Capítulo XXII - Pedido inesperado
Boa leitura :D
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— Sentiu falta da sua adaga, Misterioso V.G.? — uma voz soou a alguns metros de si. Assustado, Viktor virou-se rapidamente deixando a adaga que encontrara a pouco jazer em cima de uma mesinha de vidro próxima a si. De imediato ele fechara o punho e fitou assutado o ambiente a procura da dona daquela voz.
Ele estreitou os olhos uma vez que o ambiente iluminado apenas pela lareira não lhe permitia uma visão límpida. No entanto, próximo a porta do ambiente, uma silhueta negra envolta em um capuz estava prostada e por sua cabeça estar baixa uma sombra era projetada em seu rosto.
— Quem é você? — ele perguntou rude aumentando o tom de sua voz — Quem lhe dera o direito de entrar? — sem esperar qualquer resposta e movido pelo susto que levara visto que um desconhecido estava em sua presença, sob seu teto e sem sua permissão, Viktor andou apreensivo e decidido a expulsar quem quer que fosse o intruso. Ele andou com passos largos e fortes em direção àquela pessoa e ao alcançá-la, Viktor agarrara brutalmente os pulsos envoltos em tecidos apertando-os entre suas mãos.
— Pelos Deuses, — a mulher que estava em seu aperto gritou assustada — Sou eu, Viktor!
Mesmo sem ter certeza de quem se tratava, Viktor largou a moça afastando-se um pouco. A mesma ergueu suas mãos deslizando-as sobre a grande touca deixando a mesma cair atrás de si.
— Senhorita Sartórios? — Viktor indagou franzindo o cenho.
— Dentre as muitas opções que cogitei quanto a tua recepção, jamais imaginaria uma recepção tão calorosa quanto esta, devo admitir — ela disse um tanto irônica esfregando seus pulsos que começavam a ficarem avermelhados em sua pele pérola.
— Tu assustaste-me — ele disse em um tom acusador.
— Tu me recebes mal e queres dizer que a culpa é minha?! — Kristen perguntou elevando o tom de sua voz revoltada com a acusação sem fundamento. Ela não acreditava que Viktor a tratara mal e ainda queria jogar qualquer culpa nela.
— Perdoe-me, eu só... — Viktor disse um tanto envergonhado passando as mãos sobre o cabelo cor areia que pendia a alguns centímetros acima de seus ombros — Não esperava vê-la por aqui tão cedo portanto, ao notar a presença de alguém, não pensei em sua pessoa.
— Temes que alguém ache uma mansão em meio a uma floresta e tente furtá-lo? — ela perguntou enquanto Viktor estava a alguns metros de si de costas.
— Não temo ladrões, senhorita, apenas não quero que algum curioso descubra a mansão e tente fuçá-la.
Kristen pensou em perguntar o porquê de tanto medo de ser descoberto, mas resolvera calar-se. Decerto ele temia que as pessoas o descobrissem e o apontassem como uma aberração assim com ela mesma havia feito outrora. Lembrar desse fato lhe causava um incômodo, um nó na garganta, então ela resolvera apenas confortá-lo.
— Não te preocupes, senhor Greembell, — ela disse enquanto abaixava-se para pegar o embrulho que caira de suas mãos por causa da recepção calorosa de se anfitrião — não creio que alguém vá se aventurar numa floresta densa para tentar achar qualquer coisa que seja.
— Prefiro que seja assim — ele virou-se lentamente colocando suas mãos cruzadas atrás de si — Recordo-me que antes de tua partida disseste que não mais retornaria cá. A que devo sua visita?
Ela endureceu suas feições lembrando-se de quando fora expulsa daquele mesmo lugar.
— Não te preocupes, — ela disse com a voz seca — não vim hospedar-me aqui. Não irei impor o incômodo de minha presença a ti novamente, se é isso que te preocupas.
Ele pareceu cansado.
— Tua presença não me é incômoda, Senhorita Sartórios — ele disse fitando-a com suas íris amarelas e sua voz ternurosa — Quando pedi que partisse apenas zelava pelo seu bem estar visto que deveria sentir falta de seu lar. E eu jamais a privaria de tua vida.
— Se eu estivesse de fato desesperada para retornar ao meu lar — ela começou lançando uma voz dura e uma feição de mesmo tom para Viktor que mantinha suas íris amarelas foscas sobre ela — eu mesmo haveria de ter providenciado meu retorno o mais depressa possível.
Viktor novamente suspirou cansado abaixando a cabeça e andando a passos curtos e lentos no ambiente iluminado apenas pela grande lareira crepitante do local.
— Não queria magoá-la, senhorita Sartórios. Ou mesmo parecer rude de alguma forma — ele caminhou até a poltrona fronte as chamas — Mas posso compreender teus ressentimentos quanto a mim.
Ele sentou-se na poltrona saindo do alcance da visão de Kristen uma vez que a poltrona estava de costas para si e cobria toda silhueta de Viktor agora sentando. Vendo-se livre do olhar hipnótico de íris amarelas de Viktor do qual se recordava ligeiramente quando o vira na taverna, Kristen lembrou-se do seu propósito de estar ali. No entanto, resolvera usar de uma abordagem sútil. Ela então começou a andar pelo cômodo vagando e passando os dedos nos móveis.
— Nem faz tanto tempo que parti, entretanto sinto como se houvesse passado séculos — ela disse olhando para o ambiente como se nunca o houvesse visto em sua vida. Naquele momento, passando os dedos pelos móveis, sentindo a textura dos objetos ali presentes ela deu-se conta que em todo o tempo que havia passado sob aquele teto não havia prestado muita atenção em tudo que a cercava. Ou talvez somente estivesse com saudades de tudo aquilo e tal fato a fizesse parecer uma criança curiosa.
— Margareth também compartilha de teu pensamento — ela ouviu a voz de Viktor soar sutilmente em seus ouvidos — Ela sente tua falta.
Kristen suspirou saudosa.
— Quanta falta sinto dela — ela sorriu ainda vagando pelo cômodo — Ainda não consegui esquecer o porco assado dela.
Viktor soltara uma risada contida.
— Ela terá um enorme prazer em prepará-lo para você, não se preocupe.
Após as palavras de Viktor, Kristen sorriu triste lembrando-se que sua ida ali não envolvia uma nova estadia. A saudade do porco assado teria de ser contida, infelizmente.
— Adoraria, de fato, no entanto meu propósito de ter voltado para cá não significa que eu vá ficar.
— Não? — a pergunta em uma voz contida de Viktor soou no ambiente.
— Não. Vim apenas devolver vossos pertences, senhor Greembell. Ou devo chamá-lo de Misterioso V.G.? — Kristen sorriu ladina erguendo a sombrancelha em desafio deslizando seus pés sobre o mármore coberto por um tapete vermelho aproximando-se da poltrona onde Viktor estava assentando.
— Misterioso V.G.? — ele franziu o cenho encarando as chamas a sua frente.
— Fora o nome que dei a um misterioso rapaz que me salvara em uma confusão na taverna — Kristen explicou logo ficando ao lado da poltrona imitando o gesto de Viktor encarando as chamas a consumir a madeira crepitante.
Viktor riu nasalado.
— Tu atrai muitas confusões, senhorita Sartórios — ela o fitou — Deverias seriamente andar acompanhada de um guarda costas.
— Eu até pensaria em vossa sugestão, — ela sorriu de lado — no entanto um certo rapaz misterioso se apossara de tal cargo antes mesmo que eu soubesse de tal fato. Não é mesmo?
Viktor sorriu de lado e lentamente levantou-se sutil. Kristen acompanhou os movimentos lentos e sem pressa de Viktor quando passara ao lado dela com sua típica posição de mãos prostadas atrás do corpo envolto em roupas negras que contrastavam com a palidez de sua pele. Ele deslizou até uma mesinha de vidro no ambiente pondo sua mão por sobre a mesma escondendo um objeto em sua mão.
— Estás a falar do Misterioso V.G.? — ele disse em um tom doce.
— Sim e tu deves saber disso, afinal, você tem uma grande parte nisso — ela disse cruzando os braços deixando um sorriso esperto brincar em seus lábios.
— Por qual motivo eu haveria de saber disso, senhorita? — ele a fitou de lado sorrindo em igual esperteza.
— Vais negar que essa adaga em vossa mão lhe pertence?
— Não sei quais motivos a levaram a acreditar que pertenceria — ele respondera deixando um sorriso contido desenhar seus lábios arroxeados.
— Prefere brincar de adivinha? — ela disse sem esperar uma resposta dele — Vamos lá.
Lentamente, como um predador que cerca sua presa, Kristen começou a andar lentamente no ambiente vagando e encarando Viktor que lhe acompanhava com os olhos hipnóticos.
— Um homem me ataca na taverna, — ela começou como se contasse uma história — penso ser meu fim quando o mesmo cerca meu pescoço com suas mãos monstruosas. No entanto, para a minha surpresa uma adaga corta o ar e é cravada nas costas de tal homem.
Ela andava a alguns metros ao redor de Viktor, suas mãos estavam para trás e sua postura como alguém que explica algo que somente ele sabe. Viktor tinha um sorriso de lado, olhos atentos nos movimentos de Kristen e uma postura de quem é todo ouvidos.
— Mais tarde, também na taverna, um também misterioso rapaz aparece de capuz, senta-se em um lugar afastado como quem não quer ser visto e inacreditavelmente tal misterioso aparentemente não cogitou que no mundo existem milhões de pessoas curiosas que obviamente buscariam saber quem seria aquele ser sombrio que trajava negro. E eu sou uma dessas pessoas, para o azar dele.
Viktor soltou uma risada nasalada acompanhando Kristen em seus movimentos lentos.
— Tal homem misterioso incrivelmente possuía olhos amarelos hipnóticos igual uma pessoa que conheço — ela olhou esperta para ele. Ele correspondeu o olhar.
— Hipnóticos, é? — ele disse em um tom brincalhão.
— Seja um bom menino e apenas escute — ela repreendeu sutil. Viktor espalmou as mãos na altura do ombro em sinal de rendição mantendo um sorriso brincalhão nos lábios selados — Mais tarde meu irmão me entrega uma adaga com V.G. grafadas luxuosamentes em seu cabo detalhado com igual luxo. A partir daí já tenho uma pista de meu Misterioso Herói: ele é rico ou pelo menos tem um bom cacife para bancar uma adaga exclusiva dele.
Viktor não pôde conter um riso audível e sutil. Kristen parou na metade da volta que estava dando visto que aquele riso acariciara seus ouvidos de tal forma que ela se sentiu obrigada a parar e apreciar. Infelizmente o riso logo se dissipara no ar e ela teve de sair de seu transe momentâneo.
Ela pigarriou antes de retomar sua lição.
— Por obra do destino, perdi-me infelizmente em uma floresta e o mesmo homem que me atacara anteriormente infelizmente estava vivo e sedento de vingança — o sorriso que a pouco brincava nos lábios avermelhados fora aos poucos dando lugar a uma fina linha ao recordar os momentos terríveis que vivera naquela floresta sob o poder daquele bêbado repugnante.
— Senhorita Sartórios? — Viktor disse ao notar que Kristen parecia recordar de algo que não lhe fazia bem uma vez que suas feições se fecharam — Não precisa continuar, se não quiser.
— Eu estou bem — ela voltou a sorrir — Obrigada, Continuando. — ela voltou a vagar pelo ambiente cercando Viktor — Para minha sorte, um misterioso rapaz de olhos amarelos hipnóticos novamente estava me seguindo e, para minha sorte, ele me salvara e acolhera-me em sua luxuosa mansão no meio de uma floresta densa.
— Eu não a estava seguindo — ele frisou sorridente.
— Ora, mas eu não citei vosso nome, Senhor Greembell — ela sorrira vitoriosa — Então admite que você é Misterioso V.G.? — ela parou sorrindo aguardando a resposta dele.
— Eu disse que não estava a seguindo na floresta, — ele sorriu vitorioso — mas tal fato não significa que o tal Misterioso que frequentara a taverna outras vezes seja eu.
Kristen cruzou os braços, ergueu uma sombrancelha e empurrou sua bochecha com a língua. Mesmo com todas as evidências apontando para ele, ele preferia manter sua posição de inocente.
— Admiro vossa teimosia ao insistir jogar um jogo perdido — ela disse sorridente — Mas se preferes que eu prove vossa derrota, então que assim seja.
Ela aos poucos fora aproximando-se de Viktor que ainda encontrava-se ao lado da mesinha de vidro onde por sobre a mesma jazia um vaso branco mesclado com azul e também a adaga encoberta pela mão pálida de Viktor.
— Tal homem que me acolhera em seu lar possui um belo nome cujo é Viktor Greembell — ela continuou aproximando-se sorrateiramente dele — Justo as iniciais grafadas na adaga.
A medida que Kristen se aproximava Viktor parecia endurecer sua posição. Parecia tenso, em suas feições o sorriso divertido que brincava a pouco ia murchando e seus olhos pareciam estranhar tamanha proximidade. Quando Kristen estava frente a frente com ele, ela abaixou seu tom de voz deixando sua voz baixa e provocativa embora seu intuito fosse somente saborear a derrota de Viktor.
— Existem coincidências no mundo — Viktor disse com voz tensa e feição em mesmo tom.
— Eu não acredito nelas — ela disse em um tom baixo e provocante — Assim como não acredito tê-lo encontrado por acaso — Kristen olhou para baixo e Viktor que a olhava acompanhou seu olhar. Avistando a mesinha de vidro próxima a si, Kristen ergueu sua mão lentamente pondo-a sobre a mesa. Devagar, ela deslizara sua mão sobre a superfície gélida e lisa aproximando-a da de Viktor. Viktor que acompanhava o caminho sutil da mão dela, ao notar a aproximação de suas peles, retirou rapidamente a mão deixando a adaga ressurgir na mesa.
Viktor em seguida afastou-se dali ficando de costas para Kristen.
— E então, senhor V.G., — ela disse com um tom mais audível — vais continuar alegando não ser o dono da adaga?
Viktor riu nasalado parecendo retomar sua zona de conforto. Ele a olhou por sobre o ombro.
— Adiantaria se eu negasse?
Ela sorriu.
— Nem um pouco — Viktor voltou a sorrir nasalado rodando os calcanhares voltando a fita-la.
— Já que tens tua vitória, Senhorita Sartórios. Mas ouso recordar que disseste que vieste devolver meus pertences. Há algo mais que deixei por um acaso cravado nas costas de bêbado?
Ela permitiu-se rir contida visto as palavras dele. Ela então saiu de sua posição indo próxima a entrada onde distraidamente deixara o embrulho que trazia em mãos jazer. Pegando o mesmo, ela caminhou até Viktor e estendeu o mesmo para que ele o pegasse.
— É o vestido do qual levei ao sair de vossa mansão — Viktor olhou para o embrulho, mas não o pegou. Lentamente um sorriso se formara em seus lábios arroxeados deixando suas feições tão belas quanto o céu em uma noite estrelada.
— Não sei onde um vestido me pertenceria, Senhorita Sartórios.
Ao fim de suas palavras, Kristen permitiu-se sorrir em igual brincadeira.
— Não sejas bobo — ele riu — sabes o que quis dizer.
— Perdeste vosso tempo então — ele disse vagando lentamente no ambiente — Quando o levaste passou a ser teu, assim como todas as outras roupas que deixaste no armário ao partir.
— Nada aqui me pertence, Senhor Greembell — ela dissera sutil — De qualquer modo estou de partida — delicadamente ela depositou o embrulho em mãos por sobre a poltrona onde a alguns instantes atrás Viktor estivera sentado.
Ao fim de sua ação Kristen andou calmamente e parou de fronte a Viktor.
— Tomo a liberdade de agradecer-lhe o tempo que passei hospedada aqui, Viktor — seu tom era sutil — Jamais esquecerei que salvaste minha vida mesmo quando tudo que fiz fora repudia-lo — ela sorriu — Muito obrigada por tudo, Misterioso V.G.
As faces de Kristen e Viktor estavam a quase a mesma altura visto que ele era somente alguns centímetros mais alto que ela. Seus corpos era separados por meros centímetros e seus olhos estava ligados um ao outro.
— Eu gostaria de poder abracá-lo, — ela disse baixo — poder demonstrar minha gratidão em um gesto, que seja.
— Não... — Viktor disse um tanto inebriado ou talvez tenso, parecia não saber lhe dar com a aproximação de Kristen e com o ar quente do hálito dela batendo em sua pele fria — Não será possível, eu não... — ele deixou a frase morrer no ar.
Mesmo com a frase incompleta não seria necessário completa-la para entender o que Viktor queria dizer. Ela então deixou um sorriso sem graça desenhar rapidamente seus lábios e então dando um passo para trás o livrara de sua aproximação.
— Devo partir — ela completou fazendo um aceno positivo com a cabeça em sinal de respeito logo andando em direção a porta do local pegando seu capuz no caminho — Diga a Margareth que um dia suba em um cavalo para visitar-me.
Kristen então deslizou o capuz logo deixando o mesmo contornar seu corpo cobrindo-o de luto.
Viktor então andou até a porta tomando a frente e abrindo gentilmente a porta de carvalho negro.
— Podes retornar para visitar-nos. Margareth ficará feliz em vê-la.
— Receio que não — ela disse com um sorriso triste ao pé da porta — Mande lembranças para ela.
Ela então voltou seu olhar para frente fitando o cenário sombrio lá fora. O vento frio lhe acariciou o rosto arrepiando sua pele por baixo dos tecidos negros. Ela então colocara seus pés para fora já andando em direção a curta escadaria que levava ao chão de ladrilho, No entanto, parou no meio dos degraus olhando por sobre o ombro a figura pálida de Viktor na porta.
— Visite-me na taverna Senhor V.G., posso servir-lhe um vinho quente com um porco assado. Não garanto ser tão divino quanto o Margareth, mas não irá matá-lo — ela sorriu, Viktor retribuira, mas nada respondera. Kristen então respirou fundo o ar frio que cercava o lugar e dando as costas para Viktor ela desceu o restante dos degraus andando em direção a floresta densa que lhe aguardava ao longe. O som das aves noturnas era vívido, os galhos das árvores dançavam ao sabor do vento uivante.
Viktor sentira um sentimento nascer em si, algo como um ânsia de fazer algo que a poucos dias havia privado-se de fazer. Ele mordera seus lábios indeciso se e fato deveria fazer aquilo, ou perguntando-se se teria algum direito para o fazer. A imagem da moça continuava sua cainhada, a cada vez distanciando-se mais. No entanto, mesmo que de forma impulsiva ele dera alguns passos a frente, descendo o poucos degraus para o chão de ladrilho, chamando-a pelo nome em seguida,
— Kristen! — a voz de Viktor chamou-a fazendo com que ela voltasse seu olhar para trás onde a silhueta envolta em negro estava a aproximar-se lentamente. Ela o fitou com o cenho franzido não entendendo o motivo de seu chamado.
— Esqueci-me de algo? — ela perguntara quando ele já estava próximo a si.
— Fique — ele dissera simplesmente fazendo com que a feição confusa dela somente se tornasse ainda mais confusa.
— Perdoe, eu acho que eu não...
— Fique — ele repetira — Fique conosco.
Viktor estava de fronte a si encarando-a com seus olhos amarelos sem vida. Kristen tinha seu cenho franzido e uma feição confusa com as palavras que haviam saltado de seus lábios.
Ele queria que ela ficasse? Teria ouvido direito?
— Não compreendo — ela disse de fato sem entender — Outrora tu mesmo pediste que eu partisse e agora pedes que eu fique?
— Margareth sente falta de uma mulher para conversar, — ele começou contido — pediu-me diversas vezes para que tu ficasse, mas eu achava que tu querias voltar logo ao teu lar e eu não poderia privá-la disso.
— Também sinto falta dela — ela sorriu saudosa — Mas somente por ela estás a pedir que eu fique?
Ao fim das palavras de Kristen Viktor pareceu engolir em seco.
— Se não por mim fique por ela — ele disse ignorando a pergunta de Kristen.
Mesmo ignorada Kristen não se sentiu furiosa. Viktor lhe encarava com os olhos hipnóticos e ela o encarava com os olhos cristalinos. Ela não entendia qual o motivo de Viktor estar ali pedindo para que ela ficasse uma vez que da última vez era justamente a situação contrária que acontecia. Mas a mágoa ainda estava em seu peito. Uma pequena brasa acesa que queimava-lhe por dentro.
— Aqui não é o meu lugar — disse ela relembrando as próprias palavras dele. Ele, no entanto, não se sentira magoado.
— Nenhum lugar é de fato nosso. Mas ainda assim nós fazemos com que alguns possam ser — ele a encarava profundamente — E se desejares, Kristen, este pode ser o teu.
Ouvir seu nome dito nos lábios e na voz de Viktor sempre lhe causava um certo sentimento de borboletas em seu estômago. Mas aquele olhar enigmático sobre os seu próprio olhar tinha o poder de lhe causar um verdadeiro tsunami em toda a sua fúria. Ele, por sua vez esperava ansioso a resposta dela de fato torcendo para que não tivesse sido precipitado ao fazer aquele convite após tê-la a mandando embora não muitos dias antes. Mas de qualquer modo, se ela lhe dissesse que desejava partir e jamais retornar novamente, ele entenderia e não mais questionaria. Ela não era sua prisioneira. Se ela quisesse de fato ficar, seria como sua convidada. Mesmo após alguns instantes de um silêncio angustiante, finalmente ela respondera.
— Eu senti mesmo falta deste lugar — ela completou com um sorriso. Viktor retribuiu com tamanha felicidade.
— Se me permite, peço que siga. Quero mostrar-te algo. Acredito que vá gostar — ele disse já retirando-se da presença dela e caminhando em direção a entrada da mansão. Kristen ainda permaneceu alguns instantes parada onde estava tentando associar tudo que ocorrera e o que as palavras de seu estranho anfitrião queriam lhe dizer. O que ele queria mostrar-lhe afinal?
— Tu não vens? — a voz de Viktor tomou seus ouvidos. Ele estava parado pequena sequência de degraus a encarando. Logo movida pela curiosidade rotineira, Kristen o seguiu.
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3698 palavras
Olá, olá Jubinhas do meu ❤
Aceitam um café? ☕
E então, o que acharam do capítulo?
O que acharam de tudo? O que Viktor quer mostrar? Afinal, por que Viktor pediu que ela ficasse? Haveria algo por trás deste pedido?
Contem-me tudo e não me escondam nada ❤❤
Que tal uma ⭐? Aperta nela pra ver o que acontece 🎉🎉
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Aguardo manifestações 🎉🎉
Até logo ❤❤
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