1⃣O campo vazio
Thomas (Revisado)
Acordo com uma dor de cabeça depois de muito tempo acordado pensando no meu pai, falecido pai. Meu pai era da marinha e acabou morrendo quando o submarino explodiu por um erro de um dos idiotas que ele trabalhava, poderia ter sido um ataque, mas eu acho que não.
Ontem foi o enterro e não dormi depois que eu voltei do cemitério. Não faz muito tempo que eu dormi por isso devo estar com dor de cabeça. Minha mãe decidiu se mudar para um outro estado, com o dinheiro do seguro poderiamos recomeçar do zero. Que bobagem!!
Não sei como minha vida vai ser depois disso, meu pai era um herói pra mim, ele me contava das suas missões no mar e essas coisas. Ele adorava o Namor, por isso foi para a marinha, péssima escolha.
Ele me dizia que eu tinha que tratar melhor as pessoas. Eu tinha muitos problemas na escola por brigar com os colegas de classe, eles me achavam arrogante e sem educação. Talvez fosse verdade, eu era mesmo isso tudo que eles falavam. Eu não gosto de me aproximar demais das pessoas, elas não se dão muito bem comigo apesar de algumas garotas se babarem por mim. Eu nem sou bonito, só diferente daqueles merdas da escola que se acha o máximo.
Minha mala estava pronta, só iríamos levar algumas coisas e deixar as outras para trás, vão ser muitas lembranças daquelas paredes verdes. Eu queria que tudo não passasse de ilusão, mas isso era a realidade que vou viver. O mundo é uma merda.
Me levanto e tomo um último banho naquele banheiro cheio de bonecos de super heróis como o aquaman ou Namor, mera... Enfim. Espero que para onde eu vou não me sinta como apenas alguém qualquer que só está existindo.
Visto uma camiseta preta de mangas longas, e uma calsa jeans escura com um tênis all star normal e um pouco velho. Eu costumava andar de skate mas parei quando entrei para o primeiro ano, agora já estou no segundo.
Desço as escadas e me encontro com minha mãe encarando a sala com um olhar vazio. Me aproximo lentamente mas acabo fazendo barulho, ela deu um leve pulo de susto e colocou a mão no peito e se virou para mim com os olhos fechados. Abriu os olhos e me olhou, deu um sorriso forçado e desviou o olhar para a sala novamente.
- Você está bem? Está quase na hora!! - Falo olhando para o carro ao lado de fora que iria nos levar até o aeroporto.
- É um pouco difícil.... Se despedir de tudo isso!! Passamos toda a sua infância aqui..... E agora.... - Ela caminha até mim e me dá um abraço apertado, sinto suas lágrimas no meu pescoço. Eu não pude aguentar e também acabo chorando e abraçando bem forte.
- Uma parte de nós ainda vai ficar aqui, agora são só lembranças..... - Ela me olha e dá um sorriso de verdade.
- Estou orgulhoso de você, de você ter decidido se mudar e recomeçar comigo...... Você se parece muito com ele, sempre me deixando orgulhosa - Eu sabia que era mentira em partes. Eu sempre trazia problemas da escola para casa.
- Obrigado mãe, vamos ir.... O carro tá esperando - Nos separamos do abraço e fomos até o carro.
O caminho foi calado, assim como o voo para outro estado. Vamos para New York, mas não perto da cidade cheio de prédios. Vai ser um pouco mais afastando, onde há casas normais. Eu nunca fui então não conheço muito, mas minha mãe me disse que as escolas de lá eram ótimas.
Enfim chegamos, sinto o avião pousar e já me deu um alívio, eu não gosto muito de aviões por causa do filme premonição. Pegamos o carro e fomos para a nova casa. No caminho passou um caminhão com troncos de árvores , outra coisa que me fez lembrar de premonição.
Acompanhei o caminho e chegamos na casa, era grande por sinal, maior que a nossa antiga casa. A corretora estava lá para nos mostrar melhor a casa, mais tarde minha mãe irá comprar alguns móveis. Eu sei que vão pensar que somos ricos, mas no seguro do meu pai havia muito dinheiro, ele economizava tanto que quando descobrimos o quanto tinha na conta do seguro ficamos chocados.
Minha mãe acompanhou a corretora pela casa e eu fiquei na escada da varanda olhando a rua, era muito quieta, parecia que ninguém morava ali, apenas nós. A corretora passa por mim indo até seu carro para ir embora, ela não tirava o sorriso do rosto. Minha mãe aparece atrás de mim.
Depois de um tempo minha mãe vai até a cidade me deixando sozinho com a casa vazia, ela iria comprar móveis que iriam ser entregues no dia seguinte, iríamos passar uma noite em um hotel qualquer, eu não me importava muito.
Quando estávamos no hotel fiquei pensando em tudo, parecia que eu estava vulnerável a tudo. Eu me sentia fraco e com um baita cansaço, minha cabeça pesava. Minha mãe dormiu rápido depois de horas no banheiro, eu a ouvi chorando, era uma coisa triste de se ouvir.
Mais cedo, ligaram para minha mãe, os móveis principais haviam chegado, fomos lá para abrir a casa e eles foram montando os guarda-roupas e outras coisas, foi muito barulho e estava quase tudo perfeito no fim de tarde. Meu quarto eu comprei alguns papéis de parede desenhados com tijolos verdes, e havia apenas uma cama, um guarda-roupa e uma cômoda com um abajur.
A casa estava bem simples, iríamos comprar as coisas de pouco em pouco, minha mãe é advogada e está tentando conseguir novos clientes. Isso pode ser bom, vamos nos estabilizar bem.
No outro dia que era um sábado, minha mãe marcou um horário com o diretor da nova escola que tinha o nome White school, como escola branca com as paredes em um tom de azul gastado. Iria começar na segunda feira e já é uma tortura.
Voltamos para casa e compramos uma pizza, sim, pizza de dia. Não sou muito acostumado, não comi mais que dois pedaços e fui até uma sorveteria de esquina que havia a duas quadras. Comprei o sorvete e comi em silêncio observando alguns olhares de algumas garotas que estavam no banco do outro lado.
Tyler:
- Tyler... Tyler!!! Acorda logo - Abro os olhos vendo Hannah puxando os cobertores.
- Eu quero dormir... Me deixa dormir - Me viro de bruços e Hannah me dá um tapa nas costas. Isso doeu.
- Esqueceu, vamos acampar hoje, é sábado, vai logo! - Me sento na cama a encarando.
- Como você entrou? - Passo a mão no rosto e arqueio a sobrancelha.
- Pela porta... E sua mãe me disse pra vim te acordar! - Bocejo e fecho os olhos por um momento.
- Tá bom, tá bom... Deixa eu tomar um banho, me espera lá embaixo - Hannah caminha até a porta e sai me deixando com meus pensamentos.
Foi a primeira semana de aula e havia ficado até tarde fazendo as tarefas, Hannah, Ray e eu havíamos combinado de acampar no campo vazio perto de um lago não muito longe.
Eu estava cansado de mais para ir, mas decidi mesmo assim porque havia prometido. Odeio fazer promessas. Me levanto e vou para o banheiro tomar um banho e limpar os óculos. Visto um shorts de futebol e uma regata, com um tênis all Stars de cano alto. O que eu mais gosto.
Desço as escadas e me encontro com Hannah sentada no sofá conversando com minha mãe. Me aproximo e olhos para as duas.
- Vamos então? - Abro um pouco mais os olhos para Hannah perceber e ir logo. Minha mãe e Hannah conversam muito, não sei como elas têm tanto assunto.
- Vamos, a gente têm que passar na casa do Ray, ele tá esperando - Hannah fala se virando para minha mãe e se levantando.
- Até mais mãe, amanhã eu volto - Minha mãe caminha até mim e dá um beijo na minha testa.
- Tenham cuidado, e se algum bicho picar vocês, é só tomar um xarope - Minha mãe Sam adora fazer piadas.
- Até mais Sam - Hannah fala acenando para minha mãe.
- Vamos logo.... O Ray deve tá puto com a gente - Puxo o braço de Hannah e assim caminhamos até a casa de Ray que não era muito longe.
Chegando lá ele estava nos esperando mexendo no celular, meu celular tocou e vejo que era ele. Havíamos nos atrasado um pouco. Nos juntamos na calçada.
- Vocês demoraram, tavam no salão para ir no meio do mato? - Ele dá um sorriso de canto.
- O Tyler dormiu até tarde, tive que ir acordar o gostosinho - Hannah ri junto com Ray. Dou um tapa no braço dela.
- Não fala assim - Fico vermelho. Eu fico vermelho bem fácil mesmo.
- Então... Vamos ir, já tô com a barraca, perai - Ele corre até atrás de uma árvore e pega o saco da barraca.
- Porque você deixou aí? - Pergunto.
- Não é minha, roubei do meu primo.... Parece que ele sentiu que eu roubei e veio em casa ontem. Tive que esconder - Ray coloca a barraca nas costas e começamos a caminhar.
- Viu a nova professora de inglês..... Ela parece tão jovem - Hannah fala nos olhando.
- Muito linda, já quero casar com ela - Ray diz sarcástico. Eu já tive aula com a nova professora, não parecia ser tão velha, devia estar lá para os trinta anos, que para mim não é tão velha.
- Você é um palhaço mesmo - Hannah fica emburrada.
- Alá, ela ficou brava pelo jeito que você falou - Dou um riso e Hannah me olha como se quisesse me matar. Apenas virei o rosto para as casas.
- Vai ficar brava por isso... Nem falei nada demais... Ela é bonitinha - Ray diz com com a mão na nuca tentando aliviar os olhares.
- Só tô zuando......- Ela ri da nossa cara. Ray e eu nos olhamos e rimos também.
- Achei que fosse sério, seria drama demais - Hannah olha com a boca aberta para Ray e começa a dar tapas nos seus ombros.
- Seu idiota... Não sou dramática - Dou risada da caras deles.
- Tá bom, já parei.... Você não é dramática - Ela para de dar tapas e continuamos andando em silêncio.
Finalmente chegamos no lugar em que iríamos acampar, era um campo vazio descendo um pouco da floresta local perto de um lago. Armamos a barraca, Ray e eu fomos pegar madeira para fazer a fogueira.
- Nossa, eu precisava acampar, tava um tédio a primeira semana de aula - Ray olha para as árvores e respira fundo sentindo paz.
- As aulas nem começaram e já tá sendo um tédio, não acontece nada naquela escola velha - Dou risada e vou pegando madeira e colocando no braço.
- Nunca teve, sempre foi uma merda - Continuamos e depois de um tempo já havia madeira suficiente.
Voltamos para o local onde estava a barraca e nos preparamos para ir no lago que havia ali, há alguns metros dali. Foi uma tarde incrível e faz tempo que não me sentia na paz interior, eu precisava daquilo. Já tínhamos acampado nas férias, mas não foi a mesma coisa. Desta vez eu sentia paz.
Quando chegou a noite, ficamos ao redor da fogueira e cantamos algumas músicas que combinavam com a gente. Assamos alguns espetos de carne que havíamos levado. E ouvíamos apenas os grilos quando ficamos quietos e o silêncio reinava na hora de dormir.
Quando acordamos com um cansaço, ficamos nos olhando e dormimos novamente. E ficamos dormindo até a Três da tarde. Meu sono estava em dia e minha mente estava limpa. Era hora de recomeçar tudo, domingo e já amanhã tem aula. Que tédio, nada de novo vai acontecer.
- Bom dia pessoal - Hannah fala se espreguiçando com a mão na minha cara.
- Você quis dizer boa tarde né? - Bocejo e acordo Ray que dormia como uma pedra.
- Ainda tô com sono..... - Ray vira para o lado. Hannah e eu nos olhamos e rimos. Começamos a sacudir Ray com tudo.
- Vamos acordaaaaa - Hannah grita se jogando em cima dele.
- Tá bom, tá bom já acordei...... Podem parar de frescura - Ele alonga os braços.
- Vamos no lago acordar de verdade!! - Falo e Hannah já começa a correr em direção ao lago e dando um grande mergulho.
- Cara, ela é doida - Ray arregala os olhos e ri. Próximo eu, pulo com tudo no lago e Ray em seguida.
- Últimas horas de pazzz!!! - Ray grita.
Lá pelas seis da tarde voltamos para casa, foi um ótimo dia. Fui dormir às nove horas da noite, eu estava tão feliz, nada nem ninguém poderia estragar. Tudo estava perfeito, tirando a segunda feira que é o pior dias da semana. Minha ex namorada Emma não sai do pé de seu namorado universitário.
Ela vivia atrás de mim mesmo depois de ter terminado o nosso relacionamento, mas ela arrumou outro e me deixou em paz. Parece que minha vida tá no zero, e vou começar bem esse ano.
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