Capítulo XIII - Não há esperanças
Os olhos dela ainda estavam fechados com força. Ela ainda aguardava o tão triste fim de sua vida ao ser estraçalhada pelos caninos afiados daquela alcateia faminta por carne. Sempre imaginara que morreria velhinha, cabelos brancos num coque gentil, mãos enrugadas e um esposo a segurar sua mão enquanto ela faria a passagem, mas nunca pensou sequer na possibilidade de morrer sendo devorada por uma alcateia em meio a uma floresta durante um plano de fuga.
Seu coração queria abandona-la antes mesmo de seu fim e até seria melhor uma vez que dessa maneira ela não estaria viva para ver seu frágil corpo ficar em fagalhos de carne. Uma dor forte e grave invadiu sua coxa esquerda anunciando as presas de um dos lobos a perfurar sua carne. Seus olhos que até então estavam fechados abriram-se com tamanha dor a toma-la.
O grito estridente fora inevitável. A dor era absurda e jamais em toda sua vida sentira tal dor. Nem mesmo quando a Aberração tocou-lhe a face. Ver um lobo tão perto predendo suas presas nela fora a cena mais aterrorizante de sua pequena vida que logo teria fim. Os outros lobos pararam no meio do caminho e não mais avançaram, apenas ficaram olhando e rodeando o prato da noite. Provavelmente o lobo que a mordera era o líder da alcateia o qual não poderia deixar de fazer as honras, claro.
O animal qual prendera suas presas na coxa sacudiu a carne aumentando mil vezes mais a dor. Era terrível. Sua coxa jamais doera tanto e o sangue que brotava de si juntamente com a água da chuva banhavam os dentes felinos do lobo lhe causando uma tontura vertiginosa. Lágrimas misturadas as gotas da chuva já banhavam seu rosto e sua face se tranformara na mais pura expressão de sofrimento e dor.
Ela então tentara livrar-se das presas daquele animal faminto, e mesmo sem saber se seus esforço valeriam de algo, ela batera com o punho fechado contra a cabeça do animal, implorando ao Deuses que conseguisse sair dali o quanto antes. Mas o animal sequer mostrou-se afetar-se.
Seu vestido de tecido leve agora estava pintado de vermelho. Pintado de seu próprio sangue.
O lobo novamente sacudira a carne entre seus dentes e um grito terrível e extremamente alto saiu de sua garganta sem sua permissão. Maldições! Por que isso não tinha logo um fim?!
A dor era escruciante e ela implorava de vez para que todos os lobos daquela maldita alcateia a devorassem logo e acabassem com aquela maldita dor. Os outros animais ainda rodeavam-na rosnando e babando, enquanto o Alfa daquela alcateia continuava com suas presas na pobre coxa dela. Sua perna ardia e latejava; sangue brotava aos rios e lágrimas já banhavam sua camisola suja e colada ao corpo.
Um dos animais uivara alto e sonoramente com a cabeça erguida para o céu como se cantasse para a lua e a chuva, logo abaixando sua cabeça lançando seus globos avermelhadas para Kristen que logo entendera o recado: os lobos finalmente poderiam devorá-la.
***
— O quê?! — Viktor gritara enfurecido — Como ela fugira, Margareth? Como pudera fugir sem ser notada?
A senhora que ainda se encontrava na entrada do salão de jantar aproximou-se devagar e cautelosa sentindo o desespero de seu menino naquele momento.
— Meu menino, nós a subestimamos. Ela fugira usando o velho truque da corda de lençóis — Ela tentou tocá-lo no tecido de roupa para acalma-lo, no entanto ele esquivara-se rapidamente e com passos pesados começou a andar em direção a saída do ambiente. Ela o seguiu tropeçando nos próprios pés visto ao nervosismo que a tomara. Aquilo não era bom.
Ele andava rápido, seus passos fortes chocavam-se no chão lustrado causando um pequeno som. Os punhos cerrados assim como a mandíbula entregavam o tamanho de sua raiva. Como ela pudera fazer tal desgosto quando o que mais queria era agrada-la? Fazê-la sentir-se em seu lar novamente? Como pudera, mais uma vez, fazê-lo sofrer?
Ele subira a escada bifurcada da direita e correndo chegou ao fim da mesma. Logo adentrou os longos corredores de paredes vinhos. Ele mal podia acreditar que ela havia de fato fugido. Talvez estivesse em algum lugar da mansão, ou debaixo da cama por medo ou receio que ele lhe causasse mal. Ele queria muito acreditar que ela não o havia abandonado daquela maneira covarde.
— Tu olhaste pelo quarto? — perguntou sério sem cessar seus passos desesperados — Olhaste aos arredores; debaixo da cama, no armário, qualquer lugar que a coubesse?
— Sim, menino, já certifiquei-me de tudo antes de ver a corda de lençóis pendurada na varanda — ela tentava acompanha-lo, mas suas pequenas pernas tinham de se esforçar para ao menos aproximar-se dele.
Depois de passar por três longos corredores, a porta do aposento de sua hóspede materializou-se a sua frente e ele logo tomou a maçaneta dourada em mãos e escancarou a porta sem cerimônias. O ambiente estava escuro; o candeeiro na mesa-de-cabeceira mal cumpria seu trabalho de iluminar o local. A cama estava desforrada e os fragalhos do vestido que outrora a moça vestira estava lá.
A porta do grande armário estavam abertas e notava-se a falta de forros e lençóis nele.
Ele ainda olhou ao redor ainda tentando acreditar que ela não havia fugido de fato, que apenas armara uma pegadinha sem graça para testa-lo. Ele abaixou-se olhando debaixo da cama, mas nada encontrou. Foi até o armário, olhou tudo dentro e ainda ousou olhar atrás dele, mas apenas o vazio estava lá e foi então que sentiu tudo em si, novamente, desmoronar.
Quão grande fora a decepção que tomou-o naquele instante. Ele se sentira extremamente magoado, tratado como um verdadeira aberração. Deuses, qual teria sido seu terrível pecado para ser tratado daquele modo tão covarde novamente? Será que nunca teria paz novamente?
Seus olhos marejaram, arderam pedindo permissão para banhar sua face de lágrimas, mas ele as engoliu. Fechando os olhos e cerrando seu punho ele tentou desviar-se daquela dor em seu peito. A dor de ser repudiado quando nada de mal fizera para merecer tal. Quando abrira os seus olhos sentindo o peito partir-se silenciosamente. Mas então finalmente tomara coragem para ir até a varanda. O tempo estava chuvoso.
Chegando lá ele encontrara panos brancos amarrados uns aos outros formando uma corda de trapos até o solo embaixo. Ele abaixou-se, desatou o nó que estava na grande baixa da varanda e pegou o monte de tecido em mãos. Estavam molhados por conta da chuva.
Ele levantou-se com os panos em mãos olhando-os como se eles fossem os culpados da fuga Dela e então apertando-os entre seus dedos os largou no chão e caminhou em direção a saída do local. A senhora fora em seu encalço temendo pela atitude que seu menino iria tomar.
— Viktor, o que vais fazer agora? — ela perguntou temendo pela resposta.
— Irei em busca dela — ele disse sem expressão.
— Como? Ela não quisera ficar, por qual motivo irás trazê-la novamente? Não vês que novamente ela fugirá? — eles estavam andando novamente em direção a sala do local, ou o grande salão como por vezes chamava por conta do tamanho.
— Está chovendo e logo o vento castigará. Na floresta há lobos e serpentes e logo se vê que por hoje ela não voltará para seu lar e tentará refugiar-se na floresta ou em qualquer casebre. Não posso deixa-la a mercê do perigo, embora ela tenha se mostrado indiferente a minhas intenções para com ela.
— Menino, trazê-la novamente para o local de onde fugira somente trará dor de cabeça e tu sabes bem disso! — ela estava tentando fazê-lo esquecer da moça, ela somente causara mal a seu menino mesmo em pouco tempo de estadia, ela temia pelo o que ela pudesse dizer e machuca-lo novamente.
— Não a manterei aqui. Já vi que não é quem achava que era, e não tenho mais motivos para mantê-la sob o teto da aberração que ela tanto repudia. Não preocupe-se, minha querida — ele disse por fim.
Eles já encontravam-se no grande salão. Viktor apenas pegara um capuz e já se colocava para fora da mansão. Quando a porta dupla de carvalho foi aberta um vento frio entrou no aposento e as gotas de chuva logo tocaram-lhe a pele.
— Menino, e se não a encontrar? — ela perguntou ao pé da porta. Ele estava de costas para si.
— Então retornarei e ela nunca mais me verá. Tens minha palavra — ele falou inexpressivo. A dor que o castigava por dentro era ocultada pela fala fria. Era sempre assim. Logo ele começou a andar por sobre o chão de ladrilhos que o levariam para longe da mansão e a caminho da floresta.
***
Assim que colocara seus pés sobre o solo lamacento da floresta, o canto de aves noturnas logo invadiram seus ouvidos. Ele estava envolto no capuz negro que usara em outras ocasiões. A chuva adentrava os galhos das árvores e molhavam-lhe. A lua era coberta por núvens.
Ele começou a andar por entre as árvores sem rumo certo, apenas apurando seus ouvidos para qualquer pista que o levasse até a fugitiva. A noite estava quieta o que era totalmente o contrário de seu ser. Sua cabeça fervilhava e seus sentimentos haviam sidos esmagados com maestria.
Como ela pudera ser tão cruel?
Ele jamais entenderia porque os malditos séculos de aflição e melancolia não chegavam de vez ao fim. Quantos anos, séculos mais ele viveria sem vida daquela maneira? Quando iria libertar-se? A morte era tudo que ele mais ansiava.
Quando ele lembrava-se de seus anos de vida, anos esse que já faziam séculos que não existiam mais. Diabos! Como tudo desmoronou para si!
E tudo por causa dela.
Aquela maldita que outrora fora dona de sua confiança, de sua amizade. Como pudera enganar-se tanto a respeito daquela maldita? Como?! Lembrar de sua antiga vida sempre faziam-lhe sair do sério. Uma agressividade, um ódio crescia em si, era quase incontrolável.
Já algum tempo ele andava sem rumo. Nenhum sinal dela. Mais minutos de procura sem resultado se seguiram. A chuva já engrossava mais e alguns relâmpagos leves iluminavam vez ou outra a penumbra. O tempo estava passando rápido, lhe mostrando cada vez mais uma busca inútil e sem qualquer resultado. Quando ele sentira que nenhum resultado obteria ali, sozinho e sem rumo, ele decidiu voltar.
Ela não era mais responsabilidade dele a partir do momento em que fugira covardemente. Ele parou, ergueu seu rosto para o céu e deliciou-se com as gotas frias tocando-lhe a face também fria. A sensação não era a mesma de alguém vivo verdadeiramente, mas era o suficiente para acalma-lo momentaneamente.
O vento soprava uivante assim como um lobo.
Um lobo.
Ao ouvir o uivo ele entrou em alerta.
Haviam lobos ali.
Próximo.
Ele então teve de sair se seu estado de harmonia e olhou para diversas direções procurando ouvir o uivo novamente para saber orientar-se. Se ela ainda estava por perto decerto poderia dar de cara com um lobo. Ou uma alcateia inteira.
Novamente um uivo fora ouvido, não muito longe dali. Ele então correu e embalou numa corrida de busca incerta.
***
O lobo olhava-a desafiador, rosnava e babava encarando-a com olhos de sangue. O medo em si redobrara visto que os demais lobos também encaravam o lanche deles. O lobo sacudiu novamente sua coxa violentamente e ela gritou. Gritou como se suas cordas vocais fossem ser arrebentadas no caso de outro grito. Ali ela sentiu que a qualquer momento sua coxa seria arrancada de si.
A terra molhada por chuva também estava molhada de seu sangue. Ela sentia-se fraquejar, sentia que a qualquer momento desmaiaria para toda uma eternidade. E ela, naquele momento, ansiava fervorosamente para que a morte viesse de uma vez.
O mais rápido possível.
Ela desabara ao chão; chorava e gemia por causa da dor terrível. Sua visão estava ficando turva e desfocada, a perna estava ficando pesada demais. Sua pele estava fria, tanto pelo frio e a chuva quanto pelo sangue que estava ficando escasso. Era seu fim.
Ela olhou ao redor, os lobos estavam próximos, muito próximos. Então um dos lobos tomou a dianteira e avançou em sua direção cedento de sangue e carne. Ela só esperava que fosse uma morte rápida pois o que já sofria até ali já era demais.
Ele avançou em direção a seu rosto, veloz. Mas então um vulto negro o lançará para longe. Ele emitiu um pequeno gemido ao tombar com uma árvores.
A visão de Kristen oscilava entre turvo e negro, ela mal conseguia enxergar direito. Entre os borrões de sua visão, ela via lobos correndo em uma direção oposta a sua, atacando algo ou alguém. Os lobos uivavam e rosnavam raivosos. Ela não conseguia enxergar mais que borrões e vultos borrados.
Lobos e mais lobos voavam, eram lançados ao chão e contra os troncos sem piedade alguma. O lobo que mordia sua perna a largou sem cerimônias e ela gemeu de dor. O ar estava ficando escasso para si, a visão estava ficando negra, as forças estavam a abandonar-lhe. O som de rosnados eram ouvidos, baques surdos se faziam presente a todo instante.
Uma fisgada em sua coxa a fez gritar novamente, mas seu grito saiu mais fraco.
Sua visão turva focou durante poucos segundos, o bastante para ela ver um vulto negro lutando vorazmente contra os lobos. Ela continuou olhando até sua visão turvar novamente ela não ver mais nada além de borrões.
Seria uma anjo? Ou seria somente a morte que lutava para levá-la logo?
Uma fisgada forte a fez gritar novamente, mas então tudo escureceu para si.
***
Viktor lutava com todas as suas forças contra aqueles lobos. Era difícil uma vez que sua maldição de nada adiantava em animais. Mas mesmo assim ele tentava.
A moça estava jogada no chão, ferida e molhada, seu sangue pintava sua coxa e a terra ao redor. Os lobos eram muitos, estava difícil contê-los, mas ele não desistiria. Ele não morreria, infelizmente, mas ela não estava tão longe disso.
Ele então lançou outro lobo contra um tronco. E mais um. Suas vestes estavam rasgadas, sua pele também. A luta corporal durou mais alguns minutos até que Viktor agarrou no pescoço de um lobo e apertou tentando enforca-lo. Era difícil, pois novos lobos pulavam em suas costas e rasgavam sua pele pálida.
O lobo esperneava em suas mãos, rosnava e o arranhava, mas ele não parara. O animal sacudia-se para todo lado, babava e tentava soltar-se, mas tudo estava sendo em vão. Essa era a única vantagem de sua maldição: nada o atingia quanto a dor.
Logo o lobo mostrava-se enfraquecendo, parecia que estava de fato perdendo os sentidos. Os lobos continuavam a ataca-lo, dois agarram-lhe nas pernas e outro no braço enquanto alguns recuperavam-se dos baques nas árvores.
O lobo em mãos parou de mexer-se; estavam ficando imóvel e dava somente alguns espasmos. Não demorara muito para que Viktor o largasse ao chão totalmente morto. Um baque surdo anunciou sua queda.
Por um instante os lobos pararam, e então Viktor lançou os que o prendiam para longe. No chão um pedaço de madeira residia sobre a terra e Viktor o agarrou para defender-se. Embora não sentisse dor, mas ainda cansava-se de qualquer modo.
Com força total os lobos foram em sua direção todos de uma única vez. Viktor batera com a madeira em mãos no fucinho de um dos lobos, o qual recuara, provavelmente pela dor. A sua esquerda um lobo avançou voraz em seu braço prendendo suas presas ali, Viktor sacudiu o braço violentamente para que o lobo o soltasse, mas o animal não cedeu. Maldição! O peso do animal atrapalharia tudo!
Mesmo com o animal em seu braço, ele continuou sua luta com os demais. Batera diversas vezes no fucinho dos lobos, mas os mesmos recuperavam-se demasiado rápido e novamente atacavam-lhe. Os minutos pareciam eternos e aquela maldita alcateia parecia não se cansar. Mas Viktor estava cansando.
A moça estava durante todo o tempo imóvel. Sangue ainda brotava como rios em sua coxa, o vestido estava vermelho e a chuva piorava tudo. Ele precisava dar logo um fim naquilo tudo ou sua luta não valeria de nada se a encontrasse sem vida. Ele bateu a cabeça do lobo em seu braço contra uma árvore. Ele soltou.
Viktor então bateu a madeira em mãos nas costelas do animal. Em seguida virou-se rapidamente para defender-se de outro animal que avançava em sua direção para logo depois bater novamente no animal a sua frente. O animal caiu no chão, boca aberta e baba escorrendo, então Viktor viu ali sua chance de matar ao menos um deles. Ele agarrou o fucinho do animal, seu dedos cortavam-se nas presas do lobo; os demais lobos agarravam-lhe varias partes de seu corpo, mas depois ele cuidaria disso. O animal parecia fraco pois respirava fundo e não revidava muito.
Viktor então agarrou novamente a madeira que deixara cair no chão e colocara a mesma na boca do lobo forçando-a para baixo até que descesse garganta abaixo. O animal esperneou-se em suas mãos, sangue começara a nascer em sua garganta molhando a madeira e saltando sobre a face de Viktor ao que o animal lutava por sua vida. Logo Viktor largara o corpo do animal ao chão.
Ele esperneou-se, sua respiração estava descompassada e sangue descera de seu longo fucinho. Aos poucos o animal já se mostrava semi-morto; alguns poucos espasmos na sua pata traseira e então, o último espasmo anunciara a sua morte. Finalmente o animal ficara imóvel sobre o chão lamacento.
Um dos muitos lobos que haviam ali correra até o cadáver no chão, cheirou-o e então, erguendo o fucinho para o céu, uivando alto como um lamento doloroso. Os lobos que agarravam-lhe o corpo o soltaram e como pobres cães afastaram-se dele.
Viktor por um instante ficara confuso, mas ao associar a cena logo entendera que o lobo ao qual havia matado tratava-se do Alfa daquela alcateia e o uivo do parceiro significava que ele estava anunciando luto para os demais lobos.
A alcateia toda uivou de uma só vez, um uivo longo e melancólico. Logo, ao fim do canto de luto, os animais começaram a dispersar-se por entre as árvores. Uns olhavam para o animal estirado no chão como se despedissem-se pela última vez e logo olhavam para Viktor como se prometessem vingança. Um a um foram adentrando o escuro entre as sombras das árvores e logo Viktor encontrava-se sozinho. Embora cansado, ele não tinha tempo a perder. Rapidamente ele correra em direção a moça inerte no chão, a sua pele estava fria e pálida assim como seus lábios. A chuva havia diminuído.
Ele retira o capuz rasgado que trajava e rasgara um pedaço de sua barra. Em seguida ele passara o tecido em volta da coxa dela e amarrou um nó por sobre o ferimento grande para estancar o sangramento. Ela emitiu um fraco gemido o qual ele recebera com certa alegria. No fim das contas el estava fraca, mas acima de tudo ela ainda estava viva. Com o restante de seu capuz, ele passara por baixo do corpo dela prezando não toca-la. Com facilidade ele erguera o corpo frágil e mole em seus braços e fora o mais rápido possível para seu lar.
***
— Oh, pelos Deuses! — Margareth exclamara ao ver a porta de carvalho da mansão ser escancarada e seu menino adentra-la com o corpo mole de Kristen em seus braços. Ambos estavam molhados. A senhora correra na direção de seu menino enquanto o mesmo já se direcionava as escadas.
— O que acontecera, Viktor? — a senhora perguntara ao ver sangue pelas vestes dos dois.
— Os moradores da floresta não gostaram de vê-la por lá — ele limitou-se a dizer apressado já no corredor que levaria até o aposento da moça.
— Como tu estás? Tuas vestes estão em fragalhos!
— Não é comigo que tens que te preocupar — ele disse não passando apressado pelo corredor — Ela está ferida, Margareth. Não há muito mais tempo.
Rapidamente ele chegara ao quarto de sua hóspede, a porta já escancarada facilitara sua entrada. Ele colocara delicadamente Kristen por sobre o colchão que logo começou a ser pintado pelo sangue da jovem.
— Rápido, pegue ervas e faça o curativo na coxa — ele ordenara. A senhora logo saiu as pressas.
— Sejas fortes, criança — ele falara baixo já levantando o vestido encharcado de sangue para poder ver o ferimento. Ele desatou o nó que fizera para ver melhor o estrago das presas na pele dela.
A senhora entrara correndo no quarto e já tomara o lugar de Viktor. Ela começou a fazer o curativo as pressas, limpou com um pano molhado o ferimento e logo começara a aplicar as suas ervas medicinais.
— Cuide dela, querida e faça o impossível, mas não deixe-a morrer — ele falou a uma pequena distância da cama onde Kristen começara a dar pequenos e quase inaudíveis gemidos de dor — Eu não a trouxe para cá para morrer. Não novamente.
— Deixe-nos a sós, menino, ela pode reagir mal ao vê-lo.
Era verdade. Por mais que ele quisesse ficar e ver cada passo nos cuidados da moça, era totalmente compreensível o pedido de Margareth. Ela o repudiava e ele não queria piorar a recuperação dela impondo sua presença incomoda a mesma.
— Eu compreendo — ele disse por fim. Com uma última olhada para a moça ele girou os calcanhares pronto para retirar-se do ambiente mas, uma voz fraca e ainda assim doce o fez parar.
— Você... — estático com a voz ele ainda precisou tomar coragem para olhar em direção a ela. Lentamente, tentando não demonstrar qualquer tipo de insegurança, ele olhara para trás. Fora ela que o chamara. Ela estava fraca, seus olhos mal abriam direito, mas ele sabia que ela o via.
— Menino... — a senhora o advertira.
Ele somente sorrira de lábios fechados dizendo docemente.
— Descanse, criança.
Logo ele andara rumo a porta e sumira fechando a mesma atrás de si.
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3725 palavras
Olá, olá Jubinhas Imortais de meu coração ♥
E agora? Alguma suspeita do que nos aguarda?
que tal uma estrelinha?
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Aguardo manifestações :3
Até logo ♥♥
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