CAPÍTULO NOVE

LEONARDO

Assim que meus amigos saíram, fui para sala com minha mãe, já que meu pai havia saído para comprar uma peça do cliente de ontem... Ah, para quem não sabe, meu pai é ótimo em concertar eletrodomésticos. Se você tiver um problema com sua televisão ou geladeira pode chamar meu pai que ele resolve. Minha mãe nunca tem que pagar alguém para consertar alguma coisa quando quebra aqui em casa. Meu pai resolve isso rapidamente, quer dizer depende do estado do produto, claro.

Sento ao lado da minha mãe e me aconchego no seu colo. Ela começa a enrolar seus dedos nos meus cabelos e isso é realmente muito bom. Fecho os olhos ao receber seu carinho.

– Você está melhor filho? – Pergunta me olhando e eu a olho de volta. Já falei que amo minha mãe? Se não, eu a amo muito, e se já, falo de novo, eu amo minha mãe. Ela me entende melhor que ninguém, me apoia em minhas decisões e quer me ver feliz.

– Tô mãe, hoje vou sair com os meninos, tá? Provavelmente vou dormir na outra casa. – Falo e ela assente compreensiva. Me levanto de seu colo e a abraço. – Te amo muito, viu? – Falo e a olho nos olhos, ela sorri com um brilho no olhar.

– Eu também te amo. – Fala e nos abraçamos mais uma vez. – Que horas vocês vão sair? – Pergunta.

– Se tudo der certo às 20:00 horas. – Falo me deitando novamente em seu colo. Ela murmurou um " Tudo bem" e voltou a enrolar meu cabelo em seus dedos.

Ficamos assim assistindo a novela que minha mãe gosta de assistir. Esses momentos são tão bons. Queria ficar assim com minha mãe para sempre.

A tarde passou voando, acredite passou mesmo, quer dizer pelo menos para mim que, depois de receber carinho da minha mãe, fui para o meu quarto dormir. E bem, dormi a tarde inteira. Não me julguem, eu estava cansando não havia dormido nada na noite passada e vocês sabem o porquê.

Olhei o horário no celular que estava plugado no carregador e arregalei os olhos, já eram mais de 19:34. Eu teria menos de 26 minutos para me arrumar.

– Droga. – Murmuro me levantando em um salto da minha cama, indo para o banheiro e fazendo tudo o que tinha que fazer bem rápido.

Na verdade, eu estava me apressando à toa já que sei como os meninos são e tinha certeza que iam chegar atrasados. Sempre é assim quando marcamos algo. Tipo, nós marcamos em tal horário, mas nunca sai no horário marcado, o que as vezes é revoltante.

Termino de tomar banho, me enrolo com a toalha e saio do banheiro. Meus irmãos já deviam ter chegado há bastante tempo da escola, claro já eram quase oito da noite. Nossa velho! Eu dormi demais! Mas eu precisava dormir ou não aguentaria essa noite.

Coloco uma roupa bem bacana e me olho no espelho. Sinto uma grande alegria no peito. Dentre todos esses dias em que estive mau, hoje com certeza é o melhor.

Saber que meus amigos se importam comigo, que se disponibilizaram a vir até aqui e praticamente me obrigaram a ir nessa balada de hoje à noite. Principalmente ele, Renato, que mesmo depois de tudo o que eu falei ainda assim não desistiu de me ajudar.

Solto um suspiro ao pensar nele, hoje enquanto ele estava aqui ele me olhou de uma forma tão estranha e sem contar que o moreno meio que ficou com ciúmes do Renan quando o de olhos azuis ficou ao meu lado e colocou seus braços ao meu redor.

Não quero me enganar e muito menos me iludir com qualquer coisa que minha mente possa me fazer pensar, mas é impossível não pensar nisso quando ele me olha daquela forma ou me toca. Toda vez que sinto sua pele na minha sinto um choque prazeroso que me faz arrepiar.

– Vamos Léo, não crie expectativas demais. – Falo olhando meu próprio reflexo no espelho, rosto meio triangular com maxilar quadrado, olhos castanhos claros, cabelos pretos e lisos e pele clara. – Renato nunca vai olhar para você com outros olhos. – Completo olhando para mim mesmo com tristeza, mas logo trato de mandar essa tristeza para o inferno.

Hoje à noite eu vou curtir como nunca curti, estava realmente precisando sair e sair com meus amigos é tudo o que eu mais queria, porque me sinto completo e com Renato fica tudo perfeito.

Creio que hoje altas emoções me esperam, preciso me distrair de tudo o que está acontecendo comigo e hoje é a noite perfeita, afinal, é a noite dos meninos.

Coloco meu boné branco da Nike, pego meu celular e vejo que já são 20:01. Caraca a hora passou voando mesmo. Saio do quarto, não sem antes pegar a carteira, é claro.

– Tá bonito, vai sair? – Leila pergunta quando chego na sala e a encontro no sofá comendo alguma coisa que para mim, naquele momento, não era tão importante.

– Vou. Cadê a mãe? – Pergunto, pois não a vejo na sala e pelo visto nem na cozinha.

– Ela tá no quarto. – Ela fala e eu faço um sinal de beleza para a mesma que volta a comer e a assistir televisão.

Vou até o quarto dos meus pais, bato na porta e logo escuto a voz da minha mãe me permitindo entrar e assim o faço.

Minha mãe estava deitada na cama mexendo no celular, agora fazendo o que é que eu não sei, afinal não sou vidente e muito menos adivinho.

– Já tô indo mãe. – Falo indo até a mesma dando um beijo no rosto dela.

– Toma cuidado Leonardo, por favor. – Ela disse me olhando e eu assenti.

– Cuidado é meu segundo nome. – Falo brincalhão.

– É bom que seja mesmo. – Ela sorri negando com a cabeça.

– O pai já chegou? – Pergunto e ela assente.

– Tá no banho. – Fala apontando para o banheiro do quarto deles, vou até a porta do banheiro.

– OH PAAAAAI? – Chamo batendo na porta, escuto o barulho da água do chuveiro.

– OI? – Ele grita de volta, sua voz sai meio abafada.

– TÔ SAINDO E VOU DORMIR NO RENATO. – Falo, escuto ele gritar um "TÁ" e olho para minha mãe que nega com a cabeça para alguma coisa no celular.

– Que foi mãe? – Pergunto indo até ela.

– Nada, só sua vó fazendo drama aqui. – Fala com um sorriso nos lábios.

– Ela tá bem? – Pergunto me pondo de pé, pois havia recebido uma mensagem do Renato falando que os meninos e ele haviam chegado.

– Tá sim.

– Que bom, fala que mandei um beijo na bunda para ela. Tchau dona Joana. – Falo me direcionado para a porta e ouvindo minha mãe rir do que falei.

– Vou falar assim mesmo hein. Cuidado filho. Vai com Deus. – Fala antes que eu saia por completo do quarto, viro-me para ela e mando um beijo no ar e fecho a porta.

Saio de casa meio apressado porque os meninos já estavam buzinando na frente da minha casa, tenho certeza que esse é o Renato. Ele aperta a buzina demoradamente me fazendo apressar o passo.

Assim que saio pela porta ao lado do portão da casa da minha mãe, vejo meu Camaro e os meninos a minha espera. Como falei, Renato estava dirigindo, ele aperta a buzina mais uma vez.

– Para de buzinar maluco! – Falo e assim que entro no carro sento ao lado de Renato no banco de passageiro. Dou um tapa no braço de Renato, porque ele não para de apertar a buzina.

– Ai viado doeu. – Fala massageando o braço. – Por que você demorou tanto para vir? – Pergunta me olhado.

– Por nada, agora vamos. – Falo olhando rapidamente para ele e nossa como ele está lindo. Na verdade, ele sempre é lindo com sua pele morena, ombros largos e braços fortes, rosto quadrado e um maxilar perfeito. Até mesmo quando acorda descabelado ele é lindo. – O Thales não veio? – Pergunto ao perceber que ele não estava no carro. Cumprimento os meus amigos que estão no banco de trás.

– Não deu para ele vir. A Tamires tinha marcado um compromisso com o pai dela. – Eduardo fala e eu assenti compreensivo.

– Uma pena. – Murmuro.

Renato dá partida no camaro e vamos rumo à festa, pelo menos foi o que pensei até perceber que não estávamos indo em direção ao centro. Franzi o cenho e olhei para o Renato.

– Aonde estamos indo? – Pergunto para Renato que me olha rapidamente.

– Vamos buscar a Dayana na casa dela. – Fala e sinto uma pontada no peito, mas eu pensei que seria a noite só dos meninos.

– Ela vai com a gente? – Pergunto de cenho franzido sentindo aquele desconforto crescer no meu peito.

Já não gostei disso.

– Vai. Algum problema? – Ele pergunta me olhando rapidamente de novo. A minha vontade era de falar que sim, tinha problema em ela ir conosco porque essa seria a noite dos meninos. E ela iria atrapalhar tudo, Renato só daria atenção a ela e eu ficaria de canto, como quase sempre que eles estão juntos.

– Não, nenhum. – Falo forçando um sorriso. Por dentro eu gritava vários palavrões, mas por fora fiquei neutro. Como já havia falado para vocês, quando estava perto dele eu tentava me manter normal para ele não perceber nada.

Olhei pela janela lutando comigo mesmo para não fazer qualquer besteira. Renato estaciona na frente da casa de Dayana, envia uma mensagem e em questão de segundos a garota aparece arrasando com um vestido preto justo na altura dos joelhos e saltos altos. Ela era linda, não sou cego e não posso negar. A pele alva, o rosto fino e gentil, cabelos pretos com as pontas pintados de azul e o corpo de dar inveja em algumas mulheres a deixavam ainda mais bela.

Vejo Renato a olhar com admiração e logo depois ele me olha.

– Léo deixa a Dayana sentar no seu lugar? – Pergunta me fazendo o olhar sério. Aquele desconforto está chegando a um nível que estava me fazendo puxar a respiração profundamente.

– O que? – Pergunto desacreditado e ele me olha suplicante. Reviro os olhos e bufo abrindo a porta e saindo para que Dayana pudesse sentar.

– Obrigada Léo. – Fala ao me ver dar a volta no carro, eu dou um sorriso forçado e bato a porta com um pouco de força. Entro no carro e Dayana cumprimenta tudo mundo com um boa noite e logo beija o rosto de Renato.

Mordo os lábios com força e olho para a janela. Isso foi muita mancada do Renato. Estou decepcionado e o pior com ciúmes também. Logo já não tenho mais vontade de ir para essa festa.

Me sinto muito, muito decepcionado. Eu realmente pensei que hoje seria uma noite só dos meninos até porque Renato não citou que poderíamos levar mulheres. Apoio meu braço na janela e vou o caminho todo calado e olhando para fora.

Dayana, perfeita como é, conversa com os meninos o caminho todo, Renato faltava babar para ela. Deu vontade de falar para ele dar a patinha porque ele estava parecendo um cachorrinho que baba pelo ossinho. Ridículo!

Não, chega de me martirizar por isso. Não vou deixar Renato e Dayana acabar com a minha noite. Vou fingir que eles não existem e vou me deixar levar. Eu estava precisando me distrair e não é porque estou sentindo isso que vou ficar mendigando atenção.

Não fui ensinado a mendigar atenção, fui ensinado a ter amor próprio sempre. Se Renato trouxe a Dayana beleza, não vou ligar. Vou fingir que eles não estão comigo e vou curtir bastante porque eu mereço.

Não vou deixar esse sentimento acabar com essa noite que poderia ser maravilhosa, mas se tornou um caos com aqueles dois juntos. Mas em meio a esse caos eu vou sair de cabeça erguida.

Essa balada que me aguarde e Renato você infelizmente não me conhece tão bem quanto pensa conhecer. Você quase acabou com a minha noite. Mas eu sou melhor que isso. É hoje que tomo todas.

Eu estava revoltado sim, mas não estava ligando para nada, essa balada era para que eu pudesse esquecer o que eu passei? Então resolvido, vou beber até cair, ou não me chamo Leonardo.

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