fifteen: bad cupids.
⊰ 14 de Fevereiro ⊱
⊰ Dia dos Namorados ⊱
E o dia mais esperado pelos cupidos havia chegado. A primeira vez em todos os meus 18 anos que não participaria das comemorações em Angelus. Porém, não estava chateado. Uma coisa mais importante iria acontecer.
Como prometido, à noite, no dia seguinte, Jin chamou os meninos na sala dele. Contou toda a situação e explicou qual seria o plano para voltarmos à Terra. Pedi discretamente para fingirem que não sabiam de nada. Eles poderiam ser punidos, já que eram meus "cúmplices". Também convenci Jin a me deixar levar Hyeri ao baile. Eu sabia o quanto era especial para ela, então não deixaria um garoto qualquer se aproveitar.
Estávamos sendo escoltados até o portão de Angelus. Seria a última vez que eu usaria minhas asas para uma missão. Depois, ficaria nas mãos do conselho.
— Taehyung, como é amar alguém? — Lucas perguntou. Os olhos brilhando para saber a resposta.
Uma pergunta difícil, mas para mim, era a mais fácil de ser respondida. Não dá para colocar em palavras o quanto sua vida se torna mais linda quando você sabe que está apaixonado.
— É a coisa mais maravilhosa que pode te acontecer — sorri levemente. — Você sabe que encontrou algo incrível e quer tê-lo para sempre consigo. E um segundo depois de ter aquilo, você fica com medo de perder.
Lucas pareceu confuso com as minhas palavras. Ele apenas sorriu e me abraçou de lado.
— Já pensou em como a Hyeri se apaixonou por você? — Jungkook entrou na conversa.
O que ele disse pareceu acender uma luz em minha cabeça.
Estudamos tudo sobre Anti-Cuilis e aquela aula em especial estava um tédio. O instrutor começou a falar sobre os "poderes" dessa espécie. Além de o sangue deles trazer mais força para os Kelpies, uma informação importante chamou minha atenção: um beijo entre um cupido e um Anti-Culis faz o papel de poção do amor. Ou seja, se apaixonam.
A noite que eu a beijei pela primeira vez bêbado...
— Parem aí! — Jin nos chamou cochichando. Ele estava violando regras gravíssimas nos deixando sair tão tarde. — A partir daqui, vocês seguem sozinhos. Lembrem-se de tudo que combinamos. Taehyung... — ele colocou uma mão em meu ombro. — Eu te imploro! Não faça besteira.
Balancei a cabeça concordando, apesar de eu mesmo não ter tanta certeza daquilo. A única coisa que pensava no momento, era abraçá-la.
Seguimos os três até o portão de Angelus. Os seguranças não estavam lá. Provavelmente, Jin arranjou um jeito de liberarem nossa saída. Antes de sumir entre as nuvens, Jungkook me deu um tapinha nas costas. Fechei os olhos e comecei a me sentir mais leve. Em pouco tempo eu a veria novamente.
༺•༻
Jungkook e Lucas insistiram em conhecer Hyeri. Fiquei hesitante no começo, mas deixei. Pousamos em frente à casa grande. Seus pais eram pessoas bem importantes na Terra, então ela sempre teve uma vida muito confortável. É uma pena que consumiam todo o seu tempo no trabalho.
Estranhei a rua estar tão escura e as luzes da casa todas apagadas. O baile não havia começado ainda, ela deveria estar se arrumando. Andamos até a porta de entrada e eu bati duas vezes. Imaginei a carinha dela vendo três cupidos a esperando. Infelizmente, ninguém atendeu. As luzes continuavam apagadas e meu instinto dizia que algo estava errado.
— Acho que não tem ninguém — Lucas tentou bisbilhotar pela janela.
— Vamos dar a volta e entrar pela cozinha como da última vez — Jungkook sugeriu.
Atravessamos os fundos e paramos em frente à porta. Lucas tocou na maçaneta e nos olhou assustado.
— T-Taehyung... A maçaneta está qu-quebrada...
Um arrepio percorreu por toda a minha espinha, aquela sensação de medo me consumiu. Passei na frente de Lucas e vi o quão ruim era o estrago. Alguém tinha invadido.
Empurrei-a lentamente. O ruído da porta se abrindo soou pela cozinha escura. Entrei devagar, tomando cuidado para não pisar em falso e fazer algum barulho. A pessoa que entrou ainda poderia estar lá, não tínhamos como saber.
— Eu estou com medo! — Lucas disse baixinho.
A cozinha aberta dava direto para a sala. Assim que pisei no cômodo, senti meu pé bater em algo. Me abaixei e tateei o objeto: um livro.
— Jungkook, acende a luz! — falei em um tom alto.
Ele fez o que eu mandei e, para a minha surpresa, a sala estava revirada. Livros e cacos de vidro pelo chão, cortinas rasgadas e o cachorro desmaiado num canto.
Meu peito doía. Subi as escadas correndo até o quarto de Hyeri e a porta escancarada me deu visão da bagunça. A janela aberta balançava as cortinas, deixando um ar gelado entrar ali.
Nenhum sinal de Hyeri.
Minhas pernas vacilaram por um segundo. O meu único trabalho era cuidar dela. Era cuidar de Hyeri, mesmo que isso significasse dar minha vida para protegê-la.
Eles adentraram o quarto correndo. Os olhos arregalados pela situação.
— Tae...
Uma lágrima solitária desceu por minha bochecha. Fechei os olhos e respirei fundo. Concentração. Precisava me concentrar para sentir qualquer rastro deixado.
Aquele cheiro já era conhecido por mim. Kelpies.
— Estão sentindo? — Jungkook fechou os olhos e fungou o nariz.
Suas orbes negras se transformaram em amarelas. Uma reação de quando nos sentimos ameaçados ou sob pressão.
— Perfeitamente — ele respondeu com a cara fechada.
— M-Mas como? — Lucas parecia desesperado. — As informações sobre Anti-Cuilis são confidenciais!
— Isso não importa! — acabei gritando e o assustando. — Tenho que ir salvá-la agora!
Eu estava decidido, já saindo do quarto. Jungkook me barrou e agarrou meus ombros.
— Você nem sabe quem e quantos foram! Taehyung, se acalme! Ficar com raiva não vai mudar as coisas.
Nas aulas, o instrutor contou que vários Anti-Cuilis estavam desaparecendo misteriosamente. É claro que sabíamos que isso era obra dos Kelpies, mas nunca pegaram um no ato. As drenagens do sangue aconteciam em Zardren. Como vampiros desalmados, eles tiram até a última gota para fazer poções e venenos contra nós.
Se o registro foi roubado, então Namjoon havia mandado Kelpies em missões pelo mundo todo para sequestrar Anti-Cuilis. Mas tinha que ser alguém próximo... Alguém como... O Jimin.
Devia ter usado alguma poção para eu não conseguir identificar seu cheiro.
Aluno transferido, se aproximou de Hyeri muito rápido, era amigo de um dos meninos que fazia bullying com ela, o Hoseok. O jeito que seu coração batia rápido quando conversamos sozinhos... Jimin era um Kelpie. Não só ele, como Hoseok.
Foi ele o tempo todo.
A velha história dos cupidos que foram expulsos de Zardren por traição. Por isso o nome "Park Jimin" me parecia tão familiar. Ele fez parte do grupo que atacou a Floresta das Fadas junto com Namjoon.
Passei tanto tempo em meus próprios, pensamentos que nem percebi Jungkook falando com alguém na escuta. Com certeza era Jin.
— Diga para mandarem o máximo de ajuda — Lucas falou do outro lado do quarto.
— Mande reforços o mais rápido possível! Não sabemos a gravidade disso — parou de falar e me olhou. — Ok, vamos segurar ele.
— Se você pensa que vai me impedir de sair por essa porta, está bem enganado.
Jungkook continuava barrando a porta com os braços cruzados.
— Vamos esperar o Jin e o conselho decidirem o que fazer.
— Eu não posso esperar! Ela já pode estar morta, Jungkook! Quanto mais esperamos aqui, mais ela irá sofrer... Mais eu vou sofrer.
E se aquele sentimento ruim dentro de mim estivesse certo, eu poderia estar perto de perder Hyeri.
Jungkook continuou quieto. Os olhos passando por todo o meu rosto.
— Não era um sonho. Os pesadelos que teve... São visões de algo grande que está por vir.
A notícia não foi tão surpreendente. Iria mesmo acontecer... Uma guerra entre cupidos e Kelpies no Mundo do Pecado.
— Abra o portal, Jungkook.
Ele e Lucas se entreolharam surpresos.
— Taehyung, e-eu não sei abrir.
— Sabe, sim! — gritei. — Seu guardião fazia parte do conselho. Ele te ensinou a abrir.
Sua expressão ficou séria. Ele suspirou antes de voltar a falar.
— Você sabe que apenas o conselho abre o portal! Estaríamos quebrando uma regr...
— Chega de falar dessas regras estupidas! Isso não importa quando uma vida está em jogo! Quero que abra o portal e não ligo se vocês vêm comigo ou ficam aqui. Eu vou salvar a Hyeri.
Ele ficou confuso sobre o que fazer. Seus pensamentos estavam bagunçados, decidindo se valia a pena mesmo se arriscar tanto. Lucas e Jungkook trocaram olhares. O outro deu de ombros.
— Estou com você até o fim, Tae.
Encarei o cupido mais novo, implorando para que cedesse. Sem Jungkook, eu não conseguiria.
— Droga, Taehyung! Você é meu irmão, não consigo te dizer não — sorri e abracei os dois.
Precisávamos fazer aquilo em um lugar mais aberto, então descemos de volta para o quintal. Passando pela sala, percebi que um papel grudou na sola do meu sapato. Me abaixei e li o que estava escrito. Era o bilhete que deixei para Hyeri.
Naquela hora, meu ódio por Namjoon ultrapassou todos os limites. Ele iria pagar caro se enconstasse em um mísero fio de cabelo dela.
— Como isso vai funcionar? — Lucas também tirou minha dúvida.
Nunca tinha visto acontecer pessoalmente. Abrir portais para outros mundos é uma coisa que só o conselho faz. Mas eu sei que o guardião de Jungkook o ensinou quando era pequeno. Ele pediu para eu manter segredo, dizendo que um dia poderíamos usar. E acertou em cheio.
— Façam um círculo e deem as mãos — obedecemos. — Fechem os olhos e repitam o que eu direi.
Jungkook começou a falar palavras difíceis que formavam frases grandes. Depois de me enrolar um pouco, peguei o jeito. A única coisa que podia ser ouvida naquela noite fria, eram nossas vozes invocando o portal para um mundo sombrio. Uma luz forte brilhou no meu rosto, me forçando a abrir os olhos. Lucas estava boquiaberto. Um círculo negro saía do chão e parecia não ter fim.
— Eu lhes apresento o portal de entrada para Zardren.
Olhei uma última vez para a casa de Hyeri. Eu iria trazê-la de volta, nem que isso custasse minha vida.
— Quero que saibam que, independente do que acontecer lá embaixo, eu amo vocês e agradeço por estarem fazendo isso — eles sorriram.
— Vamos logo ou eu vou desistir!
— Ok, vamos.
O céu estrelado foi a última coisa que vi antes de tudo ficar completamento preto.
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ok, agora a coisa vai ficar feia
Desculpe qualquer erro e até o próximo capítulo! ^^
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