nine: too much soju.

Hyeri nos levou à um bar no centro da cidade. Já era bem escuro lá fora e o lugar estava lotado. Os humanos adoram festejar de madrugada.

Assim que entramos, ela foi direto para o balcão pedir uma bebida. Me sentei ao seu lado, observando o ambiente à minha volta. Uma música alta tocava e as pessoas dançavam na pista brilhante. Tinha luzes coloridas para todos os lados e um andar de cima com vista para a pista.

Já estive num lugar assim um tempo antes. Juntei uma mulher que tinha acabado de ver o marido a traindo e um CEO mau humorado com a vida. Até que formaram um belo casal.

Saí dos meus pensamentos com Hyeri cutucando meu ombro. Ela já estava com um copo na mão.

— Vai querer o quê? — perguntou, quase gritando pela música no fundo.

Olhei a parede atrás do balcão. Estava coberta, do chão ao teto, com bebidas de diversas cores e tamanhos. Veneno humano...

— Hyeri — cocei a nuca incomodado. — Eu não posso... beber — ela arregalou os olhos surpresa.

— Mentira?! Sua vida deve ser muito triste! — ela disse, antes de virar um copo inteiro.

Temos uma regra contra o que chamamos no meu mundo para "tentações humanas". Fazer coisas ilegais, beber, adquirir hábitos humanos, tudo isso para nós, é perigoso.

— Por que você escolheu hoje para beber? — ela me olhou.

— Eu parei para pensar em tudo o que está acontecendo. Meus pais não dão a mínima para mim, sofro todos os dias com aquela peste do Yoongi, não tenho um par para o baile e, a cereja do bolo: um cupido está morando na minha casa — ela virou mais um copo.

Finalmente se tocou da bagunça que a vida dela estava.

— Quer conversar sobre os seus pais?

— Eles estão sempre viajando a trabalho e, quando estão em casa, não trocam uma palavra comigo. Até que não é tão ruim ter você lá. Assim, eu não fico tão sozinha.

Eu não deveria, mas fiquei feliz por escutar aquilo. Também era legal sair um pouco da minha rotina de cupido.

— O que achou do Jungkook? — perguntei, mudando de assunto.

Ela riu e virou outro copo. O terceiro. Quantos ela aguentaria?

— Ele é engraçado. Ficou assustado quando escutou uma voz de menina do outro lado.

É, eu não estava mais tão bravo com eles. Foi um descuido meu, mas por sorte, não causou ainda mais problemas.

— E você comeu com o Jimin hoje... — comentei.

Precisava saber sobre a relação dela com esse garoto. Meu tempo estava acabando e ele parecia ser a solução.

Fiz uma pesquisa no Banco de Dados dos Cupidos. Jimin era filho único e os pais separados. Sempre passava de ano com notas boas e não tinha um histórico de ações ilegais ou ruins contra qualquer pessoa.

Muito certinho. Talvez até demais, mas podia ser meu único recurso.

Seu nome ainda me era familiar...

— E você com a Sooyoung — ela fez uma careta. — Falei para ficar longe dela, seu tonto.

— Fica tranquila. Coloquei ela no lugar dela. Mas eu quero saber do seu amigo. Gosta dele? — ela encarou a bebida no copo.

— Eu não sei... Nunca gostei de alguém.

Anti-Cuilis não têm essa capacidade. É uma alteração no DNA que os impedem. Por isso, nossa "poção do amor", tem componentes especiais só para eles. Sem ela, um Anti-Cuilis poderia viver sem encontrar o amor.

É meio triste pensar nessa possibilidade.

— É para isso que eu estou aqui! Para te dar a chance de amar alguém.

Seus olhos brilharam quando eu disse aquilo. Senti que valeu a pena a missão ter dado errado de primeira. Jimin parecia um garoto legal, bem melhor que o Yoongi.

Me entenderia com Jin depois.

— V-Vai atirar aquilo no Jimin?

— Vou. Se você quiser, eu posso fazer isso — ela entorna outro copo.

— Eu vou pensar, ok?

Meu sorriso murchou ao escutar aquilo. Ao meu ver, Hyeri queria ter uma chance de amar e viver como uma adolescente normal. O que estava a impedindo?

— Mas...

— Toma — ela colocou um copo na minha frente. O líquido dentro era todo transparente, lembrava água.

— Hyeri, eu já falei que não posso! — ela revirou os olhos.

— Não tem ninguém te vigiando, cupidinho. Qual o problema de se divertir um pouco? Já que está no inferno, abraça o capeta.

Foi a minha vez de arregalar os olhos, surpreso com o comentário da garota.

— Você não brincaria com isso se visse o Namjoon... — disse baixo, mas ela escutou.

— Quem é Namjoon?

— É melhor que você não saiba — ela deu de ombros e bebeu mais um copo.

Olhei a bebida lá dentro. Talvez ela tivesse razão. Não custava nada eu apenas experimentar. Iria ser só um gole e Jin e o Conselho dos Cupidos não ficariam sabendo...

Desde que havia começado a morar na Terra, conheci tantas coisas novas, costumes diferentes, comidas... Ainda me pegava pensando naquela tarde comendo batata frita. Era como um mundo onde eu poderia fazer o que quisesse sem me preocupar com as consequências. Um mundo bem mais divertido!

As bochechas de Hyeri já estavam meio coradas. Provavelmente pelos cinco copos que tomou. Ela me olhou, esperando eu me decidir.

Peguei o copo e virei de uma vez só. Senti o gosto amargo descer queimando pela minha garganta. Bem ruim. Como ela aguentou tomar cinco desses?

— Gostou? — perguntou, sorrindo pela minha careta.

— É estranho. Acho que eu quero mais um.

Hyeri estreitou os olhos, analisando meu rosto.

— Tem certeza? Olha, eu não vou me responsabilizar por cupido bêbado por aí.

— Eu não vou ficar "bêbado". Isso é fraqueza de humanos.

— Se você diz... — ela pediu mais um copo. — Aqui está.

Tinha absoluta certeza de que minha tolerância à álcool era grande. Ficaria tudo bem.

༺•༻

— Taehyung, você é muito pesado! Vamos, me ajude!

Hyeri estava com uma mão na minha cintura, me ajudando a andar. Foram poucos copos, não era para eu ter ficado tão alterado. Dois, três... Talvez, seis.

— Chegamos, graças a Deus! — ela me soltou para destrancar a porta da casa e eu caí sentado. — Taehyung, fala sério!

Novamente, me levantou e conseguimos chegar no sofá. Tudo girava como num brinquedo de um parque de diversões.

O cachorro da garota começou a latir para mim. Ainda não havia esquecido da mordida que esse filhote do demônio deu em mim.

Hyeri soltou um suspiro cansado e me lançou um olhar de reprovação.

— Você precisa de um banho frio.

Depois de muito esforço, conseguimos subir as escadas e entrar no banheiro. Ela me deixou sentado na privada enquanto ligava o chuveiro. Foi rápido, logo já estava tirando meus sapatos.

Apenas observava cada movimento seu. Alguns pingos de suor molhavam sua testa, pela força que usou para me carregar do bar até em casa. Apesar disso, não diminuiu a beleza da garota. Pelo contrário, as bochechas rosadas e a cara emburrada a deixaram ainda mais linda.

— Taehyung, vou precisar tirar sua camisa...

Demorei para processar o que ela disse. Sem esperar uma resposta, Hyeri levantou a barra da camiseta até o meu pescoço e levantou meus braços, um de cada vez, para tirá-la. Seu olhar desceu um pouco para o meu abdômen e eu senti minhas bochechas corarem.

Ela pegou minha mão e me guiou para dentro do cubículo protegido por vidro. Quando senti a água gelada cair na minha cabeça, meu corpo todo arrepiou. Soltei um grunhido de dor e tentei sair, mas Hyeri me segurou.

Eu estava tremendo, sentindo minhas costas queimarem pela água fria.

— P-Por que está fazendo isso comigo? — perguntei, deixando algumas lágrimas escaparem.

— É para você ficar melhor, Tae.

Eu poderia estar bem alterado, mas não deixei de perceber o apelido. Pela primeira vez, não me importei.

Fiquei parado, reprimindo várias caretas enquanto a água percorria todo o meu corpo, me deixando cada vez mais incomodado. Hyeri também estava se molhando, já que ela se aproximou de mim para impedir que eu saísse.

Tempo depois, ela desligou e a água parou de cair. Hyeri saiu primeiro e pegou duas toalhas. Me senti bem melhor que antes. O banho pareceu ter me acordado um pouco.

— Pode me deixar...? — apontei para a toalha.

— Ah, claro — ela coçou a cabeça, envergonhada. — Ali tem uma troca de roupa. Eu vou estar no meu quarto, ok?

Ela fechou a porta. Em poucos minutos, eu já havia me secado e trocado de roupa. Saí do banheiro e fui em direção ao quarto de Hyeri. Ela penteava o cabelo molhado e sorriu ao me ver.

— Posso te pedir uma coisa? — me sentei em sua cama e ela assentiu. — Seca meu cabelo?

Hyeri abriu um sorriso adorável e se sentou de frente para mim. Ela pegou a toalha das minhas mãos e começou a passá-la no meu cabelo delicadamente.

— Eu gostei de Tae. Pode me chamar assim — falei, me referindo ao apelido que me chamou no banheiro.

— Nem tinha percebido — ela riu. — Ainda prefiro "Cupidinho".

Ela continuou a secar meu cabelo. Aproveitei para analisar mais alguns detalhes de seu rosto, mas Hyeri percebeu o jeito como a olhava.

— O-O que foi?

— Obrigado por ter cuidado de mim.

Encarei seus olhos castanhos. Aquele sentimento de paz que tive no dia em que ela cuidou do machucado na minha perna voltou. De repente, éramos só eu e ela ali.

O meu coração batia rápido. Uma sensação estranha incomodava meu estômago. Hyeri estava me causando aquele misto de sentimentos. Eu não sabia o que estava acontecendo.

Meu olhar desceu para a sua boca e, num impulso, deixei um beijo rápido em seus lábios. Eram doces e macios. Me deixaram com vontade de explorá-los mais.

Hyeri largou a toalha, totalmente paralisada.
Pisquei os olhos assustado, quando percebi o que tinha feito.

Todas as chances que eu poderia ter de conseguir sair ileso daquela missão, sem nenhuma punição, foram para o lixo.

Eu havia beijado uma humana.

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#familyfriendly

vou tentar att a cada 10 dias, ok? to na última semana de férias e indo pro primeirão k

Até o próximo capítulo! o3o

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