38- O INÍCIO DE TUDO (LAYSLA)
Oi, amigas! Teremos muitas revelações. Se eu fosse vocês, preparava um bloquinho igual a Laysla kkkk
O fruto da discórdia... refletia, com os olhos fechados, tentando encontrar o sono.
A aparição de Cassandra naquela tarde havia gerado uma grande discussão. A discórdia se instalou entre nós, não por causa de uma criança, mas pela loucura que o rei estava disposto a cometer.
Eu nunca me deitaria com Kairon apenas para usá-lo e descartá-lo. Mas, com certeza, me deitaria com ele.
Será que Luigi não reparou que se tratava de um homem que eu amo?
Deitada na cama do meu marido, com o coração tamborilando de ansiedade, calculava os dias exatos entre o primeiro encontro com o caçador e o momento em que nosso filho foi concebido na vida passada. Se os tempos estivessem alinhados o que aconteceria? Aidan viria ao mundo?
As folhas de rascunho, onde comecei a fazer anotações na biblioteca, estavam escondidas sob o travesseiro. Queria ir até a mesa com os mapas dos reinos, onde havia tinta e penas para eu organizar meu pensamento. Mas Luigi ainda estava ali me vigiando, sentado no escuro, no canto do quarto, justamente no lugar que eu desejava.
Que saco!, murmurei mentalmente.
E como num passe de mágica o vampiro se levantou e saiu. De relance, espiei a porta. Era algum tipo de teste? Porque quando ele ficava obcecado por algo, não conseguia parar de pensar.
- Ele vai voltar. Tenho certeza...
Mordi o canto do lábio e, apoiada nos cotovelos, me ergui. Encarei a porta por um minuto, até que o silêncio absoluto se quebrou pelo som de um cavalo relinchando do lado de fora do castelo.
Levantei rapidamente e corri até a janela. Vi o rei cavalgando, passando pelos portões.
- Onde ele vai? - Fiquei preocupada. Luigi saía sem companhia. Embora a fase da lua cheia já tivesse passado, um vampiro solitário, cercado por um exército de homens armados, poderia ser muito trágico.
Embora usando apenas a túnica, planejava segui-lo. Não tinha tempo para me vestir, pois minhas pernas humanas certamente me atrasariam chegar rápido no estábulo, então teria que seguir sem hesitar.
Ao abrir a porta, dei de cara com os dois antigos jardineiros. Os soldadoa me olharam de cima a baixo e, desconcertados pela minha pouca roupa, viraram as costas.
Em pensar que eu vivi em um tempo em que as mulheres usavam biquínis...
- Majestade - disse o mais robusto, Brunet. - Não temos permissão para deixá-la sair sozinha. Fomos instruídos a ser sua companhia... O rei disse que é perigoso...
Revirei os olhos. Mal sabiam que eu já estava descendo as escadas, na ponta dos pés.
Segui pelo corredor em direção à cozinha e saí pela porta de serviço, a mais próxima do estábulo. No caminho de terra batida, me movia me esgueirando entre as árvores, evitando os olhares dos guardas posicionados nas muralhas. Havia mais cinco à frente do estábulo, dois perto da escada na entrada do castelo e quatro no portão principal.
Eu poderia enfeitiçar todos eles, um a um, deixá-los inconscientes até estar bem longe dali. Mas qual seria a lógica? Os guardas levariam um tempo para recobrar o juízo completamente, estariam sem condições de proteger o castelo por algumas horas.
Bufei, sentindo a frustração recair nos ombros. Não havia outra saída, teria que desistir. O meu peito apertava e um nó se formava na garganta. Será que o rei ficaria bem? Ele era impulsivo, teimoso, arrogante demais, quem além de mim torelaria o seu comportamento? Mas também ele era uma criatura da noite, um ser poderoso.
Ele vai voltar, Laysla... Tem que voltar, torcia para que ele não cometesse nenhuma loucura.
Retornava pelo mesmo caminho, observando minhas pegadas no chão. Com um gesto mágico, apaguei todas elas, para que o exército não começasse a procurar por um invasor que não existia.
Cantarolando palavras de feitiço, dedilhando os dedos pelo ar, meu olhar se perdeu na bela fachada da minha residência. Uma trepadeira causava uma rachadura enorme nas pedras, exigia reparos urgentes. Se ela permanecesse crescendo ali, a estrutura certamente enfraqueceria.
A planta me guiou até a sexta janela da lateral do castelo. Uma delas dava para o quarto de Luigi, outras para os cômodos que eu não conhecia. Mas aquela janela, iluminada, chamava a minha atenção.
Pelo que eu sabia, as prometidas dormiam do lado da fachada oposta. Teria um visitante ilustre que pudesse usar um dos aposentos especiais? Ou os funcionários arrumavam o local durante a noite?
Minha curiosidade estava à flor da pele. Estimava que o quarto iluminado estivesse a dois cômodos de distância... Não, três... Não, talvez dois mesmo... Ah, eu não sabia! Precisava ver de perto!
Entrei novamente no castelo, com o pé imundo. Sorte que o piso escuro disfarçava a terra. No segundo andar, não vi os soldados. Eles provavelmente me procuravam, temendo os castigos do rei.
Na mesma hora, imaginei que fossem eles no ambiente iluminado investigando o meu paradeiro. Então rapidamente, fui avisá-los que eu estava de volta para trazê-los conforto. Eles eram tão jovens, inseguros e medrosos, apesar da altura exagerada.
Passei pelo quarto de Luigi e segui adiante. Ignorei um cômodo e cheguei ao segundo. Abri a porta, mas não encontrei nada além da escuridão. Fui para o próximo e me deparei com uma questão, estava trancado.
Escutei movimentos no final do corredor e percebi que os guardas estavam saindo da biblioteca. A interrogação pairou sobre minha mente. Se não eram eles, então quem estava naquele outro cômodo?
Acenei para os dois e fui notada. Deu para ver nitidamente a respiração longa que soltaram, visto que agora o rei não teria motivos para ceifar suas vidas.
- Senhores, podem me dizer quem está no quarto? - perguntei, tocando a maçaneta.
- Ninguém. O quarto está interditado. Era o quarto da falecida rainha Madelen...
- Que Deus a tenha - completou o mais magro de cabelos cacheados, Pierre.
- Mas... Mas... - gaguejei, intrigada. - Eu vi luzes pela janela...
- Como? Vossa Majestade estava do lado de fora? - Assustou-se o robusto.
- Viu, Brunet, eu disse que ela podia estar lá fora... Que deveríamos sair para procurar...
- Calma, meninos, eu já voltei. Esqueçam isso! Agora, será que poderiam me deixar dar uma olhada rápida no quarto dela? Vocês sabem da chave?
- Ninguém tem a chave. É proibido pelo rei. Pelo que ouvi dizer, nem ele mesmo entra lá. O local está intocado - explicou o mais magro.
Isso era impossível. Eu sabia que alguém estava ali.
Ignorando os soldados, me agachei e olhei pela fresta embaixo da porta. Para minha surpresa, parecia escuro. Com um sentimento de frustração, me levantei.
Reparei que Brunet sorria com algo que parecia sarcasmo. Ele logo escondeu os dentes e olhou para o outro lado. Fiquei na dúvida se deveria mostrar que a rainha também devia ser temida.
- Olha, soldado, não ouse escarnecer de mim, nem na minha frente, nem pelas minhas costas. Eu saberia... Hoje, não ultrapassei os muros do castelo, mas cheguei bem perto de fazer isso. Cuidado, ou o rei saberá disso.
- Não, por favor, tenha misericórdia... - Ele puxou minha mão, mas percebendo a besteira que fazia, logo a soltou.
- Por favor, Vossa Majestade, não conta, senão iremos morrer... - interveio Pierre.
Apesar da pena que senti, não tirei o meu olhar altivo de cima do soldado atrevido. Assenti com uma das sobrancelhas erguidas e dramaticamente entrei no quarto. Ao fechar porta, acabei com o teatro, estava ansiosa para desvendar o mistério, então corri para a passagem secreta, sem fazer ideia de que desvendaria o início de tudo.
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