Capítulo 7
Fiquei quase que parado olhando para o livro, imaginando o japa que acabara de se aproximar de mim. Qual seria seu nome? Ele teria namorado ou namorada? Em seu dedo não havia nada, quis acreditar que ele não tivesse ninguém, não sabia ao certo, mas algo em mim gostou muito dele.
— Temos que fechar — disse a bibliotecária se aproximando da minha mesa. Eu havia mesmo perdido todo o meu tempo pensando naquele menino?
— Ok — disse olhando para minhas coisas. Levantei-me e fui guardar o livro.
Estava me virando quando dei de cara com ele, o japinha. Seu sorriso novamente me fez sorrir. Como ele era belo, e educado.
— Desculpe — disse ele fazendo uma rápida reverencia para mim. — Só quero devolver o livro — explicou ele ainda sorrindo. Pela primeira vez notei que ele tinha um sotaque ao falar, não era como o sotaque dos americanos, era algo mais fofo. Que deixava suas palavras mais gostosas de ouvir.
— Tudo bem — de repente todas minhas dúvidas voltaram, enquanto fiquei olhando para o japinha que colocava o livro o lugar.
— Sou Fernando — disse estendendo a mão para ele, antes de pegar em minha mão ele colocou as suas juntas e as levou perto do rosto, fazendo uma reverencia maior do que a primeira.
— Perdão, me esqueci de seus costumes — disse ele pegando em minha mão. Seu toque era suave a gentil. Tinha graça ao se afastar. — Meu nome é Soubi Aoyagi — continuou ele. Então ele era mesmo um japonês. Agora me perguntava o que ele estava fazendo aqui.
— Nunca vi você aqui antes — comentei andando ao lado dele. Por alguns segundos me esqueci de que iriam fechar a biblioteca.
— Faz sentido, já que nunca estive aqui antes — suas bochechas queimaram. Não entendi porque.
— Então. Quer tomar alguma coisa na cantina da escola? — perguntei procurando motivos para conversar com ele.
— Sim. Quero dizer: tudo bem para seus amigos? — fiquei olhando para ele surpreso. Então ele sabia que eu tinha amigos, ou seria um chute?
— Eu estou sozinho — respondi sorrindo. Vi uma luz em seus olhos.
— Você é muito gentil — disse ele depois de um tempo em silêncio.
Na cantina da escola, depois de pegar os refrigerantes, fomos sentar em uma mesa bem ao fundo. Havia alguns alunos conversando alto entre si. Também tinha dois professores com muitos papéis em sua mesa. Mas concentrei meus olhos em Soubi, ele parecia não pertencer a esse universo. Era gentil demais para conviver com os garotos rudes daqui, isso era um fato!
— Está ótimo — disse ele tomando um longo gole de seu refrigerante. Também estava tomando um gole. Naquele momento, eu percebi que havia uma pequena tatuagem em seu pulso direito. Algo escrito em sua língua natal e acompanhado por um desenho.
— O que significa? — perguntei olhando a tatuagem.
— Ah. Isso. Foi uma homenagem a uma pessoa que eu acreditei me amar — ele fez uma pausa, mas retomou a fala logo depois. — Por favor, não pense "que menino idiota fazer uma tatuagem para seu primeiro amor". Esses símbolos, como vocês acham por aqui. Também são uma bela frase que meu povo considera sábia. Então não foi totalmente perda de tempo.
Fiquei bobo olhando para ele. Sorrindo. Não acredito que estava mesmo falando com um japonês autêntico!
— Me fala, o que o trouxe aqui? — eu perguntei. Sendo curioso como sempre.
— Meu pai, ele está trabalhando aqui por alguns meses. Eu fiquei no meu país quando ele veio, pois seu salário não foi tão bom quanto ele pensou ser. Fui saber sobre intercâmbio, e cá estou eu.
— Como aprendeu português? — perguntei de novo. Já estava começando a parecer um sequestrador reunindo informações.
— Na minha escola havia dois alunos de intercâmbio também. Aprendi a falar coisas básicas. Como por exemplo: "oi", "obrigado", mas fui aprender mesmo quando conheci um grupo de universitários brasileiros. Moravam no mesmo prédio que eu. Gostei deles. Espero poder vê-los de novo qualquer dia desses.
— Você fica muito fofo conversando com esse sotaque — olhei para Soubi. Eu não deveria ter dito aquilo em voz alta. Fique vermelho igual pimenta e meu rosto ficou quente.
— Obrigado — disse Soubi sorrindo. Ele terminou de tomar seu refrigerante em silêncio. — Você está em que ano? — ouvi sua voz de novo.
— No último — respondi. — E você está em qual? Quando começou a estudar? Não me lembro de ter visto você por aqui antes, quero dizer, hoje ou ontem.
— Estou no segundo, como vocês chamam, mas meu pai acha que não devo estar no segundo. E sim no último porque na minha cidade eu já estava fazendo matérias avançadas. Comecei a estudar ontem, ou deveria ter começado — ele ficou em silêncio. Como se lamentasse algo. — Hoje quando cheguei, à professora me mandou fazer o mesmo trabalho que estão fazendo, se eu conseguir, vão me colocar na sua turma — o trabalho não era um dos mais fáceis do mundo e ela explicou aquilo em semanas, se ele fizesse, sozinho, já poderia pegar seu diploma.
A conversa ficou mais nerd depois disso. Quando vi já estava dando quase 3 horas da tarde. O sol estava muito quente e a cantina totalmente deserta. Apenas com alguns alunos perdidos andando perto dela.
— Meu irmão — lembrei-me de And. Ele havia me abraçado dentro do banheiro no intervalo, e logo beijou meu pescoço. Dizendo: "meu treino termina ás duas. Estarei em casa, quero lhe fazer outra surpresa". E agora estava uma hora atrasado. Acho que ele não estaria mais me esperando.
— Precisa ir para casa? — perguntou Soubi me olhando.
— Sim. Desculpe sair correndo assim — peguei meu caderno e tirei uma folha. Nela anotei meu número em um rabisco. — Pode me chamar no whats, se quiser — sai correndo.
Ouvi-o me dando "Tchau". Virei-me e lancei um sorriso para ele. Depois corri para frente da escola.
Uma das vantagens de ter 18 anos, no ensino médio, é a possibilidade de poder dirigir seu próprio carro. Deixar de ser dependente dos pais. E nunca fiquei tão agradecido na vida como fiquei naquele momento, quando vi Pietro ao lado de seu carro. E ele tinha as vantagens dos 18 anos.
— Pietro! — gritei quando o vi em cima do capuz do seu carro agarrado com uma guria. — Como assim você me trai? Fizemos amor ontem à noite... na sua cama. Ainda estou sentindo sua porra dentro de mim. E agora está fingindo ser um hétero abraçado com essa piranha — lancei um olhar furioso para a guria. — Vai sair de cima do meu homem ou eu vou ter que pegar meu estilete?
A menina deu um tapa no rosto de Pietro e saiu correndo. Arrumando seu sutiã. — Lá se foi mais uma — disse morrendo em uma longa gargalhada.
— Fer. Cara, você é um puto! Eu mal toquei naqueles peitos. Viu o tamanho deles?! — disse um Pietro desolado. Olhando para a guria que corria, colocou a mão no coração, fingindo estar chorando. Depois entrou no carro, corri até o outro lado.
— Para onde vamos? — ele já sabia muito bem o motivo do meu teatro.
— Minha casa. Estou atrasado — disse afivelando o cinto de segurança. — And te ligou?
— Há uns 30 minutos. Perguntou se tinha visto você, na verdade estava indo na biblioteca ver se estava lá. Quando aquela beleza apareceu em meu caminho — disse ele ligando o carro.
Já estávamos saindo do estacionamento da escola, quando ele disse: — E qualquer dia desse eu vou mesmo deixar seu cuzinho cheio de porra — o.O — fiquei esperando ele rir, mas aparentemente não era uma piada.
— Vai pensando. Eu sou difícil — falei sério também.
— É difícil até eu jogar meu charme em cima de você — agora ele começou a rir para si próprio. Aquilo deveria ser uma piada interna.
— Você é gay? — perguntei olhado para fora. Já havíamos avançado muito, mas ainda não estávamos em casa.
— Bi. E você? — não respondi. Ele já sabia. Miley também já sabia que eu era gay. O bom de nossa amizade foi isso. Não precisei desenhar que era gay. Eles simplesmente sacaram e continuamos normal.
— Estou com um mau pressentimento — falei quando chegamos à minha casa. Pietro olhou para mim. Pensou um pouco, depois disse.
— Não tem como ajeitar sua amiga para mim. Aquele gostosa da Miley?
— Cala a boca. Esse teu pênis já viu muita coisa — falei e comecei a descer do carro.
— Ainda não viu você — sussurrou Pietro. Fazendo-me congelar onde estava. Olhei para ele, novamente ele falava sério.
— Está mesmo querendo ficar comigo? — perguntei.
— Talvez. Agora tenho que ir atrás de outra garota. Para matar, como Miley diz... "minha fome de buceta" — rindo alto, ele ligou o carro de novo e partiu.
Arrumei minha mochila em minhas costas. A rua estava em silêncio, um vento gelado batia em meu rosto. De repente havia ficado frio. Olhei para casa, pensei no que Pietro havia me dito. Depois resolvi entrar.
Como já esperava, estava tudo em silêncio do lado de dentro também. O som do relógio da sala ecoava nos outros cômodos. Fui até meu quarto. Ainda com o mau pressentimento.
Logo soube o que era. Ouvi o som abafado de gemidos vindo do meu quarto. Era barulho se sexo. Tinha certeza. Só poderia ser Anderson, e com quem ele estaria ficando?
Abri a porta para responder a minha pergunta. E lá estava ele, é claro. O cabelo de fogo. Estava de quatro na cama de Anderson, segundo firme nos lençóis, enquanto, atrás dele, meu gêmeo metia seu pênis no seu cuzinho. Os dois estavam gemendo no mesmo tom.
Anderson caiu sobre a bunda de Igor. Fazendo seu pau entrar por completo na bunda do cabelo de fogo, ele gemeu mais alto.
— Ahh, meu bebê delícia — disse Igor. Vi algo cair do seu pênis. Ele estava gozando. Anderson não se moveu mais. Entendi que ele também havia gozado. Dentro do cabelo de fogo.
— Sou seu bebê delícia? Não sabia — disse Anderson puxando Igor. Os dois começaram a se beijar.
Entrei no quarto. Fingindo não ligar para aquilo, mas no fundo eu fiquei arrasado. Meu gêmeo era só meu bebê. Ele não deveria ter feito aqui. Não ali no nosso quarto. Por dentro eu estava chorando e querendo morrer. Mas nem olhei para o lado deles.
— Oi, Fer — disse Igor. Na realidade ele não sabia que eu amava meu irmão mais do que ele amava. Então respondi seu oi, deixei minha mochila na minha cama e sai do quarto.
— Ele estava chorando? — ouvi Igor perguntar a Anderson, enquanto saia.
— Vou lá — disse Anderson.
Cheguei à sala e me joguei em cima do sofá. Com a cabeça no meio das minhas penas. Tentado parar de chorar.
Anderson chegou perto de mim. Abraçando-me, usava apenas uma cueca. Fiquei de cabeça baixa. — Ah Fefe. Eu falei que a gente tinha que ficar com outros caras. O pai me perguntou, ontem, o que estávamos fazendo até tarde juntos. Olha, se a gente não dar um jeito agora, eles vão descobrir. E você, melhor do que ninguém, sabe como a mãe é, ela vai manda você ou eu para a casa de algum parente que nem sabemos que existe, e eu não quero que isso aconteça. Se eu começar um relacionamento com o Igor, o pai vai parar de desconfiar que nós transamos no domingo...
Anderson estava prestes a falar mais coisas, mas o cabelo de fogo apareceu na porta.
— Como é?! Eu ouvi direito?! Vocês transaram?! — perguntou ele nos olhando com uma cara de nojo, meu coração parou. Aquele filho da puta iria espalhar para todo mundo e eu iria perder meu gêmeo. And me abraçou com mais força, senti que seu coração estava agitado, batendo freneticamente no peito.
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