Epílogo - Somente aquela que o amaldiçoou, o libertará (Parte final)
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Kristen ao fitar a face pálida dele não pudera conter o aperto incomodo em seu peito. Como nada mudara? Deuses, Elizabeth estava morta, como era possível que tudo continuasse igual?
— Como... — a frase, no entanto morrera em sua garganta. Ele lhe dera as costas fitando a paisagem branca lá fora.
— Somente aquela que o amaldiçoou poderá libertá-lo — ele disse com seu tom monótono — Não fora eu quem o amaldiçoara, Viktor.
Ela, por sua vez franzira seu cenho. O que ele haveria de estar falando? Aquelas não eram as palavras do livro?
— O que quer dizer com essas palavras? — ela perguntou logo aproximando-se desviando dos estilhaços e roupas ao chão.
— Ouvi estas palavras vindas dos lábios dela enquanto o pranto inundava meu rosto — ele rodara seus calcanhares encontrando Kristen em sua frente — Eu implorei, Kristen, implorei de todo meu coração para que ela me libertasse. Mas então Elizabeth me dissera tais palavras enquanto seu coração se reduzia a cinzas sobre meu tato. Minha maldição não está morta, Kristen. Eu ainda sou uma aberração e serei até o fim deste maldito mundo.
Kristen sentira um nó se formar em sua garganta enquanto o aperto de seu peito poderia ser comparado a uma mão de ferro a envolver seu coração. Ela não soubera o que fazer ou mesmo se havia de fato algo que pudesse ser feito. Como reagiria afinal diante daquelas palavras que soaram tão pesadas quanto uma sentença de morte?
— Não precisa falar nada — ele disse fazendo um rápido sinal de negação com a cabeça — Não há mais nada que possa ser dito agora.
— Tem de haver uma saída — ela dissera com a voz fraca enquanto seus olhos deixaram escorrer por sua face finas lágrimas que pareciam rasgar a sua pele — Tem de haver algo, Elizabeth não pode ser tão má a ponto de mentir para ti em seus últimos instantes em vida.
— Não — ele dissera desviando seu olhar do dela olhando para a paisagem lá fora tentando esconder suas próprias lágrimas — Não há nada que possa ser feito, nem agora, nem nunca mais. Elizabeth me condenara mais uma vez a nunca ter paz. E agora, mais do que nunca, estou fadado a carregar esta maldição comigo para sempre.
— Não — ela avançara em sua direção entrando em frente a seu olhar buscando o olhar dele sobre si — Tem de haver uma saída, Viktor, há de haver algo que não estamos vendo. Tem de haver algo.
— Não, Kristen, não há mais nada que possa ser feito agora — ele negou com a cabeça — Elizabeth está morta e não há mais nada ao que eu possa me segurar — os olhos deles estavam cheios e ao fim daquelas palavras as lágrimas que estavam com tanto custo sendo seguradas escorreram por sua face que logo se contorcera em pranto — Acabou.
Em seguida ela correra para os braços abraçando-o por sobre as vestes enquanto ele desabara em pranto depositando sua cabeça sobre a cabeça dela deixando as lágrimas caírem sobre seus cabelos em brasa.
— Eu não suporto mais — ele lamentara em um lamúrio sôfrego que parecia rasgar sua garganta — Eu não consigo mais suportar.
Kristen então o olhara com lágrimas em seus próprios olhos enquanto o coração era destruído em seu peito.
— Nós vamos achar uma saída, Sr. Greembell — ela disse tentando carregar convicção em seu olhar mesmo entre as pesarosas lágrimas — Eu sei que vamos, tu verás que ainda há algo de encoberto em tudo isso. Eu não vou deixa-lo sozinho.
Viktor a fitara olhando-o com aquele olhos azuis que pareciam carregar a própria vida. As lágrimas ainda desciam sobre sua face como pontas de agulhas a lhe perfurar a pele precipitando-se no ar caindo sobre suas vestes. Então ele erguera sua mão levando-a com cuidado até os cabelos agora com mechas menores. Deslizando seus dedos sobre os cachos em brasa seu olhar acompanhava cada um de seus gestos com melancolia recordando-se do porquê aqueles cabelos outrora longos como uma cortina estavam daquele jeito. Kristen que acompanhava seus gestos o fitara constatando o motivo daquela melancolia no olhar dele.
— É só cabelo, Viktor — ela se adiantara em dizer chamando o olhar dele para si — Irá crescer novamente. Ele sorriu triste abaixando seu olhar e seguida.
— De certo modo eu sinto como se este colar sempre lhe pertencesse — ele disse baixo olhando para o colar que enlaçava o pescoço dela. Instantaneamente, acompanhado de um breve sorriso ela passara a ponta de seus dedos sobre as pedras.
— O levarei comigo até o fim de meus dias.
Um rápido sorriso monótono surgira no canto dos lábios pálidos dele e logo sua face fora virada e ele se desvencilara do abraço dela dando-lhe novamente as costas.
— Não sabes o quanto dizer-te estas palavras me custa. Mas há coisas que devem ser feitas independentes de qualquer coisa.
— Do que estás a falar? — ela perguntou confusa com aquelas palavras. O que ele queria dizer?
Ele a fitara com os olhos opacos levando em seu rosto um semblante sério, talvez mesmo até sombrio.
— Tu deves partir — ele dissera com o tom frio enquanto limpara as lágrimas em seu rosto. Kristen sentira um grande baque em seu coração ao fim daquelas palavras como se com elas tivessem sido atiradas facas contra seu peito. Suas palavras pareciam engasgadas em sua garganta como se houvessem sido costuradas. O ar parecia ter ficado escasso e até mesmo suas lágrimas pareceram morrer em seus olhos.
— Como? — ela dissera com dificuldade enquanto ele se afastara de si parando a alguns passos da porta negra do local.
— Este lugar, estas paredes não existirão mais — ele fechara seus olhos contendo suas lágrimas com pesar até tomar coragem para fita-la novamente — Eu irei embora, Srta. Sartórios — ele sentenciara frio — Este lugar será destruído e minha lembrança morrerá junto de seus destroços.
Ela sentira seu corpo se agitar a medida que sua mente parecia se embaralhar em turbilhões de pensamentos confusos. Como assim ele iria embora? Para onde?
— Para onde vais? — ela perguntara deixando a inquietude que tomava sua alma transparecer em sua voz — Não podes simplesmente abandonar este lugar depois de tudo, Viktor.
— Sim, eu posso — ele lhe fitara sem expressões — E assim o farei.
Ela, por sua vez, sentira sua voz morrer em sua garganta enquanto suas lágrimas ganhavam vida em seu olhos. Ela entreabrira seus lábios tentando se forçar a falar algo, mas somente o ar escapava dali sem qualquer outro som. Ele virara-se de costas para ela, deixando que seus olhos recaissem pesarosos sobre o quadro agora rasgado de Marie.
— Permaneci sob este mesmo teto durante séculos ignorando todos os fantasmas de seus corredores. Perdi meus pais, os criados fugiram depois daquele desastroso casamento, aqueles que presenciaram o monstro repugnante que havia me tornado, o monstro o qual matara aquela a quem dizia amar, simplesmente repudiaram-me e caçaram-me como um animal selvagem ignorando totalmente o meu sofrimento. Fui torturado, queimado, despido e cuspido, e sabe o que eu fazia? — ele a olhou com os olhos cheios deixando as afiadas lágrimas descerem por sua face — Eu não gritava, eu não chorava, eu somente implorava para que prosseguissem, para que me matassem de uma vez e me livrassem daquela tortura sem fim. Mas nunca dava certo. Qualquer tentativa de me matar era falha e eu permanecia ali, repudiado por todos sobretudo por mim mesmo. Então depois de tantas tentativas falhas entendi que não haveria morte para mim ou qualquer outro tipo de redenção. Já estava morto afinal, como poderia morrer outra vez?
— Por que não me contaste antes? — ela perguntara avançando em sua direção, mas com um gesto de sua mão ele pedira para que ela parasse. Ela parou olhando-o enquanto as lágrimas escorriam quentes por sua bochecha.
Novamente ele pusera seus olhos sobre a pintura rasgada, abaixando-se para pegá-las em mãos. Entretanto, ele não a respondera.
— Com o tempo eles desistiram de tentar me matar e fugiram da aberração que nunca morria. Alguns me chamavam de demônio, outros diziam que eu era um Filho da Noite, mas para todos eu era, acima de qualquer denominação, uma aberração. Não ficaria surpreso se tivessem inventado histórias sobre a criatura de toque mortal e que não morria.
Kristen sentia a tristeza em cada palavra que saía da boca dele, e sentia o martírio das lembranças dolorosas dele.
— As grandiosas casas próximas foram destruídas até que somente esta permanecesse de pé. Então eu permaneci sozinho, vagando por estes corredores até o dia em que Margareth entrara em minha vida. Ela não me temia, não me desprezava, por diversas vezes tentava arrancar algum sorriso e me acolhia quando eu caía em pranto. Mas a verdade é que eu não permaneci sob este teto por ela, ou por causa da lembrança de minha família. Eu permaneci por ela. Marie — ele deslizara seus dedos sobre o tecido rasgado da pintura em suas mãos — Eu permaneci na esperança que um dia ela voltasse e me salvasse. Mal sabia eu que na verdade era um tolo apaixonado por uma mentira. Uma farsante a qual, anos a fio eu carreguei como a mais delicada das rosas em minha memória. E embora meu coração não batesse, ainda assim ela estava dentro dele vívida e pulsante. Agora, somente o soar de seu nome em meus lábios me causa repulsa e decepção.
Em seguida Viktor que ainda deslizava seus dedos sobre a pintura agarrara seu tecido abruptamente rasgando-o ainda mais enquanto o amargo gosto da decepção deslizava em seu paladar. Kristen sentira seu coração saltar em seu peito quando ouvira o som do tecido sendo rasgado e logo em seguida a moldura daquele quadro fora lançado ao chão sem qualquer cuidado, fazendo com que ela se assustasse ao que a madeira batesse contra o chão.
— Meu tempo de espera esgotou, Kristen — ele virou-se lentamente para ela fitando-a com o rosto inexpressivo, mas com o coração sendo esmagado em seu peito — A história de Viktor Greembell e sua maldição chegara ao fim. Infelizmente, sem final feliz.
Kristen que até então estava parada no meio do cômodo dera seus primeiros passos em direção a ele. Ele continuou a fitá-la, enquanto toda a bagunça ao redor deles era totalmente ignorada, ela se aproximara sem deixar de retribuir o olhar. Quando finalmente ela estava diante de si ele acompanhara o caminho lento das lágrimas que escorriam pelo rosto dela até que morriam em seus lábios. Ele não ousava falar qualquer palavra, apenas fitava-a sem expressão esperando por algo que não poderia dizer o que era.
Kristen sentia seu coração se agitar em seu peito. Sua respiração estava pesada, como se aquele ar não fosse o suficiente para seus pulmões. Engolindo em seco, ela erguera sua mão na altura de seus ombros sendo seu gesto acompanhado pelos olhos dele. Em seguida ela espalmara sua mão mantendo-a assim quando ele novamente a fitara.
— Não importa quão frio e escuro seja seu passado, Viktor. Não me importa que teu toque possa me machucar. Não me importa mais nada que não seja você, que não seja estar com você. Eu o amo — ela disse enquanto outra lágrima escapara de seus olhos molhando seus lábios enquanto o sabor salgado tomara seu paladar — Eu o amo mais do que poderia acreditar que um dia eu amaria alguém — em seguida a mão que estava espalmada na altura de seu ombro fora depositada sobre o peito coberto pelas vestes negras dele enquanto ele acompanhara o pousar da mão dela sobre si com grande inquietude — Tu és o homem mais belo que já conheci, mais terno que qualquer outro.
Ele a fitara sentindo suas lágrimas a brotarem em seus olhos enquanto um calor incomum parecia aquecer seu coração a muito congelado. As palavras pareciam terem sumidos de sua boca e um sentimento a muito desconhecido tomara conta de seu corpo rapidamente. As mãos dela subiram por seu peito sendo, em seguidas, depositadas sobre os cabelos dele. Ele não conseguia parar de olhá-la, estava inebriado no olhar que parecia capaz de aquecer todo o inverno lá fora. Deuses, ele sentia seu corpo vibrar, algo como uma ansiedade incontrolável tomava cada parte de seu corpo como se ele mergulhasse depois de muito tempo em um oceano de sentimentos a muito adormecidos.
— Desde a primeira vez em que fitei teus olhos eu soube que estava perdida — ela continuou enquanto as suas mãos deslizavam sobre os fios dos cabelos dele — Tu tomaste o meu coração em tuas mãos desde o dia em que pusera teu rosto fronte a meus olhos — então a sua outra mão descera sobre a extensão do braço dele e chegando perto de seu pulso ela levara o toque dele até a sua cintura.
Viktor, por sua vez entreabrira seus lábios guiando seus olhos para os lábios dela que pareciam querer sugá-lo como um imã. Embora inativo, seu coração parecia querer explodir dentro de si e um sentimento de felicidade o tomara como se seu corpo e suas ações não lhe pertencessem mais a partir daquele momento.
— Viktor — ela sussurrara deixando que o calor de seu hálito batesse contra o rosto dele — eu não posso mais me ver vivendo sem ti, sem senti-lo próximo de mim, sem contemplar os mesmos olhos que fazem o meu coração querer explodir ao mínimo olhar — ela o fitara, olhando para os olhos dele como se quisesse enxergar a sua alma — Eu amo você, Viktor Greembell, e não há obstáculo que seja grande o suficiente para matar esse amor que transborda em meu peito e me deixa trémula e sem ar, totalmente entregue como nunca estive.
Lentamente seus olhos se conectaram e tudo ao redor deles parecia ter desaparecido. A mão dele ainda estava sobre a curva da cintura dela e seus pés pareciam estar fincados ao chão. O hálito dos lábios dela batia quente contra os seus e sua respiração ficara aos poucos lenta e longa. Viktor sentia seu coração inquieto enquanto uma adrenalina tomava seu corpo sem que pudesse ter controle. Sua boca estava seca, mas ao mesmo tempo que seus olhos recaíam sobre os lábios rosados dela um sede por tomá-los junto ao seus faziam ele quase acreditar que não sobreviveria se não o fizesse.
— Eu não quero mais resistir, Viktor — ela disse em um sussurro aproximando seu rosto do dele — Eu não quero mais fugir desse sentimento.
Viktor via a aproximação dela com um imenso reboliço em seu peito. Seu coração parecia inchar dentro de si a ponto de quase explodir. Ele fechara os olhos com força, engolindo em seco enquanto uma lágrima escapara de seus olhos.
— Não podemos — ele disse em um sussurro que lhe custara mais do que poderia contar — Não quero machucá-la. Não posso fazer isto — lentamente, lutando contra toda a ânsia que tomava seu corpo, Viktor afastara devagar o corpo dela do seu com a mão que estava sobre a cintura dela, entretanto, antes que pudesse finalizar seu gesto, ele sentira as mãos dela tomarem seu rostos e em um milésimo de segundo, seu lábios se tocaram.
Ele sentiu um choque perpassar por todo o seu corpo quando os seus lábios frios foram aquecidos com os lábios dela. Seu coração pareceu saltar a medida que seu corpo fora tomado por um calor incontrolável. Tudo parecia ter parado. Kristen tinha seus olhos fechados com força e seu coração batia tão forte que ela sentia que seu peito romperia a qualquer instante. Viktor sentia o medo de machucá-la lhe pedir para recuar, mas ele não conseguia. Estava preso.
Mas então as vidraças que estavam fechadas até então abriram em um solavanco e ambos olharam para a mesma. Não demorara sequer um instante para que uma forte ventania entrasse no local fazendo com que ambos se abaixassem em defesa. Mas não houvera tempo para interrogações quando uma forte luz verde e rosa entrara pelas vidraças abertas e atingissem o corpo de Viktor em cheio. Kristen caira ao chão chamando por ele em desespero enquanto a luz tomava todo o corpo de Viktor em um clarão cegante.
No instante seguinte sussurros tomaram o lugar e Kristen olhou para o ambiente alarmada.
— Somente aquela que o amaldiçoou poderá libertá-lo...
— Tu Claven...
Os sussurros se multiplicavam, e as duas frases eram repetidas como mantras enquanto o corpo de Viktor brilhava como se estivesse em chamas.
— Somente aquela que o amaldiçoou poderá libertá-lo...
— Tu Claven...
A medida que ao luz no corpo dele aumentava, as vozes pareciam ainda mais altas entoando seu mantra continuamente em um misto de sussurros de vozes diferentes.
— Viktor! — ela dissera tentando chama-lo, mas as luzes aumentavam mais e mais e quando dera-se conta ela tinha de cobrir seus olhos com toda aquela claridade — Viktor!
Seus chamados eram inúteis e as vozes cada vez mais altas rodeavam-nos.
— Somente aquela que o amaldiçoou poderá libertá-lo...
— Tu Claven...
Um misto de luzes verdes e rosas sobrevoavam o ar enquanto o forte vento que adentrava pelas vidraças faziam as grossas cortinas dançarem ao seu sabor. O coração de Kristen estava a mil, mas então os sussurros aumentaram, mantras com as mesmas palavras e mais luz. Então, subitamente a luz que envolvia o corpo de Viktor pareceu explodir e Kristen tapara seus olhos. Então silêncio. As vozes calaram-se, o vento cessou e quando Kristen ousara olhar a procura de Viktor o encontrara ajoelhado de cabeça baixa enquanto sua respiração estava ofegante.
— Viktor — Kristen dissera imediatamente indo ao seu encontro enquanto sua própria respiração saía tão rápida que ela julgava que seus pulmões poderiam falhar a qualquer instante. Se lançando sobre o corpo dele ela procurara com urgência seu olhar sentindo o medo assolar sua alma em um receio crescente — Viktor, por favor, me responda!
Então finalmente ele se movera levantando suas mãos fitando-as enquanto se mantinha ofegante.
— Tu Claven... — ele dissera em um sussurro — Tu Claven...
— Viktor — ela dissera nervosa, quando finalmente ele a olhara.
De imediato Kristen recuara assustada fitando-o assustada enquanto sua respiração saía ofegante entre seus lábios em pesadas lufadas.
— Deuses — ela dissera sem conseguir retirar seus olhos dos deles sem acreditar no que seus olhos lhe mostravam — Seus olhos... — ela deixou escapar em um sussurro.
Ele não conseguira lhe dizer qualquer palavra, mas ao fitar alguns dos cacos do espelho ao chão ele pudera ver seus olhos e não pudera conter seu próprio espanto ao constatar que a cor amarela opaca já não estava lá.
— Kristen... — ele dissera em um sussurro olhando-a sem acreditar no que havia visto. Sem seu consentimento as lágrimas nasceram novamente em seus olhos e ele não pudera conter o batimento acelerado do seu coração pulsante em seu peito. Assustado ele olhou para seu peito pondo em seguida sua mão trêmula por sobre ali enquanto as lágrimas escorriam de seus olhos agora caramelos e brilhantes. O sorriso em sua boca oscilava a medida que a sua emoção mal conseguia ser contida.
Estava batendo, Deuses, seu coração estava batendo novamente! O riso que escapara de sua garganta fora incontrolável e ele mal podia acreditar que aquilo estava de fato acontecendo. Kristen ainda estava atônita e em seu peito, a medida que um longo fio de esperança lutava para aparecer, uma pontada de receio se fazia presente.
— Estou... — ele disse, mas a felicidade que se alojava em si era tanta que ele mal conseguia falar — Está batendo, Kristen, está batendo!
Viktor a olhara com emoção, e embora seu rosto estivesse tomado de lágrimas um longo e largo sorriso como ela nunca vira antes acabava com qualquer possibilidade de tristeza. Ele estava radiante. Kristen não sabia o que falar, seus olhos estavam turvos e a medida que assimilava tudo que estava acontecendo, seu coração enchia dentro de si como se não fosse caber mais em seu peito.
— Eu estou livre — ele disse enquanto seus lábios sorriam abertamente — EU ESTOU LIVRE! — ele gritara em seguida levantando-se em um salto rindo sonoramente enquanto a emoção mal cabia dentro de si — EU ESTOU LIVRE!!
As lágrimas tomaram o rosto de Kristen e o sorriso que nascera em seu rosto mal cabia em sua boca. Viktor ria em um misto de felicidade e emoção enquanto correra rapidamente para a sacada de seu quarto sentindo finalmente o frio novamente a acariciar sua pele rosada. Ele sorria abertamente enquanto em seus olhos o próprio brilho do sol parecia fazer morada. Ele estendera a mão deixando cair sobre sua palma os flocos brancos de neve que caíam lentamente e sentira sobre sua pele quente a mesma derreter e gelar sua pele.
Kristen levantara-se lentamente ainda incrédula com o que seus olhos lhe mostravam. Suas palavras pareciam terem desaparecidos e o sorriso em seu rosto era tão forte quanto a emoção que alagava seu peito.
— EU ESTOU LIVRE!!! — novamente ele gritou não contendo a imensa alegria que tomava seu ser. Deuses, seu riso mal podia ser controlado e seus olhos, pela primeira vez em muito tempo estavam finalmente vendo a luz brilhante da liberdade.
Com emoção ele olhou para Kristen com o rosto transbordante de alegria e indo rapidamente ao seu encontro ele enlaçou sua cintura e deixara que seus lábios tomassem os dela com fervor. Quando ela pudera sentir o toque de suas bocas, seu peito esquentou como se o próprio verão houvesse nascido em si. Seus corpos não tinham mais qualquer distância. Suas respirações aceleradas batiam em seus rostos enquanto as lágrimas de emoção banhavam aquele beijo. Ofegante, Viktor afastara seu lábios encostando sua testa na dela deixando sua respiração bater contra a pele perolada dela. Ele fechara os olhos com força colocando uma de suas mão entre os cabelos dela enquanto o coração pulsante novamente ameaçava explodir diante de tanta felicidade.
— Eras tu — ele disse em um sussurro ofegante — O tempo inteiro a minha liberdade estava ao meu lado... Tu Claven, Kristen... Sempre foi você. Deuses, como pude ser tão cego?
— A maldição... — ela disse em um sussurro enquanto as lágrimas tomavam seu rosto e um largo sorriso desenhou seus lábios. Viktor sorriu e com os olhos transbordando felicidade ele afastou seu rosto do dela apenas para fitá-la enquanto segurava o rosto dela entre suas mãos.
— Não — ele dissera mal contendo o imenso sorriso em seus lábios rosados — Não há mais maldição, Kristen. Eu estou livre, Kristen. Deuses, eu estou finalmente livre!
O riso que nascera em sua garganta fora rapidamente solto e Kristen se viu rindo enquanto a emoção a enlaçava com braços calorosos.
— Livre — ela repetiu em meio as risadas — LIVRE! — por fim ela gritara.
— LIVRE!! — ele gritara em seguida e novamente enlaçara a cintura dela erguendo-a sem qualquer medo rodopiando-a enquanto ambos riam sem privações.
Naquele cômodo a alegria havia se instalado e pulsava tão forte quanto seus corações. Não havia mais maldições e Viktor Greembell estava, para sempre, livre de sua maldição. Quando ele a colocou no chão novamente a fitou com os olhos cheios e brilhantes acariciando sua face com o maior dos sorrisos em seus lábios.
— Eu a amo — ele dissera sentindo que aquelas palavras deveriam terem saído de sua boca a muito tempo — Kristen Sartórios, eu a amo de todo o meu coração. E eu prometo que nunca mais eu a deixarei partir de meus braços.
Ao receber aquelas palavras, o sorriso dela que já parecia impossível de aumentar aumentou ainda mais e ela tinha certeza que seu coração a esta altura já havia explodido de tanta felicidade. As lágrimas tomaram o rosto dela e seria simplesmente impossível controlar que seu coração saltasse de eu peito a qualquer instante.
— Eu nunca partirei de teu braços, Viktor Greembell — ela disse emocionada o fitando sorridente — Tu és o amor da minha vida.
Ele sorriu ainda mais abraçando-a com fervor sentindo o calor de seus corpos se conectarem um ao outro como se suas vidas dependessem daquilo. Em seguida ele a pegou no colo e ela riu audivelmente olhando-o fitando os mais belos olhos que poderia querer ver.
— O que acha de ser sequestrada agora? — ele perguntou sorrindo para ela.
— Eu vou para onde tu quiseres, Sr. Greembell. Eu me rendo inteiramente a você.
Ele sorriu em resposta e passando por toda aquela bagunça de seus aposentos ele a levou consigo pelos corredores. Não demorara muito até que eles já se encontrassem em um dos muitos outros quartos dos quais ela ainda desconhecia e então, fechando a porta atrás de si Viktor colocara Kristen novamente ao chão.
O quarto onde se encontravam era amplo, uma espaçosa e luxuosa cama estava em seu centro, haviam duas mesas-de-cabeceira em cada lado da cama. Havia também uma lareira no local e as pesadas cortinas impediam que a luz daquele dia pálido entrasse sequer por uma fresta. Um longo espelho que ia até o chão além de uma penteadeira, tapeçarias caras, um grande armário com detalhes em dourado e uma suíte com banheira.
— Era o quarto de meus pais — ele disse indo na tentativa de acender a lareira do local. Kristen contemplava o ambiente com fascínio e curiosidade.
— Achava que o teus aposentos era o quarto deles — ela comentou deslizando sua mão por sobre a penteadeira próxima.
— Não — ele respondera quando finalmente conseguira acender a luxuosa lareira — Após a sua perda eu não tive coragem de dormir sobre os mesmos lençóis que eles. Prometi a mim mesmo que só retornaria a este quarto quando finalmente estivesse limpo da aberração que me tornara — ele se aproximara dela logo tocando seu rosto e enlaçando sua cintura — Mal posso acreditar que me deras tamanho presente.
— Tu és o meu presente, Viktor, e não pode sequer imaginar o quão feliz me sinto agora — ela o fitara e desta vez fora a sua vez de deslizar sua mão por sobre o rosto dele — Eu o amo, Viktor Greembell e enfrentaria tudo novamente se fosse preciso.
— Eu também a amo, Kristen Sartórios e eu fui bobo o bastante para não perceber que me mantinha esperançoso e ansioso pelo fim desta tormenta, era, na verdade a ânsia de poder tocá-la, — ele deslizou seus dedos pelo rosto dela — beijá-la — ele dissera aproximando seus lábios do dela fazendo com que o hálito de sua boca batesse contra a dela.
No segundo seguinte o calor de seus lábios se tocaram e o mundo se tornara só deles. A mão dele enlaçara a cintura dela e com ânsia suas bocas buscaram matar a sede daquele momento. Seus lábios começaram então uma dança lenta e se envolveram com desejo. Seria pedir demais que suas respirações pudessem ser controladas. Viktor envolvera os lábios dela com os seus sentindo pela primeira vez a maciez de sua boca. Seus corações aceleram e transbordavam de felicidade batendo ambos envoltos em uma única sincronia, finalmente conectados.
Ele podia sentir o calor do corpo dela contra o seu enquanto deslizava sua mão pelas curvas do corpo ao quão ansiara por tanto tempo. O sentimento puro do amor os envolvia como uma manta quente e aconchegante a qual ambos tinha certeza que não queria sair nunca mais. A respiração dela batia contra o rosto dele e ela podia sentir um calor, uma ânsia subir pelo seu corpo sem que ela pudesse controlar. Mas ela não queria controlar.
Cada toque só despertava ainda mais desejo de tê-la junto a si para sempre, com ele por todos os dias que a eternidade pudesse lhes dar. A respiração deles a cada mínimo instante só aumentava e então ele finalmente a tomara em seus braços sendo recebido pelo sorriso radiante que nascera nos lábios dela.
A lareira crepitava enquanto a sombra de suas chamas dançavam na parede e aqueciam o local. Mas eles tinham certeza que mesmo que o inverno entrasse naquele quarto naquele momento, o calor de seus corações acesos em amor e desejo derreteria qualquer gelo.
Finalmente Kristen sentira o seu corpo a ser deitado com cuidado sobre a cama enquanto o corpo de Viktor estava sobre o seu. O ar de sua respiração saía entre seus lábios em lufadas quentes que batiam no rosto dele. Ele a fitava de perto admirando-a como uma verdadeira obra de arte. O olhar dele era terno e aquecia a alma dela. Em seus olhos caramelos morava um paraíso ensolarado o qual ela ansiava por desbravar. Ele acariciou o rosto dela com uma de suas mãos enquanto a outra o mantinha apoiando na cama fora. Ele olhara então para os lábios dela sentindo seu corpo implorar para desbravar do calor de seus beijos e olhando novamente para os olhos dela ele deixou que suas palavras saíssem em um sussurro.
— Kristen Sartórios, aceita se tornar minha deste momento para todo o sempre?
Ela sorriu em resposta e passando sua mão sobre o peito dela ela disse próxima a seus lábios com toda a convicção que poderia encontrar em seu ser.
— Eu aceito, Viktor Greembell. Agora e para todo o sempre.
Um rápido sorriso nascera nos lábios dele e então ele deixara que sua boca tomasse a dela novamente sobre os seus depositando, dali para frente, em cada carícia, um pedaço de sua alma.
***
Dez anos depois...
[...]
A verdade é que o amor é um espírito livre, mas que pode ser facilmente colocado em uma gaiola pelas pessoas que não sabem disso. Então, se um dia alguém encontrar este livro, quero que saiba da verdade. Elizabeth amava a Viktor demasiado para deixa-lo pertencer a outra, então, quando o amaldiçoara e o forçara a matar sua amada no altar ela sabia bem como mantê-lo preso para sempre em sua maldição.
"Somente aquela que o amaldiçoara terá o poder para libertá-lo"
E fora com estas palavras que ela selou sua maldição e ele se manteve preso para sempre. Mas o que ele, nem ninguém seria capaz de imaginar era que, na verdade, o que o mantinha preso a sua maldição era o amor que cultivara por Marie, e que, de certo modo, esse amor era a força da qual a maldição se alimentava e se mantinha viva. O que quero dizer, caro leitor, é que somente quando Viktor se dera a chance de amar a outra de corpo e alma e se livrara de fato do amor que o prendia, sua maldição fora quebrada. Por que, no final das contas, Elizabeth entendia melhor do que ninguém que somente o amor verdadeiro por alguém, pode também condená-lo para sempre.
Fim. "
Depois de colocar o último ponto final naquele livro, Kristen suspirara aliviada fechando grosso livro e guardando finalmente a pena dentro do tinteiro. Estava acabado.
— Terminaste, meu amor? — a voz aveludada dele lhe dissera próximo de seu ouvido e ela pudera sentir o calor de seus braços a envolve-la.
— Sim — ela disse baixo — Está acabado para sempre — ela virara seu rosto o bastante para que pudesse depositar um delicado beijo em seus lábios, sorrindo em seguida.
— Um dia me mostrará o que escreveste? — ele perguntou.
— Tenha certeza que tu conheces esta história melhor do que ninguém, Sr. Greembell — ela disse sorrindo em seguida se levantando para fita-lo. Ele sorrira em resposta.
— Eu trouxe alguém para vê-la — ele disse. Ela não tivera tempo para perguntar quem haveria de ser quando, no instante seguinte, a pequena silhueta de cabelos dourados e vestido rosado entrara pela porta trazendo em suas pequenas mãos um potinho de vidro com uma bela borboleta azul dentro.
— Mamãe, veja só o que consegui pegar no jardim — a criança dissera com sua doce voz infantil se referindo a borboleta dentro do pote.
— Você resolve — Viktor dissera olhando para Kristen que sorrira em resposta. Logo os olhos de Kristen recaíra sobre a criança e indo até ela, Kristen se ajoelhara ficando com seu rosto na altura da criança.
— Ora, Elena, que bela borboleta você trouxe, mas já está na hora de devolvê-la ao jardim, não acha?
— Não, mamãe, por favor, me deixa ficar com ela — a criança implorou fazendo bico. Kristen sorriu de lábios selado prosseguindo.
— Responda-me algo, Elena — ela começou — Tu gostas desta borboleta?
— Sim, mamãe, eu gosto.
— Então me escute, — Kristen erguera sua mão depositando-a sobre o cabelo da criança acariciando os fios dourados que caía em uma cortina cacheada atrás dela — se realmente gosta de algo, tem de deixa-lo livre. O amor não é uma gaiola, Elena, e muito menos um potinho de vidro — ela sorriu — Se gosta desta borboleta de verdade, a deixará partir. Um dia quem sabe ela retornará e quando retornar terá a certeza de que não é preciso prender aquilo que se gosta para que não perca. Além do mais, se ela não voltar, sempre haverá outras borboletas que não deixarão o seu jardim. Pode compreender?
A pequena Elena ainda tinha um bico em seus lábios e olhava com indecisão para a pequena borboleta em seu potinho. Mas suspirando derrotada, ela cedera.
— Sim, mamãe, eu irei libertá-la.
Kristen sorriu agradecida depositando um beijo doce na testa perolada da criança.
— Agora vá, e liberte esta bela fada, sim? — Kristen perguntou. Elena acenou com a cabeça e em seguida saira correndo pelo corredores levando consigo a pequena borboleta.
Kristen então levantara-se olhando para Viktor que tinha seus braços cruzados frente a seu corpo e uma de suas sobrancelhas arqueadas.
— Por que me olhas com estas feições, Sr. Greembell? — ela perguntara aproximando-se dele. Ele sorrira rapidamente desfazendo o cruzado de seus braços acolhendo-a pela cintura.
— Tenho a leve impressão de que aquela história que contaste a Elena me é familiar.
Ela sorriu envolvendo seus braços ao redor do pescoço dele aproximando seus lábios dos dele.
— Isto é uma reclamação? — ela perguntou baixo. Ele sorriu rapidamente próximo ao lábios dela.
— É um agradecimento. Eu a amo — ele dissera.
— Eu também o amor demasiado.
Naquele momento os seus lábios se tocaram e renovaram mais uma vez o amor puro que havia nascido entre eles, e naquela mansão, nem mesmo nos mais tenebrosos invernos, o frio jamais fizera morada entre aquelas paredes outra vez, e a tristeza se tornara uma palavra desconhecida para aqueles três corações que traziam consigo o próprio calor do verão.
Fim...
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6105 palavras
Tu Claven - Você é a chave.
Olá, olá Jubinhas de meu ❤
Finalmente o final de Meu Imortal - A Maldição de Viktor chegou. Confesso que estou um tanto triste, mas também imensamente feliz por ter criado este livro que sempre será o amor da minha vida (o primeiro a gente nunca esquece, ne? :D) Aproveito para agradecer a cada uma de vocês por todos os votos, os comentários maravilhosos que eu amo demais ler e por todo o apoio que depositaram em cada página deste livro ❤ Vocês são demais! Obrigada pelos 11K e tudo de bom que me trouxeram❤ (Não sou boa com despedidas :(
MAS... Aproveito para convidá-los a conhecer minha nova Obra intitulada Celestiun - E o Imperador Hoberon, uma fantasia que reúne pares de asas e mundos totalmente novos. Ficaria imensamente feliz em encontra-los nessa nova aventura para desbravarmos estes horizontes juntas ❤ Já esta disponível o prólogo em meu perfil e as postagens logo começarão a serem feitas, conto com vocês ❤
Mais uma vez obrigada por todo o amor e cuidado que empregaram nesta história feita com tanto carinho para vocês ❤
O que acharam deste fim? Alguém suspeitava do porquê Viktor não estava liberto da maldição mesmo após a morte de Elizabeth? Gostaram de conhecer pequena Elena?
AVISO: NÃO RETIRE O LIVRO DA BIBLIOTECA POIS AINDA HAVERÃO CAPÍTULOS EXTRAS COM CURIOSIDADES SOBRE A HISTÓRIA!
Mil beijos e rosas negras ❤
Aguardo manifestações 🎉🎉
Não esquece de votar, é muito importante ⭐
Me visite em Celestiun ❤
Até logo (Nunca haverá um adeus entre nós ❤)
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