"Eu sou mulher, não tenho medo, eu sou sexy sou divina, sou imbatível, sou criativa... Eu sou feminina, eu sou masculina, eu sou qualquer coisa que eu quero ser... – I Am Woman, Emmy Meli."

JORDAN

Hoje precisei acordar um pouco mais cedo para entregar as chaves do cinema para o Matthew, como a Eleonora me pediu que fizesse, já que fui encarregado de fechar tudo ontem pela noite. Confesso que fiquei preocupado depois que ela saiu, tanto pelo ocorrido no início do expediente, quanto pela notícia que a sua filha estava adoentada, mas esperava que estivesse tudo bem com as duas. Estava indo agora ao encontro do Noah no shopping, pois, pelo que entendi das suas últimas mensagens, ele queria falar algo importante comigo e com os rapazes.

Eu tinha quase certeza de que era alguma coisa relacionado ao seu casamento com a Emily, que estava se aproximando. Já estacionava o carro na vaga, quando o meu celular começou a tocar, e pelo identificador de chamadas pude ler "Noah", então tratei de atender rápido. Do outro lado da linha, ele queria saber se eu já havia chegado, e me disse para seguir direto para o saguão de entrada, e foi exatamente o que eu fiz. Mais à frente, o avistei junto do Logan e do Christian, que conversavam entre si numa boa.

– Fala, Davis! – fizemos um toque assim que me aproximei – Achei que não viesse mais.

– Foi mal, irmão, mas é que eu tive de passar primeiro em outro lugar. –expliquei, cumprimentando os outros dois – Espero não ter atrasado tanto.

– Trabalho? – suas sobrancelhas arquearam.

– É, você sabe... – confirmei com um leve aceno de cabeça – Mas e aí, o que você queria conversar?

– Bom, na verdade não é bem uma conversa, é mais um convite. É que com o casamento chegando, a Emily e eu decidimos os nossos padrinhos e madrinhas. – explicava Noah, sem muita enrolação – Então, eu só quero saber se vocês aceitam...

– Está nos dando a tarefa de te arrastar para o altar? – brincou Christian, com tom risonho.

– É, quase isso. – Noah também acabou dando uma leve risada.

– Pode contar comigo. – confirmou Logan, sem nem pensar duas vezes.

– Eu tô dentro. – Christian também deu a notícia positiva.

– Vai ser uma honra, Noah, obrigado pelo convite, cara. – agradeci, um tanto lisongeado por sua consideração.

– Tá legal, já que nenhuma das moças aqui borrou a maquiagem num choro descompassado de emoção, venham comigo para vermos a questão dos ternos. – ele nos arrancou uma boa risada – A Emily já está lá em cima com as madrinhas, ela marcou de encontrar mais cedo com as meninas para irem adiantando.

– O Dy está com ela, não é? – questionou Logan – Ele me disse que tinha um compromisso com a Emily hoje.

– Ah, sim. – confirmou Noah – A Emy está com as duas primas dela, Luna e Sasha, com o Dylan, a Rose e a Lizzie também.

Ouvir aquela última parte me deixou um tanto zonzo, pois apesar de saber que a Emily e a Lizzie eram boas amigas, acho que não cheguei a cogitar a possibilidade dela ser uma das madrinhas. Depois do nosso último encontro na quermesse, eu não sabia exatamente como seria vê-la de novo, não queria ter uma reação ruim, mas contanto que o idiota do Jason não estivesse junto...

– A Rose está lá em cima? – perguntou Christian, meio receoso enquanto nos encaminhávamos para a escada rolante.

– Está sim. – Noah assentiu sutilmente com a cabeça.

– E não tem nenhum problema se eu aparecer assim de repente? – insistiu Christian, apreensivo – É que depois daquela merda que eu fiz, as coisas ficaram estranhas, não quero causar problemas.

– Relaxa, cara, vocês não vão precisar conversar, nem nada. – garantiu Noah, a fim de tranquilizá-lo – São dois espaços diferentes, sem contar que a essa altura elas já devem estar terminando a prova dos vestidos.

– Certo. – ele concordou por fim, numa tentativa de disfarçar o quão nervoso estava.

Acredito que no seu lugar, qualquer um se sentiria igual, afinal depois de tudo o que aconteceu com a Rose, decorrente daquela aposta estúpida... Bom, as chances dela reagir mal ao vê-lo eram consideravelmente grandes. O mesmo valia para mim, agora que o Jason voltara à cidade, e com o episódio na quermesse... Eu realmente não sabia o que pensar ou esperar, mas dentre tudo a última coisa que sentia agora era calma.

Assim como Christian, eu também não consegui me concentrar no diálogo entre Noah e Logan durante o caminho, e senti minhas pernas pesarem, junto ao suor frio que surgia nas palmas das mãos, ao perceber que já chegávamos em frente a tal loja onde a Emily estaria com as meninas. Sorri educadamente quando Noah olhou em minha direção e, mesmo sem escutar ao certo o que ele disse, eu apenas assenti, lhe seguindo para dentro...

LIZZIE

Depois de encarar o meu próprio reflexo no espelho uma última vez, finalmente me virei destrancando a porta, mas senti as minhas pernas travarem assim que passei para fora daquele provador. Acontece que o Noah acabava de chegar junto com Christian, Logan e Jordan que cravou os seus olhos em mim quase como se não tivesse mais ninguém em volta na loja. De imediato, o nosso último encontro se acendeu na minha memória, nós dois ainda não havíamos nos visto desde a quermesse, e eu não sei se ele tinha se zangado comigo, se estava bravo agora.

– Uau! Você está linda, amiga. – Emily se levantou do sofá, e passei a minha atenção para ela.

– Linda é pouco, ela está um arraso! – comentou Dylan, maravilhado – Eu acho que o da Liz é esse.

– Obrigada. – sorri, sentindo as minhas bochechas esquentarem – Eu gostei mesmo desse.

– Ficou perfeito em você. – disse Rose, se aproximando para conferir mais de perto.

– Vamos pedir para separarem os modelos escolhidos no tamanho de vocês, então? – indagou Emily, olhando em volta, e sorriu doce ao finalmente perceber o Noah ali – Amor?!

– Acabei de chegar, e trouxe os nossos padrinhos. – ele se referia aos meninos, enquanto se aproximava dela.

– Loganzinho, meu amor, que surpresa! – Dylan se levantou entusiasmado para cumprimentar o seu namorado.

Rose, por sua vez, se afastou um pouco e, mesmo tentando não demonstrar ou chamar atenção, eu logo percebi o motivo, a presença do Christian lhe incomodava, o que já era de se esperar depois de tudo o que aconteceu.

– É que o Noah só me contou agora. – respondeu Logan, um tanto encabulado após receber um selinho na frente de todos.

– É, eu também. – Dylan rolou os olhos numa suave risadinha.

– Bom, como estão as coisas por aqui? – Noah retomou o assunto com a Emily.

– Ah, eu acho que nós acabamos de decidir os vestidos das madrinhas. – respondeu ela, em tom contente.

– Que bom! – Noah a abraçou pelos ombros.

– E quanto a vocês, quer dizer que aceitaram o convite? – questionou Emily, com um sorriso doce estampado nos lábios, e só então Jordan desviou o seu olhar de mim.

– Claro que sim, o Noah é nosso amigo de infância. – ele sorriu bem humorado, indicando que não estava com raiva nem nada do tipo.

Acho que fiquei mais aliviada ao confirmar aquilo, e logo parei de prestar atenção na conversa que se estabelecia entre eles. Não demorou até que Dylan, um tanto impaciente, chamasse a mesma atendente que tirou as medidas para o seu terno, a quem ele pediu que fizesse o mesmo comigo e com as outras meninas também. A moça logo concordou, e se pôs a anotar cuidadosamente em sua prancheta cada medida que tirava de nós. De canto de olho, vi que o Jordan voltava a sua atenção vez ou outra em nossa direção, mas ele apenas seguiu conversando em tom animado com os noivos.

Assim que fui liberada, Dylan me ajudou com o zíper até uma altura onde pudesse alcançá-lo sozinha, lhe agradeci e tornei a entrar no provador para me trocar e vestir as minhas roupas. No entanto, antes de subir a saia, eu olhei breve por cima do ombro para checar se havia trancado bem a porta e, ao confirmar que sim, me virei de costas para o espelho. Estava muito curiosa para checar uma coisinha. Pelo reflexo, corri os meus olhos até o meu traseiro, e senti os pelos da nuca eriçarem com força quando toquei as minhas próprias nádegas, as quais afastei bem devagar.

"Ninguém vai saber que tem um plug atolado no seu traseiro, Lizzie...", sorri corando as bochechas de vergonha, enquanto observava atentamente a pedrinha vermelha em formato de coração que ficava na base daquele objeto. Era tão delicada. Antes que eu percebesse, já contraía o meu ânus a fim de sentir o comprimento daquilo dentro de mim, e mordi o meu lábio inferior com força ao me lembrar do Jason sem camisa hoje mais cedo. Ao sentir a minha intimidade ficar úmida, soltei a respiração de uma só vez, sacudindo a cabeça para os lados numa tentativa de espantar aqueles pensamentos pervertidos.

Logo em seguida, apanhei a minha saia no chão e, enquanto vestia aquela peça, me perguntava em silêncio quando é que eu tinha me tornado uma garota tão sem vergonha assim? Meneei a cabeça, numa leve risadinha. Quando finalmente terminei de afivelar o cinto, conferi bem o meu reflexo no espelho, amassando os meus cabelos entre os dedos a fim de arrumá-los outra vez. Depois disso, apanhei a minha bolsa sobre o puff ali do lado, de onde me apressei em tirar o meu celular para conferir se o Jason não havia mandado mais nenhuma mensagem. E sorri doce ao confirmar que sim.

"Eu te amo muito mais. Aproveite o seu dia, pequena." – Jason, 10:49am.

Suspirei apaixonada, me escorando numa das paredes daquele provador. Ainda não acreditava que estávamos mesmo assim, trocando pequenas declarações por mensagens. Quer dizer, quem nos visse agora, não diria que tivemos um começo tão difícil. Naquele tempo, eu nem imaginava todas as coisas que aconteceriam, ou o quanto me derreteria por aquele idiota. Meneei a minha cabeça, ainda sorrindo boba quando bloqueei o celular e o guardei de volta na minha bolsa.

Já que eu estava no shopping, acho que não me custaria nada tirar um tempinho para fazer uma surpresa para o Jason, ele estava merecendo. Comecei a pensar num presente que fosse agradá-lo, enquanto recolhia o vestido, o qual dobrei sobre o braço antes de deixar aquele provador. Ao sair, notei que os padrinhos tinham ido, junto com o Noah, provar os seus ternos na sessão masculina. Emily conferiu novamente se seria aquela peça, o que eu confirmei sem sombras de dúvidas, então ela pediu que reservassem.

Aproveitei para convidar suas primas para o "dia das meninas" no salão, e nem preciso dizer que aceitaram de cara. Então, assim que terminamos, saímos da loja com destino certo e super empolgadas para arrumar os cabelos e as unhas. Que mulher não se sente bem com isso, não é mesmo? Além de se arrumar, dava para fofocar sobre coisas fúteis, tipo quais cortes de cabelo ou cores de esmalte estão em alta, e relaxar fingindo ser uma socialite cheia da grana sem grandes preocupações, o que era uma delícia.

– Bom dia, meninas, sejam muito bem-vindas! – duas moças simpáticas vieram nos atender assim que adentramos o salão – Como podemos ajudá-las?

– Não sei elas, mas eu quero o pacote completo, com hidratação, massagem e unhas. – disse Dylan, super decidido – Vou fazer tudo o que eu tenho direito.

– Eu também! – as outras meninas falaram quase em coro.

– Ótimo, nós temos um pacote perfeito para vocês. – anunciou uma das atendentes, antes de voltar sua atenção para mim – Mas e quanto a você, querida?

– Ah, bom, eu estava pensando em mudar um pouco o visual, talvez o cabelo. – comentei, não muito segura quanto aquela ideia maluca que se passava pela mnha cabeça desde que me despedi do Jason hoje mais cedo.

"Mais tarde eu passo pra te buscar, e vou adorar conferir o resultado quando chegarmos em casa...", a voz dele ainda ecoava na minha cabeça. Eu queria surpreendê-lo, e acho que já estava mais do que na hora de dar uma repaginada.

– Desculpe, eu não entendi, está falando da cor? – perguntou a outra moça, com o semblante um tanto confuso – Já tem algo e mente?

– É, talvez seja legal tentar umas mechas... – propus, procurando o apoio das minhas amigas – O que vocês acham?

– Ai, que tudo! – esbravejou Dylan, felicíssimo – Acho que agora você acertou em cheio, vai ficar ainda mais linda.

– O Dylan tem razão, eu acho que vai valorizar muito o seu rosto, até realçar a cor dos seus olhos. – Emily também me deu total apoio.

– Sério? Vocês acham? – arqueei as sobrancelhas.

Quase em coro, todas as meninas concordaram, dando suas opniões sinceras sobre o quanto achavam que ficaria bom, e que eu deveria fazer tal mudança. Confesso que aquilo me deu ainda mais coragem de seguir em frente, pois apesar de nunca ter pintado ou feito qualquer procedimento químico no meu cabelo antes, eu realmente estava com vontade de tentar algo novo faz um tempo. Por que não agora, não é mesmo?

– Então, vamos fazer umas mechas e deixar esse cabelo ainda mais lindo do que já é? – indagou a primeira atendente.

– Bom, eu acho que sim. – sorri tímida – É, vamos lá.

– Assim que se fala, florzinha! – Dylan me abraçou de lado pelos ombros, me acompanhando pelo salão.

Assim que nos sentamos nas cadeiras de couro em frente ao enorme espelho, as moças colocaram uma daquelas capas pretas em cada uma de nós, e pude sentir um friozinho surgir na barriga. Não demorou nada até a equipe que nos atenderia chegar, e me foi entregue um portfólio muito organizado, para que eu escolhesse uma referência de como queria que o meu cabelo ficasse. Entretanto, precisei da ajuda das minhas amigas para me decidir, já que uma foto era mais linda que a outra.

Depois de muitas análises, folheando o portfólio para lá e para cá, acabamos decidindo por mechas mais puxadas para o tom de mel, afinal eu nunca tinha sido loira antes, e não queria ser tão radical ao ponto de me estranhar. Então, o teste de mecha finalmente foi realizado, e com o resultado foi possível confirmar que os fios estavam saldáveis, só depois de ter o cabelo aprovado, começaram os trabalhos. Enquanto descoloriam as minhas mechas, uma nail designer super simpática fazia minhas unhas. Eu também nunca tinha usado unha em gel antes, mas a Rose falou tão bem, que decidi arriscar.

– Me desculpe a curiosidade, mas você está grávida? – uma das cabeleireiras se dirigiu a Emily, que conversava com a Rose sobre a sua última consulta na ginecologista.

– É, estou sim. – respondeu ela, corando as bochechas.

– Meu Deus, meus parabéns! – a moça falou empolgada – De quantos meses?

– Ah, obrigada. Estou de três meses. – explicou Emily.

– Tá explicado a falta da barriga. – disse a cabeleireira mais velha dentre as outras que nos atendiam – É a sua primeira gravidez, não é? Na primeira, geralmente não cresce muito mesmo.

– É sim, e não espero ter outra tão cedo. – Emily estava certa disso – Depois que o bebê nascer, assim que possível vou colocar logo um DIU só para prevenir.

– Se já existisse isso no tempo das nossas avós, não teríamos tantos parentes para a ceia no dia de ação de graças, não é mesmo? – brincou a cabeleireira mais velha, em tom bem humorado.

– Fala sério, a nossa avó tem oito filhos, se eu tivesse três já enlouqueceria. – comentou uma das primas da Emily.

– É o que eu diga, sexo é bom pra caralho, ainda mais quando o homem que tá comendo dá conta do recado, sabe como é... – disse a moça que hidratava os cabelos da Rose – Mas cuidado nunca é demais. Bom, é isso ou a família vai crescendo.

Aquela conversa me fez se questionar em silêncio o que seria um DIU, e se qualquer mulher podia usar, pois eu nunca havia ouvido falar disso antes. Confesso que fiquei bastante interessada já que agora a minha vida sexual estava bem ativa. A todo caso, se fosse possível, não fazia mal prevenir, até porque a última coisa que o Jason e eu precisávamos agora era de um filho. Nas duas vezes que pensei estar grávida, me senti péssima e sei que, apesar de tentar me acalmar, ele também ficou muito nervoso.

Estava decidido, na minha próxima visita à ginecologista, me informaria melhor sobre o uso do DIU e, caso eu pudesse colocar, qual que era o melhor tipo para mim, pois pelo que eu entendi daquela conversa existia mais de um. Dali em diante, as meninas não pararam mais de falar, fofocavam sobre qualquer coisa e caíamos na risada a cada cinco minutos. Nem mesmo vi o tempo passar, até que as minhas unhas ficaram prontas e muito lindas, apesar de eu ter escolhido o modelo mais simples em comparação com as outras.

Após finalizar as mechas, também deram uma boa hidratação nos meus cabelos. Em seguida, recebi uma massagem deliciosa nos pés e ombros para relaxar, aquilo me levou aos céus e, a certo ponto, eu não queria mais que parassem. Juro que eu podia fazer isso todos os dias, era realmente muito bom. Entretanto, de volta ao meu cabelo, agora duas cabeleireiras já terminavam a escova enquanto eu estava sentada de costas para o espelho. A curiosidade e ansiedade de ver o resultado final, já estavam nas alturas, me corroendo por dentro.

– Vamos girar no três, hein? – disse a cabeleireira, com as mãos postadas na minha cadeira, e apenas assenti – É um, é dois...

No três, ela girou a minha cadeira de frente para o espelho, para que eu pudesse conferir o resultado, e confesso que já estava a flor da pele para ver como havia ficado.

– Ai, meu Deus! – me levantei, se aproximando um pouco mais do espelho para conferir de perto.

– E então, o que achou? – as sobrancelhas da moça arquearam.

– Está perfeito! – meus olhos brilhavam de felicidade, enquanto eu admirava o meu próprio reflexo – Era exatamente assim que eu queria.

– Fico muito contente que tenha gostado, querida. – disse Marla, a cabeleireira – Essa paleta realmente combina muito com você, veja só...

Ela amassou os meus cabelos, e os jogou para frente, mostrando melhor os detalhes daquelas mechas simplesmente impecáveis. Também ouvi os seus conselhos em relação aos cuidados com os fios agora, que precisaria aumentar. Me empolguei tanto, que na hora de efetuar o pagamento, acabei comprando a linha de produtos que me foi recomendada, era a mesma que as moças do salão usaram para fazer a hidratação.

– Amiga, você está um arraso! – Emily me agarrou pelo braço assim que saímos do estabelecimento.

– Eu amei, de verdade! – Rose também me elogiou.

– Faço das delas, as minhas palavras. – disse Dylan, ajudando a empurrar a cadeira da Rose – Essa transformação ficou maravilhosa, Liz.

– Obrigada, eu realmente amei o resultado. – sorri corando as bochechas, sempre ficava sem graça quando me elogiavam demais.

– A gente que agradece, né? – Emily me apertou num abraço de lado – Quer dizer, você foi um anjo de nos trazer aqui hoje.

– Bom, acho que temos que fazer isso mais vezes daqui pra frente. – propus, em vista de que tínhamos adorado a experiência.

– Eu super topo. – Dylan se prontificou no mesmo instante, o que nos arrancou algumas risadas.

– É só marcar e chamar, que ninguém aqui vai recusar. – garantiu Emily – Mas agora, pelo menos o almoço é por conta do meu noivo. Vamos descer que o Noah já está nos esperando com os meninos no restaurante.

– Tudo bem, vamos lá. – Dylan se pôs a mudar a direção da cadeira da Rose.

– Ah, Dylan, na verdade, eu tenho que ver só mais uma coisinha numa loja aqui no andar de cima, e preciso da sua ajuda. – o chamei – Será que...

– É claro que sim! – seus olhos brilharam, mostrando entusiasmo – Eu ajudo no que for preciso, raiozinho de sol.

– Então, vocês vão logo. – Emily tomou o seu lugar, segurando firme na cadeira da Rose – A gente já vai descendo, e quando vocês terminarem aqui, nos encontramos no restaurante, pode ser?

– Sim, eu acho uma ótima ideia. – concordei com um aceno de cabeça, e Dylan se agarrou ao meu braço.

Sei que talvez eu tivesse que aturar as suas piadinhas maliciosas quando lhe contasse sobre o que se tratava aquela ajuda, mas acontece que ele saberia me dar um bom conselho em relação ao que eu tinha em mente agora. Assim que nos despedimos das meninas, Dylan me arrastou apressado, imagino que, fora a empolgação, também estivesse curioso.

– Então, no que exatamente você precisa da minha humilde ajuda, darling? – perguntou ele, me arrancando uma leve risada anasalada.

– Digamos que eu quero fazer uma surpresa para o Jason hoje... – tentei procurar as palavras certas para lhe explicar.

– E oferecer o seu corpinho não basta para o gângster malvadão? – Dylan arqueou as sobrancelhas, sorrindo cínico ao me encarar.

– Não, quer dizer... – senti as minhas bochechas esquentarem de vergonha, e desviei o olhar – É que eu quero dar uma apimentada hoje, com alguma coisa mais ousada, sabe?

– Ousada? – ele pareceu absorver a ideia – Hum! Então aquele gostoso curte uma boa sacanagem na cama...

– Ah, bom... É por aí. – passei uma mecha de cabelo para trás da orelha – O Jay é bom nisso, ele é muito bom. Eu só queria retribuir, mas não tenho muitas ideias, achei que você...

– Já saquei. – Dylan me interrompeu, apertando o meu braço enquanto caminhávamos – Me diz as preferências do JayJay, do que ele gosta? Alguma coisa que dá tesão nele?

– Tipo um fetiche? – cerrei o cenho.

– É, pode ser isso. – o vi confirmar com um aceno de cabeça.

– Sendo bem sincera, o Jason tem muito fetiche na minha bunda, porque... – senti minhas bochechas esquentarem, ao me lembrar do episódio em meu quarto hoje mais cedo – É que a gente meio que fez sexo anal uma vez, e ele foi o primeiro cara a me tocar assim...

– Mentira! – esbravejou Dylan – Você liberou o seu precioso frutinho proibido para aquele marginal safado?

– Dylan, pelo amor de Deus, fala baixo. – apertei seu braço, extremamente envergonhada.

– Claro, isso explica o cartão de crédito liberado. – ele sorriu cínico.

– Não, já faz um tempo, e só rolou uma vez, mas eu tenho a impressão que o Jay quer de novo. – tentei explicar melhor.

– Hello! É óbvio que o mafioso gostosão quer de novo, amiga, todo macho tem tara num rabo. – Dylan seguia em tom risonho – Ainda mais se ele sabe que foi o primeiro homem a provar do seu fruto proibido.

– É, bom, ele disse que sente tesão em saber disso. – comentei em voz baixa, quase como se fosse um pecado falar isso.

– Tá, mas e você? – suas sobrancelhas arquearam – Nem toda mulher se sente confortável com sexo anal, e eu não quero amiga minha fazendo vontade de macho, se não sentir prazer também.

– Olha, eu confesso que doeu mais do que perder a virgindade, e o Jason nem forçou uma penetração total. – fui sincera – Mas ele foi carinhoso comigo, e eu também gostei sim.

– Nesse caso, eu posso te ensinar a relaxar para aproveitar melhor o sexo anal. – propôs Dylan, com um semblante mais tranquilo – Vai ser outra experiência, eu te garanto.

– Tem como fazer isso? – cerrei os olhos.

– Dear, eu tenho muita propriedade nesse assunto, pode confiar, tá? – um sorrisinho sacana se fez em seus lábios, e eu apenas assenti em resposta – Ótimo! Agora vem comigo, meu bem...

Algumas horas mais tarde...

Tive uma manhã cheia hoje, com a prova dos vestidos, o salão de beleza e tudo mais. No entanto, depois que o Dylan me deu uma forcinha com aquele tal assunto íntimo, as coisas suavizaram, e finalmente conseguimos relaxar. Depois do almoço, o Noah sugeriu virmos todos para a Candy's, tomar um delicioso milkshake de sobremesa, e era exatamente onde estávamos agora. Todos, exceto as primas da Emily e o Christian, que tiveram de ir embora mais cedo. No fim das contas, foi um dia muito legal e agradável ao lado dos meus amigos, nós conversamos, rimos, fizemos piadas uns com os outros.

Acho que para ser completamente perfeito, só faltou o Jason estar junto com a gente. Eu queria muito que ele participasse de momentos assim, que se divertisse e aproveitasse como todo mundo. Bom, mas uma coisa de cada vez, não é? Há pouco tempo, nem eu mesma imaginava que fôssemos estar tão bem juntos, mas agora... Acho que eu só tinha que ter um pouco mais de paciência. Talvez o casamento da Emily fosse o primeiro passo para apresentar o verdadeiro Jason para os meus amigos, falo do bonzinho e gentil, aposto que todos mudariam o jeito de pensar sobre ele se realmente o conhecessem.

– Me desculpem mesmo, mas eu só não fico mais com vocês porque está meio difícil de aguentar aqui. – Emily se referia ao seu recente mal-estar.

– Nada disso, você tem que ir pra casa, e repousar, dona Emily. – disse Dylan, também se pondo de pé – Além do mais, passamos quase o dia inteiro juntos, daqui a pouco já é noite. Uma hora o seu bebê ia querer a sua atenção, não acha?

– É, o Dylan tem razão. – Rose deu uma risadinha.

– Não se preocupa com a gente não, está tudo bem. – abracei carinhosamente a Emily de lado.

– Ai, vocês são os melhores! – ela estendeu os braços, chamando todos para um abraço coletivo.

Até mesmo o Jordan veio, muito bem humorado. Para ser sincera, ele foi quem mais fez todos rirem hoje, contando as histórias vergonhosas da infância do Noah, por algumas boas horas aquela lanchonete virou uma zona. Isso foi mesmo muito bom. Após rompermos o nosso abraço em grupo, meio que encaramos o clima de despedida mesmo, e resolvemos acompanhar os noivos para o lado de fora.

A todo caso, o Jason já devia estar chegando para me buscar, pois eu havia lhe mandado mensagem avisando que tínhamos acabado por aqui. Passei a alça da bolsa pelo ombro e alcancei minhas sacolas com os meus novos produtos capilares, ao me virar, notei que o Noah seguia mais à frente com a Emily, enquanto o Dylan empurrava lentamente a cadeira da Rose que conversava com o Logan. Então, apressei o passo, não queria ser a última a sair da lanchonete, mas reduzi um pouco assim que alcancei o Jordan que seguia sozinho mais atrás.

– Fala aí... – seu olhar se dirigiu a mim – Você também vai ser madrinha, né?

– É, a Emy me convidou. – respondi, com um sorriso doce nos lábios.

– Você ficou linda naquele vestido hoje. – disse ele, e notei certa confusão surgir em sua expressão – Quer dizer, você já é linda, só... O que estou tentando falar é que essa mudança de visual te fez muito bem.

– Eu entendi, Davis. – ri anasalado, assentindo com a cabeça – Obrigada.

– Tá legal. – concordou ele, e notei o seu olhar recair à minha mão – Essa aliança é o que estou pensando?

– Ah, sim, o Jason... – fiz uma curta pausa, apertando a alça da minha bolsa como se precisasse de um pouco mais de coragem para responder – Ele me pediu em namoro.

– E vejo que você aceitou. – Jordan segurou a porta para que eu passasse para fora, e assim fiz – Devo desejar felicidades para o casal?

Notei certo tom de sarcasmo em sua voz e, quando me virei novamente em sua direção, também vi que o sorriso amigável em seus lábios havia morrido. Eu não chegaria a dizer que ele estava chateado, mas parecia um tanto ofendido. Talvez só estivesse de orgulho ferido, provavelmente sim.

– Não vamos por aí, eu não quero acabar discutindo com você. – fui sincera – Inclusive, queria te pedir desculpas pela outra noite, o Jason passou da conta.

– Então vai ser assim? O idiota do meu irmão faz as merdas e você quem pede desculpas... Interessante. – ironizou ele, quase em deboche.

– Jordan...

– Não, tudo bem, você não tem que se explicar. – o vi negar com a cabeça – Se é isso mesmo que quer, eu tô numa boa.

– Olha, o Jason não é esse cara horrível que você pensa, ele...

Me auto interrompi ao ouvir o ronco familiar de uma moto se aproximando, e não demorou até que o Jason surgisse no início da rua. Cerrei os punhos com força, me obrigando a permanecer no mesmo lugar, não queria me afastar e deixar que o Jordan pensasse alguma idiotice por isso.

– Parece que o seu namorado chegou, Lizzie. – ele meteu as mãos para dentro dos bolsos da jaqueta, assim que viu o seu irmão estacionar do outro lado da rua.

– É, eu acho que já estava dando a minha hora mesmo. – respondi, não muito contente pelo tom da nossa conversa.

Em vista do seu silêncio, apenas me adiantei a se despedir dos demais com beijinhos e abraços apertados. Não permitiria que aquele curto momento estragasse todo o resto, fora o fato de que estava muito mais ansiosa para ver qual seria a reação do Jason quanto a minha mudança de visual e a surpresa que o aguardava essa noite. Dylan, que era o único ali que sabia exatamente do que se tratava, trocou olhares maliciosos comigo, sorrindo cínico antes que eu me virasse. Mas, por sorte, foi só isso, ele não disse nada comprometedor, o que me fez agradecer internamente.

Enquanto caminhava até a moto estacionada do outro lado da rua, sentia um friozinho gostoso crescendo na minha barriga, mas tentava me acalmar ou o Jason acabaria percebendo. Vi quando pousou o seu capacete sobre o tanque, e apertei as sacolas em mãos no segundo em que o seu olhar se dirigiu a mim. Nesse instante, os pelos da minha nuca eriçaram em alerta: ele sabia o que eu estava aprontando para hoje? "Não seja boba, Lizzie! Como ele saberia? Nem foi no cartão dele que você passou isso...", meneei minha cabeça, tratando logo de me aproximar...

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