Ymeene

Infelizmente, hoje é o dia em que eu menos esperei. Nessa manhã gelada, Yoongi está se despedindo de todos nós, já vestido com seu uniforme do exército.

Depois de conversar com cada um dos meninos, Yoon veio até mim, que até então apenas observei tudo de longe, chorando um pouco, mas silenciosamente.

É isso, a parte que eu tanto temia, o "algo vai nos separar" ¹ aconteceu. Eu não queria isso, mas é como se às vezes fosse uma lei natural da vida, e não tem nada que se possa fazer para evitar isso.

— Meene, eu quero que você se lembre de que eu sempre vou voltar para você. Eu sei que está preocupada, que vamos ficar longe por um tempo, mas eu vou sempre estar aqui — ele disse, me acariciando na bochecha. — Eu também sei que de todos nós, eu sou o único que vai ficar dois anos. Mas quanto a isso, vai passar rápido, logo logo eu estarei aqui.

— Eu sei, e eu prometo tentar ser forte — foi o que eu consegui dizer, antes de o abraçar apertado.

— Ymeene, escute, eu te amo mais do que amei ontem, mas amo menos do que amarei amanhã. Você é o amor da minha vida, sempre será. Eu vou voltar para você — ele disse isso tudo olhando no fundo dos meus olhos, e eu quase senti como se suas palavras fossem palpáveis, quase conseguia segurá-las. Sentia como se elas fizessem carinho em minha alma.

— Eu também amo você, Yoon, mais que ontem e menos que amanhã, sempre vou amar — eu já chorava mais, e podia ver algumas lágrimas começando a se formar nos cantos de seus olhos.

Eu me aproximei para lhe deixar um beijo, que foi retribuído instantaneamente. Apesar de ele ainda estar aqui, esse beijo era cheio de saudade, e inegavelmente, também havia esperança, esperança de que acabe logo.

Não demoramos muito ali, todos precisavam voltar para o trabalho, assim como Yoongi precisava ir para a base do exército.

Com um último beijo, ele se foi, dizendo o quando amava todos nós, e prometendo que voltaria o mais rápido que pudesse, e também, que voltaria para mim.

Não que eu tenha medo de que ele não queira ficar comigo quando voltar, até porque se ele não quiser, não vou forçá-lo. Além disso, eu sinto como se fosse impossível apenas sentar e esperar dois anos se passarem. Talvez eu enfim volte a procurar algum emprego.

Depois daquele momento, nós simplesmente entramos, todos sem saber muito o que fazer.

Apesar de ser triste, sei que essa é uma grande conquista para todos eles, e também, não é como se eles estivessem indo para a guerra. Claro, pode acontecer de entrarmos em guerra com algum país justamente no momento em que eles estão em alistamento, mas não necessariamente vai acontecer.

Eu fui para o quarto de Yoongi, depois de explicar que queria descansar e ficar sozinha por um tempo, ninguém questionou, apenas entenderam a situação.

Deitada na cama e cansada de tantos pensamentos desconexos, eu acabei caindo no sono, e nem percebi quando aconteceu.

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Eu estava correndo o mais rápido que minhas pernas cansadas permitiam, o máximo que meus pulmões quase sem ar conseguiam. Eu estava correndo a vários minutos e ainda não havia chegado ao meu destino, no entanto, não demorou para que eu visse a fachada enorme escrita "hospital da universidade nacional de Seul" em grandes letras vermelhas. O prédio era enorme e era branco, com algumas faixas em vermelho (claro que não era exatamente como realmente é). Seria lindo se eu não estivesse na situação que estou agora. Parei por alguns instantes para me recuperar, e assim que me senti meio recuperada, voltei a correr da forma que podia.

Era Yoongi, ele havia sido trazido para cá depois de se ferir gravemente.

Parei de correr apenas quando cheguei de frente para a porta de seu quarto, e antes mesmo que eu pudesse abrir, um barulho estridente começou a tocar.

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Acordei com o toque do meu celular, despertando em um horário que eu nem me lembro de ter programado. Já eram seis horas da tarde, e eu me impressiono por ter dormido tanto.

Yoongi foi embora depois do almoço, por volta das uma da tarde, e eu estou dormindo pelo menos desde às duas horas da tarde.

Sem ter muito o que fazer, eu me levantei da cama, indo ao banheiro apenas para escovar meus dentes e logo saí, com a intenção de encontrar os meninos em algum lugar. Por sorte, eu não precisei procurar muito, já que estavam todos na sala.

Eu me aproximei calmamente, me acomodando em uma poltrona, sem dizer uma única palavra.

— Que bom que está aqui, Ymeene. Sei que está preocupada, mas vai dar tudo certo — foi Namjoon quem disse, me direcionando um sorriso simples, assim como todos os outros.

— Eu sei, obrigada — eu respondi, ainda não muito bem, mas eu ficaria. — Sobre o que estavam falando?

— Sobre nossas vidas, como as coisas mudaram, como somos gratos por isso — Hoseok disse, grudado à Taehyung.

Embora os dois não tenham um relacionamento sério, todos sabemos o quanto eles gostam um do outro. E por falar nisso, conforme os assuntos passavam, acabamos entrando em um assunto aleatório e delicado ao mesmo tempo.

— Eu acho que nunca saberia o que fazer se Taehyung fosse meu irmão, acho que eu ficaria desolado — Hoseok disse, quando estranhamente começamos a falar sobre incestos.

Eu não estava prestando cem por cento de atenção, mas essa parte em específico me chamou atenção.

— É verdade, nós nos gostamos muito, e acho que seria assim se fossemos irmãos. Seria uma tortura, incrivelmente difícil e doloroso — Taehyung completou, e acho que todos nós concordamos nisso.

— Mas eu acho que todo mundo já se apaixonou por algum primo ou prima — Jimin disse, e acho que de todos ali, eu fui a única que negou.

— Eu nunca tive um primo — eu disse, chamando a atenção de todos ali. — Quer dizer, ao menos nunca conheci nenhum. Não conheci ninguém além de meus avós, de restante da família. Meus pais faleceram quando eu era muito nova ainda — eu expliquei. Era engraçado a forma em que eu não sentia mais nada ao falar de meus avós.

— E eu nunca me apaixonei por nenhum primo, nem prima — foi Jin que disse, chamando atenção para si.

Claro, às vezes ainda era estranho falar sobre coisas assim com eles, e apesar do convívio, eu ainda não sinto que somos tão próximos. Agora, no entanto, algo me diz que isso pode acabar mudando.

Antes eu passava a maior parte do tempo com Yoongi, mas agora provavelmente vou ficar mais perto deles.

— Eu estava pensando em arrumar um emprego — eu disse, sem olhar para ninguém em específico, quando ficamos em silêncio por algum pequeno tempo. — Acho que vai me ajudar a me distrair e a não ver o tempo passar.

— Se é para você se sentir melhor, tudo bem, mas lembre que pode contar com a gente no que precisar — Namjoon disse, e vi todos ali concordarem.

Sendo assim, meu próximo passo será procurar empregos, e pode ser qualquer coisa. Eu realmente queria apenas me distrair.

Com isso, nós continuamos conversando, até nos perdermos nas horas. Amanhã era o dia de folga de todos ali, então o horário não importava muito hoje. No fim, acho que todos nós acabamos por dormir ali na sala, onde estávamos, sem nem mesmo percebermos.

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¹ = A frase foi citada no primeiro capítulo.