thirteen: i'm sorry.

13 de Fevereiro
1 dia para o Dia dos Namorados

O colégio estava cheio de decorações do Dia dos Namorados. Corações colados pelos corredores, armários enfeitados com flores e bilhetinhos de amor e, claro, muitas declarações.

Lembrei de Jungkook. É a data preferida dele.

Alguns alunos prepararam surpresas para suas namoradas, convidando-as para o baile no meio do corredor. Imaginei se Jimin também faria algo especial para Hyeri.

E eu? Bom, aquele dia foi o que mais ganhei convites para o baile. Se eu e Hyeri tivéssemos continuado com a aposta, com certeza eu teria ganho. Ela iria ficar tão bravinha...

Olhei para a garota ao meu lado. A aula já havia acabado e estávamos voltando para casa. Hyeri andava encarando o chão, muito concentrada.

Não achei que ficaríamos tanto tempo brigados. Eu deveria me desculpar? Era meu penúltimo dia e eu não conseguiria ir embora sabendo que ela estava com raiva de mim. Para ser sincero, a culpa não tinha sido totalmente minha, nós dois erramos...

Engoli o orgulho e comecei:

— Hyeri, me desculpe — ela se virou para me olhar. Pensei antes de terminar. — Está certa no que disse, não mando em você. Eu só... me preocupo de verdade. Entende?

Ela demorou para responder. Confesso que fiquei com medo de continuar me ignorando.

— Sou eu quem deve se desculpar, Tae — ela suspirou. — Me arrependi das coisas que te falei. Você está aqui para me ajudar e eu fui uma idiota.

— Nós dois fomos idiotas — ri, tentando quebrar o clima tenso. — Podemos esquecer isso? — ela assentiu.

Sua expressão, antes séria, voltou a ficar alegre. Ela se aproximou mais de mim e segurou minha mão. Me arrepiei com o toque repentino.

— Como um pedido de desculpas, o que acha de eu te levar a um lugar para terminar nosso tour?

— Envolve comida? Daria tudo por um algodão doce agora... — ela riu e beliscou minha bochecha.

— Você é tão fofo!

Fiquei atônito pela ação da garota. Hyeri estava me ignorando a menos de cinco minutos. De onde veio esse modo afetivo?

Ainda segurando a minha mão e sem me dizer onde estávamos indo, ela foi me guiando pelas ruas. Paramos numa loja e ela voltou de lá com uma sacola em mãos. Depois de um tempo andando, entramos em um beco. Hyeri olhou para os lados antes de se espremer nas paredes para passar. Não perguntei, apenas a segui com medo do que viria.

Fomos parar em outro beco, mas a diferença era que nesse tinha uma escada de metal. Pertencia a um prédio velho e acabado. Olhei para cima, vendo onde aquilo daria. Hyeri me cutucou.

— Primeiro as damas — ela fez uma reverência e eu ri da brincadeira.

— Onde está me levando, Lee Hyeri?

— Calma, você vai ver.

Comecei a subir as escadas devagar, sempre checando se a garota que vinha logo atrás de mim estava bem. Eu não tinha problema com altura, é óbvio. Mas ela poderia passar mal, então me mantinha preparado caso fosse preciso ajudá-la.

Finalmente cheguei no final da escada. Era o terraço do prédio. A vista? Simplesmente, incrível. Dava para ver boa parte da cidade, com seus edifícios gigantescos e modernos, o parquinho ali perto e o conjunto de casas.

O sol já ia embora, o que deixava a paisagem ainda mais bonita.

— Não é lindo? — Hyeri parou ao meu lado. — Por isso é meu lugar preferido.

Sim...

— Vem — ela andou até perto da borda e tirou de dentro da sacola um pano grande. Esticou no chão e se sentou.

A segui e sentei ao seu lado. Na sacola também tinham dois pacotes de comida, que se chamavam Doritos e duas garrafas de soju.

— Já viu o pôr do sol? — pensei um pouco.

— Nunca dei muita importância.

Hyeri abriu uma das bebidas e me ofereceu.

— Deixa esse treco bem longe de mim! — fiz uma careta e ela riu.

Peguei um dos pacotinhos e abri. Tinham cheiro estranho, mas o gosto era bom.

— O Jimin... me convidou para o baile — disse, pausadamente.

Desviei meu olhar para o chão. Novamente aquele sentimento que eu não gostava: ciúmes. Não podia me sentir assim. Eu iria embora no dia seguinte e em alguns meses, tudo isso viraria uma vaga lembrança.

Mas era impossível evitar...

— Você aceitou...?

Ela deu um longo gole da bebida antes de responder.

— Falei que vou pensar — escutar aquilo me deixou aliviado, mas também confuso. Achei que ela aceitaria. — Algo mudou, eu não sei direito... Desde que você me beij...

Ela parou de falar e suas bochechas coraram.

— Desde que eu, o quê?

— Ah, n-nada...

Hyeri virou a garrafa todinha. Assisti a cena de olhos arregalados. Como ela conseguia?

— O seu mundo parece chato — ela mudou de assunto. — Nada que temos na Terra tem lá.

Olhei para o céu. As cores do fim da tarde se misturavam, ficando num tom alaranjado. Hyeri tinha razão. Aquele era o melhor lugar de todos.

— No meu mundo não sentimos fome, sono... Isso é uma fraqueza dos humanos — ela piscou os olhos, claramente confusa.

— Como assim? Você sente tudo isso.

— Quando chegamos aqui, essas habilidades somem. É como se eu virasse um humano.

No começo, o que eu mais sentia falta, eram as habilidades. Tem noção do quanto é desconfortável ter fome? Sua barriga faz barulhos estranhos, é assustador. Mas eu tenho que confessar que vale a pena quando a comida é boa.

— Entendi... E Xvideos? — balançei a cabeça, negando.

— Eu nem sei o que é isso, mas não deve ter no meu Mundo.

Ela fez a mesma expressão de quando eu disse que nunca havia bebido. Totalmente chocada.

— Espera, isso significa que você nunca assistiu pornô? Nunquinha?

Demorei para assimilar as coisas. Enquanto eu "juntava os pauzinhos", Hyeri estava tendo uma crise de risos.

— O quê?! Não, eu sou um anjo!

— Isso não é desculpa! Todo mundo já viu — sorri ladino pelo comentário.

— Você já viu? — ela me olhou maliciosa.

Talvez... — começamos a rir.

O sol já estava em seus últimos raios, dando um ar de paraíso. O céu, tingido em tons de amarelo, laranja e azul, esboçava a mais bela pintura natural já presenciada por mim. Pássaros voavam em meio as cores e embelezavam ainda mais a paisagem.

Hyeri esboçava um sorriso encantador enquanto apreciava o fim da tarde.

Não havia me tocado antes, mas encará-la era uma das minhas ações favoritas. Analisar cada característica de seu rosto: sua boca desenhada e as bochechas levemente rosadas. Linda, tudo nela era lindo.

De repente, não queria mais nada além de eliminar a distância entre nossos corpos. Algo novo estava acontecendo. Uma espécie de roda dentro de meu coração girava tão depressa, que me deixava tonto. Como um cordão invisível esticando-se entre nós e, caso Hyeri se afastasse muito de mim, esse cordão arrebentaria — o que me mataria.

Um caminho sem volta. Sabia o que aquela dor estranha e doce era. Com a mesma certeza que sabia meu nome, a cor do céu ou qualquer coisa escrita em um livro. Eu sabia que, eu, o cupido Kim Taehyung, amava Lee Hyeri.

No dia seguinte partiria para Angelus. Tudo isso só passaria de uma lembrança. Como eu poderia ir embora sem contar para ela?

Puxei fundo o ar de meus pulmões antes de chamá-la:

— Hyeri — ela se virou. Os olhos brilhando por conta do sol fraco que batia contra seu rosto. — Eu... estou apaixonado por você. Não planejava isso, mas aconteceu. Me desculpe.

Hyeri ficou um tempo apenas me encarando. Sua mão direita tocou delicadamente minha bochecha. Ela deixou um carinho ali, revezando seu olhar entre minha boca e meus olhos. Fomos nos aproximando lentamente, até que numa dose de paixão nossos lábios se encontraram.

Foi como se meu corpo não me obedecesse mais. Não resistia àquele encontro de desejos. A força do amor era mais forte que eu, parecia que o céu havia descido sobre nós. Deveria ter a beijado antes.

A garota separou o beijo e colou nossas testas. Tanto a sua, quanto a minha respiração estavam aceleradas. Acho que era possível escutar seu coração batendo.

— Como você fez isso? — ela segurou meu rosto com as duas mãos. — Como fez eu me apaixonar por você?

Sorri tímido. Hyeri depositou mais um beijo em meus lábios. O gosto da bebida que tomava invadiu minha boca.

Então é assim? É desse jeito que as pessoas se sentem depois que atiro a poção nelas? Amar é... tão bom. Me sentia nas nuvens e meu coração quentinho.

O sol estava escondido a ponto de somente um fino fio amarelo ser visto ao longe. Em seu lugar, a lua começava a aparecer assim como as estrelas. Hyeri descansou sua cabeça no meu ombro e eu abracei apertado. Nossas respirações calmas e nossos cheiros se misturavam. O amor que sentíamos era tão grande e bonito, que acabávamos por ser uma pessoa.

Sua mão passou suavemente pelas minha costas. Ela levantou a cabeça para me olhar.

— Tae, eu... posso ver suas asas de novo?

Pensei em todas as probabilidades de dar errado. Era perigoso eu arriscar mostrá-las. Mesmo estando escuro, poderiam chamar atenção. E eu não queria assustá-la.

— Tem certeza? Você pode ficar com medo de mim. Eu vou mudar e...

Ela me interrompeu com um selo demorado.

— Nunca teria medo de você — assenti, hesitante.

Tirei a camisa meio envergonhado e me ajoelhei na frente da garota. Fechei os olhos e suspirei. Senti uma pequena dor nas cicatrizes e então, minhas asas se abriram. Meu corpo pareceu mais leve.

Hyeri ficou boquiaberta.

— S-Seus olhos...

— Estão azuis, eu sei. Quer... tocar? — ela balançou a cabeça.

Sua mão alisou delicadamente as penas. O sorriso em seus lábios aumentava a cada toque que dava. Encantada, assim como uma criança ganhando um presente de Natal.

— São tão macias.

Por mais que fosse bom sentir aquele carinho, tínhamos que ir embora. Chamei Hyeri, mas ela estava hipnotizada.

— Sei que gostou, mas temos que ir.

Ela concordou, fazendo um biquinho triste. Eu também não queria que acabasse.

༺•༻

Voltamos para a casa dela de mãos dadas, sorrindo um para o outro como dois bobos de amor. Antes de subir para seu quarto, Hyeri me beijou novamente. Minha vontade de não soltá-la mais cresceu.

Esse dia tinha que ter durado para sempre. O que eu iria fazer? Não imaginava mais minha vida sem ela. Meu futuro não fazia sentido sem que ela estivesse lá.

Deitei a cabeça na almofada e encarei o teto branco.

Achei que naquela noite iria dormir em paz. Relembrar de nossos beijos e de todas as razões que me fizeram amar Hyeri. Mas parece que o dia não terminaria ali.

Afinal, a madrugada é o horário preferido dos anjos.

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queria avisar que eu revisei os primeiros capítulos (até o 10 acho) e alterei algumas coisas, mas não precisa ler de novo pq tá praticamente igual. só isso mesmokk

ps.: chegamos a 2k de leituras, eu to muito feliz obrigadaaa 🤧✊🏻

Até o próximo capítulo! ^^

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