Capítulo 9 - Cooperar

Amores, desculpas pela a imensa demora, tive vários problemas, não tive tempo e estava com bloqueio criativo, mas agora estou de volta. Espero que me perdoem.

Boa Leitura.

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Estava bom demais para ser verdade. — Koda murmurou ao fitar a tela do computador. Ele suspirou. — Como irei contar ao meu pai a atual situação do rancho? Como poderei encará-lo após vê-lo chorar? Preciso consertar isso, necessito. Mas como?

O ruivo nunca pensaria que ao acordar nos braços de Devon, a sua vida novamente fosse virar de ponta cabeça.

...

Uma semana antes

Não sabia como o seu travesseiro se sentia quente em sua pele, era macio, mas sentia certa dureza, porém estava muito confortável, só queria ficar ali e continuar a dormir. Suspirou e se aconchegou cada vez mais, espalhou suas pernas e apertou seu travesseiro.

— Josias, dê-me mais espaço.

Koda paralisou, aquela voz era familiar, mas quem era Josias?

— Quê? Deixe-me dormir, vai embora Devon! Quem é Josias? Deixa, não quero aulas agora, só quero dormir nesse travesseiro maravilhoso... oh céus. — apertou ainda mais.

— Koda! Puta merda.

O ruivo acabou abrindo os olhos para identificar a gritaria, mas foi a sua vez de gritar ao dar de cara com o rosto de Devon bem próximo ao seu.

— DEVON? QUÊ? — ele se deu de conta que estava deitado em cima do Cowboy, que olhava surpreso e chocado pela posição deles.

O travesseiro que pensara que era muito confortável era o peito do capataz. Koda estava com quase o corpo todo em cima dele. Rapidamente o contador se mexeu, tentando sair dali, mas acabou caindo de bunda no chão.

Devon prendeu o riso, mas o ajudou a se levantar.

— Oh meu Deus, desculpe! — exclamou Koda envergonhado. — Acho que acabamos pegando no sono ao assistir a série. Desculpe.

Ao terminar de falar, Garcia entrou na sala junto com Maria, interrompendo aquele momento.

— Oh graças a Deus que o encontrei, menino! — exclamou o velho vaqueiro.

Devon rapidamente se levantou e olhou sério para os dois. Koda o seguiu e viu que os dois irmãos estavam preocupados.

— O que aconteceu? — indagou o capataz.

— Uma tragédia! — disse Garcia. — Os gados do lado leste estão espumando e se debatendo, os vaqueiros estão tentando controlá-los, mas nada adianta.

— Ligue para o veterinário. Estou indo lá. — rapidamente ele saiu correndo da sala.

— Já liguei. — Maria exclamou, mas provavelmente Devon não a escutou.

— Como aconteceu isso? — perguntou Koda confuso e assustado.

— Não sabemos, mas o nosso palpite foi que os gados foram envenenados. Eu preciso ir, tenho que ajudá-los. Hoje vai ser cheio.

— Envenenados? Devemos chamar a polícia.

— Precisamos ver se foi mesmo envenenamento. Vou ter que ir.

Garcia acenou e com os passos rápidos saiu da sala, deixando Maria e Koda sozinhos.

— Foi a voz de Garcia que ouvi?

Os dois se viraram para ver Thomas em sua cadeira de rodas vindo na direção deles.

— Sim! Garcia veio buscar Devon... Aconteceu uma loucura. — explicou Maria.

— Loucura? Que loucura?

— Thomas. — Koda se pronunciou. — Garcia nos disse que os gados do campo leste estão doentes, acham que é envenenamento.

O vaqueiro entreabriu a boca surpreso. — Como assim, envenenados? Ligou para o Dr. Charlie? Preciso ir ajudá-los.

— Calma, Thomas. — os dois exclamaram juntos. — Maria já ligou. Os vaqueiros estão lá. Devon acabou de sair correndo para lá.

— Eu tenho que ir! Ninguém vai me impedir.

— Mas...

— Thomas. — a mulher falou firme. — Não tem como você ir. O campo leste fica há vários quilômetros daqui. O senhor não tem como ir a cavalo e no momento só temos um caminhão disponível, este que o veterinário vai utilizar para chegar nos campos. Se você quiser ir, vai ter que esperar o doc chegar.

— Maldita cadeira. — proferiu Thomas. — Maldita hora em que fiquei inválido.

— Por favor, Thomas, não diga isso! — Maria disse com um ar melancólico.

— É apenas a verdade. Nem na minha própria casa posso me locomover. Sou um inútil inválido.

Koda fechou sua mão em punho e suspirou ao sentir suas unhas se enfiando em sua pele, era uma maneira de extravasar sua raiva e dor pelo sofrimento de seu pai. Ele deu um passo na direção dele, mas parou ao escutar o barulho de carro vindo, o que os deixou alertados.

— Uai! — exclamou a mulher. — Faz nem quinze minutos que liguei para o doc. — ela caminhou na direção da porta.

Koda abriu um pequeno sorriso. — Não é o Vet. — Thomas arqueou a sobrancelha. — É a sua carona para o campo leste e a solução para a sua locomoção na casa e ao redor do rancho.

— Filho, do que está falando?

Mas antes de poder responder, Maria abriu a porta e disse em um tom animado ao ver o seu velho amigo de infância.

— Watts! — disse ela. — O que faz aqui? Oh, vejo que trouxe os seus dois meninos. Entrem, entrem!

— Maria, quanto tempo. Cadê o Thomas? — mas o seu olhar e fala paralisaram ao rever o seu amigo em sua cadeira de rodas, foi inesperado, mesmo que já sabia que Thomas estava paralítico.

Mas logo voltou a si e um sorriso abriu-se em seu rosto, demonstrando imensa alegria em revê-lo. — Velho amigo, vejo que está bem. — foi de encontro a ele e apertou calorosamente em sua mão. — Ficamos muito preocupados com você. A Matilde queria vim, mas por conta de estarmos no meio da semana e ser só ela na loja, não pode estar conosco, mas me disse para mandar lembranças, pois logo estaria aqui.

Thomas foi pego desprevenido, pois ainda não se sentia preparado para ver os seus amigos de infância, mas mesmo desconfortável retribuiu o sorriso e o aperto de mão. — Watts, quanto tempo. É bom vê-lo. Diga a Matilde que poderá vim a qualquer hora. Taylor, George. — acenou para os rapazes.

— Oi, senhor Thomas. — disseram em uníssono.

— Thomas, aconteceu alguma coisa? — indagou Watts após observá-los. — Koda, é sobre as construções?

— Não, mas creio que precisamos de sua ajuda, precisamente, de carona. — o senhor olhou confuso e assim o contador explicou o que aconteceu, os deixando assustados. — E só temos uma caminhonete, essa que o veterinário vai se dirigir até o campo leste, mas Thomas necessita estar agora lá.

— Nem precisa pedir. Iremos até lá e vamos ajudar no que for possível. Taylor, fique para ir com o doc quando ele chegar. George, vai com a gente. Vamos?

Koda deu graças a Deus que não tinha vestido um dos seus kigurumis a noite, pois assim não perderia tempo se trocando e também não se envergonharia.

— Agradeço muito. Taylor conhece o campo? — indagou ele. Koda foi para detrás da cadeira de rodas para guiá-la.

— O doc conhece. — Thomas e Watts responderam juntos. — Muito obrigado por nos ajudar. — completou o vaqueiro.

— Amigo é para isso, vamos, estamos perdendo tempo.

Rapidamente os quatros se dirigiram para fora da casa sendo seguidos por Maria e Taylor, e com ajuda do filho mais velho do vendedor, Thomas sentou na cadeira do passageiro ao lado do motoristas, e logo mais estavam na estrada, o silêncio foi interrompido pela pergunta inesperada do vaqueiro.

— Esqueci de perguntar. Que construção é essas que estavam falando?

[...]

Toda a sua vida nunca tinha presenciado algo como aquilo, era assustador de ver o gado que tanto cuidou se debatendo, sem andar, e por último, morrendo no chão árido. Como um vaqueiro e tendo anos de experiência, sabia um pouco de tratar casos assim, mas nunca em sua vida ocorreu daquela forma, todo o gado do campo leste estava do mesmo estado.

— Chefe. — gritou um vaqueiro do outro lado tentando controlar um boi de se machucar. — Sinto que soro fisiológico e o diurético não estão funcionando.

Era o que temia, a mistura que usavam para caso de envenenamento não estavam tendo efeito, o que deixava na cara que fazia tempo que aquele gado estavam sendo envenenado, mas a pergunta era de onde.

O capim? O lago?

Só rezava para que o veterinário chegasse logo, e enquanto isso, ele e os outros funcionários iam colocando os gados menos afetado para uma área vazia, ficando longe dos mais doentes e os colocando em quarentena.

Minutos se passaram, a quantidade de gado morrendo foi aumentando e a preocupação entre eles foi junto. Todos trabalhavam em equipe e determinados, que nem perceberam uma caminhonete vindo na direção deles até escutarem a buzina.

— É o doc? — indagou Marcus se aproximando.

Devon estreitou os olhos e viu que a caminhonete não era deles, era familiar, mas sabia que não era o Dr. Charlie.

— Não, vou ver quem é.

O capataz se afastou. Tirou o chapéu da cabeça e limpou o suor do rosto. Logo mais a caminhonete parou e de dentro saiu Koda e George, o filho do senhor Watts, e o próprio, o que fez franzir a testa e correr na direção deles.

— O que fazem aqui?

— Como assim, o que estamos fazendo aqui? Estamos indo salvar o meu gado.

Devon se surpreendeu ao escutar a voz de Thomas. — Thomas? Mas como?

— O que você achava? Que eu ia ficar de braços cruzados e deixando sozinho com o meu rebanho? Me tirem daqui, quero ver o meu gado com os meus próprios olhos.

Devon olhou para Koda, que só fez dar de ombros.

— A situação está complicada. — ele falou, mas logo foi interrompido.

Sem saída, ele ajudou tirar Thomas da caminhonete e assim Koda guiou a cadeira de rodas, tendo muita dificuldades pelo chão esburacado.

Ao chegar perto dos gado, os recém chegados observaram chocado a ocorrência, porém para a surpresa de Devon e dos funcionários, Thomas tomou a frente e começou a dar ordens, de tom sério e o olhar mordaz, era como se o antigo Thomas estivesse ali, como era antes do acidente e como sempre, eles obedeceram e se sentiram menos perdidos.

[...]

Horas se passaram, o veterinário chegou e continuaram assiduamente para que os animais pudessem sobreviver. Koda viu de primeira mão a equipe do rancho dar tudo de si e principalmente, viu o seu pai no comando, o olhar feroz, a voz determinada, mas também viu certa fragilidade no vaqueiro, medo de que nada adiantasse e não era só ele que estava assim, o restante dos vaqueiro tinham esse olhar.

Já quase meio dia, o sol extremamente quente, Koda já se sentia todo queimado pela intensa exposição, mas isso não o fez querer parar e ir embora, pois via que a sua ajuda era necessária. Todos estavam empenhados para que tudo se resolvesse, o que ocasionou que ninguém parasse para beber água ou comesse alguma coisa, o que acabou o afetando.

Se sentia cada vez mais exausto, a sua visão começou a ficar turva, mas ignorou e continuou o seu trabalho, que era levar o gado que estavam sendo medicados para outra área.

O veterinário aplicou várias injeções e até felicitou que Devon tenha se lembrado da mistura do soro fisiológico e o diurético, pois assim o gado poderia expelir na urina o veneno, Charlie viu que era aumento de amônia no organismo, mas era bem alto para que o gado se comportasse daquela forma, por isso que a maioria não resistiu e acabou morrendo.

— Vamos Senhora Calloway, a Grace já foi levada e afirmo que a sua amiga está em boa estado, já apresenta melhoras e logo você estará do mesmo jeito. Vamos que ainda tenho que pegar a Maggie. — a cada passo que dava ele ia falando e acariciando o animal. — Prometo que quando isso tudo acabar, te dou um chapéu igualzinho a da Senhora Calloway, irei até tirar umas fotos e mostrar para os garotos do cosplay, pois eles não tem uma vaca que faz cosplay nas horas vagas.

Koda não sabia como, mas sentia o animal relaxar cada vez mais, por agora era a Senhora Calloway, pois a sua pelagem era a mesma da personagem do filme. Os vaqueiros deixaram por sua conta de levar as vacas, pois sabiam que ele não ia ter coragem de chegar perto dos bois, coisa que passava longe, mesmo vendo o sofrimento deles.

A cada passo que dava foi ficando cada vez difícil, o seu corpo começou a ficar cada vez pesado, a sua visão ficando cada vez turva, quase não conseguindo se manter em pé, o ruivo parou e se escorou um pouco no animal. Os sons foi ficando cada vez mais distante, se sentia quente, sua garganta seca e pontos negros tomou a sua visão.

— Koda, algum problema? — era a voz de Devon.

Ele levantou o rosto procurando pelo capataz, mas sua visão se perdeu, o seu corpo não aguentou e acabou perdendo completamente o sentido, só sentiu o mundo rodar e segundos depois a escuridão tomou de conta.

[...]

Fazia alguns minutos que percebeu que tinha alguma coisa errada com Koda, mas ao vê-lo desmaiar era a última coisa que ocorreu em sua mente. Rapidamente largou o que estava fazendo e correu de encontro a ele.

Quando ficou do lado dele, se abaixou e tentou reanimá-lo, mas viu a razão do desmaio, o que fez se xingar. Tinha se esquecido que o ruivo era propício a ficar com insolação, além de que sabia que ele não tinha comido ou bebido água, aumentando a chance de ficar desidratado e fraco.

O pessoal viu o ocorrido, começaram a gritar e a indagar o que aconteceu.

— Vai Koda, acorda! — vendo que não tinha jeito, Devon o pegou nos braços e o se ergueu, era um pouco pesado, mas não ligou. — Roger, leve a vaca para o outro pasto. Marlos, abra a porta do caminhão. — gritou dando ordens.

— Devon... O que aconteceu?

O capataz escutou Thomas perguntar, mas sem perder tempo, continuou a andar apressado para o caminhão e ao chegar no destino, colocou-o deitado na parte detrás.

— Isso vai arder. Era disso que estava pensando, porque não trouxe o seu chapéu? — murmurou.

Devon observou atentamente o rosto e a pele de Koda, estava extremamente avermelhada, além de que viu que os seus lábios carnudos estavam rachados. — Preciso de água, urgente! — gritou. Ele abriu as janelas da caminhonete e abriu a camiseta do outro, por um segundo parou ao observar o peitoral peludo, era da cor dos seus cabelos, um vermelho acobreado, completamente natural, completamente fascinante.

— O que aconteceu? Devon!

— Thomas... Devon aconteceu algo grave?

O capataz foi tirado dos seus pensamentos, o seu rosto ficou quente, logo se virou e deu de cara com Thomas, Maria e uma dúzia de vaqueiros curiosos.

— Maria, o que faz aqui? Koda sofreu insolação, está desidratado, cadê a água que pedi?

— Oh céus, graças a Deus que trouxe mantimentos. Taylor, as garrafas de água.

Taylor que tinha voltado na caminhonete quando trouxe o veterinário, veio correndo com uma enorme garrafa térmica e copos, mas antes de poder voltar e ajudar Koda, Maria tomou a frente e o fez sair da caminhonete.

— Eu cuido dele e enquanto isso, descansem, bebam a água e comam. As mulheres irão servir.

Vendo que estava sem saída, ele se afastou, mas antes deu uma boa olhada em Koda, que ainda se mantia desmaiado e voltou para o que estava fazendo, mas foi impedido pelas mulheres. Ele se surpreendeu ao ver todas as mulheres do rancho ali, tiraram da caminhonete um enorme caldeirão e começou a servir os vaqueiros e o veterinário, aquilo esquentou seu coração, pois via o quanto aquelas pessoas se preocupavam e cuidavam de cada um.

[...]

Ainda sentia seu rosto arder, era como uma queimadura de fogo, pois doía da mesma forma. Se sentia estúpido por ter desmaiado em frente de todos, demonstrou fraqueza para aquelas pessoas que desejam vê-lo assim, mas ainda estava sem acreditar que foi carregado por Devon. Quando Maria contou do ocorrido, seu queixo foi no chão. Em sua mente era impossível que alguém pudesse carregá-lo, mas o Capataz não só o carregou, mas cuidou nos primeiros segundos. Sabia que não devia ter desejado que Devon ficasse cuidando até que acordasse, mas era impossível parar de desejar tal coisa.

— Muito obrigado, Charlie, por ter vindo rápido.

Koda parou de roer a unha e olhou seriamente para Thomas, Devon e o veterinário, eles estavam no escritório. Depois de quase o dia todo, o veterinário conseguiu parar o surto do envenenamento e salvar o gado, mas nem todos tiveram essa sorte, de 300 gados, 176 gados morreram, foi uma enorme soma.

— Não precisa agradecer, sempre que precisarem virei o mais rápido possível. Ah, tirei amostras da grama e da água do lago para ver qual é o fator do envenenamento, se foi por natureza ou por mãos humanas. Amanhã ligarei para vocês para notificar.

— Certo. Foi uma enorme perda, justo o gado que iriam para o leilão. — Thomas comentou.

Koda arregalou os olhos e rapidamente se levantou. — Calma aí, eram esses que iam para o leilão? Justamente esses?

Devon que estava atrás de Thomas, assentiu. — Sim, no final de semana iríamos levá-los para a feira do vaqueiro em Dallas. Mas com o que aconteceu, não vai dar e isso faz com que tenhamos um enorme prejuízo.

— Isso está muito estranho. Bem, esperamos sua ligação, Senhor Charlie. — Koda disse.

— Novamente, sinto muito pelo ocorrido e espero que tenham uma ótima noite.

Após se despedirem, Devon seguiu o veterinário até a porta.

Koda observou seu pai, viu que ele se mantinha com o olhar distante.

— Thomas, se sente bem?

— Eu... filho, você poderia me levar até o campo?

Sem entender, assentiu concordando. Koda pegou o seu celular que estava em cima do sofá, guardou no bolso da calça e em seguida foi até a cadeira de rodas, assim passou a guiá-la.

Ao chegar do lado de fora da casa e de frente para o pasto, o ruivo ficou ao lado do vaqueiro, cruzou os braços e contemplou o céu. O sol já estava se pondo, as estrelas aparecendo e alguns cavalos galopando completavam o lindo cenário.

— Sabe filho, após todos esses anos vivendo e respirando aqui, nunca em minha vida isso ocorreu e nunca pensei que um dia iria presenciar isso. Ver o meu gado morrer envenenado, que por acaso pode ter sido feito por mãos humanas. Quem poderia ter tanta maldade no coração?

— Thomas, infelizmente existem pessoas que não gostam de ver a felicidade alheia, que gostam de ver os outros sofrerem e fazem de tudo para que isso aconteça. E quem fez isso terá sua recompensa. E pior que isso cheira a mãos humanas, pois logo o gado que iria para o leilão foi envenenado. Após recebermos notícias do veterinário, precisamos ligar urgentemente para as autoridades, pois isso precisa de uma investigação.

— Eu não ligo que teremos prejuízos, ver o meu gado, o meu rebanho, morrer por maldade humana é... — a sua voz ficou embargada e escapou um pequeno soluço de seus lábios.

O contador se viu surpreso ao perceber que o seu pai chorava silenciosamente em sua cadeira. Seu coração doeu ao vê-lo assim e seus olhos arderam.

Não sabia como, mas agiu sem pensar, andou até ficar de frente ao vaqueiro, se ajoelhou no chão e o puxou para o um abraço. Fez uma careta ao sentir a vestimenta tocar seu rosto, que por acaso estava coberto por pomada de queimadura, mas não ligou, apertou cada vez o abraço, tirou o chapéu de Thomas e acariciou os seus cabelos grisalhos.

— Estou aqui com você, quem fez isso irá pagar. Ninguém mexe com o Rancho Dois Corações e sai impune, principalmente, ninguém mexe com o nosso rebanho.

— Obrigado. — Thomas murmurou emocionado. — Filho...

Lágrimas escorreu do seu rosto queimado, aquele momento era demais até para ele.

[...]

Como era de esperar, os exames das amostras do lago deram positivo, alegando que alguém tinha derramado litros de amônia no lago que cercava o rancho. A primeira coisa que fez ao receber a notícia foi ligar para as autoridades, que por acaso só fizeram entrevistas e olharam ao redor do rancho atrás de alguma irregularidade. Encontrando nada de anormal, deixaram o local após a investigação.

Depois tudo isso, eles esvaziaram o lago e viram que havia vários peixes mortos, coisa que não tinham visto antes.

Koda, mesmo todo queimado, estava a par de tudo. Junto com Devon, ajudaram os policiais e em seguida os vaqueiros. Ele percebeu que todos estavam furiosos com o que aconteceu, além de que escutou algumas conversas por fora, confirmando o descontentamento dos funcionários com o ocorrido.

— Vamos apenas dizer que me sinto uma lagosta na praia. — Koda disse tocando o rosto.

— Não toque, vai machucar se fizer isso. — Devon olhou sério para ele. — Ainda me pergunto do porque você ter vindo sem o seu chapéu, o compramos justamente para isso.

O ruivo deu de ombros. — Vamos apenas dizer que esqueci da existência dele igual que esqueço da existência da dieta. — disse fazendo Devon rir. — Sério, é um item que nunca usei em minha vida, não ia lembrar. Mas hoje, a primeira coisa que fiz ao sair de casa foi colocá-lo.

— Depois de se queimar todo, né? — o capataz o olhou com ar de zombador.

— Então.... — deu de ombros rindo. — Me fala, o que vocês farão agora? Está tudo resolvido.

— Continuar cuidando dos que ainda estão com sintomas de intoxicação, só isso. Não haverá mais leilão, na verdade, nem é bem leilão, todos os anos o fazendeiro Mattos compra uma quantidade de cabeças de gado e o ano passado ele deixou bem claro que queria 300 cabeças de gado, cuidados, fortes e saudáveis. Esses foram o gado que passamos o ano todo cuidando, e por um mero descuido, aconteceu isso.

Koda parou imediatamente de andar, o que fez com que Devon também parasse.

— O que foi? — indagou o Capataz.

— Então, se vocês não levarem os gado, esse tal de Mattos vai achar muita falta de responsabilidade e provavelmente não vai mais fazer negócio com o rancho.

— Sim. É disso que estou preocupado, o Sr. Mattos é o nosso comprador mais fiel, aquele que sempre ajudou Thomas. Até mesmo foi visitá-lo quando estava em coma. Antes mesmo de chegar aqui, os dois faziam negócio.

— Puta merda. Precisamos resolver isso. — disse desesperado.

— Infelizmente não tem como.

— É aí que você se engana, caro Sherlock.

— Como é que é? — arqueou a sobrancelha sem entender.

— Nada, só me leve até os outros gados, aqueles que não estiveram perto do lago.

— Quer dizer os outros gados dos outros campos?

— Sim! — exclamou animado. — Mas antes, ligue para o veterinário, ele precisa ir com a gente.

Sem entender, Devon assentiu.

[...]

— Então, Sr. Charlie, os bois estão saudáveis? — Koda perguntou ao ver o veterinário guardando objetos de trabalho numa maleta.

O veterinário aproximou-se dele e do Capataz, este olhava curioso para as intenções do ruivo.

— Sinceramente? Nunca vi em minha vida um gado saudável como estes. Além de serem bem tratados, estarem longe da água contaminada, são muito fortes e grandes reprodutores. Sabe garoto, todos os meus anos de trabalho o gado do seu pai sempre foi o melhor da região, ver muitos morrerem ontem foi algo inesperado e espero que possam pegar o criminoso que fez isso.

— É o que esperamos. — Devon comentou. — Agora Koda, me explique o porquê disso tudo.

— Como você mesmo ouviu o especialista, todo esses bois estão saudáveis, fortes e férteis, prontos para serem comercializados. Então, porque não levamos estes para o Senhor Mattos no lugar daqueles?

Devon ficou surpreso pela sugestão dele. — Me parece ser uma ótima ideia, mas ele vai perceber a diferença. O gado que era para levar recebeu muito mais atenção nesses doze meses do que esses.

— Mas Devon, o Dr. Charlie disse que estes aqui estão saudáveis, fortes e é o que esse senhor quer.

— Sem querer intrometer, mas me intrometendo. — disse Charlie com um sorriso de lado. — Devon, escute o rapaz, pois eu acompanhei de perto a saúde do gado que foi envenenado e desse também, os dois rebanhos estão no mesmo patamar. Digo que essa é a solução para o problema que tem em mãos, pois tenho certeza que Mattos, um grande fazendeiro como é, vai ver que estes é o que ele precisa. Agora garotos, preciso ir. Tenho que passar no rancho do Martínez.

— E então, Devon? O que diz? — Koda indagou exasperado.

O vaqueiro olhou para o gado, em seguida desviou o olhar para o ruivo, teve que morder a bochecha para não acabar rindo, pois Koda estava quase pulando na sua frente.

— Seja o que Deus quiser, levaremos esse rebanho para o Senhor Mattos, e que por um milagre ele não perceba a diferença.

— Ah, isso aí! Vamos mostrar para quem fez a monstruosidade que o Rancho Dois Corações não tem igual.

Devon e Charlie acabaram rindo da alegria intensa do ruivo. O Capataz se sentiu aliviado pela rápida solução que Koda deu, assim viu que ele seria de muita ajuda no rancho.

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Cooperar é operar juntamente com alguém, contribuir, ajudar. Koda vai vivenciar o que é cooperação com sua nova família, a partir daqui o ato de cooperar estará presente em seu caminho.

Amores, desculpas novamente e agradeço aqueles que continuam comigo, prometo que farei de tudo para que não ocorra mais isso. Tenham uma ótima semana, beijos e abraços.

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