35. Medida extrema

"Sombras silenciosas estão dançando agora, pedindo minha mão. Eu estou aguentando bem, eu estou tentando dar sentido a tudo isso, tentando entender... Você já se perguntou como é perder o que você não pode ficar sem? – Overcome, Skott."

JASON

Depois de jantarmos num restaurante agradável, eu finalmente dirigia de volta para casa agora e, ao meu lado, Lizzie cantarolava uma das músicas da sua playlist que tocava alto no rádio. Uma tal de Taylor Swift ou algo assim. Ri anasalado quando ela aumentou o tom no refrão, era sempre assim, e acho que eu estava começando a me acostumar com tamanha empolgação. Para ser bem sincero, já não conseguia mais me imaginar sem ela, não existia uma realidade para mim se não fosse ao lado dela.

A minha pequena era o bem mais precioso que eu tinha, a minha cura feita sob medida, a minha única certeza. Quando estávamos juntos, nada mais importava. O velho ódio enraizado e acumulado no meu peito recuava, dando espaço para um sentimento muito mais forte e ardente. Quem diria que, um cara feito eu, se apaixonaria assim um dia? E que, além disso, também seria amado na mesma intensidade... Pois é, a vida é mesmo louca, não? Ao estacionarmos no sinal, eu pousei carinhosamente a minha destra sobre a sua coxa.

– And, baby, for you, I would fall from grace, just to touch your face... – Lizzie me olhou, ainda cantarolando a letra da música, e tocou o meu rosto numa leve gracinha – If you walk away, I'd beg you on my knees to stay.

– Que profundo. – entrei no clima, e ela sorriu largo, acariciando o meu rosto.

– Eu te amo tanto, seu bobo! – seus olhos brilhavam imersos nos meus.

– Ah, é? – apertei sua coxa, prestes a destravar o meu cinto de segurança para lhe roubar um selinho.

No entanto, o farol alto de uma moto que se aproximava me chamou a atenção pelo reflexo do retrovisor. Arregalei os olhos, num grito desesperado quando dois disparos foram efetuados contra a janela do carro. Naquele segundo, foi como se tudo passasse em câmera lenta bem na frente dos meus olhos, os vidros estouraram, e pude sentir o sangue quente respingar contra a minha cara. Era o sangue dela. Antes que eu pudesse impedir, o corpo da Lizzie pendeu para frente, e o seu cinto de segurança foi a única coisa que lhe impediu de esbarrar de cara no painel.

– Lizzie! – chamei com voz esganiçada, sentindo minhas entranhas se contorcerem – Isso não... Não!

Ao me dar conta do silêncio ensurdecedor, meu coração pareceu parar de bater no peito por um momento, antes de recomeçar a bater em velocidade dobrada. Quase como se o fizesse em câmera lenta, soltei o cinto de segurança, meus dedos gélidos também estavam trêmulos e, com um braço, agarrei o corpo da Lizzie, enquanto tentava limpar o sangue dela do meu rosto. Pude ouvir o ronco da moto tomando distância, mas tudo o que eu conseguia fazer agora era afastar desesperadamente o cabelo ensanguentado da minha mulher, enquanto segurava o seu rosto angelical entre os dedos. Seus olhos ainda abertos carregavam um semblante aterrorizado.

– Fala comigo, pequena! Por favor, você não pode... Não! – lhe puxei para os meus braços – Amor, não me deixa, por favor? – implorava dolorosamente – Lizzie, fala comigo?

Sem que eu percebesse, completamente fora do meu controle, as lágrimas pesadas rolavam quentes pelo meu rosto até se emendarem em meu queixo. Minhas mãos suavam frio, numa tremedeira sem fim, enquanto eu abraçava o seu corpo já sem vida com todas as minhas forças.

– Não me deixe! – meus pedidos se tornavam cada vez mais agonizantes – Eu te amo! FALA COMIGO! VOLTA PRA MIM! Lizzie, não me deixe...

...


– Jason, acorda! – despertei com alguém me sacudindo pelos ombros.

– Lizzie! – meus olhos se arregalaram ao vê-la na minha frente, e rapidamente lhe puxei para um abraço apertado – Eu pensei... Caralho! É que foi tão real... Eu não posso te perder, não aceito isso. Você é minha, não pode me deixar assim, entendeu?

– Do que está falando, amor? Foi só um pesadelo. – ela me abraçou de volta – Se acalma, está tudo bem.

– Você não pode... – beijei o topo da sua cabeça, a fim de confirmar que ela estava mesmo ali comigo – Eu faço qualquer coisa, mas você não pode me deixar.

– Eu estou bem aqui, e não vou a lugar nenhum. – garantiu Lizzie, mesmo não entendendo o que eu dizia – Respira devagar, está tudo bem.

– Preciso de você, muito mais do que possa imaginar. – ainda sentia minhas mãos trêmulas – Eu mato qualquer um que pensar em te machucar.

– Por que está dizendo essas coisas? – seu olhar ergueu para me encarar.

– Porque é a verdade. – afastei uma mecha de cabelo para a lateral do seu rosto – Não sei no que eu me tornaria se perdesse você, pequena.

– Você não vai me perder, foi só um pesadelo, se acalma e tenta respirar devagar. – sua destra deslizava carinhosamente pelo meu peitoral.

– Promete pra mim? – mergulhei profundamente naqueles lindos olhos verdes, a fim de tranquilizar os batimentos acelerados em meu peito – Apenas me diga que não vai me deixar, não assim... Não desse jeito.

– Hey, eu estou aqui do seu lado, Jay. – Lizzie se inclinou mais sobre mim, até selar os meus lábios demoradamente – Estou aqui com você, e não vou embora tão fácil, então é melhor ir se acostumando.

– Você é tudo de mais valioso que eu tenho! – segurei firme em sua nuca, e ela sorriu doce pra mim – Não importa o que aconteça, te dou a minha palavra que a sua segurança sempre vai ser a minha prioridade.

Num movimento rápido, puxei o seu corpo contra o meu, lhe fazendo montar sobre mim com uma perna para cada lado. Acontece que eu não estava satisfeito o suficiente para romper aquele contato, e Lizzie pareceu perceber quando voltou a me beijar. Agarrei seus cabelos macios entre os dedos, ao mesmo tempo que lhe abraçava com força pelos quadris. Precisava sentir o calor da sua pele macia em contato com a minha, ou ficaria louco. Sua destra tocou carinhosamente o meu rosto, no instante que eu pedi passagem com a língua e ela rapidamente cedeu.

Senti os pelos da nuca eriçarem com o toque delicado da sua mão livre ao apertar o meu ombro. Lizzie era tão frágil... Tão pequena e frágil. Essa droga de pesadelo trouxe junto um mau pressentimento do caralho, e fez despertar um alerta na minha cabeça, afinal eu precisava ficar mais atento daqui pra frente. Principalmente agora que um potencial inimigo estava na cidade e, pior que isso, o maldito do Alexander havia tomado conhecimento sobre a minha maior fraqueza. Quando diabos eu imaginaria que um cretino daqueles seria amigo dos meus sogros?

– Está mais calmo agora, amor? – perguntou Lizzie, após rompermos o beijo com alguns selinhos.

– É, eu acho que estou. – menti, ainda lhe segurando firme entre meus braços, como se a qualquer instante ela pudesse sumir.

– Quer falar sobre o seu pesadelo? – com o indicador, ela desenhou a curvatura do meu nariz até a ponta.

– Não, agora não. – neguei com a cabeça, não queria assustá-la com algo tão desagradável.

– Tá legal, mas eu estava nele, certo? – suas sobrancelhas arquearam, eu apenas assenti – Tudo bem. Depois quero saber o que te deixou tão nervoso.

– Eu só preciso que me abrace, pequena. – pedi – Basta isso, é tudo o que eu quero agora.

– Claro. Eu te amo, nunca se esqueça disso. – após depositar um beijo na minha bochecha, Lizzie se aconchegou entre meus braços, se aninhando em meu peitoral.

– Eu te amo muito mais. – passei a afagar os seus cabelos carinhosamente.

Enquanto eu encarava o teto branco em cima das nossas cabeças, Lizzie repousava em silêncio e não demorou até que percebi ela bocejar com sono. Então, para que não se machucasse naquela posição, resolvi me virar e lhe deitar ao meu lado de novo. Sua perna esquerda se entrelaçou entre as minhas, e me detive a puxar o seu corpo delicado para mais perto do meu. Nada era mais confortável do que senti-la em meus braços, como o encaixe perfeito para mim, como se tivesse sido feita sob medida. Ela era única e, quanto a isso, não restavam dúvidas.

Diferente da Lizzie, que não custou nada a adormecer novamente, eu não consegui pregar os olhos, graças aquele pesadelo que seguia martelando na minha cabeça. De uma coisa eu tinha certeza, nunca permitiria que algo ruim lhe acontecesse, nem que pra isso precisasse dar o meu sangue, mesmo assim... Não posso negar o quanto aquilo me deixou perturbado. Depois de longos minutos a fio, resolvi me levantar e tomar uma ducha a fim de esfriar os pensamentos que fervilhavam sem sossego.

Sem pensar demais, eu me joguei debaixo do chuveiro com o objetivo de limpar os pensamentos conturbados que me assolavam, mas não pareceu funcionar muito. Não me recordo de já ter sentido isso antes, bastava lembrar a sensação do toque quente do sangue dela respingando contra a minha pele que já provocava uma raiva irracional, a qual se alastrava em segundos controlando todo o meu corpo. Era sufocante e extremamente desagradável. Assim que finalizei o banho, vesti uma cueca limpa e apanhei o meu celular com cuidado para não fazer barulho, em vista de que a Lizzie ainda dormia agarrada no meu travesseiro.

Em seguida, deixei o quarto, me encaminhando para o andar de baixo, pois precisava fazer uma ligação. Disquei o número da Allana, porém todas as três chamadas foram encaminhadas para a caixa de mensagens, aquela maldita definitivamente não queria me atender. Me sentei ao balcão na cozinha, pensando se deveria ou não ligar para o Enrico, mas a resposta veio clara feito água após conferir as horas. Haviam se passado poucos minutos desde que me levantei e, tão cedo assim, ele também não me atenderia.

Tentava pensar em outra alternativa quando o leve barulho da porta do quarto se abrindo no andar de cima, chamou a minha atenção. Soltei a respiração com força, tratando de bloquear o meu celular, desistindo de qualquer coisa que fosse ao ouvir passos descendo a escada. Assim que me virei, pude ver a Lizzie alcançar o último degrau, enquanto apertava o laço em seu roupão de seda. Sua beleza radiante me deixava verdadeiramente hipnotizado, eu sabia que era um cara de sorte apenas por ser o único que podia chamá-la de minha. No instante que o seu olhar encontrou o meu, um doce sorriso se desenhou em seus lábios.

– O que está fazendo acordada tão cedo, pequena? – indaguei, enquanto ela se aproximava – Podia ter dormido um pouco mais, não acha?

– Bom, você não estava na cama, então... – Lizzie parou bem a minha frente, de braços cruzados – Está acontecendo alguma coisa?

– Não, você não tem com o que se preocupar. – agarrei seus quadris, lhe puxando para mais perto – Vem cá? Como é que você consegue ficar mais gostosa a cada dia, hein?

– Não começa! – suas pequenas mãos delicadas pousaram em meu peitoral – Além do mais, nas circunstâncias atuais, não dá pra gente fazer muita coisa, eu já te expliquei.

– Olha, eu posso ser um cara bastante criativo, sabe? – sorri malicioso, apertando o seu traseiro com força – Na verdade, até consigo imaginar várias soluções interessantíssimas.

– Nem pensar! Não vai rolar sexo assim, seu tarado! – Lizzie me arrancou uma risada sincera – Mas, agora me diz, você está mais calmo, amor?

– É, eu estou sim. – menti, porque era o certo a se fazer – Só não consegui voltar a dormir, então tomei um banho e desci para espairecer as ideias.

– Com o que exatamente está preocupado? – ela procurava entender – Foi só o pesadelo mais cedo, ou tem a ver com o tio Alex estar na cidade?

– Não chama esse cara assim, ele não é seu tio de verdade! – minhas palavras carregadas de fúria lhe fizeram estremecer.

– Sei disso, é que eu cresci chamando ele assim. – seu rosto se contraiu numa leve careta – Poxa, você tem que entender que até ontem eu não sabia que ele era um criminoso.

– Tanto faz, não quero você perto daquele sujeito de novo. – apertei firme os seus quadris.

– Mas ele está hospedado na casa dos meus pais. – ouvi seu suspiro pesado – Agora que sei a verdade, não posso deixar que eles se machuquem.

– Hey, não vai acontecer nada com os seus pais, eu vou cuidar disso. – garanti – Por ora, só preciso que me prometa que não vai fazer nenhum tipo de contato com ele ou com a família dele enquanto estiverem na cidade.

– Não, eu não vou. Quero distância da Maya. – suas palavras me permitiram sentir um alívio no peito.

– Ótimo! – lhe puxei para o meu colo, onde se sentou de lado com as pernas entre as minhas – Tem mais uma coisa... De agora em diante você só sai de casa se estiver comigo ou com um segurança.

– Espera aí, que história é essa de segurança? – a vi franzir o cenho.

– É só uma medida de proteção, não posso arriscar que se machuque. – pousei minha destra sobre as suas coxas – Eu só acho melhor que saiba, quando não estiver comigo, estará sempre acompanhada por alguém da minha confiança.

– Não acha que está exagerando? – Lizzie riu amarelo.

– Eu não ligo. – dei de ombros – Contanto que esteja segura, está tudo bem pra mim.

– E, pelo visto, a minha opinião não conta. – resmungou ela, cruzando os braços.

– Lizzie, não começa... – apertei sutilmente sua coxa esquerda – Aliás, já faz um tempo considerável desde que coloquei o Joel na sua cola, e tem dado tudo certo até aqui.

– Como assim? – seu tom de voz indicava espanto – Está dizendo que o seu capanga anda me seguindo pelos cantos?

– Não, ele está cuidando da sua segurança quando eu não estou por perto, é diferente. – expliquei.

– Há quanto tempo isso está acontecendo? – Lizzie me encarava nada satisfeita.

– Lembra quando eu tive que viajar? – arqueei as sobrancelhas, e sua ficha pareceu finalmente cair.

– Eu não acredito nisso, Jason! – ela saltou do meu colo, um tanto indignada pelo que ouvira.

– Relaxa, só quero garantir que você vai ficar bem mesmo quando eu não estiver por perto. – alcancei sua mão antes que ela se afastasse.

– E acha que colocar um cara pra me seguir por aí, sem ao menos me avisar, é a melhor solução? – ela tentou se soltar, mas agarrei firme o seu braço.

– Acho, porque pra começo de conversa se eu tivesse avisado, você nem se quer teria aceitado. – respondi.

– É claro que não! Como fica a minha privacidade? – sua testa franziu – Eu tenho que te contar tudo o que faço agora?

– Ah não, não precisa se dar ao trabalho, isso o Joel me passa nos relatórios. – ri anasalado, ignorando completamente o seu olhar fulminante – A propósito, apesar de você ter mentido, eu sei exatamente o que foi fazer na ginecologista ontem...

– Vo-você sabe? – Lizzie gaguejou nervosa, e notei sua postura áspera fraquejar de um segundo ao outro.

– É claro que sei. – aproveitei seu deslize e rapidamente lhe puxei de volta para o meu colo, onde caiu sentada outra vez – Só não entendi por que não me contou que ia colocar um DIU, era para ser uma surpresa?

– E-eu não... Como? – sua pele pálida perdeu uns dois tons.

– Você me pertence agora, é a minha mulher e tudo o que faz é do meu interesse. – ajeitei uma mecha de cabelo atrás da sua orelha – Não me entenda mal, mas não posso deixar que continue andando sozinha por aí, isso está fora de cogitação.

– Falando assim você parece até um cara possessivo e controlador. – seus doces olhos mergulharam nos meus.

– Bom, talvez eu seja. – voltei a acariciar suas coxas, dirigindo minha atenção aos seus lábios carnudos e rosados.

– Jason... – suas bochechas enrubesceram.

– O que foi? – sorri de canto, o que conseguiu lhe deixar ainda mais desconcertada – Saber que eu controlo cada passo que você dá te deixa excitada, pequena?

– Não, isso não está certo. – Lizzie negou rápido com a cabeça.

– Não importa se está certo ou errado, eu não ligo. – fui sincero – Na verdade, até poderia continuar mantendo isso em segredo, mas resolvi abrir o jogo porque daqui pra frente os seus seguranças não vão se preocupar em manter tanta discrição.

– Seguranças? Tipo no plural? – suas pequenas mãos apertavam a barra do seu roupão de seda.

– É, estou pensando em dois ou três. – comentei por alto – Acho que três é o suficiente, um número maior pode acabar chamando atenção.

– Isso é mesmo necessário? – a vi cerrar os olhos.

– Não estamos sempre juntos, e eu não posso correr o risco de te perder. – mergulhei naqueles lindos olhos verdes – Só de pensar nisso, já fico maluco. Eu não vou deixar que aconteça de verdade.

– Como assim "aconteça de verdade"? Está falando do seu pesadelo hoje mais cedo? – perguntou ela e eu assenti com profunda tristeza só por lembrar – Então eu morria no seu sonho?

– Essa merda foi tão real... – soltei o ar com força – Isso não pode acontecer, eu não vou deixar!

– Amor, foi só um pesadelo. – Lizzie se ajeitou melhor, sentando de frente para mim – Você não tem que se preocupar, está tudo bem, eu estou bem aqui.

– Eu sei, mas é que... – respirei o mais fundo que pude – Eu só quero garantir que fique bem. Você é tudo o que eu tenho e não quero que ninguém te machuque.

– Bom, se te acalma saber, eu até que estou ficando mais atenta e acho mesmo que consigo me virar com o que você tem me ensinado nas aulas de auto defesa. – argumentou ela – Ontem mesmo, quase imobilizei um homem no elevador.

– Como assim? – indaguei atordoado – Você não me contou...

– É que não aconteceu nada, acabou que foi só um engano. – fui interrompido.

– Um engano? Que tipo de engano? – voltei a questionar, a fim de entender melhor aquela história.

– Emily e eu fomos a ginecologista, como você já sabe, e um sujeito mal encarado entrou no elevador junto com a gente. – Lizzie começou a me dar detalhes – A princípio, pensei que fosse nos assaltar e, por muito pouco, eu não taquei spray de pimenta e acertei a jugular dele.

– Espera aí, quem era esse cara? O que ele estava fazendo no consultório de uma ginecologista? – me detive nos fatos que não pareciam encaixar muito bem.

– Foi exatamente o que eu me perguntei, mas a resposta veio quando as portas se abriram e demos de cara com a namorada super grávida dele. – confessou ela, com um leve sorriso zombeteiro nos lábios.

– Entendi. – ri fraco pelo nariz.

– Porém, eu tenho certeza que teria conseguido derrubá-lo se fosse preciso. – acrescentou, muito segura do que falava.

– Essa é a minha garota! – espalmei minhas mãos por suas coxas.

– O que estou tentando dizer é que eu já não sou mais tão frágil, quanto você pensa, amor. – seus braços se entrelaçaram em volta do meu pescoço – Mas tudo bem, se vai te trazer paz, você pode fazer o que achar necessário, e eu prometo que vou me esforçar para tomar mais cuidado.

– Obrigado, pequena. – tornei a alcançar seus quadris.

– Não tem que me agradecer nada. – Lizzie me roubou um selinho – Agora, o que acha de me ajudar a preparar o nosso café?

– Tá legal, essa é uma boa ideia. – vi um belo sorriso surgir em seus lábios – Adoro quando você cozinha pra mim.

– Eu sei, você sempre come tudo. – seus dedos brincavam entre os fios úmidos dos meus cabelos.

– Tudo mesmo, inclusive a cozinheira. – sorri sacana, apertando o seu traseiro farto.

– Se comporta! – percebi as suas bochechas ganharem certo tom avermelhado que eu adorava – Eu já disse, nada de sexo por uns dias, mocinho.

– Mas quem está falando em sexo aqui? – me fiz de sonso.

– Engraçadinho! – Lizzie rolou os olhos, e foi a minha vez de lhe roubar um selinho – Vamos logo com isso.

– Tá legal, o que vamos fazer hoje? – perguntei, assim que ela saiu do meu colo.

– Que tal aquela panqueca de banana que você adorou? – ela ligava o tablet sobre o balcão – Acho que ainda temos todos os ingredientes na dispensa.

– Talvez seja bom fazermos algumas compras no supermercado. – me levantei, caminhando em sua direção – Alguém aqui, eu não vou dizer quem, pode ficar estressada se o sorvete acabar nos próximos dias.

– Cala a boca! – ouvi sua risadinha quando lhe agarrei por trás.

– Qual foi? Eu só não quero ser a próxima vítima. – beijei carinhosamente o seu pescoço, e sorri malicioso ao ver seus pelinhos eriçarem – Dizem que namoradas de TPM são a causa da morte de 3 entre 4 namorados desatentos.

– Bom, isso deve ser mesmo verdade. – sua mão livre pousou sobre as minhas, enquanto com a destra procurava a receita das panquecas no tablet – Então, se eu fosse você, iria logo buscar os ingredientes na dispensa.

– Você que manda, pequena. – virei o seu rosto para selar os seus lábios, o que ela rapidamente retribuiu.

Em seguida, me dirigi para a dispensa, onde pegaria os ingredientes para prepararmos o nosso café da manhã. Ao ver as prateleiras praticamente cheias, um fraco riso me escapou pela lembrança da nossa primeira refeição no apartamento. "É sério, Jason? Você só comprou macarrão instantâneo?", ainda soava engraçado o quanto a Lizzie ficara indignada com aquilo. De lá pra cá, ela tinha dado jeito em várias coisas, era mesmo muito boa em assumir o comando, e não posso negar o quanto eu gostava disso.

Sua companhia havia trazido um novo sentido para a minha vida, e era verdadeiramente incrível o quanto tudo ficava muito melhor ao seu lado. Por isso, eu não podia arriscar que se machucasse, mas também não conseguia me afastar, mesmo sabendo que a nossa relação lhe colocava em risco constante. Terminar não era uma opção, e disso eu tinha plena certeza, afinal não deu certo da última vez e não era agora que daria...

JORDAN

"Deve ser por isso que uma tal de Ashley não para de ligar pedindo para falar com você...", a voz da Eleonora ecoava cada vez mais forte em minhas lembranças, enquanto a água do chuveiro escorria pelo meu corpo. Instantes atrás, eu havia me saído muito bem no primeiro teste para conseguir uma bolsa de estudos em uma boa universidade, e estava tomando uma ducha no vestiário agora. Sei que devia estar aliviado e até mesmo feliz pelos elogios do treinador e dos técnicos no geral, mas... "Eu estou grávida, Jordan!", a verdade é que essa merda não saía da droga da minha cabeça, e eu só queria acreditar que não era verdade.

"Eu estou grávida, Jordan!" – disse Ashley, com a voz embargada.

"Espera aí, o quê?" – franzi o cenho – "O que foi que você disse?"

"Exatamente o que você ouviu. Eu estou grávida, e o filho é seu!" – repetiu ela, mergulhando o seu olhar ao meu.

"Ah, pelo amor de Deus, você acha mesmo que eu vou cair nesse seu papinho, garota?" – ri com escárnio, me dirigindo para o meu carro – "Vai procurar outro idiota pra atormentar com esse seu teatrinho."

"Eu não estou mentindo!" – ela abriu a bolsa, como se procurasse algo ali dentro – "Se não acredita em mim, então olha isso aqui."

De repente, a loira com o semblante perturbado tirou um teste de gravidez da sua bolsa, daqueles de farmácia mesmo. Em seguida, se aproximou em passos largos, até quase esfregar aquela porcaria na minha cara, numa tentativa esganiçada de provar o que dizia. Confesso que isso conseguiu prender a minha atenção outra vez, então rapidamente segurei o seu pulso, tomando o teste da sua mão, o qual de fato indicava um resultado positivo.

"Se não estiver satisfeito, tem mais uns três de onde veio esse." – afirmou Ashley, muito ofendida por sinal.

"E daí? Isso aqui não prova nada." – dei de ombros, ignorando completamente o seu olhar indignado.

"Como não? Isso prova que eu estou grávida! Posso fazer outro agora se você quiser." – ela parecia determinada a me provar que estava falando a verdade.

"Mesmo que você esteja grávida, coisa que eu não acredito, isso não quer dizer que o filho seja meu." – lhe devolvi o teste, sem dar muita importância – "Qual é? Todo mundo sabe que você é uma putinha rodada. Se estiver mesmo grávida, o pai da criança pode ser qualquer um."

"Você está me ofendendo." – esbravejou a loira.

"Ah, eu estou te ofendendo? Foi mal, mas boa sorte para achar um otário disposto a assumir isso aí." – tentei abrir a porta do carro, mas aquela garota irritante foi mais rápida ao me bloquear.

"Eu não preciso achar ninguém, porque não tenho dúvidas de que você é o pai do filho que estou esperando, Davis." – a certeza em suas palavras chegava a me irritar.

"Aham, agora faz o favor e vaza logo que eu tenho que sair." – rolei os olhos quando ela passou a minha frente, impedindo que eu alcançasse a porta do carro.

"Você é o pai, Jordan!" – Ashley bateu com o teste de gravidez no meu peitoral – "Pode não acreditar em mim, mas depois daquela festa, eu não fui pra cama com mais ninguém. É só fazer as contas, esse filho é seu!"

"Cala a boca! Eu não vou ser pai porra nenhuma, sua vadia de merda!" – segurei firme em seu pulso e, talvez pelo susto, ela largou o teste que logo caiu no chão – Sei que estava bêbado aquela noite, mas lembro muito bem que a gente usou camisinha."

"Ah, pelo amor de Deus, você faltou as aulas de biologia? Nenhum método contraceptivo é 100% eficaz." – disse a garota, sustentando certo tom de deboche – "Eu estar grávida agora é uma prova disso, você não acha?"

Ouvir aquilo foi como um gatilho que fez o meu sangue ferver nas veias, junto aos batimentos que aceleraram em meu peito. Eu não queria acreditar que fosse mesmo verdade, não podia ser... Provavelmente não era. De uma coisa eu tinha certeza, não dava para confiar em alguém feito a Ashley. Mas e se ela não estivesse mentindo dessa vez?

"Escuta aqui, sua cachorra, se isso for mais um dos seus joguinhos..."

"Eu não brincaria com uma coisa dessas!" – fui interrompido, e seu olhar faiscante se encontrou com o meu.

"Que merda! Porra! – lhe empurrei com certa brutalidade contra a porta do meu carro – Caralho, sua filha da puta, está querendo me foder, é isso?"

"Eu só quero que me ajude." – seu tom de voz soou trêmulo – "Não sei mais o que fazer, Dan. Os meus pais vão me matar, eu estou com tanto medo."

"Se isso for mesmo verdade, você vai tirar essa merda." – propus a primeira coisa que me ocorreu.

"O quê?" – suas sobrancelhas arquearam.

"Eu arranjo a grana, até te levo na porra da clínica." – sugeri – "Ninguém precisa ficar sabendo disso."

"Você está louco? Eu não vou abortar o nosso filho. Não, de jeito nenhum!" – Ashley negou veemente.

"Vai se foder! Acha que vai acontecer o quê? Eu não quero essa coisa, nem vou me casar com uma puta de merda feito você." – cuspi aquelas palavras com toda a raiva que crescia em meu peito.

"Não fala assim comigo!" – ela tentou me empurrar para longe, mas sem sucesso.

"E você quer que eu fale como, hum?" – alcancei o seu rosto, o qual passei a apertar entre os dedos – "Caso não se lembre, a última vez que abriu as pernas pra mim foi em cima da pia de um banheiro imundo, e nem se importou com o fato de estarmos completamente bêbados ou de eu te usar igual se faz com uma vagabunda de bordel."

"Me larga!" – aquela desgraçada se soltou num solavanco – "Isso não te dá o direito de me ofender assim."

"Ah, você está se sentindo ofendida agora? Que peninha!" – debochei, sem nenhum tipo de empatia.

"Você não presta!" – sua voz soou embargada e notei lágrimas se acumularem em seus olhos – "Eu só queria... Queria a sua ajuda."

"Mas eu acabei de te oferecer ajuda, você que não quer aceitar." – abri os braços, como se lhe mostrasse o óbvio.

"Não esse tipo de ajuda, seu... Argh!" – ela desviou o olhar.

"Ah, e você achou que depois de ferrar o meu relacionamento com a Lizzie, com a única garota que realmente amei, eu ia fazer o quê?" – franzi o cenho – "Vê se acorda! Não quero ter nenhum tipo de laço com alguém feito você, e não ache que tomar a decisão de parir essa criança vai me prender ao seu lado."

"Mas, Jordan..."

"Não, eu já te falei como posso te ajudar, não vai ter mais nada além disso." – fui direto ao ponto – "Do contrário, saiba que estará por conta própria, eu não vou assumir filho nenhum, não com você."

...


Soltei o ar com força pelo nariz ao despertar das lembranças, e rapidamente empurrei os cabelos para trás com a destra antes de desligar o chuveiro. Eu só queria esquecer dessa maldita conversa de uma vez, mas invés disso essa merda estava me atormentando, simplesmente não dava para engolir a ideia de ter um filho com a Ashley. Meneei a cabeça, tratando de alcançar a toalha no box, não dava para ficar deprimido ali dentro o resto do dia.

– Aew, Davis, fomos convidados para uma festinha vip que vai rolar hoje à noite. – anunciou Tayler, assim que me viu sair do chuveiro.

– Foi mal, mas eu não estou no clima hoje. – respondi, me encaminhando para o armário onde havia deixado as minhas coisas.

– Ah, qual é? A gente tem que aproveitar esse acampamento, cara. – ele me seguia pelo vestiário.

– O que a gente tem que fazer é estar em forma e dar conta do próximo teste amanhã de manhã. – apanhei o meu desodorante na mochila – O resto pode ficar para depois, Dempsey.

– A gente mandou bem pra caralho hoje, merecemos uma folga. – opinou o grandalhão ao meu lado.

– Sabe, o nome disso é fossa. – debochei, após vestir minha camisa – Se ainda não percebeu, está pulando de uma festa para a outra desde que a Christine te largou.

– Ah, se foder! Uma coisa não tem nada a ver com a outra. – o vi negar com a cabeça – Quer saber? Ela que se dane, eu não ligo.

– Se você diz... – dei de ombros.

– Bom, se você não quiser ir o problema é só seu, mas o papai aqui vai curtir hoje a noite toda. – Tayler parecia mesmo animado com a ideia.

Já terminava de vestir as minhas roupas, quando ouvi o toque estridente do meu celular ecoar na mochila, mas posso ter me arrependido após alcançar o aparelho, pois no identificador de chamadas mostrava "Ashley". Desde a nossa última conversa, essa piranha de merda não parava de me ligar, só que eu realmente não estava a fim de atender. No entanto, assim que encerrei a ligação, duas mensagens chegaram pela barra de notificações e, para a minha surpresa, eram da Eleonora. Aquilo me deixou um pouco tenso, será que ela sabia? Quer dizer, foi ela que atendeu as ligações da Ashley no outro dia, então... Bom, por via das dúvidas, resolvi ver logo do que se tratava.

"Hey, tudo bem com você? Espero que tenha feito um bom teste hoje." – Eleonora, 10am.

"Ah, olha, não é querendo fazer fofoca, mas a sua mãe convidou o seu irmão para jantar em casa hoje, e adivinha quem ele vai levar?" – Eleonora, 10:01am.

Ao ler aquilo, rangi os dentes, apertando o celular em mãos, à medida que uma raiva avassaladora crescia em meu peito...


LIZZIE

Depois da conversa que tivemos pela manhã, o Jason pareceu relaxar um pouco mais. Apesar de que, enquanto preparávamos o nosso café juntos, vez ou outra ele me abraçava bem forte entre beijinhos carinhosos, talvez como uma forma de provar para si mesmo que isso era real e que eu ainda permanecia ali ao seu lado. Estava mais do que claro que o pesadelo hoje mais cedo realmente mexeu com ele, dava para perceber o quanto ficara preocupado. Não vou mentir que toda essa situação também não me assustava, mas tentei me manter o mais calma possível para não acabar piorando tudo.

Acontece que as coisas estavam indo muito bem entre nós dois, e eu não queria correr o risco do Jason achar que a única saída era me deixar de novo, temendo me colocar em risco por ele ser exatamente quem era. Eu não podia permitir que tudo desandasse mais uma vez por conta de um medo estúpido, o qual insistentemente nos separava. Por isso, não contestei sua decisão de colocar seguranças para a minha proteção, mesmo a ideia não me agradando nada. Acho que não me custava tentar se adaptar com essa condição, desde que fosse para lhe acalmar. É, eu estava disposta a fazer o que tivesse que ser feito para ficarmos juntos.

Fugindo de todas as mil e uma preocupações que nos assolavam hoje, enquanto eu lavava as panelas e pratos na pia após tomarmos o nosso café da manhã, Jason me propôs irmos à um lugar e, como de costume, não revelou mais nada depois que eu aceitei. Então, me agarrou por trás e começou a beijar o meu pescoço numa doce provocação. Eu até tentei lembrá-lo que não rolaria sexo, mas ele não me deu ouvidos e seguiu esfregando o seu quadril contra o meu traseiro, me fazendo sentir o enorme volume que crescia em sua calça. No fim das contas, paguei um boquete caprichado para o meu namorado tarado no meio da cozinha até ele gozar no meu rosto e boca, urrando alto de tesão.

Jason era mesmo um filho da mãe gostoso, e o pior é que ele sabia muito bem disso. Mordisquei o meu lábio inferior ao vê-lo apanhar sua camisa sobre a poltrona, e media aquele tanquinho dos deuses enquanto ele se vestia bem na minha frente. Quando ficávamos em casa, geralmente ele usava apenas cueca ou bermuda, o que me proporcionava uma vista deliciosa o dia inteiro e eu amava isso. Tentei disfarçar ao vê-lo sentar na ponta da cama para calçar suas botas, mas logo voltei a observar detalhadamente as tatuagens em seus braços musculosos, e um leve suspiro me escapou ao lembrar da sua pegada, o que automaticamente me fez sorrir largo.

– O que foi? – Jason me olhou por cima dos ombros – Do que está rindo?

– Ah, é que a Rose acabou de me mandar uma mensagem. – tentei contornar, já que trocava algumas mensagens de texto com as minhas amigas – Olha só, parece que esse vídeo viralizou nas redes sociais.

Ele semicerrou os olhos, quando virei a tela do celular em sua direção.

– Hum, mas são só cachorros. – o vi dar de ombros, como se não achasse a menor graça.

– Como assim são só cachorros? – franzi o cenho – Eles são filhotes, amor, e são umas fofurinhas! Dá até vontade de ter um só para apertar.

– Agora você gosta de cachorro? – suas sobrancelhas arquearam, enquanto ele vestia sua típica jaqueta de couro.

– Como eu poderia não gostar desses bebês fofos? Olha a carinha deles... – voltei a visualizar o vídeo dos filhotes – São uma gracinha.

– Se você diz... – Jason mal terminou a frase, e o toque estridente do seu celular ecoou pelo quarto – Desculpa, eu preciso atender.

– Sério? – observei ele se levantar apressado – Você tem mesmo que atender agora? Nós ainda vamos sair, não é?

– É claro que vamos! Não esquenta a cabeça... – ele se aproximou apressado e selou os meus lábios – Eu volto logo.

– Está bem. – concordei, mas lhe puxei pela jaqueta quando fez menção de se afastar – Vê se não demora.

Como resposta, Jason apenas sorriu de canto, antes de selar os meus lábios novamente e se afastar em direção ao closet logo em seguida. Um suspiro pesado me escapou, pois eu já fazia uma ideia de quem era do outro lado da linha e não gostava nada disso. Meneei a cabeça numa tentativa de espantar os pensamentos ruins, afinal eu já sabia que seria assim desde o início, não dava simplesmente para fingir demência.

Bom, confesso que, apesar de tudo, eu nunca consegui enxergar o Jason como alguém ruim, mas ainda temia que ele nunca fosse se livrar dessa sede de vingança que parecia lhe guiar no escuro. Bloqueei o meu celular, afundando mais o meu corpo entre o edredom macio. Acho que uma parte de mim entendia suas motivações, mas eu também queria muito que ele desistisse dessa ideia, que começasse a levar uma vida normal e longe de criminosos perigosos.

– Pronto? – me sentei apressada na cama, ao vê-lo sair do closet – Nós já vamos?

– Claro, mas antes eu tenho que resolver umas coisas. – disse Jason, enquanto guardava o celular de volta no bolso – Eu não demoro.

– Nada disso! – neguei com a cabeça – Não vou ficar aqui sozinha.

– Lizzie, você tem que...

– Entender? Eu não tenho que entender nada! – o interrompi – Você disse que íamos sair, e agora quer me deixar aqui pra fazer sei lá o quê?

– É que eu tenho uma reunião agora, mas é coisa rápida. – ele tentou justificar.

– Ótimo, então eu vou junto. – levantei da cama, num sobressalto.

– Negativo! – ele estendeu os braços, sacudindo as mãos em minha direção – Já disse que não quero você metida nisso.

– Tarde demais, meu amor! – ironizei, apanhando minha bolsa sobre a mesa de cabeceira – Eu sou a sua mulher, não sou? Pois bem, quero ir com você.

– De jeito nenhum, nem pensar! – Jason insistia em negar, quase como se eu tivesse lhe dado uma opção – Você fica e, quando eu voltar, vamos sair como combinamos.

– Querido, se você sair por aquela porta agora sem mim, não vai mais me encontrar aqui quando voltar. – decidi ser um pouco mais clara dessa vez.

– O quê? O que disse? – ele cerrou os olhos, completamente confuso – Eu ouvi direito, ou você está ameaçando ir embora?

– Você ouviu muito bem. – me aproximei, ajeitando a alça da bolsa em meu ombro – Eu não vou ficar aqui te esperando.

– Você só pode estar brincando... – Jason riu com escárnio, mas nem sequer desviei o meu olhar – Está dizendo que vai voltar pra casa dos seus pais, mesmo com a família da sua amiguinha lá?

– Estou dizendo que vou para qualquer lugar, mas não fico aqui sozinha. – tentei soar o mais firme possível – Antes de qualquer coisa, nós já tínhamos um compromisso juntos. Poxa, eu me arrumei toda!

– Não estou adiando porque quero, aconteceu uma parada de última hora e eu preciso resolver. – com a destra, o grandalhão que perdia a paciência, empurrou os cabelos para trás numa medida de se conter – Esse é o meu trabalho, Lizzie.

– Eu sei, mas... Se me levar, eu prometo que vou me comportar. – ao parar bem a sua frente, pousei delicadamente as minhas mãos sobre o seu peitoral – Você disse que é coisa rápida, então eu posso ficar te esperando no carro, hum?

– Por que está fazendo isso? – seu olhar mergulhou no meu, e apertei o tecido da sua camisa entre os dedos.

– Porque eu te amo, e não vai arrancar nenhum braço seu se me levar junto só dessa vez, vai? – perguntei manhosa, sabia exatamente como dobrá-lo – Por favor, me deixa ir com você?

– Vai ficar no carro mesmo? – seu tom de voz deixava claro a insatisfação por ter que repensar sua decisão.

– Eu prometo. – quase sem conseguir conter o sorriso, fiz um X com os meus indicadores, o qual beijei duas vezes.

– Se você sair...

– Eu não vou sair, fica tranquilo. – agarrei as laterais da sua jaqueta, lhe puxando abruptamente em minha direção – Você vai resolver as suas coisas, e depois a gente segue para o nosso destino misterioso.

– Tá. – concordou Jason, visivelmente chateado – Vamos logo, antes que eu me arrependa.

– Ai! Obrigada, amor! – fiquei nas pontas dos pés para lhe roubar um selinho.

– É melhor não se acostumar, hoje é só uma exceção, entendeu? – sua destra segurou firme o meu rosto, e senti os pelos da nuca eriçarem ao ver seu maxilar travado.

– Eu não teria tanta certeza, meu bem. – sorri sacana, numa doce provocação.

– Lizzie...

– Relaxa, eu só estou brincando, Jay. – espalmei minhas mãos pelo seu peitoral e ombros.

– É bom mesmo. – ao dizer isso, seu olhar recaiu aos meus lábios, e me apressei a puxá-lo pela nuca...

[...]

💕. O Jason tendo pesadelos 🥺 Esse Jordan está muito ferrado, não está?Deixem seus comentários e não esqueçam de votar na ⭐️ Até mais 😘

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