinceramente, eu não tinha muita paciência me sobrando.
__Está certo. Quando irei me encontrar com essas pessoas?
Senhor Rickman perguntou e quem respondeu fôra o senhor Davies, que por sinal soou bem estranho .
__Na segunda às dez horas, sugiro que pegue estrada na sexta-feira a tarde, chegará lá no sábado a noite e poderá descansar no domingo podendo assinar tudo na tranquilidade. Isso se você conseguir enfrentar a estrada.
__Não me substime Davies. Vou me preparar para essa viagem.
__Claro que vai.
Davies sorriu com malícia mais uma vez e isso me preocupou, afinal, eu não confiava nenhum pouco neste homem.
Assim que a reunião deu por encerrada, vi meu chefe sair da sala como um furacão, eu apenas corri atrás dele e o seguir até sua sala, entrando no mesmo tempo que ele antes da porta se fechar. A fechei atrás de mim e olhei para o sr. Rickman que já havia se jogado na cadeira e passou a mexer em seu computador.
__Senhor? _me aproximei de sua mesa, mas ele nem se quer olhou pra mim _-Isso está estranho, não acha?
__O que quer dizer?
Perguntou ainda com os olhos grudados na tela
__O senhor, viajar sozinho para uma cidade pequena que nem se quer conhece e muito menos existe conexão aeria por lá, não é estranho? O sr. Davies poderia ter brigado por isso se ele realmente quisesse ir em seu lugar, mais o próprio estava convencido a ficar e o desafiando a ir...
__Davies acredita que não sou capaz de viajar em um carro e muito menos conseguir mais oportunidades para a empresa. Vou provar a ele que está absolutamente errado. _ele me cortou e finalmente olhou em minha direção_-E a senhorita irá comigo.
Arregalei meus olhos e meu coração errou uma batida.
__Eu...o quê? _engoli seco
...
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