CAPÍTULO CINQUENTA E SETE

LEONARDO

Eu não estava nervoso, longe disso, eu estava morrendo com o tamanho nervoso que eu estava. Senti que poderia morrer do coração a qualquer momento. Não poderia falar que estava sendo fácil falar tudo aquilo que eu pretendia falar, afinal, eram meus pais.

Quando cheguei com o Renato falando para ele que eu queria falar sobre nós eu já estava nervoso, mas quando cheguei na casa dos meus pais foi aí que a coisa ficou feia, minhas mãos suavam, meu coração estava descompassado, minha voz não saia e eu estava a ponto de um ataque do coração. Estava com um frio na barriga tão grande e uma vontade de mijar, sim quando eu fico nervoso a minha bexiga não se controla.

Aquele era o momento, eu senti dentro de mim que era, mas estava tão difícil para eu falar para eles, eu queria poder falar tudo de uma só vez, mas não é bem assim. Não menti quando falei para o Renato que o meu pai ficou puto com ele quando a gente brigou. Meu pai é muito gente boa, mas quando a assunto é sério ele não trata na brincadeira e o homem não esquece tão fácil das coisas.

Estava com muito medo do que ele poderia falar ou fazer, mas eu sei que meu pai não vai fazer nenhuma besteira e eu espero que a minha intuição esteja certa. Porque eu não suportaria se meu pai me olhasse e falasse que não me apoia. Isso acabaria comigo, na moral.

– SANDRO VEM AQUI, POR FAVOR. – Minha mãe chama meu pai. Sentamos Renato e eu no sofá para esperar o meu pai, que gritou que já estava vindo do quarto. Olhei para o Renato em apreensão e nervoso. Ele tocou meu ombro e me olhou com firmeza, eu sei que ele não estava querendo demonstrar que estava nervoso, mas eu o conheço e sei que dentro dele o nervosismo se faz presente. Minha mãe olha para aquilo com o cenho franzido e eu sorrio fraco para o garoto ao meu lado.

Minha mãe senta no mesmo sofá que nós e me olha com olhar de preocupação, meu corpo tremia por inteiro e tenho certeza que estou pálido. Renato ainda está com sua mão no meu ombro.

– Fala para mim o que está acontecendo filho. – Minha mãe fala me olhando com os olhos preocupados, era possível ver a angústia em seus olhos, eu acho que ela pensa que é algo de doença ou algo do tipo. Olhei para ela engolindo em seco, não é fácil gente, pelo amor de Deus. Ô coisa difícil de ser falar é essa, você planeja tudo na sua mente o que você vai falar e quando chega o momento as palavras não saem ou então você esquece tudo o que planejou falar.

– M-Mãe de-deixa o pai chegar. Quero falar isso com vocês juntos. – Falo olhando para ela que me analisa de cima a baixo, suspira e quando vai falar eu a interrompo. – Não se preocupa que não é nada de ruim. Quer dizer, depende de como vocês vão reagir a isso. – Falo a olhando, ela chega mais perto de mim, toca na minha mão e percebe o quão gelada ela está apesar de estar soando ao mesmo tempo.

– Nossa Leonardo. – Dona Joana fala com preocupação, Renato aperta a mão em meu ombro me fazendo o olhar, ele aponta para o corredor de onde meu pai vinha. Engulo mais em seco ainda, olho para a minha mãe e depois para o meu pai que me olhou de cenho franzido assim como para o Renato também. Se eu já estava nervoso agora que eu estou mais ainda.

– Que houve gente? Tudo bem Renato? – Seu Sandro, meu querido pai, chega perguntando e cumprimenta o Renato com um movimento de cabeça. Ele senta ao lado da minha mãe e nos olha questionador.

– Tudo bem Sandro. – Renato fala tirando a mão do meu ombro discretamente, nos olhamos por um instante e depois volto minha atenção para os meus progenitores.

Não preciso falar que as palavras não saiam da minha boca, né? Então, fiquei parecendo um peixe fora d'água querendo falar, mas não saía nada. Meus pais franziram os cenhos e esperaram. Eu suspirei frustrado comigo mesmo e fechei os olhos abaixando a cabeça.

– Bom, Sandro e Joana... – Renato começou ao meu lado, suspirei mais uma vez com os olhos ainda fechados. – Léo e eu queríamos conversar com vocês algo sério...

Deixei de ouvir a partir desse momento, comecei a viajar nos meus pensamentos. Renato venceu o medo e falou para os meus pais, mesmo ele não sendo nem sequer assumido como eu sou. Renato foi corajoso por mim e o que eu estou fazendo não chega nem aos pés do que ele fez, não estou agindo como deveria. Meus pais sabem que eu sou bissexual e que em algum momento eu iria apresentar um GENRO para eles, mas estou agindo feito um menino com medo.

Meus pais já falaram que me apoiariam nas minhas decisões, não queria os decepcionar, mas se eles já sabem da minha orientação sexual, para que eu vou ficar com tanto medo? Ali, seria o momento em que eu teria certeza que meus pais me apoiariam ou não. Não preciso ter medo, não preciso esconder algo que, acredito eu, já estava meio óbvio e eu não seria um covarde ao ponto de deixar o Renato falar por mim.

Meus pais precisavam ouvir isso de mim, não tenho para onde fugir, se eu estou nessa chuva é para me molhar e não travar ou fugir na primeira oportunidade. Renato é a pessoa mais corajosa que eu conheço e não quero me mostrar um fraco. Esse é o meu momento.

– Renato e eu estamos namorando. – Falo de uma vez ainda de olhos fechados Renato ainda estava falando e se calou no mesmo instante, um silêncio tomou conta do ambiente era possível ouvir até as respirações dos três ali presentes. Abri os olhos aos poucos para olhar para cada um ali.

Meu pai me olhava com os olhos meio arregalados e as sobrancelhas erguidas, minha mãe me olhava com um sorriso discreto nos seus lábios e Renato me olhava com um sorriso de lado.

Renato e eu nos olhamos e olhamos para os meus pais esperando que eles falassem alguma coisa, minha mãe olhava de mim para Renato com um sorriso nos lábios e meu pai estava com uma expressão tranquila no rosto, porém ele não nos olhava.

– Falem alguma coisa vocês dois. – Falo meio que em desespero olhando para eles, Renato pega na minha mão e entrelaça nossos dedos. Minha mãe olha para os nossos dedos entrelaçados e sorri dando de ombros.

– Não tenho o que falar, Léo. Eu já falei que apoio você em suas decisões e assim como apoiei você quando falou para seu pai e eu que gostava de meninos, eu também apoio você agora filho. – Minha mãe fala e a abraço com os olhos cheios de lágrimas, não consigo aguentar, gente, minha mãe é a melhor do mundo. O que seria de mim sem essa mulher?

– Obrigado, mãe. – Murmuro para ela que me beija e quando quebramos o abraço vejo que os olhos dela estão úmidos. Ela sorri para mim e olha para Renato que nos olhava com um sorriso de lado. Olhei para o meu pai com um certo medo nos olhos.

– E você pai, o que acha? – Pergunto olhando para ele com os olhos ardendo devido às lágrimas que queriam cair, mas eu lutava para as segurar. Meu pai me olha, depois para o Renato e novamente para mim. Minha mãe vira para olhar para ele.

– Olha Léo, confesso para você que para mim ainda é um pouco estranho você apresentar um homem como namorado, sendo que eu tinha em mente que você iria apresentar uma mulher. – Meu pai fala me olhando nos olhos, eu assenti porque esse é o sonho de todo o pai. Ver seu filho chegar com uma namorada e os apresentar, mas nem sempre é como queremos. Meu pai sorri de lado. – Mas, eu não posso não apoiar, afinal, eu não fiz filhos para mim e sim para o mundo. E eu quero que vocês sejam muitos felizes e que dê tudo certo no relacionamento de vocês. Apesar de tudo o que o Renato fez, se você já perdoou, então eu perdoo também. – Ele completa me fazendo chorar em alívio e felicidade. Levanto de onde estou e o abraço bem forte deixando as lágrimas caírem dos meus olhos.

Nossa, a reação dos meus pais foram um alívio, na verdade eu estava mais preocupado com o meu pai, mas graças aos céus ficou tudo bem. Renato respirou em alívio junto comigo porque estávamos apreensivos em relação ao seu Sandro, mas eu estou muito feliz que ele tenha apoiado. Quebramos o abraço, olho nos olhos do meu pai e falo:

– Eu te amo muito, meu velho.

Meu pai sorri assentindo com a cabeça, seus olhos estão vermelhos de tanto que ele segurou as lágrimas, quer se fazer de duração né seu Sandro?!

– Agora fiquei com ciúmes, você só ama o seu pai Leonardo? – Minha mãe fala com os braços cruzados, todos nós gargalhamos dela e a abraço.

– Eu não preciso falar porque você já tem certeza que eu te amo, mulher. – Falo com carinho dando um beijo no rosto dela que sorri para mim.

Foi o pior nervoso que passei na minha vida, falando sério com vocês. Mas no fim deu tudo certo, o nervoso valeu a pena e também o quase ataque do coração. Meus pais provaram que me amam do jeito que eu sou e que sim eles me apoiam em minhas decisões.

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