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A música suave preenchia o ambiente como em todas as festas da família de Lucca, trazendo um ar de celebração e aconchego. Bianca estava sentada em um canto mais tranquilo, embalando delicadamente a pequena Violeta, de seis meses. A bebê, filha de sua melhor amiga Kiara, observava tudo ao redor com olhos brilhantes e curiosos. Bianca, por sua vez, sorria enquanto brincava com os dedinhos da pequena, completamente imersa naquele momento de ternura.

Alessandro aproximou-se sem fazer barulho, com um sorriso tranquilo que iluminava seu rosto. Ele a observou por alguns segundos antes de dizer, em um tom baixo que parecia ser apenas para ela.

— Você fica linda com uma criança no colo.

Bianca levantou os olhos para ele, surpresa, e sentiu o calor subir por suas bochechas.

— Obrigada — respondeu timidamente, desviando o olhar para Violeta, como se a pequena pudesse salvá-la de mais comentários.

Alessandro inclinou-se um pouco mais, aproximando-se o suficiente para que apenas ela o ouvisse.

— Sério... Você vai ser uma ótima mãe.

Bianca riu de leve, tentando disfarçar o nervosismo que começava a sentir.

— Eu amo crianças, mas... acho que ainda é cedo demais para isso. — disse com um sorriso caloroso, embora suas palavras carregassem um toque de insegurança.— 

Antes que Alessandro pudesse dizer algo mais, o som de uma voz masculina ecoou pelo ambiente, interrompendo a conversa e atraindo a atenção de todos.

— Pessoal, posso ter a atenção de vocês por um momento?

Era Rafael, que estava no centro do jardim com a mão de Giovana entrelaçada na sua. Seu olhar transbordava emoção, e Giovana parecia dividir a mesma felicidade.

— Agora vai — murmurou Gabriel do outro lado da sala, provocando risadas leves entre os familiares.—

Rafael olhou para o primo com um sorriso, mas ignorou a interrupção. Ele respirou fundo e, com a voz firme, anunciou:

— Giovanna e eu temos algo muito especial para compartilhar com vocês...

Houve um breve silêncio, como se todos estivessem prendendo a respiração. Rafael, então, deixou o suspense de lado:

— Nós vamos ter um bebê!— Giovanna e Rafael falaram praticamente em coro. Por um instante, o tempo pareceu parar. Em seguida,  o jardim explodiu em uma onda de alegria e emoção. Exclamações de surpresa e parabéns vieram de todas as direções. Matteo, Enzo e Milena foram os primeiros a correr para abraçar o irmão e a cunhada, enquanto o restante da família formava um círculo ao redor deles, cheio de sorrisos e palavras calorosas.

Bianca, ainda segurando Violeta, observava a cena com um sorriso suave.

— Parece que a família só cresce... — comentou Alessandro ao seu lado, os olhos fixos na comemoração dos amigos que considerava parte da sua família.

Bianca concordou com um aceno, mas antes que pudesse responder, Kiara se aproximou com um sorriso brincalhão.

— Não acredito que você monopolizou minha filha a tarde toda, Bianca!

Bianca riu, entregando Violeta nos braços da mãe, mas não sem antes deixar um beijo suave na testa da pequena.

— Ela é irresistível, Kiara. Culpe a Violeta.

— Vou aproveitar que a família está distraída e dar de mamar para ela antes que todo mundo queira segurá-la — disse, saindo de cena.

Enquanto isso, Rafael, ainda no centro das atenções, começou a agradecer pelo apoio da família e pela felicidade que compartilhavam.

— Sei que teremos um longo caminho pela frente, mas com todos vocês ao nosso lado, tenho certeza de que será incrível.

— Vamos brindar à nova vida que chega!—  Gabriel  De Lucca levantou a taça de vinho no outro lado do salão e anunciou. O brinde foi seguido por mais risos, abraços e promessas de um futuro cheio de amor e união. —

O brinde foi acompanhado por um coro de risadas e aplausos, e todos se reuniram ao redor de Rafael e Giovanna, oferecendo os mais sinceros votos de felicidade. O ar estava carregado de alegria e emoção, e a energia da festa parecia ainda mais vibrante, agora que a notícia sobre o bebê se espalhava por todo o jardim.

Bianca, ainda com o olhar suave, observou o sorriso iluminado de Giovanna enquanto ela recebia os abraços dos familiares. A felicidade da amiga era palpável, e Bianca não pôde deixar de sentir um calorzinho no coração. Ela sempre soubera que Giovanna seria uma excelente mãe, mas agora, com a confirmação da gravidez, essa certeza se tornava ainda mais real.

Alessandro, ao seu lado, parecia envolvido na celebração, mas seus olhos não se afastavam de Bianca por muito tempo. Ele sabia o quanto ela apreciava momentos como aquele e o quanto a ideia de ter filhos um dia parecia tocá-la de uma forma profunda, embora ela nunca tivesse falado abertamente sobre isso. A presença de Violeta em seus braços tinha sido apenas mais um lembrete disso.

Enquanto a família de Lucca se espalhava, conversando e rindo, Gabriel deu um leve sorriso ao ver o quanto todos estavam felizes. Ele levantou sua taça novamente e se aproximou de Rafael, que estava com a mão entrelaçada com a de Giovanna.

—Parabéns, cara.— disse Gabriel com sinceridade, apertando a mão do primo. —A vida de vocês vai ser ainda mais incrível agora.—

Rafael sorriu amplamente, sentindo o peso da felicidade transbordar em seu peito. 

—Obrigado, meu irmão. Não consigo esperar para ver como tudo vai se desenrolar.

Giovanna, que estava ao lado, olhou para Gabriel com um olhar carinhoso. 

—E nós vamos precisar de muito apoio de todos vocês. Vai ser uma jornada e tanto.

Bianca observava a troca entre eles, sentindo um calor acolhedor crescer dentro de si. O vínculo que compartilhavam como família era algo raro e precioso, e ela sabia que, em algum momento, ela também faria parte de uma jornada assim. Mas, por agora, o que importava era aproveitar o presente.

Kiara retornou ao seu lado, com Violeta nos braços, agora calmamente dormindo após a refeição. Ela sorriu para Bianca e se sentou ao seu lado, olhando para o casal feliz à sua frente.

— Você está pensando na mesma coisa que eu?— Kiara perguntou em tom baixo, olhando para a cena à frente.

Bianca sorriu, tocando levemente o braço de Kiara. 

—Sim. Eles vão ser ótimos pais. Eu fico feliz por eles.

***

Gabriel estava em um canto mais afastado, longe da pista de dança e do burburinho da festa. Seus olhos estavam fixos em algo distante, mas sua mente estava clara como cristal, refletindo sobre o que tinha acontecido mais cedo. O sorriso de Saori ainda ecoava em sua mente, mas o desconforto que sentira ao ver a loira afastando-se não conseguia desaparecer. Ele sabia que as coisas não estavam tão simples quanto pareciam, e uma sensação de inquietação começava a crescer em seu peito.

Foi quando sentiu a presença de alguém se aproximando. Olhou para o lado e viu Rafael, seu primo, que se aproximava com um copo na mão e um sorriso descontraído no rosto. Rafael era um daqueles tipos de pessoas que, mesmo nos momentos mais tensos, conseguia fazer com que tudo parecesse mais leve. Seus olhos brilhavam com a mesma energia alegre que costumava contagiar todos ao seu redor.

—Ei, Gabriel.— disse Rafael com um sorriso divertido. —Você está aqui sozinho? Pensando na vida ou apenas fugindo da festa?

Gabriel deu um leve sorriso e balançou a cabeça.

—Nada disso. Só... precisava de um tempo sozinho para pensar.

— Hum.— Rafael disse, analisando seu primo com um olhar astuto. —Parece mais que você está fugindo de algo, meu amigo. Eu te conheço.— Ele deu um gole no copo, rindo baixinho. — Algo me diz que você está preso em um triângulo amoroso ou em algum tipo de drama.

Gabriel não respondeu de imediato, apenas deu um suspiro longo e olhou para a pista de dança, onde a loira estava agora se divertindo com as amigas. Ele sabia que Rafael não estava totalmente errado, mas também não queria se abrir sobre isso naquele momento. Não queria, pelo menos, dar mais combustível para os rumores ou para as conversas que já estavam começando a surgir.

—Não é nada disso.— respondeu Gabriel, desviando o olhar. —Só estou tentando entender o que está acontecendo com a Saori...

Rafael deu uma risada baixa, ainda com aquele olhar travesso.

—Ah, Gabriel, não se engane... Eu sei que você é apaixonado pela Saori, mas você não pode deixar a Saori te controlar, man. Ela é intensa demais, e, por mais que você se importe com ela, você precisa pensar em si mesmo também.

Gabriel olhou para Rafael, sentindo uma pontada de frustração.

—Eu sei disso. Mas a Saori é... é complicada. E eu não sei como lidar com isso... Não sei mais o que fazer...

Rafael sorriu, colocando a mão no ombro de Gabriel, com um tom mais sério.

—Escuta, cara, você tem que ser honesto consigo mesmo. Não é justo nem para a Saori, nem para você... Você está se afastando de todo mundo, inclusive de si mesmo, tentando evitar um problema que já está na sua frente... É obvio que você gosta da Saori e ela sente o mesmo por você, mas será que que você realmente ama ela?

Gabriel se calou, refletindo nas palavras de Rafael. Ele sabia que estava evitando algo, mas o que exatamente ele estava evitando? O sentimento crescente por uma mulher que parecia tão distante e ao mesmo tempo tão próxima? Ou o medo de machucar alguém que já estava emocionalmente envolvido com ele?

Antes que pudesse responder, a festa ao fundo parecia crescer ainda mais, com risos e conversas mais altas. Rafael, com um sorriso compreensivo, deu um tapinha nas costas de Gabriel e disse:

—Pensa nisso, man. Mas não espere muito tempo para decidir. Você sabe que, se não agir logo, as coisas só vão ficar mais complicadas... E você merece ser feliz Gabriel.

Com isso, Rafael se afastou, deixando Gabriel com seus pensamentos. O primo sempre foi direto e, às vezes, até insensível, mas suas palavras tinham um fundo de verdade que Gabriel não podia ignorar.

Ele olhou mais uma vez para a loira, que estava agora conversando animadamente com Kyara. O que ele deveria fazer? Continuar seguindo o que parecia ser o caminho mais fácil, ou finalmente se permitir explorar o que sentia, por mais confuso e arriscado que fosse?

O som da música, os risos e as conversas ao fundo se misturaram à sua mente, enquanto ele tomava a decisão de que, talvez, era hora de agir, e provavelmente tomar uma decisão... Talvez, uma das decisões mais difíceis de sua vida.

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