13° Você se lembra de mim?
A sala de recuperação estava envolta em um silêncio tenso, quebrado apenas pelo suave bip do monitor cardíaco ao lado de Alessandro. O sol da manhã, filtrado pelas persianas, desenhava faixas de luz sobre a cama, iluminando o ambiente com uma suavidade quase reconfortante. Matteo estava sentado ao lado do leito, os cotovelos apoiados nos joelhos e a cabeça inclinada para frente, os olhos fixos no amigo. Ele não conseguia deixar de observar cada respiração de Alessandro, como se cada suspiro fosse uma confirmação de que ele ainda estava ali, ainda lutando. Passara a noite inteira no hospital, recusando-se a sair de perto, como se a presença dele fosse a única coisa que pudesse garantir a recuperação de Alessandro.
De repente, o leve movimento de Alessandro quebrou o silêncio. Ele gemia suavemente, o corpo se mexendo levemente sob os lençóis. Matteo imediatamente se levantou, o coração acelerando, e se aproximou com cautela, chamando o nome do amigo.
— Alessandro? — Sua voz soava suavemente, quase como um sussurro, mas carregada de esperança.
Os olhos de Alessandro se abriram lentamente, e ele piscou contra a luz suave que entrava pela janela. O olhar dele estava vago, confuso, como se estivesse tentando entender onde estava, o que havia acontecido. Matteo conteve a respiração por um instante, aliviado ao ver que seu amigo estava, de fato, acordando.
— Matteo...? — A voz de Alessandro saiu rouca e fraca, como se cada palavra fosse um esforço. Seus olhos se fixaram em Matteo, mas ainda parecia difícil para ele focar completamente.
Matteo sorriu, um sorriso de alívio profundo que se espalhou pelo seu rosto. Ele segurou o braço do amigo com firmeza, como se precisasse sentir a sua presença de maneira mais concreta.
— Sim, sou eu. — A voz de Matteo estava suavemente trêmula, mas ele se forçou a parecer calmo. — Você está no hospital. Sofreu um acidente de carro, mas está tudo bem agora. Você está seguro.
Alessandro virou a cabeça com dificuldade, tentando entender as palavras de Matteo, mas a confusão ainda dominava sua mente. Ele tentou se mexer, como se quisesse se sentar, mas Matteo rapidamente colocou a mão no ombro dele, impedindo que se movesse.
— Calma, não é hora de levantar ainda. Você acabou de sair da cirurgia, Alessandro. — O tom de Matteo era firme, mas também terno, como se estivesse tentando acalmá-lo. — Não se mova demais.
Alessandro franziu a testa, seus olhos varrendo a sala à sua volta, tentando fazer sentido do ambiente estranho. Ele parecia tentar se lembrar do que havia acontecido, mas as memórias estavam turvas, difíceis de alcançar.
— O que... aconteceu? — A pergunta saiu quase como um suspiro, a confusão clara em sua voz.
Matteo hesitou por um momento, tentando escolher as palavras certas. Ele sabia que a verdade era difícil, mas não podia esconder nada do amigo.
— Você sofreu um acidente de carro. — Ele falou de forma calma, mas com a gravidade de quem sabe o quão sério havia sido. — O impacto foi forte, e você sofreu um traumatismo craniano leve. Isso pode causar um pouco de confusão, e talvez alguma perda de memória temporária.
Alessandro fechou os olhos por um instante, tentando juntar os pedaços de memória que estavam espalhados, tentando entender o que tinha acontecido. Ele parecia perdido, como se os fios de sua consciência estivessem entrelaçados e fosse difícil se encontrar.
— Eu... não me lembro de nada... — Murmurou ele, a voz baixa, como se a frustração fosse mais dolorosa do que o próprio cansaço.
Matteo sentiu o peso daquelas palavras. Não era fácil ver o amigo assim, fragilizado, sem as lembranças que construíram juntos. Mas ele sabia que a mente de Alessandro estava apenas tentando se recuperar. O processo seria demorado, e eles teriam tempo para lidar com isso.
— Isso é normal. Não se preocupe. — Matteo disse, tentando tranquilizá-lo, embora sentisse uma pontada de dor ao ver Alessandro tão perdido. Ele se inclinou um pouco mais para frente, segurando a mão do amigo, sentindo que, em momentos como este, qualquer gesto de proximidade poderia ser reconfortante. — Vamos dar tempo para sua mente e corpo se recuperarem. Vou providenciar uns exames de rotina, só para ter certeza de que está tudo bem com você.
Alessandro assentiu, no exato momento que a porta da sala foi aberta e uma enfermeira entrou no local.
Ele sabia que, apesar de todo o progresso na cirurgia, a recuperação de Alessandro ainda seria delicada e que cada minuto a mais de repouso poderia fazer a diferença. O gesto simples de tocar o amigo, estar ali para ele, ainda parecia ser a coisa mais importante no momento.
Mas, no exato instante em que a porta da sala se abriu, esse pequeno momento de calma foi interrompido. Uma enfermeira, com o rosto tenso e o uniforme apertado no corpo, entrou apressada na sala, interrompendo a quietude do lugar. Ela parecia apressada, seus olhos focados e seu tom urgente, quase frenético.
— Doutor Matteo! Precisamos do senhor imediatamente! — Ela falou, o fôlego ainda pesado da correria. — Uma vítima de 25 anos chegou gravemente ferida com um tiro a queima-roupa, estamos levando para a sala de cirurgia.
A enfermeira falava rápido, e as palavras pareciam se desenrolar como uma linha contínua. Matteo olhou para ela, imediatamente reconhecendo a urgência na sua expressão. Ele não precisou de mais detalhes para entender o que aquilo significava: uma vida em risco, uma nova emergência que exigia sua total atenção, agora. Ele sabia que, por mais que o coração lhe apertasse por Alessandro, sua profissão o chamava de volta, como um imã inescapável.
Matteo deu um breve olhar a Alessandro, e por um momento, tudo ao redor parecia se distorcer. Seu amigo estava ali, vulnerável, ainda se recuperando, e ele mal tinha tempo para garantir que ele estava bem. Mas a situação era clara. Uma vida estava em risco, e ele não podia ignorar isso.
— Eu vou ter que ir, mas depois volto aqui... vou pedir uns exames de rotina... — Matteo disse, com um tom firme, mas suavemente triste. Ele apertou a mão do amigo uma última vez antes de soltar, já se preparando para se afastar. — Não se preocupe, você está em boas mãos. Eu volto assim que puder, ok?
Alessandro, mesmo em seu estado debilitado, olhou para Matteo com uma mistura de compreensão e frustração. Ele sabia o que significava a emergência que tinha acabado de ser anunciada. O hospital não parava, e Matteo, como sempre, tinha que responder ao chamado.
— Vai lá, Matteo. Você sabe o que fazer. — A voz de Alessandro saiu rouca, mas ele tentou sorrir, um sorriso cansado, como se fosse um pequeno alívio para o amigo, que estava visivelmente dividido.
Matteo se virou rapidamente para a enfermeira, já se preparando para seguir com ela. Ele se movia com precisão, mas a expressão em seu rosto não escondia a luta interna. Ele sabia que não podia deixar Alessandro sozinho, mas a situação exigia que ele fosse para onde o destino o chamava.
Com um último aceno, Matteo se afastou rapidamente da sala. Ele sabia que os corredores do hospital estavam aguardando por ele, e que a vítima de tiro que estava sendo levada para a sala de cirurgia provavelmente não teria as mesmas chances de sobrevivência que Alessandro. Era uma corrida contra o tempo. Matteo sabia que tinha que agir rápido, e o peso da responsabilidade nunca havia sido tão grande.
A enfermeira o conduziu por corredores movimentados até a sala de trauma, onde outros médicos já estavam aguardando. O paciente era jovem, provavelmente um jovem adulto, mas o estado dele era crítico, com um ferimento à bala no peito, um tipo de lesão que exigia um atendimento rápido e preciso. Matteo respirou fundo, o foco agora em seu trabalho, sua mente rapidamente se ajustando à urgência do momento.
***
Assim que Alice soube que Alessandro havia despertado, seu coração disparou. Ela correu pelos corredores do hospital, sentindo um turbilhão de emoções , alívio, ansiedade e medo, tudo ao mesmo tempo. Ao chegar à porta do quarto onde ele estava, parou por um instante, tentando regular a respiração. Com o coração na garganta, empurrou as portas e entrou.
Seus olhos encontraram os dele imediatamente. Alessandro estava deitado na cama, os cabelos ligeiramente bagunçados, e, apesar das bandagens, sua presença ainda era imponente. Ele parecia mais alerta, mas havia algo diferente em seu olhar.
Alice sentiu um peso sair de seus ombros ao vê-lo acordado. Ele estava ali, vivo. Mas a incerteza quanto à extensão dos danos ainda pairava como uma sombra.
Uma enfermeira estava ao lado dele, ajustando o soro, e virou-se ao notar a entrada de Alice.
— Boa noite, doutora. — A voz da enfermeira era gentil, mas Alice mal a ouviu.—
— Boa noite. — murmurou, sem tirar os olhos de Alessandro.—
Os olhos dele, agora focados nela, eram frios e analíticos, como se ela fosse apenas mais uma figura qualquer no hospital.
— Como está se sentindo, Panagazzi? — perguntou Alice, mantendo a voz o mais profissional possível, embora sua garganta estivesse seca.—
— Bem o suficiente. — respondeu Alessandro, sua voz firme, quase distante. — Mas gostaria de saber quando terei alta, doutora. Não pretendo passar mais tempo do que o necessário em uma cama de hospital...
Alice estreitou os olhos, sentindo um desconforto crescente. A forma como ele falava, fria e impessoal, era um contraste gritante com o Alessandro que ela conhecia tão bem. Era como se estivesse conversando com um estranho.
Ela respirou fundo, tentando ignorar o aperto no peito.
— Você se lembra do que aconteceu? Sabe quem eu sou? — perguntou, esforçando-se para manter o tom profissional, mas a emoção escapou em sua voz, saindo mais embargada do que pretendia. Alessandro franziu a testa, confuso, como se tentasse decifrar quem era a mulher diante dele.—
— Desculpe, mas... não. — Ele balançou a cabeça, o olhar ainda distante. — Deveria?
As palavras atingiram Alice como um soco. Ela sentiu as pernas vacilarem por um momento, mas manteve a postura. Ele não se lembrava dela. Não se lembrava de nada do que tinham compartilhado.
— Meu nome é Alice Martinez De Luca. — Ela se apresentou, a voz agora mais firme, mas com um toque de emoção. — Nós trabalhamos juntos aqui no hospital...
Ele apenas assentiu, como se estivesse assimilando a informação.
— Certo, doutora De Luca... — Sua voz ainda era distante, impessoal.— Desculpe, mas não me lembro de você... Você é nova no hospital.
Alice sentiu um nó na garganta, mas sorriu de leve, embora o sorriso não chegasse aos olhos.
Alice respirou fundo, tentando manter a compostura enquanto as palavras de Alessandro ecoavam em sua mente. Ele não se lembrava dela, claro que não. Afinal, haviam se afastado há tanto tempo. A vida deles, cheia de altos e baixos, agora parecia ser uma memória distante, abafada pelo tempo e pelas circunstâncias. Mas, ao mesmo tempo, o tom impessoal de Alessandro a cortou de maneira inesperada, como uma lâmina afiada que ela não estava preparada para enfrentar. Ela sabia que ele estava fragilizado, mas ainda assim, aquilo doía mais do que ela esperava.
"Certamente não sou mais uma lembrança boa", pensou Alice, forçando um sorriso leve, mas a tristeza por trás dele não passava despercebida. Ela pensou em dar uma resposta, mas as palavras ficaram presas na garganta. "Eu deveria estar mais preparada para isso", ela tentou se convencer, mas não conseguia afastar a sensação de que, de algum modo, tudo parecia ter se perdido.
Antes que pudesse formular uma resposta, as portas do quarto se abriram, interrompendo o momento tenso. Pietro entrou com passos lentos, a expressão séria e os olhos focados, seguidos por dois residentes, que pareciam apressados, mas tentavam manter a calma em um ambiente já carregado de tensão.
Ao ver Alice parada, o olhar de Pietro se estreitou por um momento, como se reconhecesse a tensão no ar. Ele, por um breve instante, notou o silêncio entre os dois, e soubera que algo não estava certo. Ele sabia que Alice e Alessandro haviam tido uma história juntos, e, embora nunca tivesse tocado no assunto diretamente, as palavras não ditas estavam sempre entre eles, pairando nas conversas que, por mais cordiais que fossem, nunca pareciam ser completamente sinceras.
— Alice? — Pietro falou, a voz grave e calma, mas com um toque de preocupação. Ele sabia que, independentemente da situação profissional, a vida pessoal de Alessandro sempre foi algo complicado, algo que ele tentava evitar mencionar. Mas ali, naquela sala de hospital, as máscaras caíam, e ele sabia que as coisas eram muito mais difíceis do que pareciam. Ele olhou rapidamente para os residentes e fez um gesto de aprovação, indicando que continuassem o que estavam fazendo enquanto ele resolvia a situação com Alice e Alessandro.
Ela deu um leve aceno de cabeça, tentando disfarçar o nervosismo.
— Pietro...
— Achei que fosse sua folga hoje?
—Eu troquei de turno com a Beatrice.
Pietro observou-a com um olhar atento, já percebendo a tensão que pairava no ar. Ele sabia o quanto Alice estava ligada a Alessandro, e como as coisas entre eles nunca foram simples. No entanto, não era o momento de entrar em questões pessoais. Ele se aproximou da cama de Alessandro, os passos firmes, mas seus olhos ainda estavam na figura de Alice, tentando ler o que ela não estava dizendo.
Alice assentiu rapidamente, seus olhos ainda fixos na figura de Alessandro, mas sua mente girava, presa em tudo o que não havia dito, em tudo o que não havia feito para consertar o que estava quebrado entre eles. Ela sabia que precisava estar focada, mas não conseguia afastar os sentimentos que a tomavam.
Pietro percebeu a dificuldade dela em se concentrar, mas não queria pressioná-la. Ele sabia o quanto aquele momento estava sendo difícil para Alice, e, de certa forma, também sabia que não era o melhor momento para resgatar velhas feridas. Eles precisavam de tempo.
O ambiente na sala estava tenso, mas a atitude profissional de Pietro e sua equipe parecia criar um clima de contenção. Alessandro, ainda parcialmente atordoado, estava deitado na cama do hospital, com a cabeça levemente inclinada para trás. As luzes fluorescentes do teto refletiam suavemente sobre sua pele pálida e seus olhos, ainda um pouco confusos, fixavam-se na figura de Pietro, que estava de pé ao lado de sua cama, com uma prancheta nas mãos.
Pietro manteve um olhar focado em Alessandro, percebendo a leve dor nos olhos do amigo, apesar do esforço para manter a calma. Ele sabia que o trauma tinha sido grande, mas estava aliviado por ver que, até agora, o paciente estava reagindo bem. A equipe de médicos residentes e enfermeiros, Lorenzo, Luigi e Francesca, estavam prontos para seguir com os exames de rotina, mas a responsabilidade de conduzir tudo recaiu sobre Pietro, como chefe da emergência.
— Como está se sentindo? — perguntou Pietro, com a voz grave, mas com a suavidade de quem está tratando um amigo, não apenas um paciente. Ele ajustou a prancheta nas mãos, rapidamente anotando algumas observações enquanto falava.
Alessandro, ainda com a expressão cansada e ligeiramente confusa, olhou para ele e respondeu, tentando se concentrar.
— Ótimo... apenas com um pouco de dor na cabeça... — respondeu ele, a voz rouca, um tom de desconforto perceptível, mas sem o pânico que poderia ser esperado de alguém que acabara de sair de uma cirurgia tão delicada.
Pietro acenou com a cabeça, anotando mais algumas palavras antes de continuar.
— Certo! Vou te fazer algumas perguntas, ok? Só para confirmar algumas coisas. — Ele fez uma pausa, como se fosse um ritual, uma maneira de garantir que o paciente estivesse voltando ao normal, que sua mente estivesse começando a processar novamente tudo o que acontecia ao seu redor. — Pode me dizer qual o seu nome completo? — Pietro perguntou, em tom sério, olhando para os olhos de Alessandro.
Alessandro olhou para ele por um momento, como se tentasse conectar as palavras com as lembranças ainda nubladas em sua mente. Ele respirou fundo e respondeu, a voz um pouco mais firme.
— Alessandro Panagazzi.
Pietro fez uma anotação rápida, dando-lhe um aceno afirmativo.
— E a data de nascimento? — perguntou ele, com uma leve ênfase nas palavras, como se quisesse medir o raciocínio de Alessandro.—
Alessandro fechou os olhos por um momento, tentando recordar, como se estivesse buscando a resposta em algum canto escondido de sua mente.
— Primeiro de setembro de 1994... Tenho 30 anos.
Pietro manteve os olhos atentos em Alessandro, notando a clareza da resposta, um sinal de que ele estava, de fato, se recuperando. A consistência das respostas ajudava a aliviar um pouco a tensão. A confusão que poderia ser causada pelo traumatismo craniano ainda era evidente, mas Alessandro estava mais lúcido do que ele esperava.
— Muito bem... — Pietro murmurou, mais para si mesmo. — Agora, quando você sofreu o acidente de carro, você bateu com a cabeça. Houve um leve inchaço no cérebro, mas parece que você teve muita sorte... — Pietro fez uma pausa, observando de perto a reação de Alessandro. — Mas ainda preciso fazer algumas verificações, para ter certeza de que tudo está bem. Vou começar com um teste simples, ok?
Alessandro apenas assentiu, aceitando a instrução com a paciência de quem sabia que precisava passar por aquele processo, ainda que com uma sensação de cansaço. Ele tentou se concentrar na caneta que Pietro segurava na frente de seus olhos, tentando fixá-la enquanto ela se movia lentamente de um lado para o outro.
— Por favor, olhe para a ponta desta caneta, Alessandro. Vou movê-la de um lado para o outro. Tente seguir o movimento com os olhos, sem mover a cabeça, ok?
Alessandro tentou se concentrar, mantendo o olhar firme na caneta. Ele sentiu um leve desconforto em sua cabeça, mas resistiu à tentação de se mover. Era um exercício simples, mas exigia mais concentração do que ele gostaria de admitir. Seu olhar seguia a caneta com um movimento lento, e ele tentou não deixar que a dor o distraísse.
Pietro observava cada detalhe, atento a qualquer sinal de reação anormal. Ele movia a caneta com uma precisão controlada, testando a resposta neurológica de Alessandro, verificando os reflexos do paciente, que pareciam normais, apesar da dor residual.
— Bom. Está tudo certo até aqui. Agora, vou fazer um teste de reação nos seus olhos. — Pietro continuou, sem hesitação, apesar da tensão que sentia. Ele tinha que manter o foco. Isso era o que ele fazia de melhor. E, por mais que estivesse preocupado, ele sabia que agora não era o momento de vacilar.— Você reconhece algum rosto aqui?
— Não senhor...
O comentário pegou Pietro de surpresa, mas ele continuou agindo de forma proficional.
— OK! Descanse, Panagazzi. Você precisa de tempo para se recuperar.
Ela deu meia-volta, sentindo os olhos de Alessandro em suas costas enquanto saía do quarto Juntamente com sua pequena comitiva, e com Alice logo atras.
—Pietro, ele vai ficar bem?— perguntou Alice, a expressão carregada de preocupação, tentando controlar as lágrimas que ameaçavam cair.— Ele não se lembra de mim... ele...
Pietro suspirou, tocando o ombro da amiga.
— Isso pode ser temporário, Alice. O traumatismo craniano... às vezes a memória volta aos poucos. Não desista dele.
Alice encarou Pietro por um momento, as lágrimas agora escorrendo silenciosamente.
— Eu sei. Mas, por enquanto... — Ela olhou para a porta do quarto, onde Alessandro estava, mais distante do que nunca. — É como se ele fosse outra pessoa.
— Você conhece o Alessandro melhor do que ninguém, Alice. Ele vai voltar. Só precisa de tempo.
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