Meu filhote sensível

Primeiro de tudo queria desejar uma feliz páscoa para todos!

Em segundo, que caso encontrem algum erro é só me informar!!

Por fim, uma boa leitura a todos!!!

Jimin está no carro olhando para a janela, mas dessa vez, não tem vontade de gravar as ruas da cidade em que vive, só quer esconder do alfa ao seu lado as lágrimas que desejam descer do seu rosto.

Lágrimas essas, que ele quer que sequem o mais rápido possível, pois não tem o intuito de mostrá-las para ninguém.

Não deixaria lágrimas doloridas caírem por uma pessoa que nem sabe se realmente o conhece, e ainda se dizia seu melhor amigo.

Depois que saiu do quarto do Hoseok, o rosado fez um escândalo no corredor, nunca havia se sentido magoado daquele jeito, e acabou por descontar em pessoas que não devia, no entanto, o motivo de suas chateações, ouvia toda a gritaria do outro lado da porta.

O Park só queria ir embora da casa dos híbridos, foi lá somente por um ser humano, porém esse mesmo indivíduo havia lhe tratado tão mal, que não se sentia mais bem-vindo dentro daquela residência, e se precisasse ir embora andando até a sua casa, ele o faria.

Ou talvez não, pois mesmo a contragosto, Jungkook está levando o seu filhote para o seu lar. Não o deixaria andando sozinho pelas ruas, tinha medo do garoto ser sequestrado, abusado, destratado, ou coisa pior, por esse motivo, mesmo não querendo, levaria o estudante até sua casa.

Park Jimin consegue tudo o que quer.

E Jeon Jungkook conseguirá também uma boa conversa com a pessoa que compartilha a residência consigo.

O carro já estava estacionado, entretanto, nenhum dos dois haviam feito um movimento para sair de lá. O alfa respira fundo, desafivela o cinto de segurança, e abre a porta do veículo.

— Vamos lá? Você não queria voltar 'pra cá? — Apontou com sua cabeça para a casa, em seguida, o mais baixo fez os mesmos processos que o seu colega, e saiu do carro — antes de ir para o seu quarto, ou fazer qualquer outra coisa, quero conversar contigo.

Mesmo tristonho, Jimin assente, espera o mais velho destrancar a porta do lar, e ambos dirigem-se para a sala de estar. Jeon e Park se sentam no sofá, e o de cabelos escuros começa a falar:

— Por que fez aquele show na casa do Taehyung? Ele e o Yoongi sempre te trataram muito bem, e nunca lhe faltaram com respeito, eles não mereciam receber aquela afronta. Na verdade, ninguém deveria receber, todos sempre foram educados contigo, nenhum deles te agrediu ou te ofendeu. Exceto caso tenha acontecido alguma coisa que eu não esteja sabendo, então teremos outra conversa.

— O Hoseok... — Jimin iniciou, o outro ajeita a sua postura no sofá, e olha o rosado com dúvida.

— O Hoseok? O que ele fez? Ele não é o seu melhor amigo?

— Acho que nós nunca fomos amigos de verdade... — respondeu e fez um bico com os lábios.

— Por que diz isso? Vocês sempre viviam grudados correndo de cima 'pra baixo, pareciam chicletes colados no cabelo um do outro, e aí de quem tentasse separá-los, nem gelo resolveria! — O alfa comentou sobre a amizade que o humano tinha com o mais velho.

— Isso porque antes eu não sabia como ele era de verdade, não sabia das coisas que ele escondia de mim, e não sabia que ele me falaria coisas tão rudes como me disse hoje! — A vontade de chorar voltou, mas o garoto se segurava para não cair em prantos na frente do de cabelos escuros — Jungkook, hoje fui lá falar sobre como as coisas começaram a melhorar lá na escola, mas de repente aquele humano começou a me atacar, eu preferia continuar aguentando aquela sala horrível, do que ouvir o que ouvi.

O pior tipo de traição, são dos nossos amigos mais próximos, pois temos afeto e carinho por eles, e sempre nos trazem sentimentos bons, mas quando descobrimos o quão traiçoeiros eles são, nos sentimos bobos e devastados, porque demos o nosso coração para eles, pensando que as coisas mudariam, mas eles nos lembram que nada mudou, e que tudo o que você deveria ter feito era continuar com a armadura que tinha feito para se proteger. O Park pensou.

Após Jungkook e seu filhote terem saído da casa do Yoongi, o casal de híbridos não puderam deixar de ouvir o choro que o seu humano fazia. Assustados, correram para o quarto do namorado, querendo saber o que aconteceu e se encontrava-se ferido.

— Seok? Você está bem? Se machucou? — Taehyung questionou preocupado.

O humano estava deitado na cama, chorando para o teto, mas parou de fazer isso quando os híbridos chegaram, e um deles fazia carinho na sua cabeça. Na verdade, parou de lagrimar para o teto, agora havia sentado na cama, e descobriu que Yoongi estava ao seu lado, tentando lhe trazer conforto com seu amor.

E ele espera que o Min ainda não saiba sobre o caso da porcelana, pois daqui a pouco ele voltará a chorar, mas por outro motivo.

— Eu não estou bem, o Jimin é um idiota que machucou o meu coração! — A mão de Yoongi sai de sua cabeça, e repousa em seu colo.

— O Jimin? O que aconteceu para ele ter saído daquele jeito do seu quarto? O garoto estava estourado até comigo! — Comentou o Min — o Taehyung já está acostumado com as alfinetadas do menino, mas ele nunca me tratou daquele jeito — o outro híbrido riu em sarcasmo.

— Agora você entende pelo que passo, parece que tenho que me rastejar igual um cão para aquele ali pensar em ser educado comigo! — Se lamentou — Com o JK ele ficou mansinho de um dia 'pro outro, o garoto já deveria ter superado toda essa situação!

— Lógico, da primeira vez que vocês se viram o menino foi praticamente espancado até desmaiar — lembrou do ocorrido — e outra, o Jeon fez mancada? Também, mas o Ji mora com ele, uma hora o garoto ia perceber o quanto o Jungkook estava se humilhando para conseguir o perdão dele.

— Eu também acho que o Jimin está exagerando com o Tae, ele fala mal dele até na casa dele, não duvido nada que ele faça isso na própria casa também — Jung defendeu o namorado.

— Então vocês brigaram por mim? Olha só Yoongi, já estou melhor que você, o Seok me defende daquele ser-humaninho, já você... — Provocou o mais velho.

— Já se esqueceu que se não fosse pelo Jimin, eu não estaria vivo, e caso estivesse, estaria muito debilitado e ficaria desejando a morte, ao invés de parecer um peso morto para vocês? — Os outros dois ficaram quietos, Yoongi percebendo o clima ruim que deixou entre eles, tentou mudar de assunto — foi por isso mesmo que vocês brigaram?

— Em partes, sim, mas o hyung não foi o ponto principal da discussão — O sorriso do dito cujo diminuiu um pouco — o Park veio aqui falando muito bem da escola dele, como os amigos novos deles são legais, a sala de aula é perfeita e todos o protegem. Acabei ficando irritado, e fiquei pensando: se a escola dele é tão extraordinária, uma hora acabarei perdendo a graça, vai que um dia ele me peça para voar? Eu sou um humano, nunca poderei fazer isso, então na raiva disse 'pra ele que só estão o tratando bem porque é o bichinho de estimação da classe!

— Hoseok! Você gostaria de ser chamado de bichinho de estimação dos outros também? — Repreendeu Taehyung.

— Não, foi por isso que a gente brigou por você, o Jimin meio que deu a entender que eu seria seu bichinho de estimação, e eu disse 'pra ele pensar bem nas palavras quando fala dos meus namorados — ambos os híbridos deram um meio sorriso, pelo seu humano saber se defender — então ele ficou ressentido, por nunca dizer aquilo 'pra ele, e eu retruquei o segredinho que ele esconde de mim. Por acaso, vocês sabiam que os olhos do Jimin mudam de cor? — Os outros dois lhe olham espantados — pois é, eu também não sabia, até ontem:

"O Park estava olhando para o teto, e contando sobre o péssimo dia que teve naquela escola, eu estava curioso sobre o que tanto olhava lá em cima, até que de repente, eu vi uma luz roxa surgindo lá no alto, olhei 'pra ele rapidamente, e percebi um vislumbre daquela cor nos seus olhos, ignorei, pensado que era coisa da minha cabeça, ainda mais, porque, quando o Jungkook tinha tirado o Jimin do meu quarto, os olhos dele estavam normais, mas quando eles foram embora naquele dia, fiquei pensando um pouco mais a respeito, e percebi que havia algo de errado com ele"

— Quando falei sobre os seus olhos mudarem de cor, só estava jogando o verde, mas parece que acabei colhendo maduro...

— E o que aconteceu depois? — Questionou o Min interessado.

— O Park deu uma desculpinha que eu não fazia ideia do que ele passava, que só veio aqui falar sobre a escola, mas que ter vindo aqui só piorou o dia dele, então foi embora batendo as portas, vejam ele fez até uma rachadura no canto da porta com a força que usou!

— Bom, vejamos, o garoto chegou animado para contar sobre como as coisas estavam melhorando, você disse que ele não passava de um animal de estimação naquela escola, o menino retrucou, isso é justo, você achou ruim e num momento ruim acabou contando que somos seus namorados, Jimin se espantou e ficou chateado, você falou mais besteira, os dois ficaram magoados um com o outro — Taehyung resumiu a briga — é, não me espanta ele ter saído de lá daquele jeito, o menino estava começando a reajustar os seus relacionamentos, e o melhor amigo solta uma dessas, se fosse eu, teria feito pior do que só gritar e não deixar as pessoas me impedirem do que quero fazer.

— Como assim? — Hoseok virou a cabeça em dúvida.

— Você não se lembra? — Yoongi conta sorrindo — teve uma época que eu — percebe o Tae lhe olhando com cara feia — eu e esse daqui brigamos por uma coisa besta, nem lembro agora direito o que é, mas o Taehyung ficou furioso, e só não me matou porque me amava, né, amor? — Respondeu sorrindo nervoso — de qualquer forma, o Ji estava muito chateado, ele só queria voltar o mais rápido 'pra casa, o JK e o Tae tentaram o impedir para conversarem melhor, mas o garoto os empurrou para poder sair daqui, eu também tentei segurá-lo pelo braço para poder entender o que estava acontecendo, mas o Jimin se soltou com tanta brutalidade, o jeito como me olhou parecia que nunca mais queria que eu o tocasse novamente.

— De qualquer forma, o Park estava quase indo embora a pé de volta para casa, o Jungkook estava em transe vendo a situação ocorrer, mas depois ele logo voltou para si e impediu do Jimin fazer o que iria fazer.

— Eu também não deixaria o Hobi andar sozinho na rua, do jeito como as coisas estão, te raptar não seria nada difícil, e vai saber o que eles fariam contigo.

Hoseok se lembrou de quando o rosado havia sido sequestrado. Você não faz ideia do que eu passo. Será que aconteceu algo de tão ruim dentro daquele lugar? O que fizeram com o Jimin dentro dali? O que ele ainda não nos contou?

O Park estava se arrumando para mais um dia de aula, mesmo que estivesse chateado pela sua situação com o outro humano, o garoto não podia se deixar levar e perder um dia no colégio só porque não estava bem.

A criança de cabelos castanhos acordou com mal-estar. Já fazia dois meses que aqueles treinamentos doidos haviam começado em sua casa, nessa madrugada não conseguiu dormir direito, acordava a cada meia hora com muito calor, depois sentia muito frio e tentava se aquecer com as cobertas, até desmaiar de cansaço.

Não se sentia bem para descer e fazer o treinamento de hoje, queria descansar mais um pouco, e pelo menos ter uma noite de sono decente, mas seus pais já haviam acordado, e ele tinha que estar lá embaixo para não ser punido.

Se virou para o outro lado da cama e dormiu.

Só não estava preparado para o que estava por vir.

— Não se esqueçam, eu posso tirar o nosso filho de vocês em um estalar de dedos, façam o que estou mandando e podem continuar cuidando do garoto, e se ele desobedecê-los, coloquem o dobro da quantidade que mandei no suco dele.

Tirou aquelas lembranças da cabeça, precisava focar em se arrumar para o instituto. Seguiu em direção ao banheiro, aproveitou para aliviar a bexiga antes de entrar no chuveiro, e depois que estivesse limpo, poderia vestir uma roupa limpa para assistir às aulas com outros seres mais limpos que si.

Pelo menos foi isso que Woobin me disse pela marca.

Depois de um tempo pesquisando em sua memória, lembrou-se de um assunto escrito em um dos grimórios que o obrigaram a ler. Reparou no sinete que possuía no ombro após aquele sonho terrível, sabia que aquela impressão não era nada comum, e que já a tinha estudado em algum lugar.

Para se lembrar mais facilmente, o rosado havia ido até o jardim e colhido três pétalas de flor de jade azul, e com elas fizera uma poção da memória. Após ter bebido o conteúdo, conseguiu caminhar entre as memórias, até encontrar aquela que batucava na sua cabeça.

Após relembrar sobre a marca de posse, percebeu que Woobin era realmente um tipo de figura paterna para si, já que depois daquele dia o demônio começou a visitar todos os sonhos do Park, lhe abraçava, beijava a sua cicatriz, e mostrava sua preocupação com o mais novo.

Depois de um tempo, o demônio conseguiu se comunicar com o humano através da impressão, sem precisar entrar em contato somente pelos sonhos. Pelo sinete, lembrava o rosado das regras que devia seguir, que logo estava a caminho para recuperá-lo, e que deveria fazer o que mandasse, ou se não coisas ruins poderiam acontecer.

Jimin já teve uns sonhos que acreditava que estavam indo longe demais, e quando tentava sair de lá, o Woobin sussurrava em seu ouvido que o bebê deveria obedecer ao seu papai, logo em seguida, sentia uma dor entre as pernas e depois o seu corpo inteiro queimar.

Com o tempo você aprenderá a me obedecer, seja por bem, ou por mal.

O humano já estava na sala de aula, ainda não tinha muitos alunos no recinto, portanto tentou meditar até alcançar a luz exterior. Uma vez durante o caminho de volta para casa, o garoto viu um pôster sobre atingi-la, somente poucas pessoas haviam alcançado esse estágio, então o rosado tomou aquilo como um desafio para si.

Respirou fundo, sete vezes, relaxou o seu corpo, e tentou manter sua mente vazia por certo tempo, respirou fundo mais uma vez e sentiu a base do seu corpo se arrepiar até o topo da cabeça, naquele momento, tentou introduzir suas pílulas de luz — palavras-chave que lhe dirigem sucesso e felicidade — estava tudo dando certo, até que sentiu cheiro de humano.

O Park logo notou alguma coisa querer rasgar a sua boca, assustado, arregalou os olhos e moveu sua cabeça por todos os lados até encontrar Jackson e Lalisa olhando para si.

— Uau! Pitaya! Tu estava quase conseguindo alcançar a luz exterior! — Gritou o ruivo animado — sua luz estava oscilando, mas você está quase lá!

O rosado respirou fundo, e novamente sentiu aquele cheiro de humano, logo lembrou-se do seu ex-amigo, e algumas lágrimas quiseram se formar, entretanto, esperou que elas secassem logo.

— Tá tudo bem, chim? Não precisa ficar triste por causa disso, daqui a pouco você consegue! — Encorajou o amigo, mas somente o deixou mais transtornado com as lembranças que gostaria de apagar.

— Lalisa você pode se afastar um pouco? Não estou me sentindo muito bem, o seu cheiro de human- — sentiu os dentes saltarem da gengiva, e o cheiro da sua parte mundana lhe deixava com mais vontade de provar a sua carne.

O que estava acontecendo consigo? Desde quando teve vontade de provar carne humana? Isso não seria errado? A garota também é parte sobrenatural, não se podia comê-los, mesmo assim, Jimin se aproximava cada vez mais da outra que não entendia o que estava acontecendo.

Regra número 11.

O Park respirou fundo, sabendo que quebraria mais uma regra.

Cheiro de humano.

Humano, Hoseok.

Lalisa, estou indo comer a Lalisa.

— Ai! — A ex-idol gritou — Jimin porque fez isso? Temos que ir para a enfermaria!

O humano havia mordido o próprio antebraço para não machucar ninguém dali, era preferível se ferir e depois poder se curar, ao invés de lesionar alguém e talvez até ser expulso.

— Desculpa Lalisa, acabei manchando sua roupa, eu... eu vou ao banheiro, não precisam se preocupar comigo! — Saiu correndo da sala, e foi para o toalete mais próximo que encontrou, deixando para trás, justamente amigos preocupados com a sua situação.

No banheiro, lavou sua mordida com água e sabão, fechou os olhos e suspirou, e encarou o espelho com suas íris lilás. Precisava limpar aquela sujeira no seu braço, não podia ficar vertendo o dia inteiro.

— Aish, por que não para de sangrar? A essa hora já devia estar novinho em folha! — O sinal de início às aulas tocou, o humano fechou os olhos e suspirou, suas íris já haviam voltado ao normal. Enrolou o papel higiênico cinco vezes pela sua mão, e colocou em cima da ferida para estancar o sangramento, depois disso correu para a classe apressado, com intuito de não se atrasar mais do que já estava.

A aula ocorria normalmente, vez ou outra o rosado olhava sua bandagem improvisada, e ficava cada vez mais espantado com o papel cada vez mais avermelhado.

— Eita, essa ferida deve estar bem feia, a pessoa acertou precisamente na veia... — a colega de trás comentou — aqui, me dá seu braço, tenho uma coisa que vai auxiliar na cicatrização. Não aguento mais ver você olhando toda hora 'pra esse braço sem saber o que fazer, e ficar pensando que esse pedaço de papel acabará te ajudando.

A fada puxa o antebraço do Jimin para si, pega em sua bolsa um frasco de líquido transparente, e espirra pela lesão, logo em seguida os dois podem observar uma espuma branca sendo formada.

— Aí, é água-oxigenada!

— Sim, ela vai ajudar o seu machucado sarar mais rápido.

— Água-oxigenada, auxilia na limpeza de bactérias, mas ela arde!

— Também — confirmou — ei, tu sabia que a minha catalase é diferente, e quando entra em contato com a OX, as minhas bolhas ficam verdes? — A fada se corta com o papel, e espirra a solução no seu dedo, em seguida, ocorre a liberação de hidrogênio verde, provando o que disse para o mais novo.

— Jimin e Jieun, sobre o que tanto conversam para não prestarem atenção na aula? — A professora de evolução das espécies interrompe a conversa.

— Ah, Soo ah, estou auxiliando o meu colega, ele foi mordido por um lobo, mas parece que o cara estava tão bravo, que acertou em cheio na veia! — Explicou-se — mostra aí Jimin, a professora é especialista em lupinos, se duvidar vai até saber a classificação e o gene do cachorro! — Brincou.

A mais velha observa com cuidado o braço do seu aluno, e se espantou com o que estava vendo, não queria dar a resposta para os outros da classe, então perguntou:

— Tem certeza que foi mordido por um lobo? — Questionou sob o óculos.

— Na verdade, não... — respondeu sem certeza se estava falando o correto.

— Bom, isso não me parece mordida de lobo, acho que você se enganou — disse para a fada.

— Uh, detesto aquela ogra, ela ama me contrariar — falou quando ela estava longe — por que você não disse que quem te machucou foi um lobo? Está claramente nítido, só queria saber que gene ele era, parece que foi um dos raros!

— Desculpa, hoje os meus instintos não estão funcionando muito bem... — respondeu melancólico.

O rosado olhava para o seu prato entediado, pensava sobre tudo o que aconteceu, a vontade de comer sua amiga, sua arcada dentária, mas principalmente, sobre a amizade perdida com o ex-melhor amigo. Não queria sentir falta dele, mas quanto mais tenta afastar os seus sentimentos, mais eles vêm à tona e batucam na sua cabeça.

O adolescente estava sentado à frente do seu professor de sociologia, na realidade, a pessoa à sua frente não era exatamente um professor, mas era o mais parecido que ele tinha naquele momento. Já fazia algum tempo que um novo humano tinha sido aceito no abrigo, JV — como preferiu ser chamado — estava terminando seus estudos em ciências sociais e suas tecnologias no mundo digital, antes de toda aquela confusão começar, e depois de alguns anos ser mandado para esse lugar.

— Sabe criança, tem alguma coisa que você sente falta do mundo antigo?

O meio rosado, meio acastanhado, pesou profundamente. O que sentia falta da vida antes da batalha? Sabia que boa parte da sua vida havia sido treinando coisas que acreditava serem inúteis, até o grande dia chegar, e testemunhar de primeira mão que, em partes, aquilo teve benefício para si, em contrapartida, mesmo sabendo que aqueles estudos foram relevantes para manter a sua sobrevivência, tinha poucas memórias vivendo uma vida banal. E aquilo, sim, era algo que gostaria de reviver se fosse possível.

— Eu... queria muito voltar para a época que vivia uma vida comum, durante quase toda a minha vida eu não pude ter isso.

Os outros carcereiros tinham certa noção do que o garoto ao lado deles passara para sobreviver, mas não chegava nem perto do que tinha realmente acontecido. Mas de uma coisa era certa: uma criança com pouco mais de uma década, não teria um estudo de sobrevivência tão bem aplicado como o dele.

— E por que não vive essa vida agora?

— Porque estou preso nesse abrigo com vocês, e ainda não fui escolhido para viver lá fora — O JV sorriu de lado com a resposta do Park.

— Na verdade, antes de chegar aqui, ouvi falar sobre um humano especial com a carta-branca por aqui, creio que encontrei ele — olhou sugestivo — sabe um jeito que tenho para poder conhecer o mundo lá fora? — Caminhou até a câmera mais próxima e começou a gritar — Ei, seus estrumes! Olhem o que eu faço com vocês — pegou um objeto de peso razoável, e atirou com o máximo de força em direção da câmera de vigilância.

JV esperou os guardas finalmente chegarem para puni-lo, mas a única coisa que aguardava ansiosamente, era o adolescente ler a carta codificada escrita para si.

— Não se esqueça, aquilo que menos queremos é o que mais aparece na nossa vida, espécime 000. Por que tem que esperar ser escolhido, se você mesmo pode escolher aquilo que quer?

No fim das contas, Jimin nunca leu a carta-branca, e anos depois, estaria entendendo as entrelinhas do recado.

— Pitaya está tudo bem? Você nem está tocando na comida... — Doyun, o híbrido de leão perguntou.

— Eu só... — suspirou, e pensou no assunto menos polêmico que se passava na sua cabeça, assunto esse, que era a causa de boa parte da sua melancolia — briguei com o meu amigo, na verdade, ex-amigo, se bem que, nem sei se éramos realmente amigos...

— Ei, espera aí, explica esse B.O. direito — Jongsu, que possuía poderes telecinéticos respondeu o mais novo.

— Ontem quando estava saindo da escola pedi para o Kookie me levar para a casa do Hobi, a gente estava conversando, mas no meio disso acabei descobrindo coisas que se dependesse dele, nunca ficaria sabendo, nem sei mais se o que tivemos foi algo verdadeiro, ou tudo uma mentira...

— E aí Tae? E aí Yoon? — Jungkook cumprimentou os amigos.

— Como vai JK? — Yoongi respondeu — o Jimin está bem?

— Ele está na escola, mas deu 'pra perceber que não era um dos seus melhores dias — suspirou.

O trio conversou sobre os humanos, e o que cada um contou para eles, e chegaram a conclusão de que os dois amigos deveriam conversar melhor e se desculparem, afinal, estava nítido que não queriam terminar a amizade e ficarem brigados para sempre.

No final da discussão, resolveram levar o Park e o Jung para um parque, com a desculpa de que queriam esfriar a cabeça, e quando se encontrassem, esperavam que ambos os humanos se perdoassem.

— Bom, eu já vou indo, daqui a pouco vou pegar o meu filhote no colégio — caminhou em direção à saída — nos vemos mais tarde?

— Sim, dirige com cuidado, até mais! — Confirmou Taehyung.

Durante o caminho o Jeon ficou imaginando se daria tudo certo como haviam imaginado, até porque, querendo ou não eles planearam às pressas, e se o rosado não quisesse ir? E se o garoto já tivesse algo na cabeça para eles? E se ele desejasse ficar só consigo em casa um curtindo a companhia do outro?

Mesmo que a última opção fosse uma tentação, Jungkook também queria que o seu filhote se desculpasse logo com o Hoseok, assim seus olhos poderiam sorrir novamente...

Com esse pensamento na cabeça, estacionou o carro próximo da instituição, e aguardou seu humano ser liberado em frente ao portão, o que não demorou muito para acontecer.

O alfa pode perceber o Park caminhando ao lado de um híbrido de raposa, que reclama de uma professora com óculos de lagartixa, que falava mais sobre o seu namorado morcego, ao invés de dar aula sobre como ela conseguiu mentir para um sobrenatural que identificava mentiras.

Jungkook viu o rosado rindo e falando que a professora devia ser uma corrompida, pois só sendo filha do diabo que a mulher poderia mentir com tanta facilidade quanto uma verdade.

E o Jeon guardou essa conversa, seus instintos diziam ter coisa a mais naquilo ali.

— Kookie! — Jimin gritou e pulou em seus braços — Tchau, Jack, até amanhã! — Acenou para o amigo.

— Podemos ir para um lugar antes de voltar para casa? — O garoto olhou em seus olhos, e pensou um pouco.

— Só se você me levar na CGA e poder ver o gato que salvamos — definiu um acordo.

— Tudo bem, depois de lá te levo no abrigo do bichano — concordou.

O carro foi conduzido até o parque no qual havia sido combinado anteriormente com os híbridos, durante o caminho, o alfa avisou os amigos que já estava a caminho do ponto de encontro entre os cinco. O rosado não prestou atenção no que o seu amigo fazia, preferiu ficar pensando se o gato ficaria feliz com a visita deles.

Pelo menos os animais não abandonam os companheiros, eles podem até passear, mas sempre voltam...

Ao chegar no parque, o humano observava com animação o espaço repleto de natureza, olhava cada espécie de planta e tentava lembrar para o que servia, se poderia ser utilizada como corante, como óleo essencial, com fim terapêutico ou medicinal.

— Olha, essa flor parece o Hoseok! — Exclamou o mais novo.

— Por quê? — Questionou uma voz atrás de si.

— Ah, porque ela se chama flor do riso, e sempre quando estávamos juntos, ele ficava rindo... — respondeu em um muxoxo — Kookie o Hoseo- — se virou para trás — Hoseok! O que está fazendo por aqui? Ah, se bem que não é dá minha conta, eu já vou indo, o Jungkook deve estar me procurando.

O mais baixo começou a sair dali em busca do seu amigo, porém não pode continuar o seu caminho, pois o outro humano segurava o seu pulso. O Park encarou aquela cena primeiro com felicidade, já que o mais velho desejava falar consigo, depois se lembrou do motivo de estarem daquele jeito, e seu olhar mudou para descrença, como reação, puxou seu antebraço com brutalidade, voltando a seguir o seu caminho.

Jung logo se adiantou, correu um pouco e segurou os ombros do conhecido, sabendo como seria o comportamento do nanico, não demorou muito para falar:

— Preciso conversar com você — Jimin olhou-o semicerrado — ou melhor, me desculpar com você. Fui muito insensível contigo, você só estava querendo contar como o seu dia na escola melhorou com relação ao anterior, mas deixei minhas inseguranças falarem mais alto e-

— Inseguranças? Pelo amor, você nunca teve motivos para ter inseguranças, e tu estava certo, nós nunca fomos amigos de verdade e ser tratado como um animal de estimação é maravilhoso! — Disse arrogante, e percebeu as feições do Jung murchando — Creio que eu realmente diria isso se você estivesse correto, mas acho que essa afirmação é falsa, então tenho que aceitar as suas desculpas por ter me dito mentiras — ambos sorriram um para o outro — agora quero saber, que insegurança é essa? A gente sempre se deu bem, nunca brigamos, quando que tu começou a ficar assim?

— Você tem razão chim, nós nunca brigamos e nunca discordamos, porque de certa forma, vivíamos iguais, nossos companheiros trabalhavam na CGA e tínhamos que ficar em casa, ou cada um de nós ficava na casa do outro para fazer companhia, mas tudo mudou porque você foi à escola, e isso não é culpa sua. A questão é que fiquei com ciúmes e inseguro, porque na minha cabeça, estava muito claro tu gostar mais dos sobrenaturais daquele lugar, ao invés de mim. Poxa, eles podem fazer um monte de coisas legais, e eu posso fazer o quê? Sorrir e conversar? Imagina um dia tu me pedir para voar? Eu adoraria e muito, mas não tenho essa capacidade, e daí eu surtei — explicou-se.

— Você não precisava ter ficado preocupado, eu nunca ia pedir algo assim para você, eu sou um humano também! — Deu risada — ainda assim, fiquei chateado por não ter me contado que estava namorando...

O mais alto suspirou antes de falar.

— Chim, eu já estou namorando faz muito tempo, quando nos conhecemos não sabia se você seria o tipo de pessoa ideal para contar sobre isso, não tinha conhecimento sobre a sua pessoa, vai que tu me julgasse por estar namorando dois? Ou porque eles são homens? Ou até porque são dois homens sobrenaturais! Não sabia, então preferi deixar quieto e esperar o meu momento ideal e te conhecer melhor durante o processo.

— Me desculpa também por não estar contando tudo sobre mim para ti, mas está acontecendo tanta coisa nesse novo mundo, estou descobrindo tanta coisa nova, que não consigo contar sobre tudo, e depois acabo esquecendo — deu risada nervosa novamente.

No final, os humanos desculpam um ao outro, e quando o Jimin vai ao abrigo ver o bichano, não está mais com o sentimento de visitá-lo porque não o abandonará, e sim, pois poderá se divertir com um novo amigo.

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Ufa! Este capítulo foi grandinho, hein? kkk

Não garanto com muita certeza que o próximo mês terá atualizações. Neste mês acabei perdendo 25% das aulas por conta de licença médica, e já em abril começa as minhas provas da faculdade :(( tenho que aproveitar para colocar as matérias em dia (coisa que ando falando pra mim, mas andei enrolando 🤡🤡🤡), e buscar aprender o que perdi...

Vou tentar aproveitar esse meio tempo para tentar adiantar e escrever mais um capítulo

De qualquer maneira, agradeço a quem leu até aqui, e nos veremos em breve!

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