eleven: first date and sweet clouds.
Ela escolheu o filme e falou para o homem de chapéu engraçado. Ele entregou, em troca do dinheiro, dois bilhetes. O título "Como eu era antes de você", estava estampado com letras maiúsculas.
Passamos por uma porta giratória e eu fiquei boquiaberto quando vi o cinema por dentro. Era lindo, me lembrou um castelo. Ao contrário do lado de fora — mais morderno —, o interior tinha uma decoração mais antiga. A cor que se destacava nas colunas, era o dourado. Na verdade, nem parecia um cinema. Eu imaginava diferente.
Hyeri pegou minha mão e me puxou até um balcão. Uma mulher lia um livro sentada. As duas começaram a falar sobre algo, mas eu estava mais concentrado nas coisas atrás dela. Prateleiras com muitos produtos. Acreditei ser comida humana.
— Tae — olhei para a garota e sorri pelo apelido. Eu me sentia estranhamente bem quando ela me chamava assim. — Vou pedir pipoca. Prefere doce, salgada ou as duas juntas?
— Você já deve saber que eu nunca comi isso, eu não preciso falar — ela riu e voltou a olhar para a moça.
— Uma pipoca mista e... — parou e pensou por alguns segundos. — Uma coca-cola.
Cerca de poucos minutos depois, a mulher entregou para Hyeri um pote grande com o que deveria ser a tal pipoca dentro. Na outra mão, um copo também grande e pesado.
Ajudei ela com o copo e fomos para a sala. Eu não entendi direito como funcionaria. Hyeri tentou explicar como as sala de cinema eram, mas fiquei confuso. Por que as pessoas gastam dinheiro para ver um filme fora, sendo que poderiam ver em casa?
Humanos são complicados.
Hyeri começou a andar por um corredor e eu a segui, observando tudo. Nas paredes tinham cartazes de outros filmes. Paramos numa fila e, na nossa vez, Hyeri entregou os ingressos para uma mulher e pudemos entrar.
Não contive minha expressão quando vi a sala. Havia um telão enorme que ocupava praticamente toda a parede. Uma escada com luzes brancas guiava até as várias cadeiras vermelhas enfileiradas. A cor das paredes combinava com os assentos.
A garota me cutucou, indicando uma das fileiras do meio. Subimos alguns degraus e logo achamos nossos lugares. Aquela cadeira era muito confortável.
— O que achou? Não é legal? — Hyeri me perguntou baixinho.
— É... É legal.
Olhei em volta. Achei que cinemas ficavam mais cheios. Além de nós dois, consegui contar só outras sete pessoas.
— Experimenta as duas — ela me entregou o pote de pipoca. Uma divisória separava duas cores: branca e rosa.
Imaginei que a branca fosse salgada, então comecei por ela. Comi os dois sabores, mas a doce tinha um gosto mil vezes melhor.
— A rosa é bem mais gostosa! — falei, colocando mais na boca.
— Também acho. Agora experimenta isso — foi a vez do copo. — Se você não gostar, teremos sérios problemas.
— Por quê?
— Porque o gosto é maravilhoso! — ri pela animação dela.
Hyeri me observava dar um gole na bebida com um sorriso nos lábios. Devia ser a diversão dela me fazer experimentar tantas coisas novas.
É impossível descrever o gosto daquela bebida, mas posso dizer que era muito bom. Não se comparava àqueles drinks que tomamos no bar. Talvez uma das melhores coisas que já tinha experimentado desde o primeiro dia na Terra.
— Você tem algum tipo de dom? Tudo o que me mostra é incrível! — ela riu meio envergonhada.
As luzes se apagaram e imagens começaram a passar no telão.
— Vai começar! — ela cantalorou e se ajeitou na cadeira.
༺•༻
Não sei se as pessoas percebem como o tempo passa devagar assistindo filmes, mas eu percebi. Já estava cansando de ficar ali dentro.
Em certo momento, olhei para trás e vi um casal se beijando. Virei para frente novamente, envergonhado. Não deveria, porém acabei lembrando do beijo rápido que dei em Hyeri. Ao mesmo tempo que me incomodava, me deixava tão feliz...
Expulsei esses pensamentos. O filme era mais importante. A história foi legal, pelo menos. Resumindo: uma mulher que trabalhava como garçonete, começou a cuidar de um cara paraplégico rabugento. No início eles não se davam bem, mas criaram um laço de amizade muito forte. O final foi meio triste... Vi Hyeri tentar esconder algumas lágrimas que saíram sem permissão.
— Tudo bem? — perguntei enquanto saíamos da sala.
— Sim, tudo bem. O que achou do filme?
Parei para pensar nas coisas que mais chamaram a minha atenção.
— Acho que nos faz refletir sobre a nossa própria vida. Os dois estavam perdidos, mas se ajudaram e lutaram contra os problemas juntos. Isso só fortaleceu o sentimento que cresceu entre eles desde o começo.
— Nossa, você realmente entendeu a essência do filme...
— E você chorou no final. Não gostei de te ver chorando, não faça mais isso.
Foi estranho. Senti vontade de tirar qualquer resquício de tristeza ou angústia de seu corpo. Nem que fosse preciso eu sentir em seu lugar, não poderia vê-la sofrer.
Ela abriu um sorriso fofo e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. Foi quando eu vi, atrás dela, um homem comendo uma coisa de forma estranha azul, presa num palito. Me lembrou uma mini nuvem.
— Quer um? — Hyeri apontou para onde compramos a pipoca mais cedo e eu assenti. — Vem, vamos pegar um para você.
Ela foi em direção ao balcão e pediu para a mulher. A mesma abriu um armário e tirou de dentro a comida estranha. Esta, porém, era rosa claro. Hyeri pagou e me entregou.
— Aqui está — peguei com cuidado, analisando cada detalhe daquela coisinha.
— Qual o nome disso?
— Se chama algodão doce. Pode comer, é muito bom.
Algodão doce... Será que os humanos haviam descoberto como transformar nuvens em comida? Seria incrível.
— É como... as nuvens?
— Não, Tae — ela soltou uma risada contagiosa. — É doce. Não é igual às nuvens lá em cima.
Ri de mim mesmo pela pergunta boba. Tirei um pedaço do algodão, era bem macio. Assim que coloquei na boca, ele derreteu. Senti uma mistura de vários sabores, mas principalmente, morango.
— Hyeri, isso é muito bom! Queria que Lucas e Jungkook estivessem aqui. Eles iriam amar tudo...
Sentia falta das piadas sem graça de Lucas e das besteiras que Jungkook falava. De Jin, e suas broncas diárias sobre nosso comportamento. Sentia falta da Cupid's Academy e minhas rotinas de treino. Coisas simples que realmente importavam para mim e eu havia as deixado para trás.
Já estava um pouco tarde. Hyeri e eu não havíamos falado nada desde que saímos do cinema. Eu apenas olhava para o céu escuro, repleto de estrelas, pensando no quão longe minha casa era.
— Me conte um pouco sobre sua vida lá — ela falou de repente.
— Do que quer saber?
— Bom... Sobre o seu chefe. Ele é bravo?
Ri ao me lembrar dos cheliques que Jin dava quando o desobedeciam. O rosto ficava vermelho e ele falava tão rápido, que virava outra língua.
— Jin, ele é bem... estressado. Mas é difícil segurar o riso no meio de suas broncas. O rosto dele fica vermelhinho, igual o seu — ela revirou os olhos.
— E os seus pais?
— Ah, eu não tenho pais — Hyeri segurou minha mão, me fazendo parar de andar.
— Eu sinto muito, não deveria ter perguntado.
Sua expressão ficou triste. Como eu nunca tive pais de verdade, não era uma coisa muito anormal para mim. Mas eu sabia que na Terra as coisa eram diferentes. Não ter pais é um assunto delicado.
— Ei, não se preocupe — apertei sua mão de leve. — Em Angelus, nós somos criados por guardiões. Eles que nos treinam para as missões.
— Nossa! Isso é bem louco. Não imaginei que poderia ser assim.
Voltamos a andar e eu encarei nossas mãos juntas. Por que eu sentia que era cada vez mais difícil deixá-la? O baile iria acontecer e, depois, tudo ficaria no passado. Nossa tarde comendo batata frita, a noite de bebidas, o cinema... Apenas lembranças. Ela seguiria sua vida feliz com o Jimin e eu, minhas missões.
Ao perceber que ainda estávamos de mãos dadas, Hyeri tentou tirar a dela, mas eu a impedi.
— Tae...
— Eu já conheci a Fada dos Dentes, sabia? — mudei de assunto.
— O quê? Espera, ela existe mesmo? — balancei a cabeça concordando.
— E é muito bonita — olhei de canto para Hyeri. — Mas não mais que você.
Ela desviou o olhar, envergonhada. As bochechas ficaram rosadas.
Uma das coisas que mais gostava em Hyeri, era esse jeitinho dela. Baixinha e nervosa, mas no fundo, delicada como uma flor. E o fato de eu ter começado a prestar atenção em tantos detalhes seus, me deixava intrigado.
Aquilo não podia ser bom.
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eu tava planejando os próximos capítulos e eu acho que a fic não vai ser taaao longa, não. menos de 25/20 caps talvez.
Desculpe qualquer erro, não revisei antes de postar. Até o próximo capítuloo! :)
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