Capítulo 20





Eu nem dei bola para o que o Murilo dissera e apenas me preocupei em apressar meu passo pra alcançar o Burro. Ele estava caminhando apressado em direção às quadras, que a essa hora da noite, já estavam apagadas.

- Burro, caralho?! - gritei, chamando-o.

Ele virou para trás e ficou me observando. Dava para ouvir de longe que ele estava chorando.

"Como eu detesto ver alguém chorando, Leitores. A maioria das vezes eu acho ridículo, porque mostra a fraqueza interior e eu não gosto de expor minhas fraquezas. Mas no caso do Burro, se ele não melhorasse logo, eu ia chorar junto".

Acredito que eu estava sentindo quase a mesma dor que ele estava. Isso me deixava tão confuso, porque nunca havia sentido isso antes. Era tão ruim vê-lo naquela situação, completamente humilhado.

"Acho até que me sentiria igual, mas com certeza eu teria reagido contra o Murilo. Nem que eu tivesse levado uns socos e apanhado feio, mas não sairia de lá sem enfrentar o filha da mãe."

 Antes mesmo que eu pudesse chegar mais perto dele, começou a desabafar.

- O que eu fiz? - disse ele com os olhos marejados - Fala pra mim, o que eu fiz a ele? - e com muito cuidado começou a tirar a camiseta.

- Quer que eu te ajude? - eu perguntei chegando mais perto.

Ele nem me respondera e com muita dificuldade conseguira tirar a camiseta. Os cortes ainda estavam sangrando, completamente em "carne-viva".

"É até pecado eu pensar isso, mas ele estava lindo sem camiseta. Chorando, com carinha de colo".

- Deixa isso pra lá. Ele é um filha da puta - eu sou péssimo em tentar animar alguém.

- Eu estava normal. Não mexi com ninguém. Não briguei com ninguém. Não empurrei ninguém na quadra. Fiquei a tarde toda em casa me limpando e fazendo curativos. E meu padrasto ficou me infernizando pra saber o que houve?

"Imagino mesmo!". - pensei.

 Pois o Burro era muito bom de futebol e nunca se machucara.

- Tenta esquecer esse idiota.

- Esquecer? É só isso que você me fala? - disse ele fungando - esquecer? - repetiu jogando a camiseta longe.

"Affff! Como sou péssimo com palavras de apoio!" - pensei.

- Eu nunca brigo, discuto ou faço piadas com ninguém. Nada! - e cada palavra ele soluçava e chorava mais.

Novamente senti aquela sensação de querer protegê-lo, abraçá-lo, fazer cafuné e deitá-lo no meu peito.

- E você Alan, que ideia besta em me fazer ficar no seu aniversário? Achei que você gostasse de mim - disse ele sem olhar para mim.

- Burro, o que você acha que estou fazendo aqui? É difícil para eu ter que tomar partido... - e pela expressão que ele fez sabia que tinha dito mais uma besteira.

 - Tomar partido Alan? Olha aqui que ele fez no meu corpo - nessa hora ele apontou todas as escoriações que ele tinha "ganhado" no jogo de hoje à tarde. - Olha o que ele fez na minha roupa e pensa bem em tudo que ele falou de mim agora à noite. O problema Alan, que você é igual a todos naquela festa. Não podem ver um carinha novo fazendo graça que puxam saco deles. E por esse motivo, não quero papo com ninguém mais. Nem com você Alan - disse ele olhando para os pés deixando as lágrimas acumuladas caírem.

 "Realmente eu disse dito besteira" pensei.

- Burro você sabe que eu quero ficar aqui contigo- ele me olhou de cabeça baixa e novamente abaixou a cabeça e começou a chorar mais ainda.






Era difícil ficar com ele ali, chorando, em silêncio. Cada pausa que ele fazia, era uma eternidade.

- Eu quero ficar sozinho Alan, sem problemas. Daqui a pouco eu vou para minha casa. Só não posso voltar para minha casa agora se não vai dar merda.

- Você não precisa ficar sozinho Burro. Eu tô aqui com você e para você.

- Eu não preciso ficar com alguém que me deixou sozinho na festa de aniversário - disse ele ríspido.

- Eu não te deixei Burro...

- Não? Qualquer um deu mais atenção a mim que você - disse ele com voz baixa.

Poxa, nunca tinha visto o Burrão chateado daquele jeito. Acho que seu nervosismo não era pelo Murilo em si, e, sim, com todos que tomaram partido dele. Só que eu não aguentava vê-lo sofrer sozinho e daquele jeito. Meu peito ardeu, meu queixo tremeu e meus olhos começaram a encher d'água.

- Você tá certo Burro! Eu poderia ter feito com que nada disso pudesse ter acontecido.

Ele me olho com cara de "agora que você percebeu?".

- Quer que eu te ajude em alguma coisa?

- Não Alan, volta pro "showzinho" do seu aniversário. Deve estar todos te esperando - disse ele olhando para baixo.

- Qual é Burrão, você acha que eu conseguiria voltar lá e deixar você sozinho aqui? Você é mais importante do que qualquer um lá naquela festa.

"Certo. Agora ele vai achar que sou gay" - pensei.

Ele simplesmente riu frustrado ainda olhando para os pés.

- Me deixa levar sua camiseta pra minha casa que eu peço para minha mãe lavar e amanhã eu te devolvo.

- Tenho certeza que meu padrasto não vai dormir até eu chegar à minha casa. Ele ficou bem preocupado com meus machucados e deve estar achando que eu apanhei de alguém por aí. Será péssimo o interrogatório que ele vai fazer - e começou a parar de chorar.

- Faz o seguinte: vamos ao interfone, ligamos para o seu padrasto e dizemos a ele que você dormirá em casa, o que acha? - ele engoliu o choro na hora e começou a sorrir.

- Mas acho que ele vai "encanar" do mesmo jeito - ele disse fazendo aquela de triste.

- "Encanar" por quê? É meu aniversário e você vai dormir em casa. Só quero que você enxugue essas lágrimas e vem comigo - eu ordenei.

Ele se levantou fazendo cara de dor e me deu um abraço bem apertado. Era um abraço com bastante emoção e carinho.

"Ele realmente me ama."

Amava-me como amigo e isso não poderia me iludir. Não poderia pensar que significava algo a mais. Para mim, ele era um garoto bem puro. Quando ele me soltou, fomos direto ao interfone implorar para que ele dormisse em casa. Não que fosse difícil seu padrasto autorizar ele a dormir em casa, mas como, justamente naquele dia, o Burro aparecera todo ralado na festa e ainda tivemos o problema com o fogo, talvez isso fosse um empecilho. O interfone tocou várias vezes até uma voz gaúcha atender. Expliquei toda a situação ao padrasto do Burro e ainda disse que queria ele dormindo em casa nesse dia tão especial.

- Valeu Alan. Por isso eu te amo - disse ele me puxando para outro abraço.

- Não há de quê! - disse ao pé do seu ouvido - Eu também te amo italianinho.

Eu o segurei por debaixo do braço e ajudei a subir a ladeira que levava até o meu bloco. Meu coração estava gelado por ter o amor da minha vida em meus braços. Sentia o perfume cítrico misturado ao cheiro de sua pele colado ao meu. Minhas mãos apertavam cuidadosamente a musculatura rígida embaixo do seu braço, chegando, às vezes, a tocar seu peito.

"Como ele está forte!" - disse a mim mesmo quando minha mão chegava ao seu peito forte. Entramos pelo hall do bloco, subimos pelo elevador e quando chegamos em casa, vi em cima da mesa um bilhete escrito pela minha mãe.


"Alan, sua avó tem missa amanhã de manhã

e por isso, vou levar ela de volta hoje a noite.

Juízo e não faça bagunça em casa.

            Volto amanha à tarde,

            Beijos Mamis"


"Que merda! Vou ficar sem almoço amanhã! Espera aí. Eu, sozinho com o Burro em casa? Isso é ótimo. Agora que caiu minha ficha, como sou burro! Eu sozinho com o Burrão em casa? Puts, já estava com tesão acumulado de hoje a tarde, com aquela história entre eu e o Murilo no vestiário, agora me vem essa? Me sentia um Leão prestes a atacar minha presa.Óbvio que usaria aquela tática "Nossa cara, eu estou bêbado" acaso ele perceba ou eu faça alguma cagada."

E para colocar meu plano em prática, selecionei uma garrafa de vinho que tinha em casa e peguei duas taças para nós.

- Sei não em Alan. Será que sua mãe não vai encanar? - disse ele com cara de preocupação.

- Burrão, só hoje, relaxa e curta cara - disse entregando uma taça a ele.

Às vezes, ele enchia o saco por ser tão perfeito.

- Afinal, seria bom pra nós relaxarmos depois de tudo, você não acha? - perguntei arrancando um sorriso largo.

Para eu não ficar tão bêbado, enchia o meu cálice até a metade. Já o dele, enchia até quase derramar. Ele bebia aquele vinho como se fosse suco de uva. Acabamos com a primeira garrafa em 10 minutos. Já que estávamos em clima de comemoração, decidimos abrir outra garrafa. E lá se formam um, dois, três, cinco cálices de vinho para cada um. Eu fiquei completamente alegre, já o Burrão, era como se ele tivesse bebido uma 15 garrafas de vinho ou mais. Ela ria tanto que chegava a faltar fôlego. Nem dos seus machucados ele se lembrava.

"Está no ponto senhor Biesso!"

Estava quase clareando e nós ainda estávamos na mesa rindo, lembrando-se de fatos de nossas vidas. Era muito bom ter um melhor amigo no qual eu me identificasse tanto. Para nós, não precisava mais de nada e nem de ninguém para ficarmos felizes.

"E, sei lá porque eu dava tanta atenção para o Murilo, já que o único cara que me amava de verdade estava bem na minha frente, bocejando e caindo de sono. Bocejando e caindo de sono? - pensei me levantando da mesa num pulo - Nunca! Tenho que acordar ele logo." - pensei.

            - Burro, tu não acha melhor tomar um banho pra dormir?

- Seria ótimo. Pelo menos assim eu durmo melhor. - disse falando mole.

"Dormir não caramba!" - pensei.

            - Ótimo. Vai indo pro banheiro que eu vou pegar uma toalha para você. - lógico que assim eu teria um motivo para entrar no banheiro e vê-lo nu.

- Alan, eu vou ao teu quarto deixar minha roupa suja - disse ele segurando nas cadeiras, indo em direção ao quarto.

            - Tem alguma coisa que precisa ser lavado? Porque eu já coloco na maquina e se tiver manchas de sangue, pode amenizar um pouco? - eu disse

            - Tenho a roupa molhada do aniversário e tem esse short e essa cueca que estão com sangue - ele disse mostrando - acho melhor mesmo nós colocarmos na maquina pra ficar de molho.

 "B-I-N-G-O! Ótima ideia Burro! Nem eu poderia ter pensado melhor." - pensei.

            - Então vem comigo aqui na área de serviço. - disse.

Ele me seguiu até a área de serviço, parando ao meu lado. Jogou as roupas molhadas na maquina de lavar, em seguida tirou o short que ele estava usando. Fingi estar programando a maquina de lavar, mas na verdade, eu não tirava o olho dele. Ele tirou o short ficando apenas de cueca samba-canção que haviam emprestado. Mas ela estava suja de sangue que saíra dos machucados dele.          Só que não era uma samba-canção normal, era uma samba-canção, feita de algodão, que ficava meio apertadinha nele. Por causa do futebol, o Burro tinha poucos pelos nas pernas, mas isso era o de menos.

"Eu tinha o visto várias vezes de cueca. só que desta vez o meu caipira estava muito mais "gostoso."

 Quanto mais velho, mais intensivos eram os treinos dele. E olhando para aquele perfeito par de coxas, dava para ter certeza como os treinos estavam fazendo "muito" efeito. As pernas eram bem grandes e riscadas. Parecia que tinham sido esculpidas. Já a bunda dele fazia aquele movimento da lordose, deixando-a empinada, com pelinhos ralos e ruivinhos na lombar - não tão grande e musculosa como a do Murilo - mas era bem saliente. A diferença dos dois era que o Burro era tipo Fitness e o Murilo era bodybuilder. A parte da frente eu não consegui ver direito. O pênis apontava para baixo dificultando toda a minha visão. Ele me entregou o short e o pendurei no varal. Ele virou as costas, onde me choquei mais uma vez com os ferimentos que escorriam uma água alaranjada - tipo aquela que sobra no fundo do pacote de carne que compramos no mercado - e foi direto ao banheiro, cambaleando e apoiando a mão na parede para não cair.

            - Burro você não vai deixar essa cueca cheia de sangue aqui para lavar? - perguntei de costas para ele.

"Eu tinha que atacar. Se fosse para rolar algo, rolaria."

            - Não! - respondeu ele imediatamente - Eu lhe entrego dou depois. - disse ele arrotando alto e me encarando.

            Deu-me um frio na barriga. Meu coração acelerou e meu queixo começou a tremer. Ele me encarava com a cara de "Para que você quer a minha cueca?".

            "Caramba! Será que ele percebeu?" - pensei.

            - Só preciso de uma toalha - disse ele sério, quebrando o silêncio.

            - Então vai lá que depois te levo a toalha - disse virando as costas para ele, indo até a cozinha onde fingi beber água.

"O Burro sacou tudo. Pera aí, será que ele sacou mesmo? Do jeito que ele demora a entender as coisas, talvez não tenha percebido nada. E como eu disse, estou bêbado." - pensei batendo minha cabeça contra parede.

Da área de serviço pude ouvi-lo ligando o chuveiro e, para minha alegria, ele deixara a porta aberta. O meu coração acelerou mais uma vez. Fui para o meu quarto e comecei arrumar as coisas. Meu coração ia acelerando mais a cada vez que eu pensava no que ele estaria fazendo dentro do banheiro. Fui para sala onde bebi mais um cálice de vinho para "ganhar" coragem. Voltei novamente para o quarto e peguei as toalhas.

"Era agora."

Seria agora que veria meu melhor amigo pelado.

"Jesus Cristo, me dai forças!" - pensei engolindo seco.

Fui até a porta do banheiro e, antes de qualquer coisa,sai correndo para cozinha, de tão nervoso que eu estava. Só deu para ver que ele estava de costas. Respirei fundo e tentei mais uma vez.

- Só entrega à toalha e vaza. Só entrega à toalha e vaza. Só entrega à toalha e vaza - dizia a mim mesmo.

Fui passando pelo corredor com ponta dos pés. Ao chegar ao banheiro, respirei fundo e fui abrindo a porta bem devagar, para que não fizesse nenhum barulho. O vapor embaçava o espelho que, esperançosamente, eu esperava ver o Burro através dele. Fui entrando e olhando seu corpo nu. Ele estava de cabeça baixa, deixando a água cair por suas costas. Eu estava tão tenso que não tinha coragem para olhar além da parte superior. Sentia como se eu tivesse traindo a confiança do meu melhor amigo. Eu sentia que não poderia fazer aquilo com ele. Continuando a não fazer barulho, voltei até quarto e, dessa vez, decidi ficar esperando ele me chamar. Não se passaram nem 05 minutos, quando eu ouço me gritando. Cinco minutos que, na verdade, me pareceu uma eternidade.

- Alan, caralho! - gritou de novo.

Ele queria "A Toalha". Com as mãos tremulas agarrei a toalha que estava sobre meu peito, fechei os olhos e fui novamente para o banheiro. Chegando lá, ele desligou a ducha e o vi passando a mão pelo corpo para tirar o excesso de água.

E eu lógico fui acompanhando aquele garoto ruivo alisar aquele corpo de pele, aparentemente, macia.

"Meu box era de vidro transparente e daria para ver tudo. Lógico, se a bendita da água quente não embaçasse T-U-D-O."

"Que ódio!" - pensei.

Aquela tensão toda virou raiva. Tive vontade de abrir aquela porta do box e dar uma espiada.

"Valeu água quente. Um ponto pra você."

Agora, sem poder vê-lo nu,teria que voltar apenas para meu mundo de imaginação.

"Será que você tem muitos pelos?" - ficava imaginando.

Fiquei ali, olhando fixamente para a toalha em minhas mãos. Só acordei quando percebi que ele estava me olhando.

- Caralho, você me assustou com essa cara feia! - disse com o coração na boca.

- Acorda moleque! Tá frio. Me manda a toalha aí. - disse abrindo a porta do box fazendo vapor subir.

- Acho que a bebida me baqueou um pouco. - disse sem graça.

Mentira, eu estava mais atiçado.

- Acho que você esta precisando dormir. - disse ele rindo.

"Se soubesse realmente o como eu estou, você iria dormir só amanhã à tarde." - pensei.

- É, eu também acho. Pega aí garoto e vem logo que eu tô ficando com sono - eu disse estendendo o braço pra ele pegar a toalha.

Ele segurou em minha mão e ficou me encarando bem no fundo dos meus olhos. Olhei para trás, para ter certeza que era comigo que ele tava encarando.

"Mas é óbvio que é você!" - disse uma voz dentro da minha cabeça.

Acho que eu iria ter um ataque cardíaco.

- Que foi? Não vai dizer que vai querer que eu te enxugue? - perguntei com meu estômago revirando pela tensão.

- Não Alan, só achei que você iria tomar banho também - ele disse começando a se enxugar.

  "C A R A L H O ! Como eu não tive essa ideia? Isso significa que ele também pode estar pensando algo." - pensei.

 - Já vou Burro, só fui buscar a toalha pra ti. Você quer sair ou vai querer tomar banho comigo? - perguntei na zoeira.

"Será que agora ele entenderia o que eu queria ou o "anjinho" não sacaria nada?"

 - Não Alan. Disse isso apenas pela certeza que você dormiria melhor se tomasse um banho quente e gostoso. Isso te relaxaria - ele disse na inocência.

- Não tá mais aqui quem falou!

"O Burro e suas manias de se preocupar comigo."

Depois de dar uma enxugada rápido, ele enrolou-a na cintura e saiu do box e indo para o espelho. Por um lado fiquei com raiva da ingenuidade dele, por outro, achei lindo a maneira com que ele se preocupava comigo. Ele falava sério, olhando nos olhos, sem medo da interpretação das pessoas.

- Eu vou sim Burro. Só vou pegar minha toalha.

- Vai lá.

Do meu quarto dava para ver ele em frente ao meu espelho se penteando. Dava-me uma sensação de paz, de romantismo, de desejo. Fiquei parado imaginando ele como meu namorado, ali, acabando de tomar banho após fazer amor ou um longo dia de trabalho. Meus pensamentos por ele eram diferentes dos que eu tinha pelo Murilo. O Murilo era tesão puro, algo carnal, selvagem. Já o Burro era carinho, romantismo, companheirismo, ou quem sabe, amor. Fiquei observando-o cheirando meus perfumes e fechando os olhos, como se aquele perfume o transportasse para outro lugar de sua memória, vi penteando os cabelos, vendo os machucados e fazendo careta ao relar. Realmente era lindo ficar olhando em frente ao espelho.

"Acorda Alan" - pensei.

Peguei minha toalha e fui correndo para o banheiro na esperança de tomar banho com ele me observando. Queria saber exatamente se ele olhava ou não para mim. Entrei no banheiro, pendurei a toalha e tirei primeiro a camiseta. Ele não olhara. Tirei o short ficando apenas de boxer branca. E ele nada. Fingi estar me alongando. E ele...

- Tá com dor? Quer que eu te alongue? - perguntou se virando para mim.

"Filha da puta!" - pensei quase desabando de susto.

Aquilo foi como jogar um balde de agua fervendo na minha cabeça.

"Quando eu fico nervoso Leitores, involuntariamente meus músculos da face começam a tremer ou meus joelhos não respondem. Dizem que é bem engraçado minha cara quando estou com medo"

- Nadaestouesticandomesmo! - disse enrolado.

- Quê? - ele disse com cara de espanto.

- Só estava me alongando Burro - disse.

- Você realmente precisa dormir. Tá estranho demais! - disse ele se aproximando mais de mim.

- Beleza. Se você me deixar tomar banho - disse.

"Idiota! Por que você não o deixoufazer o que ele queria fazer?" - pensei.

Mas ele não se mexeu. Para minha sorte.

- Sabe, achei muito legal você ter vindo comigo depois do que aquele filha da puta fez - ele disse com os olhos enchendo de água.

"Ah, não! Chorar de novo não!" - pensei.

- Já te disse. Tu era o mais importante de todos ali. - disse fazendo-o sorrir.

- Valeu! Por vários momentos pensei em não voltar na sua festa depois do que ele fez comigo no jogo de futebol.

- Burrão, sei o que você passou e aquilo que ele fez não foi legal, mas faltar a minha festa seria muita cabacisse sua.

- Alan, se você acha que faltar a sua festa depois de tudo que aconteceu, é babaquice? Então meu amigo, realmente você não sabe o que se passou comigo - disse ele mordendo os lábios.

- Eu sei, só queria que você entendesse o que senti. - ele falava e fazia uma carinha de "colo". - Você é meu melhor amigo e não quero te deixar magoado com nada.

- Você não me deixa guri. Você é meu orgulho - disse fazendo o desabar no choro.

Então o moço em lágrimas veio - me abraçou com "aquele" abraço que só ele sabe dar - só que dessa vez, ele deitou a cabeça no meu ombro e, tinha mais uma coisa, estávamos os dois seminus.  Eu de cueca e ele apenas de toalha. Senti o corpo dele durante o abraço. A pele era macia e quente. Ao deslizar minhas mãos pelas costas, dava para sentir os ralados do jogo de futebol.

"Deveria estar doendo pra caramba."

- Puts, você é quente! - eu pensei alto enquanto ele soluçava.

Soluços que só completavam a magia do momento.

            "J-U-M-E-N-T-O! Que ele iria imaginar de mim?" - pensei.

- Por que, anda abraçando muitos homens? - ele perguntou rindo.

- Nada. Achei que você pudesse estar com febre - inventei.

- Eu sei seu bobão. Apenas gosto de te ver encanado - disse ele limpando os olhos.

Ficamos ali, por uns trinta segundos, apenas um ouvindo a respiração do outro. O cheiro da pele dele me embriagava. Fazia com que meus pés ficassem dormentes, minhas orelhas fervendo, meu coração acelerado. Ele se desgrudou de mim vagarosamente, limpando as lágrimas dos olhos. Aos poucos, sua feição de choro, passou a um sorriso torto que se alargava e eu retribui. Estava completamente entregue aquele rapaz. De sorriso torto, passou-se para uma gargalhada gostosa e eu, ri gargalhei com ele. Foi então que percebi algo errado. Ele não gargalhava para mim, mas de mim.

- Que foi sua mula? - eu perguntei ao ver a cara dele de espanto.

Ele apontou para meu pênis que estava excitado. Quando ele percebeu a minha vergonha, ele começou a rir ainda mais alto.

- Acho que o vinho te deixou "alegre". - disse rindo mais ainda.

Na hora fiquei roxo, azul, vermelho, etc. Acho que todas as cores possíveis e imagináveis. Peguei minha toalha e coloquei na frente e comecei a rir também.

- Sem problemas Alan, é normal pessoas bêbadas ficarem assim - ele disse virando de costas e deixando o banheiro.

- Você fala isso, porque não foi com você - disse com cara de bosta.

- Ué, lógico que fica. Aliás, meu pau sempre fica duro.

- Nossa, desculpa aí "Senhor Viagra"? - disse fazendo-o rir.

Ele ria, com aquela risada gostosa.

- Não Alan, você acha que na nossa idade é anormal ter o pau duro quase toda hora? - perguntou fazendo cara de safado.

E eu fiquei com a cara no chão.

"É verdade mil hormônios."  - pensei. 

- Beleza, beleza! Vou tomar meu banho - disse indo para dentro do box.

- Alan, pega uma cueca para mim?

- Lógico!

Voltei lá no armário e escolhi uma cueca que o deixaria irresistível.

"Porra! Já que não ia rolar nada mesmo, pelo menos, poderia ver ele de cueca".

Escolhi uma cueca tipo boxer, branca, da Calvin Klein. Daquelas cuecas que deixa a bunda empinada e o compartimento da "mala" cheio.

- Tá boa essa? - perguntei.

"Sim, sim, sim, sim, sim,caralho pega essa!" - pensei.

- Qualquer uma Alan. Essa tá ótima! - disse ele.

Joguei a cueca na cara dele e ele como sempre riu. Sem nenhuma esperança em vê-lo nu, fechei as portas do armário e puxei o colchão que ele ia dormir.

- Pronto Burro! Tua cama tá feita... Puta que pariu esconde essa coisa Burro - eu disse apontando pro pau dele.

Ele estava nu.

"Os anjos da guarda me ouviram. Mas podia pelo menos ter avisado antes, né?" - pensei.

- Que foi Alan?Tá comcara dequem estápassando mau...

A partir dai era só aquele zumbido agudo que nos ensurdece. Minha pressão na hora foi à zero. Tudo começou a formigar e ficar escuro. O pior que ele ria.

- Tavendo Alan?até o meu fica duro. Coisa de homem - Disse a voz voltando ao normal.

Ele ria, segurando o seu pinto que não estava duro, mas sim, "meia bomba".

Não era um pênis grande, como sempre imaginei. Porque na sunga e na cueca, sempre aparentava ser gigante.

"Que para mim, tá de ótimo tamanho."

 "Lembrando, Leitores, que estava meia bomba."

Tinha pouca pele sobre a cabeça, deixando metade dela para fora, ou seja, não deveria crescer mais que aquilo. Era o típico pênis italiano. "Cabeça" rosada, pele branca, "sacão" rosado também. Os pelos pubianos eram ruivos e raspados a máquina.

"Puts! Que ovão!" - pensei.

Os "ovos" eram bem grandes e parecia que o saco estava bem cheio

"Eu amo um saco. Fico louco quando vejo umas bolas e um sacão bem cheio"

"Ficaria li uma noite toda." - pensei.

- Para com essas coisas mano - eu disse

"Para o cacete! Me mostra o que ele faz quando tá duro" pensei.

- Da nada não moleque. Tu é homem que nem eu e não tem essas frescuras  - disse dando mais uma pegada.

Os testículos dele eram tão grandes que quando ele tentava pegá-los com a mão, não conseguia, deixando um deles sempre escapar pelos lados.

 - Tô ligado! Mas guarda isso se não tu pode machucar alguém aqui - eu disse rindo.

"Santo Deus! Só eu mesmo para falar esse tipo de besteira. Por que eu não calo a minha boca e deixo as coisas rolarem?" - pensei.

 Na hora ele fechou a cara e soltou o membro.

- Desculpa cara, não queria...

-... Eu não gosto de machucar não. Só fazer carinho - disse rindo.

- Afff! Seu safado! - disse empurrando em cima da cama.

Ele agarrou meu braço, me fazendo cair sobre ele na cama.

- E ai Alan, você não é bom em luta? - perguntou ele

- Sou! Mas não quando meu melhor amigo me pega desprevenido - disse tentando tirar os braços fortes dele sobre mim.

Meu corpo estava colado ao dele. Seu membro, quente e "meia-bomba" estava relando nas minhas costas, fazendo meu corpo responder na mesma hora. Eu estava ficando excitado e ele não podia perceber. Contorci-me até conseguir sair dos seus braços.

- Você é louco? - disse franzindo a testa - Estava me machucando.

Ele se levantou num pulo.

- Você acha que eu queria te machucar Alan? Estava brincando contigo - disse ele murchando a cara.

- Saiba que poderia ter me machucado e te machucado também, já que está todo ralado - disse catando minhas roupas e indo ao banheiro sem olhar para trás.

Joguei minhas peças em cima da tampa do vaso sanitário e fechei a porta com força. Ela só não bateu com a mesma força que eu usei, pois foi barrado por um pé branco, cheio de marcas e ralados pelo futebol e Kung-Fu. Abri a porta e lá estava meu anjo sorrindo.

- Me desculpa Burro? Não queria bater no teu pé - disse mordendo os lábios.

- Não tem problema! Você está sob efeito do álcool - disse ele com a voz baixa - Vai tomar seu banho - completou-o indo para meu quarto.

"Afff! Como ele consegue me deixar mal sempre?"

Fui até o quarto e lá estava ele, de costas para mim, me mostrando seu outro "Prêmio". A bunda dele. Não tinham um mísero pelo. Era bem branca e tinha marca de sungão. Os músculos estavam nos devidos lugares.

"Bunda e pernas de jogador de futebol. Nem se comparavam as do King, mas também não ficava longe. O que eu tenho que por na minha cabeça é que o Burro é ótimo para o porte fisico delee e o King também. A partir de hoje você vai para de compará-los alan Bortolozzo, pois cada um é bom no seu quadrado."

 Ele colocou a cueca - que por sinal ficou muito boa na bunda - virou-se para mim, com uma cara de quem estivesse esperando explicações.

- Me desculpa Burrão? - disse indo até ele.

- Já disse Alan. Está tudo bem! - disse ele se jogando na minha cama - Vá tomar seu banho para dormirmos. O sol até já nasceu.

- Nossa, nem tinha percebido isso! Mas por favor, me desculpe? - disse indo até ele e bagunçando seus cabelos.

- Tá desculpado! - disse ele estampando um sorriso.

- E Alan... me desculpa? - perguntou ele.

- Tá desculpado Burrão! Eu tô nervoso por causa do álcool.

- Imaginei! Acho que nós estamos precisando de umas garotas. - disse ele sorrindo e dando mais uma pegada na mala em cima da cueca.

- Verdade amigo! Verdade- eu respondi ficando cada vez mais irritado com nossa falta de coragem. - Vou tomar meu banho - e virei às costas, saindo do quarto.

Fui até o banheiro, certifiquei que seu pé não estava na porta e a tranquei.

"Sabe Leitores, às vezes, eu quero morrer com essa minha timidez. Todas as situações que eu passei na minha adolescência, eram no começo, barradas pela timidez. E até em encrencas que eu me meti no futuro, que contarei a vocês, também".

Fui direto para o banheiro. Abri o chuveiro e deixei a água correr pelas minhas costas e cabeça. Ensaboei-me todo na esperança que meu pinto abaixasse, mas isso não aconteceu. O jeito foi me masturbar. Comecei pensando em tudo que ocorreu naquela tarde com o Murilo, desde o que ocorrera no quarto até no vestiário. Só que uma coisa estranha aconteceu. Sempre que eu começava a pensar no Murilo, as lembranças do Burro me surgiam na cabeça.

"Imaginava eu beijando ele, depois mordendo os mamilos rosados, lambendo o pescoço, sentindo o cheiro dele, me esfregando no suor dele (suor que eu digo é suor de momento e não aquele suor que exala odores fortes), abraçando ele, sentindo o corpo quente dele, segurando na bundona e apertando muito. Imaginava ele me sentindo me apertando, lambendo minha nuca, mordendo minhas costas. Hora ele mordia devagar para eu arrepiar, hora ele mordia mais forte para sentir que ele estava ali. Ele ficava atrás de mim, passava o rosto na minha bunda, davam mordidas. Ele abria minhas pernas e começa a lamber minhas bolas por trás."

 Eu estava tão excitado que meu membro latejava.

 "Ele me vira e começa a lamber meu pau em movimentos devagar, porém, fortes. Imagino ele brincando ali por um momento e depois eu começo agir. Imagino o pau dele duro e começo a lamber a cabeça tirando a pele com a boca. Fico ali um tempo, chupando bem forte e depois vou para minha parte favorita, os bagos. Pego uma bola e ponha na boca, passo bastante à língua. Coloco a outra e fico lambendo as duas ao mesmo tempo, coloco e tiro várias vezes da minha boca deixando bem molhadas."

Eu estava tão excitado que não estava conseguindo segurar o orgasmo. Meu pênis estava "babando".

"Eu preciso gozar!"

Continuei a me masturbar, minha respiração começou a ficar mais ofegante, meu corpo começou a arrepiar e, segundos depois, o orgasmo contagiou meu corpo. Lavei o box do banheiro com o leite branco e espesso que saíra de mim. Deixei que o orgasmo contagiasse todo o meu corpo e depois dando "aquela" relaxada. Esperei minha respiração se acalmar e liguei o chuveiro na água bem gelada, deixando-a escorrer pelo meu corpo, para dessa vez, me acordar.

"Ainda mais agora que eu percebi que o Burro não era tão santinho assim."

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POR FAVOR, QUEM CURTIU DA UM "VOTO" PRA MIM. AGRADECENDO DE CORAÇÃO.





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