Capítulo III- Misterioso Herói

Boa leitura :D

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Kristen sentia o peso daquele homem em cima de si enquanto a garrafa era ainda mais pressionada contra seu rosto e ela já podia sentir os filetes de sangue escorrerem pela sua face. A mão enorme daquele brutamonte lhe rodeava o pescoço e as únicas coisas que conseguia sentir era a falta de ar desesperadora tomar conta de si e a vontade irrefreável de sair logo daquela situação. O homem estava alterado até o último fio de cabelo e ela se debatia debaixo dele na tentativa de soltar-se. No entanto, seus esforços até o momento estavam sendo em vão.

— Vadia desgraçada! — o homem falou entre os dentes aumentando a força que sua mão enorme apertava o pescoço fino dela. Ele, além furar a face dela com a garrafa e enforcá-la, ainda pressionava seu peso em cima dela, o que dificultava muito a sua respiração.

— So-socorro! — ela tentou falar, mas sua voz saiu sufocada e ela tinha certeza que ninguém havia ouvido.

E pior, mesmo as pessoas ali presentes vendo a cena, nenhuma delas haviam sequer se levantado para ajuda-la. E diabos! Onde estava Elliot? E Elena?

Ela já estava perdendo a sustentação de seu corpo sobre a mesa, e suas mãos que seguravam inutilmente a mão que lhe apertava o pescoço estavam ficando frouxas. Seus esperneios sob ele estavam ficando fracos e ela tinha certeza que a qualquer segundo iria cair na imensidão negra de um desmaio. Mas antes que ela, de fato, desmaiasse, alguém, que ela não pôde ver, quebrou uma cadeira nas costas daquele que a sufocava.

— Saia de cima dela, seu desgraçado! — uma voz feminina gritou alterada — Ou eu o mato! — o homem soltou seu pescoço sem nenhuma delicadeza, o que fizera com que ela batesse a cabeça na mesa e logo em seguida virou-se para onde a voz que o ameaçava. Kristen, por sua vez, rodeou seu próprio pescoço a fim de recuperar o ar que lhe fora tirado.

Ela pôde ver que a voz feminina pertencia a Elena que ainda segurava uma perna da cadeira que havia quebrado nas costas do homem.

— Tu vais me matar? — ele caçoou em alto e bom som — O que irá fazer, meretriz? Me bater com a perna de uma cadeira até a morte? — e então ele riu sonoramente, debochado. Mas logo suas feições ficaram sérias e um sorriso sádico bordou seus lábios rachados — Eu vou lhe mostrar quem irá matar quem aqui! — no instante seguinte, o homem que a pouco estava sobre si, avançou na direção de Elena, e arrancando o pedaço da madeira da cadeira de suas mãos, jogou o mesmo no chão e agarrou os cabelos loiros dela. Ela gritou e ele bateu a cabeça dela em uma mesa próxima. Kristen quase pôde sentir a dor daquela pancada.

Mas, por incrível que pareça, ela não desmaiou com o impacto. Antes que ele batesse novamente com a cabeça dela, Kristen pegou uma garrafa sobre a mesa mais próxima que encontrou e quebrou com toda a força que ainda lhe restara na cabeça dele. Ao fundo ela podia ouvir vozes dizendo frases como "Isso aí, ruivinha. Mostra como se faz" seguida de risadas de pessoas que claramente estavam se divertindo com aquele confusão toda, mas que não faziam mais nada além de rir no final das contas.

Ele soltou grunhido de raiva, soltando os cabelos de Elena, que caira desconcertada no chão, e agarrou os cabelos de Kristen. Ela tentou soltar-se dele, mas suas forças eram inferiores. Ninguém ali nem mesmo movia-se, apenas apreciavam o show como carniceiros. Deuses, ela amaldiçoara cada um deles naquele momento!

Quando ele iria bater a cabeça dela, assim como havia feito com Elena, um pequeno solavanco em seu corpo grande o fez parar subitamente e ele soltou os cabelos de Kristen logo bambeando sobre as suas pernas e apoiando-se em uma mesa próxima enquanto grunhia de dor. Kristen por sua vez vira ali a chance de afastar-se e proteger-se. Ela correu até onde Elena ainda tentava levantar-se apoiada a uma mesa e a ajudou a erguer-se embora ainda não houvesse percebido o que havia feito aquele selvagem soltá-la.

O homem mexia-se inquieto grunhindo de dor enquanto se esforçava para alcançar algo em suas costas. Falando palavrões uns atrás dos outros furioso. Kristen, no entanto não poderia perder sua chance de acabar de uma vez por todas com aquele homem repugnante e ajudando sua irmã a sentar-se rapidamente, ela pegara uma das garrafas que estavam sobre a mesa em que ele estivera sentado, e sem medir esforço fora em sua direção.

— Kristen, não... — Elena tentara falar, mas antes mesmo que pudesse completar sua frase, o estouro da garrafa na cabeça daquele homem logo se fizera ouvir, e em seguida o baque surdo do mesmo ao chão.

Em seguida, ela bateu sobre a madeira da mesa onde os homens que acompanhavam aquele homem estava e disse o mais autoritária possível.

— Vão embora agora, ou será eu quem pegará o que quero desse verme! — ao fim de suas palavras os homens levantaram-se e com as mãos na altura de seus ombros em sinal de rendição, eles logo se puseram a erguer o rapaz. Mas fora então que Kristen finalmente vira cravada nas costas daquele miserável um adaga por onde o sangue dele manchava suas vestes.

De onde diabos havia vindo aquilo?

Kristen varreu o espaço tentando encontrar o atirador daquilo, mas não avistara nada. Todos olhavam boquiabertos o que havia acontecido ali, comentavam e se divertiam com todo o show que havia ocorrido ali. Mas ainda em sua procura, olhando para a entrada da taverna, um vulto acabava de passar correndo para fora dali.

Sem parar para pensar no que estava fazendo, ela correu até onde vira o vulto. Talvez fosse loucura, até porque se alguém houvera cravado uma adaga naquele maldito bêbado também poderia cravar uma nela própria, certo?
Mas ela não estava se importando com tal possibilidade, só precisava saber quem era o sujeito que lhe salvou.

Chegando na porta da taverna, ela saiu para o lado de fora e olhou os dois lados da rua vazia. Cerrando os olhos para enxergar melhor por causa da escuridão da rua deserta, ela viu um vulto na rua vazia a andar com passos apressados já a alguns metros de distância da taverna. Ela então correu em disparada atrás daquela figura sem se importar com o vestido longo a fazê-la tropeçar vez ou outra quase lhe derrubando a cada três passos.

— Ei! — ela gritou. Sua voz causara um eco na rua vazia — Espere aí! Quem é você?! — o sujeito não parou, e no escuro da noite apenas se podia ver sua silhueta negra a aumentar o passo cada vez mais, a ponto de quase correr. Kristen forçava suas pernas ao máximo para alcançá-lo, mas ainda estava longe. O sujeito então dobrou a esquina e, quando Kristen finalmente chegou lá, encontrou apenas uma rua escura e deserta. Ela bufou frustrada e ainda tentou ver algo naquela penumbra olhando para todos os lados possíveis, mas a rua estava envolto em breu e silêncio.

Ela pôs as mãos no joelho e respirou várias vezes tentando recuperar a respiração descompassada por causa da corrida e, ao constatar que havia perdido a silhueta negra de seu misterioso salvador, ela soltou um suspiro de derrota e olhando por uma última vez, ela então voltou à taverna.

***

— Kristen! — Elliot correu preocupado ao seu encontro, abraçando-lhe de surpresa. Ela demorou um pouco mais de tempo para corresponder o abraço — Oh céus, Kristen! Me perdoe.

— Está tudo bem, Elliot — ela tranquilizou-o — Mas onde estavas? Não o vi sair — ele partiu o abraço.

— Havia saído para comprar mais bebidas para o estoque — ele levou suas mãos até o rosto dela e deslizou suavemente o dedo sobre o corte que fora feito em seu rosto fazendo o mesmo arder — Oh céus... Fora minha culpa.

— Culpa de quê? — perguntou confusa.

— Eu não estava aqui para protegê-la. Me perdoe, por favor.

— Elliot, — foi a vez dela passar a mão suavemente pelo rosto dele — Não fora culpa de ninguém, além daquele homem asqueroso. Tu não sabias que isto haveria de acontecer — sorriu docemente — Já está tudo bem, foi só um maldito bêbado. Mais um — sorriu para descontrair.

— Mas ele a feriu. Deveria ter as mãos cortadas de seus pulsos por isso! — exalto-se. Ela, no entanto tomara o rosto dele em sua mão acalmando-o.

— Não vale a pena pensar nisto agora, Elliot — ela tirou uma mecha de cabelo castanho dele que caía sobre a testa — Agora vamos voltar ao trabalho, sim? Aqui não há lugar para bichos preguiças! — ela bagunçou os cabelos dele deixando-os mais desarrumados do que já lhe era normal.

— Kristen, para! — falou rindo.

Ela amava vê-lo sorrindo daquela maneira. Nem parecia que a menos de dois minutos estava querendo matar alguém, se bem que no fundo ela sabia que ele seria incapaz de ferir qualquer pessoa. Ela se orgulhava por ser a causa daquela risada gostosa, daquele sorriso encantador, daquelas covinhas encantadoras. Ver Elliot sorrindo era sempre uma cena a se admirar.

Elliot era o filho adotivo de Marina que, após a morte da mesma, ficou sob os cuidados de Elena, assim como a própria Kristen.
Para ela, Elliot era, assim como Elena, um irmão. Diferente de Marina e Elena, Elliot tinha belos cabelos castanhos desarrumados e lindos olhos caramelos. Ele era lindo e Kristen se orgulhava de ter ganhado um irmão que "causava suspiros em mocinhas indefesas".

Ela deu um beijo na bochecha dele e voltou ao balcão. Ele a seguiu.

— Onde está Elena? — perguntou já procurando com os olhos sua irmã de criação. O homem que tentara lhe matar a pouco já havia sido retirado da taverna levados pelos seus amigos bêbados.

— Está lá dentro — ele respondera. Eles andaram até a cozinha onde ela estava passando um gel de ervas na testa.

— Elena — ela a abraçou sem nem sequer preocupar-se se a estava machucando. A outra emitiu um gemido de dor — Perdão, como estás, minha irmã?

— Bem, só... dói um pouco a cabeça — a outra pegou a mão de Kristen na suas — Me perdoe por não tê-la ajudado antes, minha querida irmã. Eu demorei algum tempo para finalmente entender o que estava a acontecer. E mais um bocado de tempo para saber como agir — sorriu sem graça.

— Está tudo bem — Kristen sorriu tranquilizando-a. Elena até tentou sorrir de volta, mas parecia que até sorrir lhe causava dor já que seu rosto se contorceu em uma careta. -— Agora irei cuidar desse corte em meu rosto e retirar esse vestido manchado de vômito. Logo voltarei ao trabalho.

— Eu também irei, não está a doer tanto assim — Elena fez o gesto de que iria levantar-se da cadeira onde estava assentada, mas Kristen a impediu colocando sua mão sobre o ombro da outra lhe incentivando a sentar-se novamente.

— Nem mesmo sobre o meu cadáver — ela fizera um movimento negativo com a cabeça — eu irei voltar ao trabalho, mas quanto a você, — ela passou a ponta do dedo indicador na ponta do nariz de sua irmã — tu irás cuidar deste galo e tua testa antes que ele comece a cantar — Elena riu com a brincadeira da outra.

-— Não é engraçado zombar do sofrimento alheio, palhacinha sem circo — falou fazendo outra careta ao sorrir. Kristen sorrira rapidamente.

— Fiques bem minha irmã — Kristen despediu-se dando-lhe um beijo na testa da outra antes de sair.

***

Após cuidar dos pequenos cortes em sua face pérola e trocar suas vestes, Kristen voltara à taverna atendendo aos pedidos dos inúmeros bêbados que ainda estavam presentes.
Os archotes nas paredes iluminavam o ambiente deixando uma luz amarelada e um clima abafado no local.

Embora a pouco ela tivesse sido atacada pelo brutamonte bêbado, o movimento já estava normal novamente. Risadas altas e esganiçadas enchiam seus ouvidos a todo instante e vez ou outra algum bêbado se estatelava no chão ou dormia sobre a mesa. Deplorável, mas nada que já não visse todos os dias.

Ela não se orgulhava de trabalhar naquele ambiente assim como Elena e Elliot também não. Era constrangedor passar em meio a tantos homens e ouvir piadinhas vez ou outra. Ou testemunhar meretrizes a sentar sobre as mesas mostrando seu corpo para seus clientes em busca de mais dinheiro. Mas nenhum deles tivera qualquer opção. Fora o único negócio que conseguiram montar com o pouco dinheiro que tinham e além do mais, naquela região, bêbados era o que não faltava, então o lucro era bom, embora enfrentassem alguns problemas de vez em quando.

Aos poucos a taverna começou a esvaziar e Kristen agradeceu aos céus por isso. Seu corpo estava dolorido e implorava por repouso. Depois de um tempo e varias repetições do tipo "a taverna vai fechar, voltem amanhã" da parte dela, apenas duas pessoas estavam ali.
Os dois homens ali presentes estavam tentando se manterem em pé aponhando-se um ao outro, no entanto, nenhum dos dois parecia mais sóbrio que o outro.

Depois de muito tentarem sair sem derrubar as mesas a frente deles, Kristen bufou irritada e se viu obrigada a ajudar aqueles dois homens que mal davam dois passos sem tropeçar nos próprios pés.

Quando Kristen finalmente se deu conta que havia se livrado de todos, apressou-se em trancar tudo para enfim repousar seu corpo cansado e dolorido que a algum tempo havia sido agredido. Ela então caminhou até a grande porta de madeira e trancou-a na pressa que seu cansaço exigia dela.

Mas a poucos metros de distância dali lá estava a silhueta envolta no breu na noite a observá-la com olhos curiosos cada vez mais sedento de saber quem era aquela mulher que mais parecia seu fantasma do passado.

— Eu a encontrei — ele dissera em um murmúrio baixo para si mesmo quando finalmente se afastou dali camuflado entre as sombras daquela noite.

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2376 palavras

Olá, olá Jubinhas do meu❤ como estão? Aceitam um café? ☕

Algum comentário sobre esse capítulo hã, que tal?

Que tal uma ⭐?

O que pensaram depois da última palavra? O que pensam que vai acontecer? Quem será o misterioso herói de Kristen? E a silhueta negra a observá-la na escuridão? Serão as mesmas pessoas?! O que ele quer com ela afinal?

Aguardo manifestações 🎉🎉

Até logo ❤❤

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