A viagem
...
__Você estará com seu celular o tempo todo, não é?
Minha mãe perguntou enquanto me ajudava a colocar a mala no táxi.
__Sim, mãe. Estarei com ele o tempo todo, só não prometo que terei rede a todo momento, então não sei se conseguirei manter contato.
Fechei o porta-malas e enquanto o taxista me esperava dentro do carro. Olhei pra minha mãe e vi tristeza e preocupação em seus olhos
__Eu daria tudo pra você não ir. Mais acho que estou sendo pessimista de mais.
__É mãe...eu adoraria ficar, mais não tem com o que se preocupar. Ficarei bem.
__Ok. Você o encontrará na empresa?
__Sim. Meu chefe disse que precisaria passar na sala do senhor Willians primeiro para informar que estava indo e deixar algumas coisas com a Alice, que ficará me substituindo na empresa.
Se fosse minha escolha eu jamais optaria por Alice no meu lugar, e sim, eu colocaria Hugo pois confio nele de olhos fechados. Como não sou eu quem dá a última opinião por lá, nada podia fazer a respeito de Alice no meu lugar até o nosso retorno.
__Está bem filha. Boa viagem meu amor. E por favor, se tiver rede, não hesite em me ligar.
Abracei minha mãe e assenti
__Eu vou mãe. Se cuida! _abri a porta do carro e entrei, minha mãe foi quem a fechou.
__Tchau querida.
Ouvi ela dizer e acenei uma mão, logo o motorista ligou o carro e saiu.
Pula o tempo
Minha mala estava ao lado do meu corpo enquanto eu entrava no prédio. Estava pesada mais felizmente Hugo se ofereceu pra carrega-la.
__Menina que chumbo. O que está levando aqui dentro, um canhão?
Eu ri e neguei balançando a cabeça.
__Mamãe pode ter exagerado um pouquinho.
__Ai ai... claro que ela exagerou... deve ter achado que você iria pra guerra, sem querer discordar, figuradamente, você estará em guerra com o nosso chefe.
__Ai Hugo, Não é pra tanto. Talvez não seja tão ruim assim.
__Se você tá dizendo.
__Falando nele, o sr. Rickman já chegou?
__Foi um dos primeiros, aliás, por que ele disse pra você chegar cedo se só irão a tarde?
__Ele queria que preparassemos algumas coisas antes de ir. Tipo, terei que passar algumas instruções pra Alice, aquela mulherzinha ficará no meu lugar enquanto eu estiver fora.
__Que Deus nos ajude! Aquela cobra caninana vai causar um inferno neste lugar.
__Eu sei. _Parei de andar e encostei no braço do meu amigo, fazendo-o parar também. _-Hugo, posso te pedir um favor?
__Pode e deve, mulher.
__Quero que fique de olho no senhor Davies por favor. Temo que ele esteja tramando algo contra o senhor Rickman, se minhas suspeitas estiverem certas, isso pode afetar nosso emprego.
__Ok. Adiciono até o código vermelho se for preciso, mais deixe comigo Emi, ficarei de olho naquele nariz arrebitado.
__Também acho que ele usará a Alice ao seu favor, ela não perderia uma oportunidade para seu benefício.
__Eu sei! Aquela ali é tão astuta como uma serpente. Ficarei atento com ela também.
__Você é demais Huguinho.
__Amigos são pra essas coisas. Saíba que sempre poderá contar comigo.
Hugo terminou de dizer e de repente vimos o senhor Davies andar apressado pelo prédio afrouxando sua gravata e olhando para trás como se tivesse fugindo de algo, aquilo me intrigou.
__O que é que deu nele?
Hugo perguntou e levantei os ombros
__Será que viu algum fantasma?
Ele perguntou e me olhou porém rimos vendo que Davies havia entrado em sua sala como um fugitivo da polícia. Uma atitude muito suspeita por sinal.
[...]
Eu estava passando tudo que Alice precisava saber. A mulher por sua vez apenas lixava as unhas sem nenhum tipo de interesse no que eu lhe falava.
__Conseguiu entender?
Perguntei a ela com tédio
__Tá, tá...eu entendi, não sou burra. Afinal fiz dois semestres de administração e estou muito bem preparada.
_Claro! _falei entediada_-Já que me entendeu, a senhorita pode ir agora.
Ela pegou um arquivo de minha mesa e saiu deixando a porta de minha sala aberta. Olhei para o relógio na parede e ainda marcava a hora do almoço, acho que alguns dos funcionários já estavam na cantina.
Me levantei e saí de minha sala fechando a porta e como estava ansiosa, fome não chegou pra mim, então me permitir explorar um pouco a sala do chefe.
Entre as persianas, o vi andando ao lado de um outro empresário, devia estar avisando algo a ele. Parei de explorar a sala e me aproximei da janela de vidro olhando a rua movimentada, até que a visão era deslumbrante daqui de cima. De repente, enquanto me distraia ali, a porta da sala se abriu e senti o cheiro de colônia amadeirada preencher o ambiente, até que ficou próximo de mais e me virei para encontrar o senhor Rickman curvado próximo ao computador.
__Sairemos em algumas horas. Passou todas as informações necessárias para a senhorita Ferreira?
Perguntou ele sem olhar pra mim
__Sim senhor. Ela me disse que entendeu tudo, mais tenho minhas dúvidas. Se o senhor me permitir, eu poderia deixar algumas informações com Hugo também. Eu confio nele e sei que não irei me decepcionar. _senhor Rickman se endireitou e me olhou ao bloquear seu computador.
__Faça como quiser. Me encontre no térreo às duas em ponto com sua mala, irei almoçar com o senhor Willians. _ele passou por mim_-Devia fazer o mesmo, nossa viagem será longa.
Ele disse e saiu da sala fechando a porta atrás de si. Eu não estava com fome, não conseguiria comer estando ansiosa, por isso optei a não ir, e por um lado foi bom porque logo depois que o senhor Rickman saiu, vi o sr. Davies vindo em direção a sala. Corri para minha sala e entrei olhando por uma pequena greta na porta o que Davies iria tentar fazer. Ele estava na sala do senhor Rickman e parecia procurar por algo...felizmente meu chefe bloqueou o computador.
__Porcaria Rickman. Você não facilita nada pra mim, seu idiota.
O ouvi reclamar e foi então que me revelei saindo do meu esconderijo
__Em quê posso ajuda-lo?
Eu estava com os braços cruzandos e quando Davies me olhou seus olhos arregalaram.
__Você não foi almoçar com seus amigos?
__Não estava com fome._olhei para o computador e de volta para o homem_-O que o traz aqui, senhor Davies?
__Ah..bem...estou atrás de um arquivo que Alan deve ter guardado por aqui. A senhorita por acaso não o viu?
__Não! _descruzei os braços _-Mais posso perguntar ao meu chefe assim que ele voltar de seu almoço.
__Não será necessário! Eu mesmo pergunto. Com licença.
Ele saiu rapidamente e cerrei meus olhos
__Uhm...suspeito! Muito suspeito.
Pulo 2:00
Hugo me ajudou a levar minha mala para a recepção quanto aguardava pelo chefe. Era o horário que tinha me pedido pra esperar, Edith veio até o prédio no seu horário livre só para me desejar boa viagem, então ficamos conversando durante a espera pelo senhor Rickman.
"Alan, eu preciso que você assine isso antes de ir"
Fomos tirados da conversa ao ouvir a voz de Davies, olhamos em direção a entrada e vimos o homem praticamente exigir a atenção do senhor Rickman para algo que ele tinha em mãos.
__Peça ao diretor que assine, Davies. Isso não é da minha conta.
Os olhos do senhor Rickman encontraram os meus e ele fez um pedido silêncioso que eu o seguiçe. Era agora ou nunca.
Hugo pegou minha mala e me acompanhou, senhor Rickman tinha um bom carro em frente ao prédio, ele abriu a porta de trás e permitiu que Hugo colocasse minha mala ali.
__Bem, Emi. Nos vemos na semana que vem. _Edith me abraçou enquanto Davies ainda tentava fazer Rickman assinar, seja lá o que fosse que tivesse em sua mão. _Boa viagem amiga.
__Obrigado Edith.
Depois de abraça-la, abracei meu amigo.
__A gente se vê Hugo. Espero que dê tudo certo por aqui. E não esqueça do nosso plano.
__Pode deixar Emi. Boa sorte nesta viagem e muita paciência porque você vai precisar.
Sorrimos e assenti. O senhor Rickman deu a volta no carro e entrou deixando que Davies falasse sozinho, porém ele aproveitou que eu ainda estava fora e me parou antes que eu entrasse no carro.
__Srt.Jones, leve isso como você e o faça assinar. Não é nada muito burocrático, é apenas algo necessário, e um bom negócio.
__Tá bem. _peguei o envelope contra vontade e abri a porta do carona._-Com sua licença senhor Rickman.
Entrei no carro e fechei a porta, meu chefe acertou o espelho interno enquanto eu colocava o cinto, e ao ver o envolope no meu colo, Rickman bufou e revirou os olhos
__Lixos como este devem ficar fora deste carro._ele disse seco pegando o envelope, ligou o carro e jogou o envelope pela janela, aquilo me causou um riso que não dei conta de evitar. Foi algo engraçado pela situação, então virei meu rosto para a janela vendo Davies gritar desapontado contra o passeio enquanto o carro se afastava.
...
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