8. A sutil arte da provocação

"Eu não posso mentir, sei que está cansada, amor, seque os olhos... Está na hora de comandar. Ganhe crédito, garota, faça isso: Levante sua bolsa, vá na academia e volte gostosa, vá conseguir esse diploma, vai garota! Foque em mim, desbloqueie o potencial que você não sabia que tinha... – You Got It, Vedo."

LIZZIE

Alguns dias depois...

Ao som de "Imagination" do Shawn Mendes que tocava no meu fone, eu corria pelo parque sentindo a brisa suave se chocar contra o meu rosto, esvoaçando os meus cabelos ao vento. Desde a última semana de aula, em vista de já não ter mais os ensaios com as Lioness, achei que seria interessante iniciar uma rotina de exercícios matinais para manter o meu peso, as minhas medidas e principalmente a saúde em dias. Fora o fato de que também me ajudava a descarregar, aliviando os meus pensamentos inquietantes.

Depois que me acertei com o Jason, acabei intensificando a minha rotina de exercícios, pois tinha o objetivo de estar em forma quando ele voltasse. Sei que podia ser bobagem da minha parte, mas eu não queria me sentir insegura com o meu corpo ou nada do tipo. Fora que também era importante cuidar da minha saúde física e mental, pois durante um tempo senti que estava me perdendo de mim mesma, o que foi assustador.

Por sorte, as coisas pareciam estar melhorando aos poucos, apesar do Jason ainda estar fora da cidade, e confesso que dessa parte eu não me agradava muito. Tirando esse detalhe, nos falávamos todos os dias sem falta, fosse por mensagens ou ligação. Bom, não era o tempo todo, nem o mesmo que estar junto, mas acho que era o suficiente por enquanto, afinal o que importa é que eu ficava um pouco mais tranquila só por saber que ele estava bem e que pensava em mim.

– Srta. Lizzie? – ouvi alguém chamar, e tomei um susto ao olhar de lado e avistar o Joel surgir por entre as árvores.

Certo que eu já sabia que ele estava me seguindo desde que o Jason viajou, mas acontece que costumava ser tão discreto que eu nunca havia notado a sua presença antes.

– Ah, oi. – olhei para os dois lados, retirando os fones dos meus ouvidos, enquanto ele se aproximava – Aconteceu alguma coisa?

– Não, está tudo certo. Só... Bom, é que o Sr. McClain mandou te entregar isso. – o vi estender uma caixa em minha direção.

– Tá, mas o que seria? – organizei algumas mechas de cabelo para trás da orelha, antes de receber aquela discreta encomenda – Nos falamos ontem a noite, e ele não mencionou que mandaria nenhum presente.

– Eu também não sei, a embalagem veio lacrada, e as ordens foram para a senhorita abrir em casa quando estiver sozinha. – respondeu Joel, um tanto apreensivo ao me ver sacudir a caixa – Vi que já estava fazendo o seu caminho de volta, e achei melhor entregar logo.

– Tudo bem, eu acho. – forcei um sorriso agradecido – Seja lá o que for, isso aqui não é pesado, e você está certo, eu já estou mesmo voltando pra casa. Obrigada.

– A senhorita não tem que agradecer nada, só estou fazendo o meu trabalho. – ele abaixou o olhar, como se temesse me encarar diretamente por mais de dois segundos.

– Ok, mas você não precisa me chamar de "senhorita", só Lizzie já está de bom tamanho. – tentei soar simpática.

– Sinto muito, não tenho permissão pra isso. – Joel continuava olhando para baixo, o que me fez perceber que estava mesmo com medo de mim.

Quer dizer, não exatamente de mim, mas talvez do que poderia acontecer se não obedecesse as ordens do Jason. Isso era tão estranho, porque eu não conseguia enxergá-lo assim, como alguém a quem se deve temer. Tá legal que ele não era a pessoa mais fácil, também tinha toda aquela marra e o lance com o boxe que parecia ser bem sério, mas não acho que esses fossem motivos suficientes para pôr medo num cara que aparentava ter aproximadamente o dobro da nossa idade.

– Está bem, Sr. Joel. – rolei os olhos, e ele voltou a me encarar com a testa franzida – Viu só como isso é chato?

– Me desculpe. – o homem grande a minha frente pareceu encolher de vergonha.

– Não precisa pedir desculpas. – sorri leve – Eu agradeço pela encomenda, mas tenho que ir agora, então a gente se vê.

Nos despedimos com um discreto aceno de cabeça, e tornei a colocar os fones assim que me virei, a música que tocava agora era "Rockstar" do Dababy. Aquilo me arrancou uma risadinha, nem se eu quisesse uma letra casaria tão bem com esse momento, não é mesmo? Segui o resto do caminho andando, já que o pique de exercícios pra hoje havia se esvaído por completo, dando lugar a certa curiosidade quanto aquela caixa que o Jason tinha enviado pra mim. Afinal, por que ele pediria para eu abrir só quando estivesse sozinha?

Ou melhor, por que não tinha me avisado nada sobre me dar um presente, ontem quando nos falamos pela noite? Isso parecia estranho, então resolvi tirar uma foto da caixa, a qual anexei como uma mensagem na nossa conversa, perguntando o que era aquilo. Sua resposta não tardou muito: "Só abra quando chegar em casa.", rolei os olhos ao ler. Isso não dizia nada além de confirmar que ele quem havia enviado pra mim, o que só serviu para aumentar a curiosidade que me corroía por dentro. Tentei sacudir mais uma vez, o que também não adiantou, eu realmente não fazia ideia do que tinha ali dentro.

– Bom dia, filha! – disse minha mãe, assim que eu abri a porta de casa.

– Ah, bom dia. – respondi, ao dar o primeiro passo para dentro.

A vi abaixar o jornal, e logo passou a fitar o meu rosto com um certo tom de ternura no olhar, como se realmente gostasse do que via a sua frente. No mesmo instante, senti as minhas bochechas esquentarem, pois há um bom tempo eu não recebia sua aprovação para absolutamente nada. Acontece que depois da prisão do Jason, minha relação com os meus pais não estava lá das melhores, não que eu os odiasse, mas estava magoada pelo jeito que conduziram as coisas e o pior é que eles não entendiam, nem acho que tentavam.

– Ontem seu pai me levou ao cinema, e você não vai acreditar em quem nós encontramos... – suas expectativas pareciam boas.

– Eu não sei. – dei de ombros, sem me importar muito.

– O Jordan! Ele está trabalhando lá agora. – aquilo me pegou de surpresa – Ele disse que quer juntar um dinheiro para a faculdade, é mesmo um garoto esforçado, não acha?

– Bom pra ele. – tentei não demonstrar nenhum tipo de reação que pudesse prolongar aquela conversa.

– É realmente muito bom pra ele, tenho que concordar. – dona Elisa parecia estar falando do seu próprio filho – O Jordan é um bom rapaz, e acho que por isso eu e o seu pai não entendemos muito bem o término de vocês.

– Olha, eu não quero falar sobre isso. – tratei logo de cortar o assunto que surgia sorrateiramente.

– Não, tudo bem, você está no seu direito. – concordou ela, sem pensar duas vezes – Só estou querendo dizer que, seja lá o que aconteceu entre vocês dois, você finalmente parece estar superando e isso me deixa mais aliviada.

– O quê? – apertei a caixa em mãos.

– Você está ótima, querida, até a sua pele está mais radiante nesses últimos dias. – explicou dona Elisa – Isso é muito bom. Seu pai e eu estávamos muito preocupados com você tão abatida e triste pelos cantos.

– Não pareceu que estivessem tão preocupados assim. – comentei em tom baixo, e ela meneou a cabeça deixando o jornal de lado para se levantar da poltrona.

– Você é a nossa filha, é claro que nos preocupamos. – a vi ajeitar o suéter – Mas agora o que importa é que está se recuperando bem de tudo o que passamos nas últimas semanas.

– Me recuperando bem? – arqueei as sobrancelhas num leve deboche.

– Sim, percebi que tem acordado cedo nos últimos dias. – sua observação era válida – Por acaso, começou a fazer exercícios pela manhã?

– É, eu decidi começar uma nova rotina. – tirei um dos meus fones, pausando a música que ainda tocava no outro.

– E posso saber o nome do motivo? – dona Elisa cruzou os braços.

– O motivo sou eu, estou fazendo por mim. – me adiantei a responder.

– Vai dizer que o Jason não tem nada a ver com toda essa mudança de humor? – seu interesse repentino me causou um desconfortável tremor nas mãos – O Jordan acabou deixando escapar que vocês ainda estão juntos, nada que seu pai e eu já não suspeitássemos.

– Mãe, não começa, eu realmente não quero discutir hoje. – tomei caminho em direção as escadas.

– Espera, eu sei que podemos ter começado com o pé esquerdo, mas posso falar com o seu pai para nos redimir com isso. – perdi o rumo dos passos ao ouvi-la.

– Onde está querendo chegar? – voltei a lhe encarar, completamente confusa.

– Não sei, talvez você possa trazer o seu... Bom, o seu amigo aqui pra jantar qualquer dia desses, sabe? – ela não parecia estar blefando – Acho que seria bom conhecermos melhor esse garoto.

– Espera aí, a senhora quer que eu traga o Jason aqui pra casa? – questionei, ainda desconfiada.

– E por que não? Nenhuma das acusações contra ele se provaram, o que indica que tiramos muitas conclusões precipitadas. – minha mãe soava um tanto arrependida – Mas vendo agora eu me recuso a acreditar que um rapaz que faz tão bem para a minha menininha, seja lá uma pessoa tão ruim assim.

– Ele não é uma pessoa ruim. – senti o meu nariz arder com a chegada das lágrimas.

– Acredito em você, e prometo que vou mesmo falar com o seu pai sobre isso. – garantiu ela, com um discreto aceno de cabeça – Veja quando o Jason estará livre para um jantar aqui em casa, e me avise, tudo bem?

– Está mesmo falando sério? – me apressei a limpar as lágrimas nos cantos dos olhos.

– É claro que sim. – dona Elisa assentiu positivamente – Se esse rapaz é importante pra você, nós precisamos dar uma chance de conhecê-lo melhor.

– Se derem mesmo uma chance, tenho certeza que vocês vão adorar ele. – sorri leve, enquanto a minha mãe se aproximava devagar.

– Vai dar tudo certo, querida. – ela alcançou a minha mão livre, e logo me puxou para um abraço terno.

– Obrigada. – devolvi aquele gesto carinhoso com a maior gratidão do mundo – Isso é muito importante pra mim.

– Eu sei que é. – seus braços me apertaram um pouco mais.

– Acha que o papai vai mesmo aceitar? – me afastei um pouco.

– Ah, ele vai sim, não se preocupe. – confirmou minha mãe, pousando as suas mãos em meus ombros ao rompermos o abraço – Mas que caixa é essa?

– Não é nada. – neguei, sentindo meu rosto inteiro esquentar – Quer dizer, é só um presente.

– Um presente? – seu olhar expressava certa curiosidade.

– Sim, mas eu ainda não sei o que é. – fui sincera.

– Então por que não abre logo? Sabe que adoro essas coisas de surpresa... – antes que eu pudesse impedir, minha mãe pegou a caixa das minhas mãos – Por aqui deve ter uma tesoura, eu sei que tem...

– Não! É que eu não quero... – me precipitei a tomar o meu presente de volta, lembrando do que o Joel me disse ao entregá-lo para mim, e ela tornou a me encarar um tanto desconfiada – Não deve ser nada especial. Eu acho que quero abrir sozinha.

– Tem certeza? – pude ver as suas sobrancelhas arquearem.

– Tenho! – assenti rápido.

– Tudo bem, vou te deixar subir agora. – ela me liberou por fim.

Apesar de ainda estar confusa, sem entender exatamente o que tinha acabado de acontecer, eu sorri agradecida, e nos despedimos com um leve aceno de cabeça. Subi as escadas me questionando se havia mesmo lembrado de acordar hoje mais cedo, cheguei até a beliscar o meu próprio braço só para conferir. Por mais que eu gostasse da ideia sugerida, não dava para ignorar o fato desse interesse repentino ser estranho da parte da minha mãe, principalmente depois de tudo o que ela e o meu pai fizeram e disseram contra o Jason.

Entretanto, eu acho que preferia acreditar que ambos tinham caído na real, e só estavam tentando se desculpar de coração agora, era menos problemático pensar de tal forma. Assim que alcancei o meu quarto, tratei de trancar a porta com a chave, não queria ser incomodada por ninguém enquanto abria o meu presente. Mas antes, achei melhor mandar uma mensagem para o Jason, queria saber se podia ligar para conversarmos sobre a proposta de jantar dos meus pais, afinal também era importante checar o que ele pensava disso.

"Acabei de chegar em casa, e você não vai acreditar no que aconteceu..." – optei por mandar um áudio – "Estou indo para o banho agora, mas preciso muito conversar com você, então me liga assim que puder, tá?"

Depois de encaminhar aquela mensagem, deixei o meu celular junto da "caixa misteriosa" sobre a escrivaninha. Por mais curiosa que estivesse para saber o que tinha dentro, primeiro precisava tomar um banho e me livrar de todo aquele suor, bem como da sensação incômoda de uma pele pegajosa. Então, rapidamente me dirigi ao closet, onde apanhei duas toalhas e um roupão antes de adentrar o banheiro e finalmente me despir. Agradeci mentalmente ao mergulhar embaixo do chuveiro e sentir a água morninha me banhar dos pés a cabeça.

No entanto, por mais que eu quisesse estender aquela sensação deliciosa, cuidei para ser o mais breve possível, pois não queria correr o risco do Jason me ligar enquanto eu ainda estivesse no banho. Por isso mesmo, uns dez minutos depois eu já estava vestida no meu roupão, terminando de passar meus óleos e hidratantes corporais. A primeira coisa que fiz ao sair do banheiro foi correr em direção ao celular para checar se o Jason havia ou não respondido, e sorri largo ao ver uma nova mensagem de texto sua, a qual me apressei em ler:

"Desculpa, eu não posso ligar agora, pequena, mas aviso assim que estiver livre, quero muito saber o que você achou do seu presente. Enquanto isso, aproveite o dia com as suas amigas. Nos falamos melhor à noite. Se cuida!" – Jason, 8:35am.

Aquilo me fez soltar o ar com força pelo nariz, era uma droga ele estar tão longe, e a maior parte do tempo ocupado demais pra falar comigo. Mas eu também tentava entender que não era sua culpa, mesmo longe e sempre trabalhando, ele estava se esforçando para manter o contato, e de alguma forma isso me fazia se sentir importante. Bloqueei o meu celular, e o devolvi à escrivaninha, logo depois peguei uma tesoura na primeira gaveta, a qual usei para romper os lacres ao redor da "caixa misteriosa".

Quando terminei de cortar todos, a tampa saiu com facilidade, mas ao afastar o papel seda senti um rubor imediato surgir nas bochechas. Mesmo nunca tendo usado nada daquilo, com a exceção de um plug anal, eu sabia muito bem o que eram brinquedos sexuais, e não conseguia acreditar no que estava vendo agora. Quer dizer, o que o Jason tinha na cabeça? E se a minha mãe tivesse aberto aquilo no meio da sala? Tenho plena certeza de que eu não saberia onde enfiar a minha cara, por sorte não era essa a situação.

Deixei a tampa de lado, conferindo se estava de fato sozinha naquele quarto enorme, assenti para mim mesma ao confirmar que sim. Então segui com aquela caixa em direção a minha cama, onde me sentei com ela sobre o meu colo para analisar melhor os produtos ali dentro. De cara, identifiquei uns quatro tipos diferentes de plug, um mais comprido com bolinhas e outros três mais parecidos com o que Jason tinha usado em mim certa vez, só que em tamanhos diferentes. Também havia alguns tipos de consolos, vibradores e mais umas coisas em formato estranho que eu nem sabia para o que serviam.

Uma delas parecia até um golfinho rosa, o qual só por curiosidade decidi pegar primeiro. Olhei aquilo de todos os lados, mas apesar de achar que o pequeno buraco numa das pontas fosse o segredo, eu ainda não fazia ideia de como usar. Sem respostas, tornei a encaixá-lo no seu devido lugar, e toquei as pontas dos dedos pela extensão do consolo de borracha em formato tradicional que, apesar de não ser tão pequeno, me deu a impressão de ser menor do que... Ao me dar conta do que pensava, senti o meu rosto inteiro esquentar de vergonha e rapidamente peguei o bilhete que acompanhava os produtos.

"Eu juro que gostaria de ter visto a sua cara abrindo essa caixa, mas acho que posso imaginar o quão vermelha de vergonha ficou, e é uma delícia só de pensar. Acredito que deva estar se perguntando por que eu te mandei algo assim... Bom, em minha defesa, vou adorar te ensinar a usar cada um enquanto não volto pra casa, e quando eu voltar tenha certeza de que vou pegar pesado com você!
Ass.: J. A. Davis."

Ao terminar de ler, uma risada faceira me escapou, não sei se pelo nervosismo ou pela vergonha, provavelmente as duas coisas. Era mesmo a cara do Jason me deixar completamente sem graça, mas confesso que no fundo aquela sua ideia pervertida me soou um pouco excitante. Não que eu tivesse planos de fazer sexo com ele pelo telefone, porém não era de tudo ruim atiçar um pouquinho, só para não perder o costume. Meneei a cabeça, tratando de me levantar da cama e tampar aquela caixa outra vez, a qual optei por guardar numa das prateleiras do meu closet.

Em seguida, me apressei a secar os cabelos e procurar a lingerie certa para devolver na mesma moeda. Precisava de algo bem delicado, então passei um tempo nisso, até que finalmente achei a peça perfeita. Era um baby-doll com detalhes de renda bem trabalhados, junto de um robe preto com certa transparência que o tornava super lindo e delicado. Lembro que tinha comprado aquilo enquanto ainda namorava com o Jordan, mas nunca cheguei a usar porque morria de vergonha. Bom, a todo caso, serviria agora e era o que importava. Assim que vesti ambas as peças, logo me dirigi ao espelho para conferir o caimento.

– Vamos ver o que você acha disso, Jay. – sorri maliciosa, empurrando parte do meu robe para trás, até um dos meus ombros surgir no reflexo.

Estava perfeito, ainda melhor do que eu queria, então corri logo para buscar o meu celular antes que a insegurança batesse e me fizesse mudar de ideia. Em frente ao espelho outra vez, fiz algumas poses provocantes para as fotos, nada que mostrasse muita coisa ou que fosse parecer vulgar demais, não era necessário. Além do mais, para atiçar um cara feito o Jason, que estava acostumado a conviver com mulheres de todos os tipos e tamanhos em sua boate, acho que o segredo era mostrar o mínimo possível e deixar o resto a cargo da sua imaginação.

Quando terminei ali, me joguei na minha cama e passei um bom tempo escolhendo quais fotos haviam ficado melhores dentre todas as outras. No fim das contas, acabei me decidindo apenas por três delas, as quais ainda conferi por longos minutos até finalmente anexar à sua conversa. Um sorriso zombeteiro se fez em meus lábios, à medida que digitava a mensagem que as acompanharia, o que também não era lá nada sexual ou depravado. Mesmo assim juro que queria estar bem ao seu lado quando os arquivos chegassem no seu celular, só pra ver de pertinho qual seria a sua reação.

"Olha só o que eu encontrei no meu closet hoje, Jay... Estava pensando em usar quando você voltar, o que acha?" – 10:00am.

Saltei da cama após enviar as fotos junto com a mensagem, estava ansiosa para ler o que ele ia responder quando visse aquilo, mas também sabia que podia demorar já que estava ocupado, e por isso não ficaria esperando. Precisava me arrumar agora, pois já era próximo a hora de encontrar com a Emily e o Dylan para escolhermos o vestido perfeito para o casamento. Os pais dela eram bem conservadores, por isso queriam fazer tudo dentro dos conformes com cerimônia religiosa, festa e o que tivesse direito, mas estavam com pressa por conta da gravidez.

Em contrapartida, Dylan e eu decidimos que nossa amiga não se casaria com qualquer vestido, e cuidaríamos disso ainda hoje para adiantar essa parte. Me apressei em trocar de roupa outra vez, fiz uma maquiagem leve e um penteado discreto nos cabelos, depois tratei de organizar minha bolsa com dinheiro e meus documentos. Saí do meu quarto, checando o meu celular uma última vez, mas as minhas mensagens ainda não tinham nem chegado para o Jason.

Provavelmente estava com o celular desligado ou sem internet agora, o que significava que não podia mesmo falar comigo antes de terminar seja lá o que estivesse fazendo fora. Enquanto descia as escadas, notei que o relógio já marcava pouco mais de 11am, e logo chamei um uber que não demorou muito a chegar. Então me despedi da minha mãe, avisando para não me esperar para o almoço, e parti para o shopping.

A motorista era uma moça bem animada, que conversou comigo durante quase todo o caminho, e acho que isso fez o tempo passar mais rápido. Quando cheguei ao meu destino, paguei a corrida e lhe deixei uma boa gorjeta, em seguida mandei uma mensagem para a Emily, perguntando se ela é o Dylan já estavam lá dentro. Com a resposta positiva, eu corri direto para a loja onde ela ainda provava o primeiro vestido.

– Desculpa o atraso. – pedi assim que cheguei – Eu perdi muita coisa?

– Não, a gente chegou agora também, senta aqui. – Dylan deu uma suave tapinha no braço da poltrona ao seu lado.

– Ah, que bom! – respirei um pouco mais tranquila – Mas e aí, a Emy está animada?

– Animada não seria bem a palavra que eu usaria... – comentou ele, após eu me sentar ao seu lado – Digamos que ela está mais para "chegando quase no limite".

– Nossa, eu imagino. – meneei a cabeça – Deve estar a maior correria para agilizar tudo até o final do mês.

– E eu nem te conto, a mãe dela estava a flor da pele hoje porque ainda não conseguiram o espaço pra festa. – seu tom de voz soou preocupado – Os poucos lugares disponíveis em Shadowtown estão totalmente fora do orçamento, sabe?

– Isso é uma droga, o casamento já é no fim do mês. – apertei a bolsa em meu colo.

– Sim, eu sei. – o vi assentir com a cabeça – Mas estava pensando numa coisa...

– O quê? – arqueei as sobrancelhas.

– Bom, agora que você está dormindo com um gângster, certas portas podem abrir com facilidade. – confesso que demorei um pouco para acompanhar seu raciocínio.

– Ah, não. – neguei apressada – Me diz que você não está querendo meter o Jason nisso?

– Qual é? – Dylan estava mesmo esperançoso – Aposto que se você pedir com carinho, ele arranja um lugar super bacana pela metade do preço.

– Vai por mim, a Emy não vai querer uma festa de casamento no lado sul da cidade. – dei risada só de imaginar os tipos de lugares que o Jason conhecia.

– Mona, eu sei que ele te deu um colar de diamantes, então se tem alguém que pode fazer um milagre agora, esse alguém é o seu bofe. – aquilo me pegou de surpresa.

– Espera aí, como é que você sabe do colar? – tornei a encará-lo, agora muito curiosa.

– A Emy me contou que você estava usando um colar de diamantes, eu só deduzi o resto. – Dylan deu de ombros.

– Tá, mas o problema é que o Jason ainda não voltou da viagem. – rolei os olhos, me recostando na poltrona.

– Sério? – seu olhar agora parecia completamente desapontado – Eu estava torcendo pra você dizer que perdeu a hora porque estava transando horrores com ele.

– Dylan! – senti minhas bochechas esquentarem de vergonha.

– O quê? – ele deu uma risadinha – Vai dizer que essa não vai ser a primeira coisa que vão fazer quando ele voltar?

– Não! – respondi num impulso – Quer dizer, é provável que sim, mas do jeito que você fala parece até que é só nisso que eu estou pensando.

– Você eu não sei, mas aquele gostoso vai acabar com a sua raça, darling. – seu tom de voz era carregado de malícia, o que fez meu rosto inteiro arder de vergonha.

– Ai, vê se cresce, Dylan! – lhe dei um leve empurrão no braço, tentando disfarçar.

– Eu só estou avisando... – ele riu um pouco mais.

– Lizzie, que bom que chegou! – Emily saiu do provador, chamando nossa atenção para o vestido que usava.

Não consegui dizer nada a primeiro momento, pois fiquei totalmente paralisada ao ver minha amiga vestida de noiva, isso causava um impacto e tanto.

– Então, o que acham desse? – perguntou ela, ao se virar para conferir melhor no espelho.

– Uau! Você está linda, amiga. – finalmente consegui falar.

– Até que é bonitinho sim, mas ninguém casa com o primeiro vestido que prova. – disse Dylan, sem papas na língua.

– Eu gostei desse. – Emily deu meia volta para nos encarar outra vez.

– É, eu imaginei que fosse gostar, mas não tem como saber se vai ser esse. – completou ele.

– Por que não? – as sobrancelhas dela arquearam, e notei que pareceu um tanto desapontada – Qual o problema com ele?

– O problema é que você ainda tem uma loja inteira para provar, e o meu champagne ainda não chegou, então já pra dentro desse provador outra vez. – Dylan se levantou num sobressalto.

– Você pediu champagne? – Emily deu uma risadinha, sendo praticamente empurrada para dentro do provador outra vez – Sabe que ainda não temos 21 anos, né?

– Sim, mas as vendedoras não precisam saber desse pequeno detalhe. – ele soltou seus ombros, muito bem humorado – Qual é? Eu vou casar a minha primeira amiga, isso tem que ser em grande estilo.

– O Dylan tem razão. – concordei, em tom risonho.

– Ele sempre tem, não é? – a vi cruzar os braços.

– Que bom que sabem disso. – ele fingiu limpar as unhas na camisa.

– Certo, certo. – Emily assentiu com a cabeça – Sobre o que estavam conversando?

– Nada demais, a Lizzie só estava me dizendo que topa vender o lindo corpinho dela para o little gângster, em troca do melhor espaço de festas da cidade para o seu casamento. – Dylan me lançou uma piscadela.

– O quê? – a testa dela franziu em confusão.

– O Dylan quer que eu peça ajuda ao Jason. – tentei explicar melhor, apesar de não saber onde enfiar a minha cara.

– Ah, isso faz mais sentido. – sua expressão pareceu desanuviar – Você acha que ele pode mesmo ajudar?

– Eu não sei, mas posso perguntar se você quiser. – falei no tom mais gentil que consegui.

– Sério? – seus olhos cintilaram de satisfação – Faria isso por mim?

– É claro, só não prometo nada porque o Jason ainda está fora da cidade. – fui sincera, não queria gerar falsas expectativas.

– Existe uma coisinha chamada celular, meu bem, e ameaças não precisam ser feitas pessoalmente. – comentou Dylan, cuspindo deboche.

– Vem cá, como vocês pensam que o Jason é, hein? – cerrei os olhos.

– Meio sombrio e um pouco assustador? – respondeu Emily, em tom de pergunta.

– Pois é, viu só? Não sou o único, bebê. – disse Dylan, tranquilamente.

– Tá, mas ele não é assim. – neguei com plena certeza.

– Não com você, mas te garanto que o resto da humanidade pensa diferente, amiga. – Emily tentava não ser tão má na escolha de palavras.

– É sério, o Jay não é tão ruim assim como pensam. – tratei logo de defender – Só precisa ter um pouco mais de paciência com ele.

– Se você está dizendo... – Dylan riu anasalado, o que me fez rolar os olhos antes de cair na risada junto com ele e a Emy...


JASON

Mais tarde pela noite...

Passei o dia hoje entre galpões e entregas de malotes com a grana falsa do Alexander, a qual precisava ser lavada pelos seus lacaios para retornar refinada às suas mãos. O desgraçado continuava praticamente com as mesmas táticas de negócios, usando pessoas "comuns" para fazerem seu trabalho sujo, o que era altamente lucrativo já que passavam despercebidas pelas altoridades. Enquanto isso, sua campanha para deputado federal se mantinha firme, e acredito que se não fosse preso ou morto até lá, se elegeria com muita facilidade no cargo.

Bom, pelo menos esse era um dos motivos pelo qual o Alexander havia solicitado apoio direto do Enrico. Claro que a morte de um dos seus subordinados gerou alvoroço na semana passada, ainda mais que a Allana fez questão de entregar a cabeça do defunto numa bandeja de prata com suas iniciais talhadas junto a palavra "traditore", que significava "traidor" em italiano. No entanto, ao se confirmar os motivos que ocasionaram o seu assassinato, os acordos voltaram aos eixos.

Por um tempo, a Black Wings teria que fazer a segurança do futuro deputado, como forma de pagamento por ele ter usado sua influência no governo para livrar a minha cara. Mas apesar de ter sido solicitado que fosse eu quem fizesse sua segurança pessoal, Enrico não abriu mão que seguisse cuidando dos interesses da família Savoia, e apenas emprestava meus serviços quando não estava fechando nenhum novo negócio. Seu objetivo desde que voltou da Itália, era expandir nossa influência para fora de Shadowtown.

No fim do dia, Alexander nos convidou para um dos seus eventos particulares, começou com um jantar tranquilo e depois veio o álcool, as drogas e as vadias. Nem preciso dizer que, mais uma vez tive que acompanhar o Enrico como o seu segurança. Dessa forma, eu não podia participar da "farra" para não perder o foco, mas também não estava livre para ir embora, o que conseguia ser um saco. Não que eu quisesse me juntar, pelo contrário, não via a hora daquela merda toda acabar para finalmente poder voltar pra casa.

Era lá que a minha cabeça sempre estava, e todos os dias eu conferia com o Joel a rotina da Lizzie, se ela havia acordado bem, o que fez durante o dia, pra onde foi, com quem esteve e o mais importante... Se estava segura. Só conseguia relaxar quando ele confirmava que sim, isso era como o meu combustível. Hoje em questão, mal falei com a Lizzie, pois tive que desligar o celular logo cedo pela manhã, e tudo o que eu sabia era que ela havia recebido a minha encomenda.

Daria tudo para ver a sua reação ao abrir aquela caixa, aposto que ela me faria rolar no chão de tanto rir, talvez até me xingasse pelo nervosismo e vergonha, provavelmente me xingaria com tapas e pontapés. Eu sentia a sua falta, e queria mesmo estar por perto, mas a pior parte era saber que ainda não tinha data certa para voltar. Desviei minha atenção do Enrico para conferir o relógio no meu pulso, os ponteiros marcavam quase uma hora da manhã.

– Merda! – ralhei em tom baixo ao lembrar que havia combinado de ligar para a Lizzie essa noite.

– O que foi, bonitão? – questionou a puta sentada no colo do Alexander, bem ao meu lado, após aspirar uma das carreiras de cocaína que ele havia posto sobre a mesa – Por acaso, cansou de ficar aí só olhando?

– Nossa amiga aqui tem razão, Aron. – comentou ele, com um sorriso duvidoso estampado na cara – Hoje é dia de comemorar, pegue uma bebida e escolha uma mulher do seu agrado, essas são as melhores vadias de Seattle.

– Não, eu estou satisfeito. – neguei, sem pensar duas vezes.

– Qual foi? Vai dispensar minha cortesia assim? – vi suas sobrancelhas arquearem em desconfiança.

– Caso não se lembre, estou aqui a trabalho. – tomei uma posição mais rígida na conversa.

– É, mas eu acho que tem outro motivo. – especulou Alexander – Você nem sequer olhou para nenhuma das garotas a noite inteira, não me diga que está comprometido... – rangi os dentes ao ouvir seu tom desdenhoso – Espera aí, é isso mesmo?

– Sobre o que estão conversando? – Enrico se juntou a conversa.

– Nada demais. – tentei finalizar o assunto.

– Como assim "nada demais"? – seguiu Alexander, o desgraçado não deixaria algo assim passar – Durante o tempo que trabalhamos juntos, eu nunca te vi se enrabichar por nenhuma mulher. Mas creio que essa deva ser especial, quero conhecê-la.

– De que donna ele está parlando, McClain? – questionou Enrico, com o sotaque italiano ainda mais forte que o comum, estava mesmo bêbado.

– O Alexander entendeu errado, porque não tem mulher nenhuma, eu não sou o tipo de cara que assume compromissos. – menti o melhor que pude, pois sabia que precisava preservar a Lizzie.

– Claro, no que estou pensando? Esse é o Aron que eu conheço. – Alexander deu dois tapas em minhas costas, como se fôssemos amigos ou algo do tipo – Sendo assim, não posso te deixar sair daqui sem pelo menos um agrado. Hey, Denise! Denise, querida, venha aqui.

Ele estendeu uma das mãos, se pondo a chamar uma moça loira que se encontrava mais ao longe, e logo percebi que o infeliz não estava satisfeito com a minha resposta, então rapidamente decidiu que faria uma espécie de teste comigo para tirar a história a limpo. A tal Denise, que assim como as demais vestia quase nada, não demorou a se aproximar, trazendo consigo um copo de whisky em mãos.

– Sim, Sr. Montenez, no que posso ajudá-lo? – questionou a jovem mulher, ao se aproximar.

– Quero que alegre o meu amigo aqui, faça o que ele mandar essa noite, entendeu? – Alexander passou a me encarar outra vez, como se aguardasse ansioso pela minha reação.

– Sim, senhor, como quiser. – ela sorriu, passando a me olhar com malícia – Então, notei que o seu amigo é discreto, aposto que ele vai preferir um lugar mais reservado, estou certa?

– Na verdade...

– Eu perdi alguma coisa? – Frederick me interrompeu ao voltar para a mesa.

– Parece que o McClain tirou sorte grande oggi. – Enrico servia mais bebida em seu copo – Veja só a bella ragazza que ele faturou stasera.

– Ah, é mesmo? – o velho homem me encarou surpreso – Mas eu pensei que o McClain estivesse aqui para fazer a sua segurança.

– É exatamente o que estou tentando dizer. – rolei os olhos, já quase sem paciência.

– Ebbene, depois de una settimana cheia e cansativa como a que tivemos, un uomo merece un buon riposo. – disse Enrico, em tom animado.

– Olha, eu sei exatamente como te fazer relaxar, o que acha? – Denise se chegou um pouco mais, sentando cuidadosamente em meu colo.

– Obrigado, mas eu já disse que estou satisfeito. – pousei minhas mãos nos braços da poltrona, evitando qualquer contato direto com aquela vadia.

– Mas como pode estar satisfeito se ainda nem provou o sabor local? – sua destra tocou meu peitoral, se enfiando por baixo do paletó – Não precisa ficar nervoso, prometo que só mordo se você pedir.

– Que tal mostrar do que é capaz, docinho? – sugeriu Alexander – Presenteie meus convidados com uma de suas danças, vamos lá.

– É isso aí, mostre o que sabe, bella dona. – Enrico deu dois leves tapas em sua perna, e a vadia que acendia o seu charuto rapidamente sentou em seu colo.

Naquele momento, eu sabia que não adiantava nada contrariar o que era imposto e, caso negasse a exibição daquela mulher, seria quase como dar a resposta pela qual Alexander estava desconfiado à espera. Apenas assenti, e me ajeitei melhor sobre a poltrona, quando Denise se levantou outra vez. Num movimento sutil, ela deixou o seu copo sobre a mesa, a essa altura sabia que todos os pares de olhos estavam voltados a si. Embalada pela batida sensual que tocava, começou a mexer os quadris lentamente de um lado para o outro, dando apenas um pequeno gostinho para a plateia a sua volta.

Ao se virar novamente em minha direção, seus olhos azuis mergulharam nos meus, dispostos a analizar cada uma das minhas reações. Suspeito que o Alexander não escolheu aquela mulher ao acaso, ela parecia mais esperta do que as outras e provavelmente era da sua confiança. Não tardou até que senti as mãos da Denise tocarem minhas pernas, deslizando por elas de forma um tanto provocante, enquanto o seu rosto se aproximava do meu. Ela sorriu sacana, empinando mais o seu traseiro para que eu a visse rebolar, à medida que seus lábios se dirigiam ao meu pescoço.

Travei o maxilar ao sentir seus beijos molhados em minha pele, mas logo depois ela se virou de costas rebolando sem parar, não posso negar que era boa nisso. Enrico me estendeu alguns dólares, os quais eu coloquei entre o elástico da sua calcinha, me obrigando a acariciar as laterais das suas coxas, o que rapidamente fez seus pelos eriçarem. Denise não tardou a me encarar por cima do ombro, e pareceu surpresa quando me viu apertar o seu traseiro antes de desferir uma forte palmada numa das suas nádegas. Ri anasalado, pois aposto que se olhasse para o lado veria a mesma expressão estampada na cara do Alexander.

– Você é uma boa puta, a cadelinha obediente do chefe e de no mínimo metade dos caras que fecham negócios com ele, então não serve pra mim. – a empurrei para longe antes de me levantar, tratando de arrumar o meu terno – Sugiro que tente o cavalheiro da esquerda, deve ter mais sucesso com ele.

– Mas o que... – Denise se calou ao ver o gesto do Montenez com uma das mãos.

– Está recusando o meu presente? – ele cerrou o cenho.

– Se quer mesmo me dar um presente, da próxima vez me ofereça a sua filha, e terei o prazer de transformá-la numa das minhas vadias. – sorri cínico, apreciando a raiva tomar conta das suas feições – Mas adianto que se ela já for uma, também não vai servir pra mim. É que eu gosto de exclusividade.

– McClain, non offendere il nostro parceiro de negócios, un uomo como o Alexander non tem que oferecer a boceta da própria figlia só perché precisa de apoio para se eleger. – comentou Enrico – Então se un giorno ele a oferecer pra você, acredito que vai se agradar pela qualidade dos attributi della ragazza.

– Bom, se eu pesar pela puta rodada de merda que o nosso parceiro de negócios me ofereceu hoje, mantenho minhas dúvidas. – respondi com deboche – A todo caso, se ainda quiser me dar um presente a altura, não aceito menos do que a sua própria filha da próxima vez. Traga a garota e eu lhe digo o que penso. Agora, se me dão licença, preciso usar o banheiro, senhores.

Nenhuma outra palavra foi dita e, após um discreto aceno de cabeça do Enrico, eu me retirei da sala em direção aos fundos onde ficavam os banheiros. Sei que já era bem tarde, mas ainda precisava checar se estava tudo bem com a Lizzie, então assim que tranquei a porta de um dos cômodos também tratei de ligar o meu celular. Enquanto reiniciava, resolvi acender um cigarro para relaxar um pouco, e pude ver todas as mensagens do dia carregarem de uma só vez. Ignorei todas, seguindo direto para as dela, eram as únicas que realmente me importavam.

Um sorriso sacana me escapou ao carregar as fotos encaminhadas na nossa conversa, a Lizzie só podia estar brincando comigo. Meneei a cabeça, antes de dar uma longa tragada no cigarro, depois abri os arquivos um por um, dando bastante zoom para apreciar bem cada detalhe. Ela usava nada mais que um baby-doll e um robe de seda, que lhe caíram como uma luva, realçando ainda mais as suas belas curvas. Porra, como é que aquela garota conseguia ser uma filha da mãe tão sexy? Eu podia imaginar umas mil formas de puni-la por me provocar assim, era um golpe muito baixo quando se estava tão longe.

Me escorei na pia, soprando a fumaça pra cima enquanto fechava os olhos para imaginar a Lizzie ali bem na minha frente, usando exatamente a mesma roupa das fotos e nada mais que isso. Ela sabia como me provocar, e normalmente nem precisava fazer muito esforço, porque era sempre a primeira coisa que eu pensava ao acordar e a última antes de dormir. Era o meu vício, a minha dose de morfina diária e, sem dúvidas, o motivo para eu voltar pra casa. Tornei a abrir os olhos quando percebi meu amigo se animar dentro da calça, e sacudi a cabeça, tornando a tragar o cigarro, até decidir que precisava falar com ela.

– Alô? – sua voz soou sonolenta do outro lado da linha, após o quarto ou quinto toque.

– Desculpa, eu só consegui ver as suas mensagens agora. – fui sincero, afinal não pensei muito no que dizer antes de ligar.

– Já passa de uma da manhã, Jason, o que você quer? – questionou Lizzie, um tanto impaciente.

– É, está meio tarde. – observei o relógio em meu pulso – Você está em casa?

– Onde mais queria que eu estivesse à essa hora da manhã? – sua pergunta tinha um fundo de raiva misturada com uma boa dose de ironia.

– Eu sei, foi mal. – concordei com um leve aceno de cabeça – Desculpa não ter ligado antes, é que eu estava meio enrolado aqui.

– É, parece que você tem coisas mais importantes pra fazer, e eu não quero atrapalhar, então volta logo para os seus negócios. – ela estava mesmo brava comigo.

– Hey, não fica chateada, vai? – tentei remediar – Eu não perdi a hora porque quis, sei que sabe disso.

– Tanto faz, está tarde, e eu quero muito voltar a dormir agora. – percebi que ela não queria estender aquela conversa, e talvez tivesse razão.

– Tudo bem, só quero que saiba que eu vi as suas fotos, você fica muito bem com essa roupa. – fui direto ao ponto – Mas ficaria ainda melhor sem ela.

– Então você me ligou no meio da madrugada só pra falar isso? – juro que por um segundo pude ver suas sobrancelhas arqueadas – Tudo bem, já terminou?

– Não faz assim, Lizzie. – soltei o ar preso em meus pulmões – Eu pisei na bola, mas estou aqui agora, não estou?

– Você disse que ia ligar a noite, e eu fiquei esperando como uma idiota. – dessa vez, pude identificar certo tom melancólico em sua voz, como se estivesse prestes a cair no choro.

– Não, você não é idiota. – me apressei a negar – Acontece que o meu dia foi mais longo do que imaginava, mas eu teria ligado antes se pudesse, sabe disso, não sabe?

– Não, eu... Espera aí, onde é que você está? – ela fez uma pausa, como se tentasse ouvir alguma coisa – Que música alta é essa tocando aí, Jason?

– Ah, bom...

– Você está numa festa? – Lizzie me cortou, antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa – Mas é claro! Por isso estava ocupado demais para ligar pra tonta burra aqui.

– Pequena, espera...

– Não, eu te esperei a noite toda, Jason. Também tive um dia cheio, e estou cansada. – ela tornou a me interromper, ainda mais furiosa do que antes – Quer saber? Volta pra droga da sua festinha, porque eu vou voltar a dormir. Ah, e não se atreva a me acordar de novo!

– Lizzie, me deixa explicar? – pedi, sem entender ao certo por que estava tão zangada.

– Tenha uma ótima noite! – disse em tom firme, e encerrou a ligação.

Afastei o celular do ouvido, ainda meio atordoado com o que havia acabado de acontecer, foi tão rápido que não consegui nem acompanhar direito. A única coisa que dava para entender é que a Lizzie estava muito puta comigo, o que estranhamente soava agradável. Quer dizer, eu não queria deixá-la zangada por uma bobagem tão pequena, mas o fato dela estar, significava que se importava muito em falar comigo. Não que eu duvidasse disso, só era bom lembrar que agora realmente tinha alguém me esperando em casa.

O único problema é que eu nunca tinha lidado com uma crise no relacionamento antes, então não fazia ideia se devia ligar de novo ou deixar ela esfriar a cabeça. Qual é? Não dava pra adivinhar o que a Lizzie gostaria que eu fizesse, mas tinha certeza que seja lá o que fosse não podia piorar a situação. Decidi não ligar, pois estava mesmo tarde e ela foi bem clara quando disse que queria voltar a dormir. Após uma última tragada, apaguei o cigarro no mármore da pia, tratando de desligar o celular novamente, antes de deixar o banheiro...

[...]

Baby-doll da Liz:

Robe da Liz:

🦋. O que dizer do presente que o Jason enviou pra Lizzie? 🤭 E ela toda trabalhada na provocação, devolvendo com as fotos 😌 Sem falar nesse final, uma leve "DR" com o Jay perdidinho kkkkkkk Mas e você, acha que ele fez certo ou devia ter insistido mais um pouco ligando de novo?? 🤔😅

🦋. Deixe o seu comentário, e se gostou do capítulo aperta a ⭐️, é rapidinho e não custa nada. Até o próximo final de semana 😘

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top