36° Você ainda gosta dela?
Gabriel estava encostado em um canto da festa, com os olhos atentos e um sorriso discreto no rosto enquanto observava os convidados. A festa de casamento de sua irmã Alice, apesar de ser uma celebração intimista, estava repleta de calor humano e uma energia única. A decoração simples, mas elegante, fazia o ambiente acolhedor, com luzes suaves e flores delicadas que perfumavam o ar. As risadas e conversas fluíam de forma natural, e todos pareciam se divertir imensamente, em um cenário que irradiava amor e felicidade.
Ao seu lado, seus primos Rafael, Matteo e Enzo estavam envolvidos em uma conversa animada, compartilhando histórias e memórias da infância. Rafael, com seu jeito expansivo e brincalhão, estava gesticulando com entusiasmo enquanto falava, fazendo Matteo e Enzo rirem com suas piadas. Eles estavam tão à vontade, como se o tempo não tivesse passado desde os dias em que se reuniam para brincar na casa dos avós.
A festa, apesar de pequena, estava sendo um verdadeiro sucesso. A música suave, as conversas animadas, e o amor presente em cada olhar criavam uma atmosfera única. Havia algo de especial naquele dia, algo que parecia unir ainda mais todos os presentes. Gabriel se sentia grato por estar ali, compartilhando o momento com a família e vendo sua irmã tão feliz.
Enquanto os risos e a conversa fluíam ao redor deles, Gabriel sabia que a celebração não se tratava apenas de um casamento, mas de um marco na vida de todos. Ele e seus primos, unidos não só pelo sangue, mas pela história e pela cumplicidade, sabiam que momentos como aquele eram raros e preciosos. E, ao olhar para a pista de dança, Gabriel sorriu, finalmente decidido a se juntar aos outros e celebrar, não só o casamento de Alice, mas a vida, o amor e os laços que os uniam.
— A Alice esta maravilhosa. — disse Enzo calorosamente para o primo.—
— Já estava na hora dela e Alessandro colocar um ponto final nessa historia. — Disse Matteo embalando a filha nos braços.—
— Agora, só falta você subir ao altar. — foi Rafael quem falou para o primo.— Você é oficialmente o ultimo De Luca solteiro.
— Talvez isso demore um pouco para acontecer. — falou suspirando. — Eu acabei de terminar com a Saori, e não quero nada serio com ninguém nesse momento.
— Você ainda não nos contou o por que do termino. — falou Matteo de forma casual e alma.— Vocês pareciam felizes juntos.
— Bom, a gente se dava bem mesmo... Mas o ciúmes possesivo dela estava acabando com o relacionamento, por mais que eu gostasse dela e me esforçasse para dar o meu melhor, ela sempre achava um motivo para terminarmos brigando por algo tão desnecessário e fútil. — Gabriel comentou enquanto levava mais um pouco de vinho aos lábios.—
Gabriel suspirou, deixando que suas palavras ecoassem por um momento, enquanto seus primos o observavam com atenção. A música suave ao fundo e as risadas das outras mesas contrastavam com o tom mais sério da conversa que se desenrolava entre eles.
— É complicado, né? — Enzo disse, com um olhar compreensivo. — Quando você está com alguém que te faz sentir que não pode respirar, que tudo que você faz é visto com desconfiança... Isso cansa. Eu entendo perfeitamente... Já passei por isso na época que namorei a maluca da Pietra.
Rafael, sempre mais brincalhão, fez uma careta e levantou a taça de vinho.
— Você só precisa encontrar uma mulher que te faça querer ser melhor, mas sem te sufocar. A gente já passou por isso, né? — Ele piscou para o primo, tentando aliviar a tensão no ar. — Olhe só pra mim hoje... Estou casado com Giovanna, e estamos prestes a ter um bebe... E nao vejo a hora de ter Aurora nos meus braços...
Matteo, ainda embalando a filha nos braços, manteve-se mais pensativo, como se ponderasse cada palavra que Gabriel dissera.
— O ciúmes, eu entendo. Mas, cara, relacionamentos também exigem confiança. Se não há confiança, então o que sobra, não é? — Matteo comentou com seriedade, olhando Gabriel nos olhos. — Não sei como a Saori lidava com isso, mas qualquer um que ama alguém precisa confiar, senão, o resto vira um peso.
Gabriel acenou com a cabeça, concordando com as palavras do primo. Ele sabia que, no fundo, Matteo estava certo. Mas, no momento, ele não estava disposto a se comprometer novamente tão rápido.
— Eu tentei, de verdade. Mas a cada briga, a cada insegurança dela, foi ficando mais difícil manter a relação. Chegou um ponto em que eu já não sabia mais se estava com ela porque queria ou porque estava tentando resolver algo que não tinha mais solução. — Gabriel disse, com um leve suspiro, sentindo o peso de suas palavras. — Eu me vi preso em um ciclo de desconfiança e desgaste emocional. E, por mais que tentasse entender, a sensação era de que ela nunca acreditava em mim, nunca acreditava no que a gente tinha.
Enzo, que sempre fora o mais direto de todos, deu um leve sorriso e fez um gesto com as mãos, como se dissesse "isso é passado".
— Cara, você fez o que tinha que fazer. Agora, o mais importante é seguir em frente e não deixar o que aconteceu te prender. E, na próxima vez, talvez um pouco mais de calma e menos pressa em tentar agradar. Às vezes, a gente acaba se perdendo tentando ser o que o outro quer.
Rafael concordou, levantando a taça para fazer um brinde.
— Ao futuro, sem pressa! E ao próximo relacionamento, Gabriel! — Ele sorriu, brincando, e fez um gesto como se fosse brindar. — Só não vale esperar demais, hein? O "último De Luca solteiro" está com os dias contados...
Gabriel sorriu levemente, sentindo-se um pouco mais leve com as palavras dos primos. A conversa tinha seguido de uma maneira mais descontraída, apesar do toque sério no começo. Ele sabia que precisava de tempo para se recuperar, e talvez o distanciamento fosse o melhor para não se lançar em outro relacionamento sem estar pronto.
— Eu sei que todo mundo espera que eu seja o próximo a subir ao altar, mas, honestamente, preciso me encontrar primeiro. — Gabriel falou com um sorriso sincero. — Quando eu estiver pronto para isso, vai ser por amor, e não por pressão.
Matteo, que agora estava mais relaxado com a filha nos braços, olhou para o primo com um olhar de entendimento e paciência.
— E você vai estar pronto, Gabriel. Todos nós temos o nosso tempo. Acredite, o amor vai chegar quando for a hora certa. Mas por agora, aproveite a vida e não tenha medo de se permitir viver a sua própria jornada.
Gabriel fez um gesto de concordância, olhando para a pista de dança onde alguns casais estavam dançando, e os outros convidados ainda se divertiam. Ele sentia que, apesar de tudo, o amor estava ao seu redor, na alegria da festa, nas risadas e nas conversas entre amigos e família. Ele ainda não sabia o que o futuro reservava, mas sabia que precisava se dar tempo.
— É... Talvez o que eu precise por agora seja só isso: estar com minha família, meus amigos, e simplesmente curtir. Quando o amor aparecer de novo, vai ser por algo mais forte, algo mais seguro. — disse Gabriel, sentindo-se mais tranquilo.
Eros deu uma palmadinha nas costas de Gabriel, como se fosse uma confirmação do que ele acabara de dizer.
— Exatamente, primo. Vamos celebrar a vida e o que ela tem a oferecer. O futuro, o amor, vai chegar no momento certo. E até lá, a festa é nossa!
Os quatro amigos, unidos mais uma vez pela conexão de sangue e histórias compartilhadas, brindaram à vida, ao amor, e ao que ainda estava por vir, com a certeza de que, apesar das dificuldades, a alegria da celebração os mantinha fortes e prontos para o que o destino reservava.
— Será que eu posso roubar o meu irmão. — falou Alice se aproximando dos rapazes, e estendendo a mão para Gabriel.— Você me deve uma dança.
Gabriel sorriu para a irmã e se retirou com ela até o centro da pista.
— Como você está?
— Estou bem!
Alice olhou profundamente dentro dos olhos claros do irmão.
— Você sabe que eu te amo não é mesmo.
— Eu sei Alice.
— Eu sei que não deve estar sendo fácil para você... Você e Saori estavam juntos a quase quatro anos, e depois da Naomi, ela foi a namorada que você mais levou a serio. — Alice comentou de forma doce e suave. Gabriel não disse nada apenas ficou em silencio enquanto conduzia a irmã pela pista de dança, e então complementou.— Fique sabendo que a nonna vai querer te arranjar uma namorada agora que está solteiro.
— Eu não quero nada com ninguém Alice... Eu estou me dando um tempo... não quero me casar, e não quero um relacionamento tão cedo.
— Não deixe a nonna ouvir isso, pois ela falou que só vai morrer depois de ver todos os netos dela casados e com filhos.
— Casamento está fora de cogitação, e bisnetos, ela já tem demais.
— Você mais que ninguém, sabe que ela quer povoar o mundo com os herdeiros de Luca.
Gabriel gargalhou com o comentário da irmã.
— Com certeza é a missão de vida da nonna. — sorriu Gabriel para a irmã.— Para eu ter filhos, teria que me casar, e isso esta fora de cogitação nesse momento, pois eu não pretendo me envolver sentimentalmente com ninguém.
— Você pode adotar. — Falou Alice para a surpresa de Gabriel.—
— Adotar?
— Sim! Veja o Matteo por exemplo... Ele tem o Dante e Zoe, que os considera pai biológico, mesmo eles sabendo que não compartilham do mesmo sangue... Kiara e Matteo amam aquelas crianças... e os pequenos são apaixonados pela irmãzinha Violeta... Matteo é loucamente apaixonado pelos filhos, pela família que construiu ao lado da esposa.
— Eu nunca cogitei nessa possibilidade.
— Sempre tem uma primeira vez para tudo irmão.
Gabriel continuou em silencio dançando com a irmã, então foi que um riso o trouxe de volta a realidade. O loiro viu a morena em um canto conversando, e rindo com Milena, Samyra e Luna.
— Você ainda gosta dela?
— Do que você esta falando?
— Qual é Gabriel... Você acha que eu nunca percebi a forma que você olhou para a Lais... Você pode negar com palavras, mas os seus olhos te denunciam... Lá no fundo você sabe que sempre sentiu algo por ela.
— Entre eu e Lais não existe nada piralha... Ela é uma amiga. Só isso... Ela tem a vida no Brasil, e eu tenho a minha vida em Tóquio.
Alice olhou atentamente para o irmão, com um sorriso travesso no rosto. Ela o conhecia bem, sabia quando ele estava tentando se esquivar de algo ou, no caso, esconder seus verdadeiros sentimentos. Gabriel era bom em disfarçar, mas não diante dela. Alice podia ler suas emoções como ninguém.
— Ah, claro... Ela tem um namorado. — Alice brincou, com um tom sarcástico. — Mas me diga uma coisa, Gabriel, o que te faz achar que a distância e a vida de cada um são barreiras para sentimentos reais? Quando você sente algo de verdade, nada disso importa. Não estou dizendo que você deveria fazer algo agora, mas não ignore o que sente, ou pode ser tarde demais.
Gabriel suspirou e, por um momento, desceu os olhos para o chão, como se estivesse pesando suas palavras antes de falar. Ele continuou a dançar com Alice, mas seu olhar permanecia distante, fixo em algo que ele não queria admitir para si mesmo.
— Eu sei o que você está tentando fazer, Alice... Mas, honestamente, não quero complicar as coisas. Eu sou grato pela amizade que tenho com a Lais, mas ela está tão distante, e a vida dela está no Brasil... Ela tem planos, tem um namorado... E eu tenho minha vida em Tóquio. — ele disse, com um tom mais firme, mas sem conseguir esconder a dúvida que começava a se formar em sua mente.
Alice observou Gabriel com um sorriso suave, mas cheio de compreensão. Ela sabia que seu irmão ainda estava lidando com os resquícios de sua relação anterior, e que estava em um momento de transição, talvez até se sentindo vulnerável demais para se envolver em algo novo. No entanto, o olhar que ele havia lançado a Lais antes não passara despercebido por ela. Havia algo ali, algo que Gabriel ainda não estava pronto para admitir.
— Eu não estou dizendo que você tem que agir agora. Só não feche a porta para algo que pode ser importante, Gabriel. Nem tudo tem que ser planejado, nem tudo precisa de um "momento certo" para acontecer. Às vezes, o melhor é seguir o coração, mesmo que isso signifique dar um passo no escuro.
Gabriel sorriu de leve, admirando a maneira como Alice conseguia ser tão direta, sem ser agressiva, e ainda assim fazê-lo pensar profundamente sobre suas escolhas.
— Eu sei que você quer me ajudar, Alice... E eu realmente agradeço por isso. Mas, não quero complicar minha vida emocionalmente, não quero arriscar mais nada. Não nesse momento.
Alice, percebendo que a conversa estava chegando a um impasse, sorriu de forma suave, compreendendo que seu irmão ainda não estava pronto para enfrentar seus próprios sentimentos.
— Tudo bem, Gabriel. Eu só quero que você seja feliz, no final das contas. E, se você não está pronto para isso, vou apoiar a sua decisão. Mas, quando você estiver, não espere muito tempo para abrir o coração. Às vezes, as melhores coisas da vida acontecem quando a gente menos espera... Olhe só para mim... Esperei o homem que amo quase morrer, para conseguir admitir o que realmente sentia.
Gabriel não disse nada, mas ainda se encontrava com a mente cheia de pensamentos e dúvidas. Ele sabia que Alice só queria o melhor para ele, mas, por ora, ele não tinha respostas para as perguntas que começavam a surgir dentro dele.
A música ao fundo continuava suave, e, enquanto dançavam, Gabriel sentiu o peso da conversa, mas também a leveza da presença de sua irmã ao seu lado. Ele não sabia o que o futuro reservava, mas, por agora, ele queria se concentrar no momento presente e na alegria que sentia por ver sua irmã tão feliz.
Quando a música terminou, Alice o olhou com um sorriso caloroso.
— Eu te amo, irmão. E lembre-se, você sempre tem um lugar ao meu lado, independentemente do que aconteça... Eu quero a felicidade... Independente se seja com um amor do passado, ou um novo amor.
Gabriel olhou para ela, sentindo uma onda de gratidão.
— Eu também te amo, Alice. E obrigado, por tudo.
Ele a abraçou, e a festa continuou, com o som da música e das risadas preenchendo o ar. Gabriel sabia que, mais cedo ou mais tarde, ele teria que enfrentar os sentimentos que ainda guardava, mas, por enquanto, estava feliz de estar cercado de família e amigos, e de aproveitar aquele momento especial, sem pressa de definir nada.
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