11. Cinema à noite
"Vai desejar que a gente nunca tivesse se conhecido no dia que eu partir... Porque dizem que o sofrimento adora companhia. Não é sua culpa eu estragar tudo, não é sua culpa que eu não sou o que você precisa. Amor, anjos como você não podem voar para o inferno comigo... – Angels Like You, Miley Cyrus."
JASON
"Quando vai voltar pra mim, Jay?", ontem a noite foi bem proveitosa com a Lizzie. No início, como esperado, ela ficou meio tímida com a ideia de fazermos sexo daquele jeito, por chamada de vídeo, afinal nunca tínhamos tentado nada assim antes. Mas depois que perdeu a vergonha, fez valer a pena, nós jogamos pra valer. É, as coisas esquentaram, me animei apenas por assistir ela se tocando e falando o quanto queria que fosse eu. Quase enlouqueci por não poder lhe acariciar de verdade, o que só tornava mais claro que eu precisava voltar logo pra casa, pra minha mulher.
No entanto, o sol ainda nascia no horizonte quando recebi a ligação que me tirou da cama hoje, e tive logo que deixar o hotel. Pelo que eu entendi, um dos galpões do Alexander tinha sido atacado pela madrugada, e ele solicitou meus serviços ao Enrico que pareceu concordar. Eu não me agradava muito da ideia de acabar passando mais tempo na cidade, mas era bem provável que receberia a ordem de encontrar os responsáveis pelo ataque, o que acabaria me prendendo por mais alguns dias. Acho que a Lizzie também não gostaria nada disso.
"Estou com saudades, amor... Já faz quase uma semana...", sua voz doce ecoou em meus pensamentos outra vez, mas neguei com a cabeça ao avistar os enormes portões de ferro se abrirem a minha frente, e logo segui para dentro da propriedade. Em volta da mansão do Alexander havia praticamente um batalhão de seguranças engravatados, que andavam nervosamente pelo jardim. Enquanto isso, mais ao longe no estacionamento, Frederick fumava um cigarro, encostado numa lamborghini prata. Estacionei o meu carro bem ao seu lado e, antes mesmo que eu descesse, o vi se aproximar.
– Você chegou rápido. – comentou ele, assim que bati a porta – Achei que fosse demorar um pouco mais.
– Não sei por que pensou isso, eu não costumo me atrasar. – meti as mãos para dentro dos bolsos da jaqueta – O Enrico já está aqui?
– Não, ele disse que não vinha. – o vi negar com a cabeça – A Allana está na cidade, parece que os dois tem alguns assuntos para resolver.
– Sei muito bem que tipo de assuntos aqueles dois estão resolvendo. – rolei os olhos.
– É, provavelmente estão se comendo num desses hotéis caros. – Frederick deu de ombros, tornando a tragar o seu cigarro – Por falar nisso, conseguiu se acertar com a sua patroa?
– O quê? – franzi a testa.
– Notei que ficou mais nervoso do que o comum, quando a garota não atendeu as suas ligações ontem... – ele bateu com o indicador duas vezes na lateral do cigarro, o que fez as cinzas acumuladas caírem ao chão – Como isso se estendeu o dia inteiro, eu deduzi que tivessem brigado.
– Não brigamos, e eu já te disse pra não falar dela. – cerrei os punhos, contendo a raiva para não fazer nenhuma besteira.
– Negativo, você me disse para não falar o nome dela, e eu não falei. – seu tom de voz carregava no fundo uma risada discreta – Então, conseguiu notícias dela ou não?
– Eu vou ser bem direto, isso não é da sua conta, velho. – rangi os dentes.
– Bom, se você ainda está aqui, é um bom sinal, quer dizer que a sua namorada deve estar em segurança. – o velhote acenou com a cabeça – Você deixou alguém da sua confiança de olho nela, não deixou?
– O que você acha? – arqueei as sobrancelhas, num tom um tanto sarcástico.
– Acho que por enquanto basta, mas você pode fazer melhor do que isso quando voltar pra casa. – Frederick deu uma longa tragada.
– Do que está falando? – questionei.
– Não é óbvio? Sabemos que não pode estar sempre por perto para protegê-la, então ensine a sua garota a se defender sozinha. – disse ele, após assoprar a fumaça para o lado – Certo que ela pode nunca precisar, mas se precisar... Bom, no nosso mundo cuidado nunca é demais.
– Escuta aqui, eu não preciso que me diga o que fazer, sei muito bem como cuidar dos meus assuntos pessoais. – falei rispidamente.
– É bem provável que saiba. – seu tom de voz soou paciente – Só não quero que você cometa os mesmos erros que eu. Sabe, ela parece ser uma boa garota, não deixe que te tirem isso.
– Chega de papo furado. – abanei a cabeça para os lados – Vamos entrar logo e ver o tamanho do estrago.
– Tá, você que manda. – o vi dar uma última tragada, antes de jogar o cigarro no chão e pisar em cima para apagar as cinzas – Sabe que essa merda vai nos custar mais um tempo na cidade, não sabe?
Apenas assenti como resposta, e passamos a caminhar em silêncio em direção a enorme mansão mais à frente. Não me agradava nada estar ali, e ter que trabalhar para um cara como o Alexander... Ele realmente não era alguém em quem se devia confiar, mas ajudá-lo agora podia não ser algo tão ruim. Pelo menos, era dessa forma que o Enrico pensava, quem limpa a sujeira de outra pessoa, sempre a tem na palma da mão, e à família Savoia precisava da influência de políticos corruptos para prosperar ainda mais nos negócios.
Assim que nos avistaram, os seguranças abriram caminho para dentro da casa, e ao fecharem a porta atrás de nós tudo ficou num breu só. As grandes cortinas pesadas ainda cobriam todas as janelas, dificultando a visão naquele ambiente, havia apenas uma fraca luz acesa ao longe no corredor pelo qual nos instruíram seguir. No entanto, berros chamaram nossa atenção ao nos aproximarmos do escritório pessoal do Alexander, e paralisamos no meio do caminho ao ouvirmos um estalo seco seguido de um barulho abrupto, como se alguém tombasse ao chão.
– Olhe só o que você faz... Eu já não mandei que cale essa boca, vadia de merda! – berrou Alexander a portas fechadas.
– Se sente mais homem quando bate em sua própria esposa, é isso? – ouvimos uma voz feminina, um tanto chorosa.
– Ora essas, venha já aqui! – passos pesados se apressaram dentro daquele escritório.
– Não se atreva, não chegue perto de mim! – disse a mulher, como se temesse algo ainda pior.
– Não seja arisca, meu bem. – insistiu Alexander, num certo tom perverso – Eu só vou te ensinar como uma boa esposa deve servir o seu marido!
– ME SOLTA! – podemos escutar o tilintar de vidro se quebrando ao chão, e nos entreolhamos com as sobrancelhas arqueadas.
– Fique quieta! – outro estalo seco soou alto pelo ambiente – Sabe que é mais rápido quando não resiste, Evana.
– Eu já disse que não quero! – era nítido o tom de choro na voz daquela mulher.
– Está tudo bem aqui? – me precipitei a empurrar a porta com força, o que nos deu visão da cena dentro daquele escritório.
Havia uma mulher que lutava para não ser debruçada sobre a mesa, enquanto o homem alto e esguio a empurrava para baixo com um dos braços, ao mesmo tempo que parecia determinado a se livrar da própria calça. Ambos se interromperam ao ouvir o estardalhar da porta batendo contra a parede, e aquela rápida distração possibilitou que a mulher finalmente se soltasse. Dei um passo à frente, e ela abaixou a cabeça, se apressando a limpar o sangue no canto da boca, assim bem como as lágrimas que rolavam pelo seu rosto, à medida que o Alexander tornava a abotoar o cinto em sua calça.
– Ah, veja só... Vocês finalmente chegaram. – ele empurrou os cabelos para trás com a destra, tratando de dar a volta em sua mesa – Me perdoem por esse inconveniente, mas sabemos como são as mulheres.
– O que estava acontecendo, Alexander? – questionou Frederick, ao adentrar o escritório junto comigo.
– Nada demais. – ele segurou a mulher pelos ombros, lhe obrigando a permanecer no mesmo lugar – Querida, vá para cima, terminamos nossa conversa depois.
– Me larga! – ela rangeu os dentes, se soltando do seu toque num solavanco.
– Frederick, eu quero que acompanhe essa moça em segurança até seus aposentos, e monte guarda do lado de fora até segunda ordem. – ignorei completamente qualquer outro fator.
– Pode deixar comigo. – ele concordou de imediato – Você me acompanha, senhora?
A tal Evana arregalou os olhos um tanto assustada ao nos encarar, mas não tardou a se afastar do seu agressor. Acredito que sob tais circunstâncias, ele lhe soava muito mais terrível do que dois completos estranhos.
– O que pensam que estão fazendo? – Alexander tentou impedi-la, mas recuou quando eu o encarei diretamente – Essa é a minha esposa, e estamos na minha casa, não pode dar ordens acima de mim aqui.
– Escutou o que eu disse? Mantenha essa mulher segura. – reforcei a ordem para Frederick, que já se retirava com Evana daquele escritório.
– Não se preocupe com isso. – foi tudo o que ele respondeu, antes de sumirem pelo corredor.
– Aron, não me diga que se impressiona tão fácil assim... – Alexander riu anasalado – Sei que nunca foi casado, mas brigas de marido e mulher são muito comuns, se quer saber.
– Claro... – concordei em tom sarcástico – E acredito que os seus eleitores também levariam numa boa o fato de que um futuro deputado trata a violência doméstica e o estupro como algo normal.
– O que está querendo dizer com isso? – suas sobrancelhas arquearam.
– Estou dizendo que se não é capaz de respeitar a sua própria esposa, não é digno da confiança de ninguém, muito menos da família Savoia. – fui direto ao ponto.
– Ah, pelos céus, não me venha com esse discurso politicamente correto. – Alexander me deu as costas, ajeitando a gravata em seu colarinho enquanto voltava para detrás da sua mesa – Minha vida pessoal não tem nada a ver com os negócios. O seu trabalho aqui é encontrar os filhos da puta que invadiram a minha propriedade.
– Eu não recebo ordens de covardes agressores de mulher. – ao dizer aquilo, ele rapidamente voltou a me encarar.
– Quem você pensa que é para falar assim com um superior, moleque? – sua voz se esganiçou, e não demorou até o sangue lhe subir a cabeça tornando vermelhas algumas áreas do seu rosto.
– Você me chamou aqui, sabe exatamente quem eu sou e precisa dos meus serviços, então eis as minhas condições... – dei alguns passos à frente – É melhor que nunca mais toque um dedo sequer na sua esposa contra a vontade dela, porque eu não trabalho para estupradores.
– Você é a porra de um assassino, o qual me deve um favor, ou será que esqueceu quem livrou a sua cara dos federais? – o vi apoiar as mãos sobre a mesa onde minutos antes obrigava sua mulher a se debruçar – É bom se lembrar que recebe ordens de quem pagar mais, porque não passa de um pião, e não tem escolhas aqui.
– Acha que eu não tenho escolhas? – meneei a cabeça, antes de parar bem a sua frente – Você acha mesmo isso?
– Eu tenho absoluta certeza, porque você trabalha para quem pagar ma... – sua fala foi abruptamente interrompida quando alcancei a sua gravata, puxando-a para baixo com tanta força que o fez bater a própria cabeça contra a mesa.
Ainda atordoado pela pancada inesperada, o filho da puta se ergueu cambaleando alguns passos para trás, e sem muito esforço virei a mesa em sua direção, o que lhe fez esbarrar contra a parede com o susto. Seus olhos se arregalaram ao me ver se aproximar rapidamente, e o alcancei pelo colarinho, acertando uma joelhada entre as suas pernas, seguida de um soco em seu estômago. Aquilo não só o fez perder o ar, como também cair quase de cara em meus pés, o que só não ocorreu porque eu me afastei dois passos para trás, não queria correr o risco de sujar minhas botas com vômito.
Não era algo muito comum, mas alguns caras simplesmente não conseguiam segurar seus próprios excrementos sob pressão. Em completo silêncio, enfiei as mãos nos bolsos da minha jaqueta, enquanto aguardava aquele verme puxar o ar de volta aos pulmões, contendo a enorme vontade de terminar o serviço. Apenas não o fiz, porque suspeito que não agradaria nada o Enrico, mas por outro lado, nada me impedia de dar uma boa lição naquele filho da puta. Me agachei a sua frente, e seu olhar fulminante veio em minha direção, mesmo com certa dificuldade para me encarar.
– Espero que tenha entendido que eu não devo nenhum tipo de lealdade a você. – comentei, um tanto sádico – E da próxima vez que esquecer isso, eu não vou pegar tão leve.
– Aposto que a sua lealdade está com o Enrico, e ele pode não gostar nada disso... – Alexander forçou o seu peso para trás, até finalmente conseguir se sentar.
– O seu erro é achar que ele se importa... – tornei a me erguer – Mas eu vou te mostrar uma coisa.
– O que você vai me mostrar? – ele tentou se esquivar, mas logo alcancei o seu braço lhe puxando com certa brutalidade para cima.
– Anda logo! – o empurrei para fora do escritório, e o vi tropeçar nos próprios pés antes de tombar contra a parede do corredor.
Indiquei a direção com a cabeça, um pouco antes de alcançar o colarinho da sua camisa, rapidamente sacando minha arma por entre o cós da calça, a qual apontei para a sua nuca enquanto o empurrava pelo corredor. Alexander tentava remediar a situação pelo caminho, mas já era um pouco tarde para isso ao meu ver, mostraria de uma vez quem realmente estava no comando ali. Novamente o empurrei, agora em direção a porta de saída, que se abriu com o peso do seu corpo, o qual perdeu o equilíbrio rolando de cara nos batentes a baixo.
– Hey! O que está acontecendo? – houve um burburinho entre os seguranças que se assustaram, até que alguns deles apontaram as armas em minha direção.
No entanto, os homens da Black Wings que respondiam a mim, e estavam em maior número também não tardaram a apontar para a cabeça de cada segurança idiota do nosso querido candidato a deputado.
– Mande seus lacaios abaixarem as armas, ou juro que isso aqui vai virar um banho de sangue depois que eu estourar os seus miolos. – desci os batentes calmamente, tratando de destravar a minha arma.
– Escutaram ele, abaixem as armas agora! – Alexander levantou sua cabeça, berrando quase em desespero.
Seus seguranças hesitaram por alguns meros segundos, mas de um por um foram abaixando as suas armas, mesmo ainda contrariados com aquela situação.
– Ótimo, muito bem! – segurei em seus cabelos, me abaixando ao seu lado, com um sorriso diabólico estampado nos lábios – Eu quero que todos vocês olhem bem pra esse porco imundo aqui, ele achou que por estar numa posição importante podia me ameaçar.
Ao falar aquilo, foi possível ouvir algumas risadas a volta, o que era compreensível, pois para aqueles que sabiam quem eu era soava cômico mesmo.
– Aron, nós podemos resolver esse mau entendido de outra forma. – Alexander tentou se mover, e eu puxei seus cabelos com brutalidade.
– De hoje em diante é Sr. McClain pra você. – rangi os dentes, apertando a glock em mãos – Eu fui claro?
– Não precisamos dis... – sua fala foi interrompida quando enfiei o cano da arma em sua boca.
– EU FUI CLARO, PORRA? – esbravejei enfurecido, e ele rapidamente assentiu com a cabeça – Melhor assim. É verdade que estamos aqui para a proteção desse verme, mas antes de qualquer missão, cada homem da BW aqui presente sabe que deve sua lealdade a mim, e aquele que ousar desobedecer uma ordem minha arcará com as consequências, entenderam?
– Sim, senhor! – todos responderam em uníssono.
– Dito isso, quero que mantenham seus olhos e ouvidos direcionados ao bem estar da Sra. Hernandez, e a menos que ela permita, ninguém deverá incomodá-la, nem mesmo o porco do seu marido. – empurrei a cabeça daquele desgraçado em direção ao chão, a qual passei a pisar quando me levantei – Vocês tem permissão para descarregar o pente da arma em qualquer um que importune essa mulher. E que fique bem claro que essa é uma ordem direta minha.
– Sim, senhor! – dessa vez, responderam com ainda mais entusiasmo.
– Espero que agora não tenha lhe restado dúvidas sobre o assunto que discutíamos lá dentro, Alexander. – pressionei a sola da minha bota contra a sua cara nojenta – Você precisa dos meus serviços, não o contrário, e eu tenho as minhas próprias condições. Acene com a cabeça quando estiver preparado para ouvi-las...
JORDAN
Ontem foi um dia e tanto no colégio, cheguei em casa completamente exausto pela noite, mas ainda assim de bom humor, e não me opus a oferecer ajuda para dona Susana que preparava o nosso jantar. Ela ainda estava muito preocupada com o mais novo sumiço do Jason, contudo acho que conseguiu relaxar depois que lhe passei o novo número dele. Lizzie havia demorado um pouco, porém cumpriu com a sua palavra e me enviou o contato do meu irmão idiota mais tarde pela noite, aparentemente estava tudo bem com ele.
Hoje não foi muito diferente, prometi para a minha mãe que cortaria a grama, e antes mesmo que ela me chamasse já estava de pé. Aquilo me levou quase toda a manhã, mas valeu a pena ver o sorriso de satisfação no rosto dela, pela tarde fui pagar umas contas e cá estou eu quase no horário de trabalho. O sol se escondia entre as colinas enquanto eu estacionava o meu carro numa das vagas em frente ao cinema, o dia havia passado tão depressa que quase não me dei conta. Tirei o cinto de segurança, e rapidamente alcancei minha mochila no banco do carona, tratando de descer do veículo.
O cinema ainda estava fechado, mas dava para identificar algumas luzes acesas lá dentro, aposto que o Matthew e a Eleonora já haviam chegado para organizar as coisas. Em vista disso, apressei o passo para dentro e logo na primeira mesa avistei a garota de cabelos negros sentada de costas para mim, ela estava tão concentrada que nem sequer percebeu que eu me aproximava. Ao olhar por cima de seus ombros entendi o motivo, era um Big Mac caprichado, com direito a batata frita e tudo mais. Eleonora teve um curto susto ao me ver parar ao seu lado, e suspeito que só não gritou por estar de boca cheia.
– Parece que cheguei numa boa hora. – falei risonho – Posso me sentar aqui?
– Não. – ela engoliu de uma só vez – Por acaso não está vendo a placa com o nome "Reservado" ali na frente?
– Boa noite para você também. – me sentei a sua frente, e ela me olhou estranho – O que foi, não aprendeu a dividir suas batatas?
– Eu aprendi sim, mas não sou obrigada a dividir com você. – ela praticamente deu um tapa nos meus dedos quando ameacei roubar uma – Isso aqui não é um clube, e nós não somos amigos, então se quer batatas compre as suas.
– Que feio, isso é pecado, sabia? – arqueei as sobrancelhas só para provocá-la, e ela rapidamente rolou os olhos – Bom, só espero que não se engasgue com as suas batatas, El.
– Eleonora. Repete comigo, E-le-o-no-ra. Nada de El. – ela pareceu se zangar com o apelido, e eu umedeci os lábios com a língua, me divertindo um pouco.
– Tá certo, El. Posso ir me trocar agora, ou você precisa da minha atenção por mais tempo? – ironizei, e a vi desviar o olhar rapidamente para o seu lanche, no qual deu mais uma enorme mordida.
– Olha, não é que o Davis chegou no horário hoje... – Matthew apontou para fora do banheiro masculino, com um esfregão em mãos.
– Ah, é... boa noite. – forcei um sorriso ao me levantar – Eu acabei de chegar, estava indo colocar o uniforme, mas você sabe como a El aqui é tagarela.
– Hey! – ela amassou um guardanapo, o qual usou para arremessar em mim.
– Tá, sei... – Matthew riu fraco – Vai logo se trocar, Davis. E você termine de comer, mocinha, não estamos em horário de lanche.
– Poxa, Matthew...
– Nada disso, daqui a pouco abrimos e preciso que tudo esteja em ordem. – ele a interrompeu – Não quero saber quem, mas um de vocês dois tem que dar um jeito na máquina de pipocas.
– Deixa comigo, a Eleonora cuidou disso da última vez. – me responsabilizei de imediato, ignorando o olhar surpreso da garota de cabelos negros – Só preciso de dois minutos.
– Tá legal. – concordou Matthew.
Em seguida, me apressei para dentro do banheiro masculino, onde tratei logo de vestir meu uniforme de trabalho, que nada mais era do que uma camisa branca, com um colete mostarda e uma gravata borboleta. Eu sei que a mistura parecia terrível, mas no fim nem ficava tão ruim quanto se imaginava, acho que o ambiente também ajudava um pouco. Em frente ao espelho, ajeitei meus cabelos com os dedos, já haviam crescido bastante desde que passei pelo hospital semanas atrás, estava até pensando em ir ao barbeiro amanhã.
Bom, talvez já estivesse em tempo. Após guardar minha camiseta na mochila, deixei o banheiro, seguindo diretamente para detrás do balcão, onde precisava checar a velha pipoqueira. A essa altura, Eleonora terminava de devorar o seu lanche, enquanto Matthew passava pano mais ao fundo em direção as salas de filme. Tentava me concentrar na minha atividade, quando um barulho estranho chamou a minha atenção. Por um instante, pensei que tivesse um bebê preso na máquina de refrigerante, mas logo percebi que o choro abafado vinha dos fundos.
– Merda! – Eleonora se ergueu rápido, rolando os olhos.
– Tem... um bebê aqui? – franzi a testa, ao vê-la se aproximar.
– Não, eu trouxe uma cabra. Não te avisaram? Hoje é o dia de trazer a cabra para o trabalho. – ela se dirigiu à porta de serviço – A minha se chama Rosalita, ela é uma cabra da sorte.
– Por que tem um bebê na sala de serviço? – cerrei os olhos, e ela bateu a porta sem dizer mais nada – É sério? Tem um bebê ali dentro?
Olhei rapidamente para o Matthew, que tornava a se aproximar.
– Relaxa, é só a irmãzinha mais nova da grosseirona. – respondeu ele, tratando de guardar os equipamentos de limpeza no armário de vassouras – Acho que era o dia de babá dela.
– Está dizendo que isso sempre acontece? – perguntei, ainda confuso com o choro que só aumentava.
– Não, na verdade hoje não era dia da Eleonora trabalhar. – o vi secar as mãos com uma flanela – O chefe pediu pra ela te cobrir até você pegar o jeito. Mas não esquenta, geralmente não damos conta de tudo nos primeiros dias.
– Acho que entendi. Só espero que trazer um bebê pra cá, não seja... sei lá, contra as regras da casa. – meneei a cabeça.
– Ah, pode apostar que é sim. – Matthew deu uma risada fraca – Mas às vezes ela precisa, para cumprir com um turno não programado como hoje. E o bebê é uma fofura, diferente da irmã mais velha.
Ri anasalado ao ouvi-lo, não que eu concordasse com aquilo, pois a verdade é que a Eleonora tinha lá o seu charme, mesmo com toda aquela sua grosseria. Aposto que boa parte era só uma implicância superficial para manter os otários afastados, e não posso dizer que ela estava errada por isso. Sacudi a cabeça para os lados, espantando os pensamentos enquanto tratava de me ocupar em consertar a velha pipoqueira. Matthew passou a limpar o balcão, e eu o ajudei com as bebidas nas prateleiras assim que o milho voltou a estourar.
A Eleonora demorou bastante lá atrás, mas parece ter dado um jeito no choro que já não se ouvia mais e, de certo modo, isso conseguia ser um ponto favorável. Depois que ela se juntou a equipe, não tardamos muito a terminar de organizar as coisas, inclusive abrimos uns dez minutos mais cedo essa noite. Matthew dividiu os afazeres, e ficou na bilheteria dessa vez, enquanto nós dois cuidaríamos de vender os lanches no balcão. Para a minha total surpresa, era dia de lançamento, então acabou sendo bem mais movimentado que de costume.
Posso até dizer que essa noite eu vi mais conhecidos do colégio, do que indo todas as manhãs para a própria escola, e nem preciso mencionar que assim que me reconheciam do outro lado do balcão, a maioria das meninas fazia questão de demorar para escolher o lanche. O que era um jeito nada discreto para puxar conversa, ou me passar o número do celular, como se eu realmente fosse ligar um dia, isso era engraçado. Em menos de uma hora com o estabelecimento funcionando, recebi quatro convites para festas, e um pouco mais de dez números de telefones diferentes.
– Me liga. – uma garota loira gesticulava pra mim, enquanto se afastava do balcão.
Sacudi a cabeça para os lados após ela se virar em direção a sua sala de filmes, e ri anasalado, cuidando logo de limpar o balcão onde havia deixado seu milkshake parado por tempo demais.
– É, parece que alguém aqui não precisa do uniforme do time pra continuar marcando em cima... – Eleonora esbarrou com o cotovelo no meu de propósito.
– Ah, mas nem está tão ruim assim. – limpei minhas mãos na flanela, antes de jogá-la de volta para dentro dos caixotes.
– Estava aqui pensando, será que o grande Davis continuaria fazendo tanto sucesso se começasse a usar uma redinha no cabelo? – debochou ela, me arrancando um fraco sorriso.
– É evidente que não. – neguei de imediato – Você sabe que o meu charme está nos cabelos, não tente apagar isso.
– Claro, Barbie, vou deixar anotado aqui. – ela fez uma arminha com os dedos, simulando um tiro na própria cabeça.
– Hey, como estamos por aqui? – questionou Matthew, após fechar a bilheteria – Esgotamos a venda de ingressos da primeira sessão, agora a bilheteria só abre de novo às 8:30pm.
– Estamos indo bem, mas ressalto que se cobrássemos uma taxa de $5,00 ou $10,00 para as garotas serem atendidas por esse cara aqui... – Eleonora apontava pra mim com as duas mãos – Abriríamos a nossa própria rede de cinemas em menos de um mês.
– Ela está exagerando. – cruzei os braços, me sentando num banquinho.
– Eu já disse, nada de taxas. – Matthew entrou na brincadeira – Mas agora falando sério, preciso checar as salas, fiquem de olho no movimento aqui fora. Estamos lotados, então ninguém mais entra, a não ser...
– Lá vem... – Eleonora rolou os olhos – Eu já disse que você precisa parar de prometer ingressos grátis para aqueles seus amigos esquisitos do jornal.
– Na verdade, estou esperando uma garota hoje. – notei ele ficar um tanto envergonhado ao falar aquilo – Ela disse que vinha, mas está um pouco atrasada.
– Espero que não seja nenhuma daquelas lambisgoias plastificadas das líderes de torcida. – bufou Eleonora – Estamos cansados de saber que essas megeras só usam caras bonzinhos feito você, enquanto dão aos montes pra caras estúpidos feito ele. Sem ofensas, espero que não leve para o lado pessoal.
– Relaxa. – respondi no mesmo instante, já estava até me acostumando com as incessantes alfinetadas.
– Não estamos falando desse tipo de garota, a Rose não é assim. – Matthew deixou escapar, o que me pegou de surpresa – De qualquer forma, se ela chegar, estarei na sala principal.
– Deixa comigo, se a Rose chegar eu mesmo a levo até lá. – me prontifiquei.
– Eu agradeço, Davis. – ele sorriu um pouco mais aliviado – Conto com vocês.
– Tá, eu não tenho outra escolha mesmo. – respondeu Eleonora, com seu típico humor ranzinza.
Depois disso, Matthew seguiu para a sala principal, onde dava para conferir e monitorar todos os filmes da sessão de uma só vez. Sem quase nada para fazer, além de anunciar o horário da segunda sessão para os poucos atrasados que apareciam na portaria, comecei a rabiscar num pequeno bloquinho de notas, enquanto a Eleonora conferia o bebê clandestino nos fundos. Estava dando tudo certo, até o sino da porta de entrada soar mais uma vez e, apesar de eu ter levantado o olhar com o intuito de avisar o horário da segunda sessão, nenhuma palavra saiu da minha boca ao ver quem se aproximava.
Antes mesmo que eu percebesse, me levantei do banquinho num sobressalto, e seus olhos verdes rapidamente me encontraram, esboçando um doce sorriso em minha direção. Lizzie acompanhava sua amiga Rose, e por um instante me condenei por não ter nem imaginado essa possibilidade quando Matthew avisou sobre a chegada dela. Quer dizer, nas condições atuais, a Rose não viria sozinha ao cinema, e ambas eram muito amigas, então... Tentei não soar tão nervoso por vê-la ali, não queria parecer um idiota, ainda mais depois de ontem, que mantivemos um clima amigável durante o longo do dia.
– Jordan? – Rose arqueou as sobrancelhas ao me ver – O Matthew até me contou que você começou trabalhando aqui, mas não sei se acreditei nele.
– Ah é, comecei não faz muito tempo. – sorri fraco.
– Desculpa, ela anda meio tagarela ultimamente. – Lizzie acionou a trava da cadeira de rodas com o pé.
– Sem problemas. – neguei rápido com a cabeça – Bom, fui avisado que tem alguém te esperando na sala principal.
– Esse Matthew, sempre inventando coisas. – Rose sorriu, corando as bochechas – Não tem mesmo problema se eu entrar lá?
– É claro que tem, mas você precisaria ser pega primeiro. – Eleonora surgiu atrás de mim – Antes de qualquer coisa, qual das duas é a tal Rose?
– Sou eu. – respondeu ela.
– Ótimo, porque só me avisaram de uma, e a próxima sessão só abre às 8:30pm. – Eleonora apontou para o enorme relógio acima das nossas cabeças.
– Ah, não tem problema, eu não vim para assistir o filme, vou ficar esperando aqui fora. – argumentou Lizzie.
– Está vendo uma placa com os dizeres "praça pública" ou "sente aqui e espere"? – debochou a minha querida colega de trabalho.
– É que está meio frio lá fora. – Lizzie olhou brevemente em direção a porta de saída.
– Não esquenta, você pode esperar aqui dentro. – intervi, antes que ela realmente acreditasse que tinha de sair – Na verdade, posso até te colocar numa das salas se você quiser.
– Não, você não pode, estamos lotados, esqueceu? – Eleonora cerrou os olhos, me encarando incrédula.
– Claro, enquanto isso você tem passe livre pra trazer a sua cabra de estimação para o trabalho numa boa, não é mesmo? – arqueei as sobrancelhas, um tanto incomodado com a sua insistência em mandar as garotas embora – Seria pedir demais que cuide dos seus próprios problemas só hoje?
– Wow! – seus olhos negros se arregalaram surpresos – Isso foi um tipo de ameaça, Davis?
– Desculpa, eu não quero causar problemas. – pigarreou Lizzie, extremamente sem graça a essa altura.
– Relaxa aí, Barbiezinha, o nosso garanhão aqui quer dar uma de quem sabe o que está fazendo. – Eleonora alcançou sua flanela, a qual passou por cima do ombro, antes de me dar as costas – Então me façam um favor, e sigam em frente.
– É sério, Jordan, não queremos causar problemas pra você ou para o Matthew. – disse Rose, ao me ver dar a volta no balcão.
– Não estão causando problemas pra ninguém, fiquem tranquilas. – sorri o mais doce que pude, tentando ignorar o mau humor da outra atendente – Agora venham comigo, e se preparem para o melhor filme das suas vidas.
Passei para detrás da cadeira de rodas, a qual destravei antes de empurrar para longe daquele balcão, era isso ou arriscar que a minha colega de trabalho explodisse com toda a sua "simpatia em pessoa". Lizzie veio logo ao lado, ainda apreensiva pela situação embaraçosa que as acometeu, mas logo pensei em algo para mudar o foco.
– Estão animadas para a quermesse amanhã? – questionei, enquanto seguíamos devagar para a sala principal.
– Eu não vou, ainda não me sinto confortável em lugares com muita gente. – respondeu Rose – Só vim hoje porque o Matthew prometeu que ficaríamos numa sala separada das outras.
– Entendi. – concordei com um leve aceno de cabeça.
– É, mas ela está esquecendo de dizer que amanhã os dois combinaram de ver o eclipse lunar juntos. – mencionou Lizzie.
– Wow, isso parece bacana. – lancei um olhar em sua direção, à medida que algumas lembranças surgiam em minha memória.
– Eu não costumo ligar muito pra essas coisas, mas a Liz acha super romântico. – Rose deu uma risadinha.
– Ah, é? Você acha? – arqueei as sobrancelhas, e logo vi suas maçãs do rosto corarem.
– É claro, nós dois já assistimos um eclipse juntos, e foi bem legal, lembra? – a vi passar uma mecha de cabelo para trás da orelha.
– Sim, foi bem legal mesmo. – ri anasalado, lembrando exatamente o que fizemos aquela noite – Sabe, Rose, uma curiosidade é que para os budistas, qualquer ação praticada durante um eclipse é multiplicada por mil. A Liz e eu resolvemos experimentar, e foi... muito legal.
– É mesmo? E o que vocês fizeram? – questionou Rose, em tom ligeiramente inocente.
– Nada demais, só resolvemos nos conhecer um pouco melhor na época. – respondeu Lizzie, um tanto envergonhada.
– O engraçado é que mesmo pela manhã ela continuou querendo... Você sabe, me conhecer melhor. – fiz uma curta pausa para o duplo sentido da frase.
– Jordan! – tomei um leve empurrão no braço.
– Acho que já entendi, vocês transaram vendo o eclipse e eu estou sobrando no assunto. – Rose deu uma risada, sacudindo a cabeça para os lados.
– Não, Rose, pelo amor de Deus! Nós não transamos vendo o eclipse. – Lizzie praticamente me fuzilava com o olhar.
– Bom, pra falar a verdade a gente nem chegou a ver o eclipse. – paramos em frente a porta da sala principal – Mas não conta isso para o professor Dypson, a nota da Liz dependeu muito daquele trabalho.
– Por que será que você nunca me conta as histórias mais picantes, Liz? – Rose ria baixinho, enquanto sua amiga me encarava incrédula.
– Tudo bem, nós chegamos, e preciso que façam silêncio agora, moças. – propus, antes de dar dois leves toques na porta – É que não pode ter barulho aí dentro.
Ambas assentiram quase imediatamente, e a Rose completou simulando passar um zíper na própria boca. Não demorou nada até que o Matthew nos atendesse com extremo entusiasmo, afinal ele já devia mesmo fazer uma ideia de quem era. Diferente da Eleonora lá atrás, ele foi bastante educado e até convidou a Lizzie para assistirem juntos ao filme que havia acabado de iniciar, o que ela recusou muito depressa. Apesar das circunstâncias, acho que era meio óbvio que aquilo se tratava de um encontro bastante improvisado, e ninguém em sã consciência gostaria de bancar a vela.
– Eles até que formam um casalzinho fofo, não acha? – enfiei as mãos para dentro dos bolsos da calça assim que a porta se fechou.
– É, eles são fofos. – respondeu Lizzie, sem muito ânimo.
– O que foi, você está chateada? – arqueei as sobrancelhas, seguindo ao seu lado em passos lentos pelo corredor.
– Não, mas você também não precisava ter falado aquelas coisas sobre o eclipse pra Rose. – pontuou ela, me lançando um breve olhar tímido.
– Você não ouviu? Ela não vai te dedurar para o professor. – ri fraco, e a vi rolar os olhos.
– Jordan...
– Isso te deixa mesmo sem graça, não é? – indaguei, ainda em tom risonho.
– O que você acha? – seu tom de voz carregava certo sarcasmo.
– Acho que você fica ainda mais linda assim, toda envergonhada. – resolvi arriscar, e logo percebi suas bochechas ficarem ainda mais vermelhas.
– Eu não estou falando disso. – Lizzie se apressou em desviar o olhar, tratando de cruzar os braços.
– Bom, mas eu estou... E ainda não me respondeu se vai à quermesse amanhã. – puxei novamente a questão.
– Acontece que eu não sei. – ela parecia mesmo indecisa – O Jason ainda está fora, e eu não quero ficar sobrando.
– Aposto que se você aparecer, não vai ficar sobrando coisa nenhuma. – ignorei completamente a parte sobre o Jason.
– Talvez eu dê uma passadinha, mas ainda estou pensando. – essa acabou sendo sua resposta por fim – Mudando de assunto, como ficou a questão do espaço para a festa de casamento da Emy e do Noah?
– Eu apresentei os dois contatos hoje mais cedo, estou torcendo que tenha dado certo. – fui sincero.
– Então somos dois. – ela sorriu leve.
– É... – concordei com um aceno de cabeça, ao pararmos em frente a outra porta – Então, acho que você fica nessa sala.
– Tem certeza que eu não preciso comprar o ingresso primeiro? – era possível notar certo receio em sua pergunta.
– Só relaxa, e aproveita o filme, tá legal? – empurrei a porta calmamente, para que ela entrasse.
– Obrigada, Dan. – Lizzie sorriu agradecida.
Eventualmente, nos despedimos logo em seguida, então a vi adentrar a sala em silêncio para não atrapalhar as pessoas que já assistiam ao filme. Após fechar a porta de novo, tornei a mergulhar minhas mãos nos bolsos da calça, enquanto trilhava o caminho de volta pelo corredor. Dessa vez, bem mais pensativo em relação aos sentimentos que essa ligeira aproximação despertava em meu peito, me perguntava agora como devia funcionar para a Lizzie? Sei que estava envolvida num tipo de relação idiota com o Jason, a qual não parecia caminhar tão bem dado pela nossa conversa ontem, mas também não era totalmente indiferente a mim.
Pela primeira vez em um bom tempo, eu podia mesmo ter uma chance de consertar tudo, só precisava que o Jason ficasse longe por mais alguns dias. Pra falar a verdade, por mim ele podia não voltar nunca mais, mas ficar esperando por isso não ajudava em nada. Meus pensamentos desanuviaram um pouco, quando avistei Eleonora atrás do balcão, de cara amarrada. Aquilo foi o suficiente pra me trazer para a realidade, antes de qualquer coisa talvez fosse prudente lhe pedir desculpas, afinal não quis ser grosseiro com ninguém instantes atrás e posso ter pego meio pesado para defender as meninas...
[...]
🦋. E esse climinha da Lizzie com o Jordan, hein? Eles até que estão se dando bem agora, mas o que será que o Jason vai achar disso quando voltar?? 👀🤔
🦋. Comente o que você achou, e se gostou do capítulo, não esqueça de deixar a ⭐. Um beijo e até o próximo final de semana 😘
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