33. Compromissos
"Eu tenho andado por um mundo que ficou cego. Não posso parar de pensar em sua mente de diamante... Não é justo! Você realmente sabe como me fazer chorar... Estou assustada, eu nunca caí de tão alto. Caindo em seus olhos de oceano, esses olhos de oceano... – Ocean Eyes, Billie Eilish."
LIZZIE
Acordei com o toque estridente do despertador no meu celular e, com os olhos ainda fechados, estendi o braço em direção à mesa de cabeceira, onde tateei com a mão até finalmente encerrar a função. Respirei bem fundo, me esticando embaixo das cobertas, por menor que fosse a minha vontade de se levantar agora, sabia que precisava fazer isso. Entretanto, ao me virar de lado na cama, percebi que o Jason já não estava mais ali, e cerrei o cenho me questionando para onde ele havia ido?
Sem respostas, decidi me levantar e conferir se o meu namorado estava em casa, ou se havia saído no meio da madrugada sem me dizer nada. Apanhei o meu robe de ceda, o qual vesti antes de sair do quarto. Ao passo que descia as escadas, eu só torcia para que não fosse a segunda opção, ou de certo teríamos mais uma discussão hoje. Contudo, bastou alcançar o andar de baixo, e logo senti aquele enevoado no meu peito se dissipar por completo.
Jason estava um pouco mais à frente na sala, pendurado na barra instalada acima das portas de vidro que davam acesso à área externa. Ele não usava nada mais do que uma calça moletom, e parecia muito empenhado se exercitando. Aposto que já estava nisso há um bom tempo, considerando o suor que brilhava em sua pele. Ri anasalado, aproveitando que os fones nos seus ouvidos criavam a distração perfeita para que eu me aproximasse sem ser notada.
Então, me sentei no sofá sem dizer uma única palavra, e fiquei ali apenas lhe observando por alguns minutos, apreciando detalhadamente o movimento que os seus músculos faziam a cada sobe e desce. "Você foi uma menina muito má hoje, e precisa ser castigada, Lizzie...", um arrepio gostoso me percorreu ao lembrar do nosso sexo ontem, adorava aquele seu jeito impetuoso e dominador. Jason era um homem muito sexy e, estranhamente, vê-lo se exercitar essa manhã estava me deixando excitada.
– Lizzie? – ele pareceu surpreso após finalizar a sessão e dar de cara comigo ali – Quando é que desceu? Eu não te vi chegar...
– Não faz muito tempo. – senti as minhas bochechas corarem, enquanto ele se aproximava, removendo os fones de ouvido – Você estava tão concentrado, eu não quis te atrapalhar.
– Você nunca me atrapalha e, além do mais, eu já terminei aqui. – ele se abaixou para selar os meus lábios – Bom dia, pequena.
– Bom dia, amor! – me estiquei para lhe roubar outro selinho.
– Eu saí para correr bem cedo hoje, e no caminho de volta comprei o nosso café. – avisou Jason – Mas vou subir para tomar um banho antes, você quer vir comigo?
– Como eu poderia recusar depois dessa exibição matinal deliciosa? – entrelacei os meus braços em volta do seu pescoço.
– Ah é? – num único impulso para cima, ele me tomou em seus braços – Parece que o meu plano funcionou.
– Você não tinha um plano, nem me viu chegar, foi o que acabou de dizer. – sorri sacana, enquanto encarava os seus lindos olhos caramelados bem de perto agora.
– Só falei para te impressionar e funcionou, não pode negar. – suas mãos apertaram meus quadris mais firme, antes de nos virar em direção à escadaria – Sei que ficou excitada.
– Fala sério, você não me viu chegar coisa nenhuma. – rolei os olhos, numa sutil risada.
– Acha que não? – suas sobrancelhas arquearam, lhe atribuindo um certo tom desafiador – Bom, minha pequena Lizzie, acontece que estou sempre um passo a frente.
– Mentiroso! – segurei firme em seus ombros, ao perceber que começava a caminhar.
– Não estou mentindo, sabe que não minto pra você. – Jason negou com a cabeça.
– Então como...
– Eu vi o seu reflexo pelo vidro da janela, por isso decidi fazer mais uma sessão antes de encerrar. – confessou ele, me deixando boquiaberta – Mas estou curioso agora... – seu rosto avançou rápido, se emparelhando lado a lado com o meu – Quero saber qual calcinha eu te fiz molhar hoje?
– Seu... cretino! – estapeei o seu ombro esquerdo, o qual apertei ainda mais forte logo em seguida – Droga! Você é um cretino muito gostoso, por sinal.
– Deve ser o meu charme. – ele riu anasalado, e um forte arrepio me percorreu ao sentir a sua respiração quente se chocar contra a pele do meu pescoço – Porra! Como você é cheirosa.
– Não começa, eu tenho um compromisso hoje, mocinho. – lhe dei um leve empurrão.
– Tá, mas foi você que começou. – Jason rolou os olhos.
– Não comecei nada. – neguei risonha – Além do mais, depois de ter corrido e se exercitado, você deve estar bem cansado.
– Acha que eu não dou conta do recado? – indagou ele, franzindo a testa.
– Não foi isso que eu disse. – neguei de imediato.
– Sei. – ele me deu um curto impulso para cima, me agarrando mais firme antes de começar a subir os degraus da escadaria – Bom, se decidir cair na minha cama eu te mostro quanto fôlego ainda tenho.
– Para, seu idiota! – repreendi – Não foi isso que eu falei.
– Mas eu só estou avisando, para que não restem dúvidas... – prosseguiu – Nunca vou estar cansado demais pra te foder.
– Jason! – senti minhas bochechas arderem de vergonha.
– Relaxa, vamos tomar o nosso banho, pequena. – um sorriso malicioso se desenhou nos seus lábios assim que alcançamos o andar de cima – E pode deixar que eu mesmo tiro a sua roupa.
– Você não presta! – soltei a respiração com força.
– É, e você se amarra! – Jason sussurrou próximo aos meus lábios.
Confesso que era mesmo uma tarefa difícil lidar com tamanha intensidade daquele homem, ainda mais quando ele era capaz de me deixar fraca com apenas um único olhar. Entretanto, apesar da forte tensão sexual que crescia entre nós dois, não rolou nada além do que alguns beijos e carícias durante o banho. Ficamos um bom tempo relaxando bem agarradinhos na banheira, mas, em vista da hora, eu tive que sair primeiro. Afinal, não podia perder a noção do tempo e me atrasar para a consulta com a minha ginecologista hoje.
Depois que terminei de me vestir, decidi descer para passar um café e arrumar a mesa com as comidas que o Jason havia comprado durante a sua caminhada mais cedo. Tinha bolo, pães, bacon e panquecas, um verdadeiro banquete com tantas opções. Não demorou muito para que ele surgisse só de cueca, ainda secando os cabelos com uma toalha, ao mesmo tempo que segurava o seu celular numa das mãos, e pude sentir minhas pernas fraquejarem quando o seu olhar se encontrou ao meu. Às vezes parecia de propósito, como se o seu objetivo fosse testar até onde eu me manteria firme na sua presença.
– Caralho, acho que comprei muita comida. – comentou ele, à medida que se aproximava.
– Ah, você acha? – debochei risonha – Vem, senta logo aqui, vou pegar os nossos pratos.
– Tá. – o vi deixar a toalha sob o encosto da cadeira, antes de se sentar.
Então, me apressei até o escorredor, onde apanhei dois pratos limpos e secos. Nesse instante, o toque do seu celular soou estridente pela cozinha, me causando um rápido tremor nas palmas das mãos. De canto de olho, pude vê-lo conferir o identificador de chamadas, e logo em seguida colocou o aparelho em cima da mesa, demonstrando zero interesse em atender quem quer que fosse.
– Quem está ligando? – indaguei, me aproximando receosa.
– Relaxa, é só a Susana. – respondeu Jason.
– Ah... – respirei mais aliviada – E você não vai atender?
– Não deve ser nada importante. – o vi dar de ombros.
– Mas é a sua mãe, ela deve estar preocupada. – insisti, pois não me parecia certo ele ignorá-la de tal forma.
– E daí? – sua testa franziu.
– Eu preciso mesmo responder? – coloquei os dois pratos sobre a mesa.
– Você ficaria satisfeita se eu atendesse? – ele me pareceu confuso, e tratei de assentir em resposta – Está bem.
– Obrigada. – sorri doce.
Enquanto apanhava o seu celular outra vez, Jason fez um sinal sutil para que eu me sentasse em seu colo como de costume, me fazendo entender que não queria nenhum tipo de privacidade. Acho que não se importava que eu ouvisse sua conversa com a Susana, o que se confirmou ainda mais após ele atender no viva-voz.
– Fala, dona Susana. – sua mão livre pousou sobre a minha coxa esquerda.
– Graças a Deus, você está vivo! – disse a mulher bastante emotiva do outro lado da linha.
– É claro que estou vivo, vaso ruim não quebra. – Jason riu anasalado, e eu rapidamente lhe repreendi com o olhar.
– Não fale assim, sabe que me aborrece muito. – reclamou Susana, antes que eu mesma o fizesse – Estava tão preocupada, todos esses dias e não me deu uma única notícia...
– Não encana, estou bem e saudável. – respondeu ele – Alguma novidade?
– Voltei de viagem hoje, e não gostei nada de saber do desentendimento entre você e o seu irmão. – informou ela, fazendo o sorriso em seus lábios sumir.
– Ah, quer dizer que o seu precioso filhinho já foi choramingar na barra da sua saia? – Jason tomou uma postura mais rígida na cadeira – Então faça o seguinte, avise a esse imbecil que da próxima vez que tentar encostar um só dedo na Lizzie, eu arranco a porra do braço dele fora.
– Essa garota de novo? – senti um nó se formar em meu estômago, ao ouvir o tom de decepção e desprezo em sua voz – É impressionante... Será que ela não cansa de trazer problemas e desentendimentos para a nossa família?
– Convenhamos que a nossa família já estava bem ferrada muito antes dela aparecer. – debochou ele, parecendo não levar muito a sério.
– Eu não estou com paciência para essas piadinhas, Jason Aron Davis! – sua mãe se alterou um pouco – Sabe muito bem do que estou falando, essa Lizzie pode até dar uma de boa moça, mas não é flor que se cheire.
– Tarde demais, ela é cheirosa pra caralho. – Jason sorriu malicioso, após inalar o perfume dos meus cabelos.
– Filho, me escute pelo menos uma vez na vida? – pediu ela – Não existe só essa garota no mundo, e sinto no meu coração que você merece alguém melhor.
Ouvir aquilo foi equivalente a tomar um soco no estômago, especialmente porque a Susana se referia a mim com extremo rancor e frieza. Claro que eu tinha a minha parcela de culpa, afinal que tipo de garota se envolve sentimental e sexualmente com dois irmãos, ainda por cima gêmeos? Como mãe de ambos, ela estava no seu direito de me odiar depois de tudo, eu tinha plena consciência disso, mesmo assim era doloroso de encarar.
– Tenho certeza que um dia vai conhecer alguém que valha a pena. – retomou – Uma moça boa de verdade, e não uma garota confusa que coloca você e o seu irmão um contra o outro constantemente.
– O meu problema com o Jordan não é culpa da Lizzie. – Jason se pôs a negar.
– Ah, não? E de quem é? – indagou Susana, com certa dose de ironia – Bastou essa Lizzie terminar o relacionamento com o seu irmão, que já foi correndo se jogar pra você.
– Na verdade eu que me joguei pra ela, e não foi tão fácil quanto pensa, tive que insistir bastante. – seu indicador alcançou o meu queixo, me fazendo erguer a cabeça de novo e encará-lo por cima do ombro.
– Não importa! – sua mãe estava mesmo uma fera – Você queira ou não, essa menina era namorada do seu irmão até pouco tempo atrás.
– E agora é a minha namorada, algum problema com isso? – Jason soava bem calmo, em contrapartida.
– Está dizendo que vocês estão juntos agora? – pude notar o tom de surpresa em sua pergunta.
– Exatamente, estamos namorando sério, dona Susana, e fui eu que fiz o pedido. – revelou ele, não se importando nada com a opinião contrária da sua mãe.
– Espero que isso seja uma das suas brincadeiras de mau gosto. – disse ela, soltando a respiração como quem está cansado.
– Não, estou falando sério. – ele alcançou a minha mão, passando a acariciá-la gentilmente com o polegar – Até comprei uma aliança bonita, como a senhora mesmo dizia que eu faria quando encontrasse a mulher certa.
– Você nunca se importou com essas coisas, meu filho, por que escolheu justo a ex-namorada do seu irmão para começar a se relacionar agora? – a decepção era perceptível no seu tom de voz.
– O que eu posso dizer? – aqueles olhos caramelados mergulharam nos meus com intensidade – Quando estou com ela, sinto que posso ser um cara melhor.
Nesse momento, precisei respirar fundo e limpar as lágrimas que se acumulavam nos cantos dos olhos. Sim, eu era uma manteiga derretida, sensível e chorona. Por sua vez, Jason se precipitou a depositar um beijo carinhoso em minha testa, a fim de me acalmar.
– Seja como for, você nunca me escuta mesmo... – lamentou Susana, após passar alguns instantes em silêncio – Só espero que não se arrependa no fim das contas.
– Não tem com o que se preocupar, acho que eu nunca me senti tão vivo antes. – garantiu ele.
– O problema não é bem esse, mas vamos mudar de assunto por ora. – propôs ela, demonstrando que não tinha o menor interesse em iniciar uma discussão – Que tal você vir jantar aqui em casa hoje?
– A senhora não deve ter entendido direito, mas se eu esbarrar com o Jordan, arrebento ele. – Jason tornou a enrijecer suas feições.
– Essa situação não me agrada nada, me desgosta muito ver vocês dois assim em pé de guerra, ainda mais por um motivo tão tolo. – sua mãe se queixou profundamente triste.
– Tolo? Por acaso, o Sr. Certinho não contou tudo o que fez ontem? – aquilo conseguiu aborrecê-lo ainda mais – Claro, ele nunca admite os próprios erros, não é mesmo?
– O seu irmão não me falou absolutamente nada, vocês dois nunca me contam nada. – afirmou ela – Só sei que vocês se desentenderam pelos machucados no rosto dele.
– Aquilo não foi nada perto do que eu realmente queria ter feito. – sua destra apertava o celular quase como se quisesse parti-lo ao meio.
– Isso não vem ao caso agora. Jordan viajou por conta dos testes de futebol para a faculdade, e não estará em casa pelos próximos dias, então... – explicou Susana – Eu realmente gostaria de lhe ver, meu filho, posso preparar aquele macarrão com queijo que você gosta tanto.
– Sinto muito, já tenho compromisso hoje. – recusou Jason, quase de imediato.
– Então o que acha de vir amanhã? – sugeriu ela, esperançosa – Faz tempo desde a última vez que te dei um daqueles abraços apertados.
– Posso levar a Lizzie comigo? – perguntou ele, me fazendo arregalar os olhos.
– Filho, eu não acho...
– Tá, deixa pra lá. – ele se adiantou em cortá-la.
– Por que você sempre tem que ser tão genioso assim? – sua mãe suspirou em derrota – Olha, a verdade é que eu não faço nenhuma questão que essa moça venha, mas se ela é a condição para você vir, então eu não vou me opor.
– Certo. – o vi assentir.
– Isso quer dizer que nos veremos amanhã? – perguntou ela.
– É, pode preparar um rango daora. – respondeu Jason.
– Ah, que bom! – Susana vibrou de emoção – Irei caprichar para você. Se cuide, meu amor.
– Até mais. – ele se despediu, e encerrou a ligação.
Entretanto, continuei lhe encarando por mais alguns segundos, completamente aturdida pelo final inesperado daquela conversa. Quer dizer, por que diabos o Jason faria algo assim? Sob tais circunstâncias, não tinha o menor sentido me levar para jantar com a sua mãe, estava mais que óbvio que essa não era uma boa ideia.
– Por que pediu para me levar junto? – finalmente consegui verbalizar – Está na cara que a Susana não me quer por perto.
– Claro, e os seus pais devem estar super ansiosos para o nosso jantar à noite. – rebateu ele, após colocar o seu celular em cima da mesa de novo.
– É diferente. – neguei com a cabeça – Eles só não te conhecem ainda, mas a Susana... Você também ouviu, ela me odeia.
– A minha mãe não odeia você, ela não é esse tipo de pessoa. – sua destra se adiantou a afastar uma mecha de cabelo para trás da minha orelha – O problema é que ainda não conseguiu assimilar todas as coisas.
– E acha que ela vai conseguir até o jantar de amanhã? – arqueei as sobrancelhas.
– Esse já não é um problema nosso, não vai mudar nada entre a gente. – com os nós dos dedos, ele fez um suave carinho na minha bochecha.
– Eu não sei se essa é uma boa ideia. – suspirei pesado – Diferente dos meus pais, que convidaram você, a Susana foi obrigada a concordar com a sua condição.
– Tanto faz. – o vi dar de ombros – O importante é que a minha mãe vai saber o quanto você significa pra mim.
– Por que acha isso? – franzi o cenho.
– Porque eu nunca levei nenhuma outra mulher para jantar com ela antes. – seu olhar se fixou ao meu – Você vai ser a primeira, e com certeza a única que faço questão.
Suas palavras tocaram gentilmente o coração em meu peito, o qual pude sentir arder incendiando todo o meu corpo de um segundo ao outro. Sei que aos olhos de muitos isso podia soar como uma bobagem banal, mas de certo não funcionava assim para nós dois. De alguma forma, esses mínimos detalhes me faziam enxergar o quanto o Jason se importava comigo, e o quanto a nossa relação significava para ele. Cocei o meu nariz, a fim de espantar as lágrimas que se acumulavam em meus olhos, não queria chorar feito uma boba apaixonada, por mais que essa fosse a definição perfeita para mim agora.
– Tenho que admitir, você está se tornando um belo de um manipulador, seu idiota! – comentei, em tom risonho.
– Não me dê todos os créditos, eu tenho aprendido com a melhor. – num rápido movimento, Jason me fez sentar de frente para ele.
– Como ousa? – cerrei os olhos, fingindo me ofender, e ambos caímos na risada.
Tudo ficava tão mais leve quando estávamos juntos, como se nada pesasse o suficiente para tirar o nosso sossego. Éramos como o porto seguro um do outro, independente do quanto a situação a nossa volta fosse difícil de enfrentar. Trocamos alguns selinhos, até que pousei a minha cabeça em seu ombro, e o silêncio se instalou arrastando consigo algumas inseguranças.
– Acha que isso vai dar certo? – perguntei baixinho, contornando as tatuagens em seu peitoral com o indicador.
– Não tenho como garantir nada, mas a dona Susana é esperta, e já deve ter entendido o recado. – respondeu Jason, me apertando mais entre seus braços.
– Seria bem melhor se eu nunca tivesse conhecido ela antes, porque assim você nos apresentaria amanhã pela primeira vez. – comentei, desapontada comigo mesma.
– Se fingirmos que o imbecil do Jordan nunca existiu, podemos tentar fazer isso como deveria ter sido. – sugeriu ele.
– Eu gostaria muito. – ergui a minha cabeça para encará-lo melhor.
– Está bem. – ouvi quando pigarreou, como forma de ajustar sua voz – Amanhã eu vou te apresentar para a minha mãe. Ela faz um macarrão com queijo que é uma delícia, você vai se amarrar.
– Hum, sério? E como ela é? – resolvi entrar na onda – Acha que vai gostar de mim?
– A dona Susana não é lá muito fácil de conquistar, mas com o tempo e um pouco de paciência... – seus olhos divagaram por um breve momento, até reencontrarem os meus – É, eu acho que vocês podem se dar bem.
– Prometo que vou me esforçar. – fiz um "X" com os indicadores, o qual beijei duas vezes.
– Eu sei que vai. – Jason riu fraco – Por experiência própria, sei que esse seu jeitinho doce e meigo dobra qualquer um.
– Tá, mas você me deu um trabalhão. – pousei minhas mãos em seus ombros, a fim de me ajeitar melhor em seu colo.
– E veja só onde estamos agora... – seus braços levantaram no ar, indicando todo o espaço a nossa volta.
– Vendo por esse lado, até que você tem razão. – espalmei as minhas mãos pelo seu peitoral – Mas voltando ao assunto, me conta... Eu tenho que me preocupar com alguma ex-namorada sua, de quem a sua mãe tenha feito gosto?
– Não, não. Você é a primeira que levo para conhecer a minha velha. – suas mãos grandes pousaram em meus quadris.
– É mesmo? – arqueei as sobrancelhas, fingindo surpresa, e o vi assentir – Essa é uma responsabilidade e tanto...
– Que nada, você vai tirar de letra. – ele parecia certo disso.
– Espero que sim. – soltei a respiração com força.
– Relaxa, conquistar a sogrinha é o de menos, porque o mais difícil você já conseguiu. – suas mãos me arrastaram em direção ao seu corpo quente, e pude ver um sorriso malicioso surgir em seus lábios.
– Acontece que nem foi tão difícil assim. – entrelacei os meus braços em volta do seu pescoço, fazendo um charminho – Desconfio que você se apaixonou na primeira sentada.
– Ah, mas é que você senta muito gostoso, pequena. – seu olhar intenso me fez sentir as bochechas esquentarem.
– Seu bobo! – lhe dei um leve empurrão – Vamos tomar o nosso café antes que esfrie.
– Boa ideia, estou cheio de fome. – concordou ele, sorrindo de canto.
Então, depois de lhe roubar um selinho, eu voltei a ficar de frente para a mesa, e tratei logo de servir café em nossas xícaras, enquanto o Jason se adiantava em cortar o bolo. Aquele clima tranquilo e aconchegante se estendeu durante toda a refeição, o que foi o suficiente para me acalmar por ora. Após finalizarmos, precisei subir de volta para o quarto, em vista de que ainda tinha que terminar de me arrumar, ou de certo me atrasaria para a minha consulta.
Jason permaneceu mais um tempo na cozinha, lavando os pratos e organizando tudo no seu devido lugar. Também pedi para que ele alimentasse o Buster, pois eu mesma não teria tempo de fazê-lo antes de sair, a hora já estava bem adiantada. Depois de concluir as minhas higienes matinais, eu coloquei um vestido confortável, e fiz uma maquiagem simples para cobrir as leves marcas arroxeadas no meu pescoço. Por fim, calcei um tênis e apanhei a minha bolsa junto com o meu celular.
– Pronto, eu já estou de saída. – avisei, descendo as escadas, enquanto conferia as mensagens da Emily.
– Você tem mesmo que ir? – Jason se virou, secando suas mãos numa toalha de prato.
– Já conversamos, Jay, eu combinei de acompanhar a Emy na ginecologista hoje, porque o Noah vai estar resolvendo os pagamentos das coisas do casamento junto com os pais dela. – menti descaradamente, após responder as mensagens e bloquear o meu celular.
– Esse casamento idiota nem aconteceu ainda, e já está enchendo o saco! – resmungou ele, e precisei conter o riso ao passo que me aproximava.
– Cala a boca, não seja um namorado rabugento. – rolei os olhos, parando bem a sua frente – Além do mais, você pode tirar esse tempo livre para arranjar um terno bem elegante, o que acha?
– Eu já mandei a Alice resolver isso faz uns dias. – suas mãos pousaram em meus quadris, me puxando para mais perto – Só não te disse antes, para implicar um pouco. Sabe que adoro te ver nervosinha.
– É mesmo? – não consegui conter um sorriso de satisfação.
– Claro que sim. – garantiu Jason – Sei que você só estava blefando, mas nem fodendo eu arriscaria que arranjasse outro par, Lizzie.
– Bom menino! – lhe roubei um selinho rápido – Agora me larga, que eu tenho que ir.
– Você vai precisar do carro? – aquela pergunta soou tão natural, que quem ouvisse acharia que eu já tinha costume de fazer tal coisa.
– Está falando do seu carro? – quase engasguei com as palavras, de tão incrédula – Sério mesmo, você me emprestaria o seu carro?
– Por que não? – suas sobrancelhas arquearam – A minha moto está lá embaixo também, caso eu precise sair. Então se quiser as chaves, eu não vejo nenhum problema.
– Eu te amo, sabia? – lhe puxei pela nuca, selando os seus lábios mais algumas vezes – Mas acho melhor não, depois da consulta com a Emily, tenho que ir ao mercado com a minha mãe, e eu não quero que ela fique no meu pé. Você sabe, tirei a carteira faz pouco tempo.
– Tá legal. – ele pareceu entender numa boa – Pegou o spray de pimenta?
– Não saio sem ele, desde que você me deu, amor. – dei dois leves tapinhas na minha bolsa para enfatizar.
– Beleza, assim fico mais tranquilo. – Jason alcançou a minha mão, me acompanhando em passos lentos até a porta de saída – Você ainda volta pra cá hoje?
– Provavelmente não, tenho que ajudar os meus pais com o jantar. – passei uma mecha de cabelo para trás da orelha.
– Ah, o jantar... – notei quando soltou a respiração com força, e sabia exatamente o motivo.
Acontece que o Jason não havia concordado de bom grado com essa ideia de jantar com os meus pais. Não tenho dúvidas que só aceitou numa tentativa de me agradar, porque sabia que isso era importante pra mim.
– Não fala assim, vai dar certo. – pedi esperançosa – É só você fazer tudo do jeitinho que a gente combinou.
– É só seguir o script. – seu tom de voz transbordava sarcasmo, mas tentei não levar tão a sério.
Afinal, depois de tudo o que aconteceu no seu último encontro com os meus pais, aquele comportamento era totalmente justificável ao meu ver.
– Quer que eu repasse as regras? – me virei em sua direção, após ele gentilmente abrir a porta para mim.
– Não precisa. – o vi negar com a cabeça.
– Jason?! – desferi um leve soquinho em seu ombro.
– Tá. – ele se deu por vencido, pois sabia que, de qualquer forma, eu falaria tudo pela milésima vez essa semana.
– Isso é importante pra mim. – tratei de lembrá-lo desse detalhe.
– Eu sei, pequena. – seu olhar se deteve ao meu – Só aceitei por você.
– Tudo bem, então vamos lá... – respirei fundo antes de começar – Nada de botas, calça jeans e jaqueta de couro hoje à noite. Já separei uma roupa formal pra você no closet desde o início da semana, e quero que use.
– Pode deixar. – ele concordou com um curto aceno de cabeça.
– Nada de atrasar, nem cancelar, você tem que aparecer essa noite! – gesticulava com as mãos para enfatizar ainda mais o quanto esse ponto era importante.
– Não encana com isso, eu vou chegar no horário combinado. – garantiu, convicto do que falava.
– Já deixei o vinho favorito do meu pai separado, e tem um bilhetinho colado na geladeira com o nome das flores que a minha mãe adora. – avisei uma última vez, ainda temendo que ele esquecesse mesmo depois de eu ter lhe falado tanto.
– Relaxa, Lizzie, eu já sei. – suas mãos alcançaram os meus ombros e, logo em seguida, Jason depositou um beijo carinhoso na minha testa – Prometo que vou fazer tudo direito, como você me ensinou.
– Está bem, isso tem que dar certo. – sorri nervosamente.
– Deixa comigo, não quero que fique pilhada com isso. – ele acariciou uma das minhas bochechas com os nós dos dedos.
– Nada de gírias no jantar, amor. – lembrei de mais uma regra que combinamos, era mais forte do que eu.
– Eu vou me sair bem, os seus pais vão ficar impressionados. – só de olhar nos seus olhos, dava para perceber que ele estava certo disso.
– Sei que vai dar o seu melhor. – toquei gentilmente a sua mão que fazia leves carinhos em meu rosto – Eles vão te adorar.
– Não, eles vão adorar a versão 2.0 do Jordan, que eu vou fingir ser hoje. – ouvi-lo dizer aquilo com todas as letras me causou um desconforto no peito.
– Não gosto quando fala assim, até parece... – me auto interrompi, buscando as palavras certas – Olha, eu não quero que seja como o Jordan.
– Já saquei, mas o lance é que os seus pais querem. – Jason não parecia realmente incomodado com isso, o que já me tranquilizava um pouco – Tudo bem, eu já disse, vou fazer isso por você.
– Obrigada. – me inclinei para selar os seus lábios.
– Não tem que me agradecer nada. – ele sorriu fraco – Agora vai lá com a sua amiga, aproveita para espairecer um pouco, não te faz bem ficar tão pilhada.
– Tá, você tem razão. – concordei, e ele alcançou os meus quadris, me puxando para perto.
Nos despedimos com selinhos, mas Jason quase que não me larga no fim das contas, o que me arrancou uma boa risada. Mesmo depois que adentrei o elevador, ele permaneceu na porta de casa em silêncio, apenas me observando com aquele seu jeito sedutor que beirava a hipnose. Acenei em sua direção uma última vez, quando notei as portas de metal se fecharem a minha frente, e suspirei num sorriso apaixonado. Aquele homem mexia com o meu psicológico sem sequer se esforçar... Um simples olhar já era o suficiente.
O barulhinho das mensagens voltaram a ecoar em meu celular, me fazendo despertar do curto transe em que havia mergulhado há pouco. Então, logo respondi a Emily, que me avisava que tinha acabado de chegar. Antes que as portas do elevador se abrissem de novo, eu rapidamente retoquei o gloss em meus lábios, e ajeitei melhor os cabelos em frente ao espelho. Também conferi o meu look uma última vez, mas estava tudo certo. Assim que deixei o prédio, avistei a minha amiga dentro do uber estacionado na portaria, para onde segui apressada...
JASON
Ainda não estava totalmente convencido de que havia sido uma boa ideia aceitar esse tal jantar com os pais da Lizzie. Quer dizer, era mais do que óbvio que eles não iam lá com a minha cara, e eu não vou mentir dizendo que fazia alguma questão de reverter esse quadro. Também não dava para alegar que os coroas estavam errados, eu sabia muito bem que não era o genro dos sonhos de ninguém. Por outro lado, era provável que os velhotes só estivessem fazendo isso pela Lizzie, assim como eu. Afinal, essa baboseira era mesmo importante para ela.
Foi disso que tentei me convencer a semana inteira, talvez porque fosse mais fácil de aceitar aquela ideia estúpida. Apesar de não me agradar nem um pouco, eu não queria estragar tudo o que a Lizzie planejou com tanto entusiasmo, e realmente tentei não demonstrar o quanto estava desconfortável quando ela saiu de casa hoje mais cedo. Não era minha intenção lhe deixar ainda mais nervosa. Desencostei da parede de ferro ao ver as portas do elevador se abrirem, e logo saltei para fora daquela caixa, apressando o passo pelo corredor.
– Ai, não! – se queixou Alice, ao abrir a porta do seu apartamento e dar de cara comigo – O que é que você já quer a essa hora, McClain?
– Os pais da Lizzie vão dar um jantar pra mim hoje. – expliquei.
– É sério? – suas sobrancelhas arquearam – Eu pensei que eles te odiassem.
– Eu não sou lá o genro dos sonhos deles. – rolei os olhos.
– Eu posso imaginar que não. – disse ela, em tom ligeiramente risonho.
– Bom, acontece que tem um monte de regras idiotas, e eu até tenho que usar isso. – levantei o cabide com a roupa que a Lizzie havia separado para mim.
– Não é tão ruim, aposto que já fez coisas bem piores do que usar uma camisa de gola alta e calça jogging, meu querido. – debochou Alice, parecendo se divertir.
– Esse não é o ponto, hoje tenho que não ser eu. – fui mais objetivo dessa vez – Essa droga de camisa, por exemplo, é para esconder as minhas tatuagens, porque os meus sogrinhos não gostam da estética que elas passam.
– Deve ser porque você parece um traficante perto da filha deles. – com a destra, ela alcançou o punho da camisa pendurada no cabide.
– Eu não só sou um traficante, como também um assassino de aluguel, Alice. – tratei de lembrá-la desse detalhe.
– Desculpa, mas isso está com uma cara de que vai ser muito engraçado, será que eu também posso ir? – ela me encarava agora, com um sorriso zombeteiro nos lábios – Queria mesmo dar umas risadas hoje.
– Não seja estúpida! – ralhei impaciente – Os velhotes são um porre, mas essa porcaria é importante pra Lizzie, e eu não quero estragar o que ela vem planejando há dias.
– E você quer a minha ajuda exatamente no quê? – Alice largou a camisa, cruzando os braços a minha frente.
– Quero treinar com você, saca? – tentei verbalizar a minha ideia estapafúrdia – Para entrar no papel de genro do ano.
– Entendi, e o que eu ganho com isso? – ela assentiu, se encostando na lateral da porta.
– Tá, o que você quer? – perguntei de uma vez.
– Quero grana. – sua resposta veio de imediato, como se nem mesmo precisasse pensar antes.
– Achei que fosse pedir uma garrafa de whisky importado como sempre... – ri anasalado – Mas tudo bem, de quanto estamos falando?
– Preciso de um adiantamento de seis meses. – seu semblante me pareceu carregar certa inquietação.
– Está com problemas de novo? – cerrei o cenho.
– Não é pra mim. – Alice se pôs a negar – Acontece que eu liguei pra casa, a minha irmã mais nova teve uma overdose... Ela está bem agora, mas a minha mãe está pensando em uma intervenção.
– Isso parece sério. – comentei por alto.
– É sério, McClain! – ela praticamente me fuzilou com o olhar – Por essa razão preciso da grana, quero que ela fique confortável em uma boa clínica, até sair limpa de lá.
– Tá, como seja... – dei de ombros.
– Eu já falei que você é o melhor chefinho de todos? – Alice me agarrou pelo pescoço, e precisei me afastar para conter seu entusiasmo repentino – Desculpa...
– Não encana, só vamos começar logo com isso, pode ser? – propus, num tom um pouco mais sério.
– Claro, entra aí. – ela se virou, abrindo mais a porta...
LIZZIE
Desde que saí do condomínio onde o Jason morava, o nervosismo junto com a ansiedade só aumentavam em meu íntimo. Não que eu estivesse insegura, ou cogitando desistir de finalmente colocar o DIU, quanto a isso não me restavam dúvidas. No entanto, como nunca tinha feito nada assim antes, até que era compreensível minha agitação repentina. Afinal, tudo o que fazemos pela primeira vez nos causa certo receio mesmo. O uber estacionava agora em frente a clínica, enquanto eu me apressava em pagar o valor da corrida pelo aplicativo no meu celular.
Não pude deixar de notar que, durante todo o percurso, a Emily mal deu uma única palavra, apesar de sustentar um semblante que transpassava preocupação. Confesso que já imaginava os seus motivos, tirando pela noite conturbada em sua casa ontem, mas também não quis iniciar essa conversa ali dentro do carro, na frente do motorista desconhecido. Quer dizer, não seria nada confortável falarmos sobre o recente episódio caótico na frente do senhorzinho simpático que nem sabia do que se tratava.
– Ai, meu Deus! Eu pensei que não fôssemos chegar nunca. – Emily me agarrou pelo braço, após descermos do carro – Me conta, como ficaram as coisas com o Jason depois que vocês saíram lá de casa ontem?
– Ah, isso? – ri anasalado, sacudindo a cabeça – Pode ficar tranquila, nós dois tivemos uma longa conversa, e estamos bem agora.
– Sério? Que bom! – a expressão exasperada em seu rosto finalmente suavizou – Confesso que fiquei ainda mais preocupada quando vi a cadeira quebrada na cozinha, mas tentei acreditar que o Jason não machucaria você.
– Não, ele não é nem louco, amiga. – neguei de imediato, à medida que caminhávamos para dentro da clínica.
– Fico mais tranquila de saber que vocês se resolveram, e que está tudo bem agora. – um doce sorriso de alívio surgiu em seus lábios.
– É, mas olha... Eu peço desculpas pela sua cadeira, o Jay passou dos limites ontem e acabou chutando pra longe. – expliquei melhor o ocorrido.
– Aquilo foi um chute? – percebi suas sobrancelhas arquearem em espanto – Eu achei que o Jason tivesse arremessado a cadeira tipo umas duas ou três vezes pela cozinha.
– Desculpa mesmo, eu não queria ter causado nenhum prejuízo. – senti minhas bochechas esquentarem de vergonha – Se tiver conserto, pode mandar a conta que eu pago.
– Não foi nada, só de você estar bem eu já me sinto em paz. – garantiu ela.
– Obrigada pela força ontem, se não fosse você, acho que eu não teria conseguido separar aqueles dois. – ajeitei melhor a alça da bolsa em meu ombro.
– Convenhamos que o Jordan merecia muito mais pelo que fez. – Emily se apressou a dizer – Ele não tinha o direito de te beijar sem o seu consentimento.
– Que o Jason nunca escute isso, ontem não foi nada fácil. – meneei a cabeça, tentando espantar as lembranças ruins que ressurgiam – O problema é que o Jordan exagerou na bebida, eu acho que foi por essa razão que fez o que fez.
– É provável que sim, mas espero que isso não se repita. – sua destra apertou o meu braço um pouco mais forte – Você é uma mulher, e merece ser respeitada.
– Todas merecemos. – mencionei, enquanto adentrávamos pela recepção.
– Sim, você tem razão. – a vi assentir – Noah e eu conversamos sério com o Dan ontem, e acho que à medida que o efeito do álcool ia diminuindo, o arrependimento foi batendo mais forte, sabe?
– Espero que ele fique bem. – fui sincera – Mas agora, se não se importa, gostaria de mudar o assunto... Eu conversei com o Jason ontem, sobre a sua despedida de solteira.
– Ai, meu Deus! Sério? – seus olhos brilhavam esperançosos agora – E o que ele disse?
– Vai rolar, e você já pode comemorar, porque o Dylan estava certo... – sorri largo, tratando logo de chamar o elevador – Eu pedi com jeitinho, e vai ter até open bar para os convidados.
– Mentira! – Emily praticamente berrou em curtos saltinhos – Conta essa história direito.
– Meio que a gente fez um acordo depois de fazer as pazes ontem. – passei uma mecha de cabelo para trás da orelha.
– Deixa eu adivinhar, depois de uma boa briga, vocês transaram loucamente, não foi? – questionou ela, com certa malícia no tom de voz.
– É por aí. – confirmei, sem conseguir conter o sorriso de satisfação.
– Safadinha! – rimos baixinho – Agora está explicado o motivo de você querer tanto colocar um DIU.
– Amiga! – arregalei os olhos.
– Fica tranquila, minha boca é um túmulo. – Emily fez um sinal como se fechasse o zíper da boca – Mas vem cá, foi no modo hard?
– Tá legal, eu não vou responder isso. – nesse instante, as portas do elevador se abriram.
– Por que não? O Noah às vezes me pega com força, e eu adoro. – adentramos juntas aquela caixa de metal vazia – Aposto que não é diferente com você e o Jason.
– Ai, meu Deus! Você está me deixando muito... sem graça. – fiz uma curta pausa, e terminei a frase um tanto mais baixo, ao perceber uma mão grande impedir que as portas se fechassem.
Assim que ambas tornaram a abrir, pudemos ver melhor um homem alto e bem forte que surgiu a nossa frente. Era um sujeito estranho e mal encarado, fora as tatuagens que se espalhavam pelos braços, mãos e pescoço, as quais pareciam símbolos de uma seita ou facção criminosa. Engoli em seco, quando ele também adentrou o elevador em silêncio, sem demonstrar um pingo de educação para cumprimentar nós duas que já estávamos ali.
Emily apertou o meu braço, e percebi que ela também estava tensa, mas não era para menos. Após ouvir o som metálico das portas se fechando, empurrei minha mão livre para dentro da bolsa, tratando de alcançar o spray de pimenta que o Jason me deu. Por mais que eu não gostasse de julgar a aparência das pessoas, não dava para abaixar a guarda e ficar esperando o pior acontecer. Não, se fosse o caso, agora eu precisaria me defender...
[...]
💕. Estavam com muita saudade desses dois?? Comentem aqui o que acharam do capítulo e o que esperam dos próximos 😘❤️
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