CAPÍTULO VINTE E UM
LEONARDO
"Estou indo na casa dos seus pais. Preciso falar com você."
Nossa, não sei nem como falar que essa mensagem repentina do Renato me surpreendeu para caramba. Não esperava isso.
Fiquei relendo aquela mensagem por não sei quantas vezes, meu mundo pareceu parar por instantes e tudo ao meu redor pareceu em câmera lenta. Depois de quinze dias, Renato me surpreende dessa maneira.
Não posso dizer que não fiquei feliz com isso, meu coração parecia que iria sair do peito de tão rápido que estava batendo. Dentro de mim uma alegria tomou conta e coisas boas se passaram pela minha cabeça. Mas não vou me iludir, não de novo.
Não posso deixar que essa simples atitude me faça de idiota novamente, não quero pensar em nada em relação a isso. Renato vem até a casa dos meus pais para conversar e somente isso. "Não se iluda Léo, não se iluda." falo para mim mesmo, suspiro e tento me recompor.
Um nervoso tomou conta de mim, fiquei inquieto de repente. Meu peito parecia queimar e meu coração martelava no peito. Estava dentro do meu quarto, como já falei estava inquieto e estava até roendo as unhas de tão nervoso.
- Puta merda. - Murmuro para mim mesmo em meio a toda aquela inquietação. Balanço minha perna com o nervosismo.
Não sei o que esperar por essa vinda repentina do Renato até a casa dos meus pais, justo no dia em que postei o vídeo falando sobre minha sexualidade. Eu precisava falar para minha mãe que Renato viria até aqui.
Me levanto da cama e vou até a cozinha onde minha mãe estava preparando o almoço, ela estava distraída mexendo a panela quando eu cheguei inquieto na cozinha, então ela me olhou com as sobrancelhas erguidas.
- Que foi Leonardo? - Pergunta e eu a olho apreensivo.
- O Renato tá vindo aqui. - Falo tentando me manter calmo, mas é evidente que estou falhando miseravelmente. Dona Joana se vira para mim e me olha no fundo dos olhos.
- Você quer receber ele? - Ela pergunta séria e eu começo a pensar por um instante. Mano, querer eu quero, mas eu estou meio receoso em relação a isso. Não sei o que esperar, a última vez ele fez muita merda. Não o perdoei pelo que ele fez, mas também não quer dizer que não posso conversar com ele. Olho para minha mãe em um pedido de ajuda.
- O que a senhora acha mãe? Eu devo receber ele? - Pergunto aflito, minha mãe fica calada por alguns instantes e isso faz a aflição crescer mais no meu peito. - Anda mãe fala logo. - Falo meio desesperado.
- Ah, isso é você que tem que resolver Leonardo. - Fala voltando sua atenção para a panela, a olho indignado e com a mão na cintura.
- Bela ajuda viu, obrigado. - Falo em desdém, minha mãe me olha e dá de ombros.
"Filha da mãe" penso bufando.
Que indecisão do caramba, estava dividido entre receber e não receber o Renato. Caraca, que escolha difícil. Em meio aos meus pensamentos escuto a buzina de moto na frente de casa.
- Puta merda, puta merda. - Murmuro e olho para minha mãe e ela olha para mim. - O que eu faço? - Pergunto desesperado.
- Vai logo ver o que ele quer. - Minha mãe fala e eu respiro fundo para tentar me acalmar. Eu estava tremendo demais, pelo amor.
Outra vez ele buzina na frente da casa da minha mãe, vou até a garagem da casa que também é a porta de entrada, minhas pernas pareciam gelatinas de tão bambas que ficaram e a merda do meu coração não amenizava nem um pouco as suas batidas descontroladas.
Abro o portão e vejo Renato em sua moto branca, eu senti um frio subir pela espinha e um arrepio me subiu pelo corpo, na minha barriga parecia ter mil borboletas e senti meu rosto esquentar.
Renato estava lindo como sempre, nossos olhos se encontraram por um instante e tudo ao nosso redor pareceu sumir, para mim só aqueles olhos castanhos importavam naquele momento. Renato sorri meio nervoso para mim e logo lembro que ele está na calçada, balanço a cabeça me tirando daquele estupor que só Renato consegue me deixar.
- Entra. - Falo com a voz seca, não é porque ele está aqui que eu vou me jogar nos braços dele. Ele me machucou para caramba e ainda estou chateado. Por mais que meu coração fique descontrolado e eu sinta aquelas sensações não quer dizer que tudo está bem.
Dou as costas para ele que entra com a moto e logo em seguida fecho o portão. Renato desliga a moto e tira o capacete. Nossos olhos se encontram novamente e todas aquelas sensações voltam de novo fazendo meu rosto esquentar ainda mais, como já havia falado antes não é fácil superar algo que já existe há muito tempo.
- O que você quer? - Pergunto cruzando os braços e olho sério para ele. Renato me olha de cima a baixo e faz nossos olhos se encontrarem novamente.
- Quero conversar com você, quero resolver isso entre a gente. - Fala saindo da moto e fica na minha frente a poucos centímetros de mim, respiro fundo para controlar meu coração que parecia um tambor no meu peito. Aquela aproximação dele me fez engolir em seco e dar um passo para trás.
- Vamos para a meu quarto. - Falo quebrando o contato visual e a pouca distância entre nós. Sigo para o meu quarto e Renato vem ao meu encalço. Minha mãe olha da porta da cozinha para Renato.
- Bom dia Joana. - Renato fala meio envergonhado, minha mãe olha para ele e sorri gentil.
- Bom dia Renato. Fique à vontade. - Fala minha mãe. Joana é realmente muito boa porque outra mãe no lugar dela teria falado poucas e boas para Renato depois de tudo o que ele fez. Não que minha mãe não queira falar, mas ela sabe que isso é algo meu e eu tenho que falar. Ela só está me dando espaço.
- Obrigado. - Renato fala e olha para mim desconfortável. Olho para minha mãe e ela me faz uma pergunta silenciosa, ela pergunta se estou bem e eu assinto.
- Vamos Renato. - Falo seguindo o caminho para o meu quarto, não quero dar a entender que está tudo bem em relação a nós dois, mas também não sou assim tão mal.
Entramos no meu quarto, me sento na minha cama e olho para Renato que ficou em pé. Ele estava nervoso, dava para ver isso pelo modo como ele enxugava as mãos na calça jeans e olhava de um lado para o outro.
- Senta Renato. - Falo indicando o lugar na cama com os olhos, ele limpa a garganta e senta na cama meio desconfortável. - Agora, me fala o que você quer. - Falo cruzando os braços e olhando sério para eles. Ele engole em seco e abaixa a cabeça.
- Léo, eu... Eu queria pedir desculpas... Pelo que eu fiz com você. - Fala sem me olhar, eu sei que ele pode estar envergonhado, mas eu queria que ele falasse aquilo olhando nos meus olhos.
- Fala isso olhado nos meus olhos Renato, fala como você falou aquelas palavras para mim, olhe para o meu rosto. - Falo sério, mas minha voz dá uma falhada no meio da minha frase. Lembrar de tudo o que ele falou me machuca muito, mas não vou chorar, não vou mesmo! Renato me olha nos olhos e vejo uma certa determinação no seu ato.
- Eu quero pedir desculpas pelas palavras que eu falei para você e a minha atitude infantil naquela noite. - Fala me olhando seriamente nos olhos, franzi os olhos e passei a língua entre os lábios. Renato olhou para minha boca e fixou seu olhar ali por alguns segundos, aquilo não passou despercebido por mim. Aqueei uma sobrancelha em questionamento.
- Sim, sua atitude foi infantil e não teve fundamento nenhum, não havia nenhum motivo para você agir daquele jeito. - Falo negando com a cabeça Renato me olha e suspira. Vejo em seus olhos que há uma luta dentro dele. Ele fecha os olhos e passa a mão no rosto.
- Eu não sei o que deu em mim naquela noite, talvez tenha sido o fato de você ter me beijado e depois estava daquele jeito com Renan. Eu... Eu não gostei... De ver aquilo. - Fala e aquilo me surpreende ao extremo, fico olhando para ele pensativo. É impressão minha ou Renato acabou de admitir que estava com ciúmes.
- Você está me dizendo que fez aquilo tudo só porque eu estava abraçado com o Renan? Renato, você estava com ciúmes? - Pergunto de cenho franzido, Renato me olha relutante. Ele queria negar tenho certeza, porém mais uma vez ele passa a mão no rosto e fecha os olhos.
- Acho que estava. - Fala sem me olhar eu fiquei chocado com aquilo.
- Você acha que estava? Depois daquela atitude sem razão? - Pergunto o olhando nos olhos, passo a língua mais uma vez nos lábios e mordo os mesmos. Renato mais uma vez olha para minha boca e fixa seu olhar na mesma, ele engole em seco, olha para os meus olhos e volta seu olhar para minha boca novamente. Aquilo estava estranho. Ele ficou olhando para minha boca por um tempo que pareceu uma eternidade. Quando voltou seus olhos para os meus novamente ele falou:
- Me desculpa Léo.
E sem que eu pudesse prever, ele selou seus lábios com os meus e aquilo me deixou sem ação alguma, meu corpo amoleceu, meu coração pulou no peito e minha mente gritava: PUTA QUE PARIU O RENATO ESTÁ ME BEIJANDO.
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