Capítulo 47 - Rancho Dois Corações
— O que aconteceu, querido? — perguntou.
Tímido, Ângelo abaixou a cabeça. — Quero fazer xixi, você poderia ir comigo?
— Claro, deixa eu sair daqui. — sem fazer nenhum barulho ou movimento brusco, saiu das garras de Devon, sem acordá-lo. — Pronto, vamos.
Antes de ir, o ruivo pegou o seu óculos e em seguida pegou na mão que Ângelo estendeu para si, assim os dois saíram do quarto e foram para o banheiro que ficava no corredor. No banheiro Koda o ajudou a puxar a calça do pijama e em seguida virou de costas, dando privacidade ao seu filho.
— Terminei! — comentou Ângelo tentando voltar a cueca para cima. Koda ao ver o ajudou e depois pegou um banquinho, fazendo com que a criança ficasse em cima, assim podendo alcançar a pia para lavar as mãos.
— Muito bem, meu amor. Agora voltar para a cama, né?
Alegre, Ângelo assentiu e com ajuda do pai, desceu do banquinho e ao tocar os pés no chão ele agarrou a perna de Koda e olhou sorridente. — Papai, estou muito feliz por estar aqui. Estou feliz em te chamar de papai... eu posso continuar chamando? — indagou tímido.
Koda se abaixou ficando da altura dos olhos de seu filho, com um sorriso grande em seu rosto respondeu a criança. — Meu amor, quando você me chama assim, o meu coração falta saltar do peito por tamanha alegria. Eu amo quando você sorri, amo quando me abraça e principalmente te amo, meu filho. Isso que você é, Ângelo, meu filho e de Devon.
— Uhum. — assentiu. — Eu também te amo, papai. Amo você e o papai Devon, como amo meu vovô Thomas e vovô Mattos, também amo a tia Maria, o tio Miro e o tio Fred. Amo desse tamanho aqui. — demonstrou com os braços abrindo largamente. — E ah, também amo o Sheldon e o Mister Peru... quando poderei ver o Mister Peru? Estou com saudade dele.
Koda riu emocionado. — Logo meu amor, agora vamos voltar para o quarto e dormir, ok?
Quando abriu a porta, a outra porta do quarto de Ângelo se abriu e por ela saiu um Devon alarmado, os seus olhos estavam assustados, mas ao ver os outros dois, se escorou na parede e suspirou de alívio, no mesmo instante da criança avista-lo, ela saiu correndo de encontro a ele e abraçou suas pernas.
— Papai vai no banheiro também? Acabei de fazer pipi. — comentou olhando para cima.
Devon sem esforço algum, pegou Ângelo no colo e respondeu ao menino. — Não, querido. Vim atrás de vocês dois, me deixaram sozinho, me sentir solitário. — ao terminar de falar, o Capataz fez cócegas na criança.
Rindo, Ângelo tentava afastar das mãos do pai, mas este por fim terminou o pequeno ataque e o beijou carinhosamente na testa. — Papai, sinto muito por ter deixado você, mas eu estava apertado.
— Tudo bem, meu amor. Pronto para dormir, Ângelo? Koda?
— Essa coisinha fofa aqui precisa de um sono bem gostoso. — comentou Koda se aproximando e abraçando de lado o marido. — Vamos?
— Eu posso dormir com vocês?
O casal se entreolharam, sabia que era algo que não devia, pois criança precisa ter o seu próprio lugar de conforto e individual, mas naquele momento os três estavam precisando daquela união e conforto. Mas antes de irem para o outro quarto, Koda correu e pegou o urso favorito do seu filho.
Ao adentrar em seu próprio quarto sorriu e em seguida apagou a luz, porém a iluminação da janela deu ainda para enxergar perfeitamente os dois amores de sua vida dormindo profundamente abraçados. Com passos suaves, ele se juntou na enorme cama e foi puxado no mesmo momento pelo marido, que o fez se juntar naquele ninho de paz e amor, percebendo que Devon estava ainda acordado, ambos sorriram cúmplice e se deram as mãos, formando um escudo protetor para a criança que estava no meio deles, e assim dormiram.
[...]
Nunca viu tamanha alegria em um café da manhã, todos na mesa estavam sorridentes, rindo, totalmente diferente do dia anterior, que foi cheio de preocupação e medo. Todos estavam contentes e porquê daquilo tinha um nome, Ângelo, que estava ali, pela primeira vez como membro oficial daquela enorme família, estava sendo mimado e paparicado, recebendo mimos de todos e comendo a sua comida favorita.
— Papai, quando eu posso ver o Mister Peru? — indagou Ângelo de boca cheia. Ele olhava de Devon para Koda, ansioso para poder ver o seu amiguinho com penas.
— Depois que você comer tudo, meu amor. — Koda sorriu e limpou ao redor da boca da criança, que assentiu entusiasmado e continuou a comer as suas panquecas caramelizadas. — Está bom, filho?
— Muito! A tia Jo sabe mesmo fazer as minhas panquecas como eu gosto.
— Oh! Querido, fico feliz que esteja gostando, fiz especialmente para você.
— Ah, depois também quero aprender a fazer essas panquecas.
— Eu também quero, posso? — perguntou a criança. — Por favor? Eu posso pelo menos ajudar.
— Hum! — Joana estreitou os olhos para os dois que esperavam atentos pela resposta. Ela assentiu por fim e abriu um sorriso para eles. — Ok, depois teremos uma aula de como fazer as panquecas caramelizadas especialmente para pai e filho. E Devon, também quer participar?
— Pode ser na parte da degustação? — falou pegando mais panquecas da travessa fazendo todos rirem. — Sério, estão divinas, obrigada Jo por ter as feitos. O Ângelo está bastante contente às comendo.
— Foi o meu prazer. Estou feliz em poder vê-lo mais uma vez comendo o que faço. Agradeço a vocês por me darem essa oportunidade. — Koda pegou em sua mão e sorriram cúmplice.
Uns minutos depois, Ângelo depois de ter devorado a sua comida, rapidamente levou o seu prato com o copo para a pia e em seguida voltou para perto de Devon e subiu em seu colo.
— Papai, me leve até o Mister Peru, por favor! — pediu animado.
— Ok, meu amor. Koda, quer ir com a gente? — Devon se levantou e colocou a criança montada em suas costas.
— Lhes acompanho já, primeiro irei ajudar aqui. Ok? Se divirta, meus amores. — ele beijou Ângelo na testa e em seguida deu um selinho no marido. Koda esperou os dois saírem, nesse meio tempo se despediu de alguns vaqueiros que iriam começar a trabalhar.
Vendo que na cozinha ficou apenas seus pais, Miro e Joana e Maria, ele fechou a porta e foi até o Detetive. — Miro, me explique o que aconteceu ontem. Não entendo como aquele traste do Evan fugiu. O que ele falou sobre o Martinez... Foram acusações séria e com certeza, verdadeiras. Por favor, me fale!
— Estava esperando mesmo para falar sobre isso. Vi que também estava esperando que o Ângelo saísse. Depois você fale ao Devon, pois o que irei contar agora é muito sério!
Koda assentiu e voltou para o seu lugar, todos ali se sentaram sérios esperando que o Miro contasse, ele não se demorou muito e começou a falar sobre a fuga do Evan, que se deu por uma rebelião no pavilhão onde estava o Evan, que foi justamente ele e mais dois cúmplices que começou a briga, nisso, na bagunça, os três fugiram de lá.
— Mas como não ficamos sabendo disso? É algo muito sério. — exclamou Koda.
— Porque eles não notaram a fuga deles, isso foi um dia antes que o Evan sequestrou o pequeno Ângelo, só deram a falta deles no mesmo dia do sequestro. Mas o Evan apenas não planejou a fuga, mas planejou outra coisa ainda. Ele ao fugir, gravou uma fita deletando o mandante dos roubos das fazendas e mais outros crimes que não sabíamos.
— Que crimes? Foi mesmo o Martinez? O que vai acontecer agora?
— Bem, vejam por si só. — Miro se levantou pegando o celular do bolso, nisso, ele colocou o celular no meio da mesa encostado no arranjo de flores, assim, colocou em um vídeo, fazendo com que todos ali assistissem.
Primeiramente a imagem começou desfocada, mostrando apenas um tecido quadriculado, barulhos de carros e buzinas foram ouvidas, segundos depois, o tecido foi se afastando, mostrando Evan Parker. Koda ao vê-lo, se tremeu, nunca mais queria poder ver o desgraçado que raptou o seu filho, mas respirou fundo e continuou a assistir.
O antigo contador se sentou em uma cadeira, rangendo o chão. Ele olhou atentamente para a câmera e sorriu. — Feliz em me ver? Sei que não, já que foi você me esqueceu naquele lugar imundo, mas agora estou aqui, nunca pensou que eu era esperto, não é mesmo Martinez? Achava que eu era apenas o seu capacho para mandar e desmandar, mas não. Não mesmo. — gargalhou. — Estou aqui gravando este vídeo não apenas para você, pois ao estar assistindo essa gravação, as autoridades também estarão, e meu velho amigo, eles logo estarão te caçando. Pois você, Ramon Pablo Martinez, foi o total responsável nos roubos das fazendas, principalmente do rancho Dois Corações. Tenho comigo provas concretas, que serão enviadas para as autoridades, tudo o incriminando. Mas não só isso... Não mesmo.
A imagem de Evan sumiu e em seguida apareceu uma gravação do próprio Martinez mandando para envenenar o gado do Rancho Dois Corações, em seguida, áudios do Martinez falando sobre os roubos, rindo e debochando de seus crimes. Até que em uma gravação o Martinez falava abertamente de como quase matou o Thomas Moore, falando detalhadamente de como introduziu uma droga alucinógena ao touro em que o vaqueiro iria montar naquele dia, que quase levou a morte.
— Então é verdade, por maldade desse imbecil quase perdi a minha vida. Bem, mal sabe ele que foi mais como um presente. — comentou Thomas.
— Presente? — Koda falou surpreso, como todos ali olhava sem entender para o rancheiro.
— Sim, posso ter quase morrido, mas graças a Deus apenas fiquei sem andar e com isso, me deu coragem para conhecer o meu filho, nisso, acorrentou inúmeras ações positivas. Meu filho finalmente encontrou o amor verdadeiro, adotou um menino lindo.— Koda sorriu e assentiu. — Maria encontrou o seu cavalheiro, vai ser mamãe. — ela sorriu e acariciou a sua barriga já saliente. — O rancho está prosperando como nunca e eu... Eu tive a oportunidade de finalmente me assumir como gay e amar abertamente o meu homem, tudo isso graças a uma ação maldosa do Martinez, mas agradeço a ele por ter me dado a esses momentos únicos.
— Falando desse modo, você está certo. — Mattos refletiu. — E agora ele vai pagar pelo que fez... não é mesmo Miro?
— Sim, isso mesmo! — ao terminar de falar, o celular do detetive tocou. — E no momento certo. Recebi uma mensagem da delegacia, prenderam o Martinez ao tentar fugir do estado, parece que quem o deletou foi o seu próprio filho, o Josias.
— Então, acabou? — indagou Koda se levantando. — Teremos finalmente sossego?
— Parece que sim. — Miro assentiu. — Meu trabalho acho que acabou, mas irei na delegacia, para acompanhar bem tudo isso. Amor, mais tarde eu volto, ok? Te amo. — ele beijou a testa de Maria e em seguida se inclinou e beijou a barriga dela. — E também te amo, meu bebê.
Koda admirou aquela linda cena e depois de despedir de seu amigo, ele olhou para seus pais, suspirou e deu de ombros. — Eu não sei nem o que falar direito sobre tudo isso, mas concordo com o que você falou, pai. O Martinez pode ter feito de tudo para acabar conosco, mas nos fez cada vez mais fortes e unidos.
— Sim, meu filho. — Thomas assentiu. — Agora vai lá onde está o meu neto, sei que está morrendo de vontade de ficar ao lado dele, pois sentir o mesmo quando você veio para cá pela primeira vez. Eu só queria ficar o máximo ao seu lado e não parar de te olhar, tinha medo que fosse só um sonho e você fosse sumir em um piscar de olhos.
— Oh papai. — ele foi até o Thomas e o abraçou apertado. — Eu te amo muito, vocês dois. — disse puxando Mattos para o abraço. — E você está certo, principalmente com o sequestro, tenho medo que algo aconteça, mas é só trauma do que aconteceu mesmo, ele está bem e tenho quase certeza que ele está correndo pelos campos com o Mister Peru, falando nisso, quero ver essa cena.
— Vai lá, aproveita. Eu e seu pai logo nos juntaremos a vocês. — concluiu Thomas.
Koda se afastou, acenando para Maria, saiu do recinto, no primeiro momento sentiu o cheiro do campo e em seguida ouviu risos e gritos alegres de seu pequeno Ângelo e em um instante o seu sorriso se abriu todo. Seguindo os sons, logo achou o seu marido e filho e um peru no campo perto dos estábulos. A cena de Devon com Ângelo em sua cacunda e um peru correndo atrás deles foi a melhor que já viu em sua vida, pois se sentiu completo.
Ali era a sua família.
Ao completar aqueles pensamentos, Koda sentiu um roçar em suas pernas, o que fez olhar para baixo, se deparando com Sheldon.
— Agora sim, a família está completa. Bem, falta Penny, vamos Sheldon, vamos buscar a sua irmã para brincar com o pequeno Ângelo. — disse pegando o gato no colo e logo mais se juntou aos outros três.
[...]
5 anos depois....
— Certo, o resort estará totalmente disponível para ele, tudo será feito em sigilo e discretamente, daremos a maior privacidade para o cliente, não se preocupe. O Resort Angel é uma ótima opção para ele, conforto, segurança, ar livre e privacidade. — Koda Harris assentiu e anotou instruções dadas, em seguida desligou a chamada, se encostou em sua cadeira no escritório e quase gritou de animação, bem, ele não pôde se segurar, pois dali a um mês o seu lindo resort estaria sendo alugado por quatro a cinco meses para um astro de Hollywood, bem, ele não sabia quem era no momento, mas pelo valor que iria receber e pelas exigências, era alguém bem importante.
Sorridente, ele olhou para a sua sala, principalmente para os portas retratos em sua mesa, nelas tinha fotos de seu casamento, o primeiro aniversário de Ângelo no rancho, a foto da Glória, a linda filhinha de Maria e Miro, que por acaso os dois fizeram que ele e Devon fossem padrinhos da menina, foi um lindo presente que eles receberam. Admirando as fotografias e as lembranças, que nem percebeu a porta se abrir, até que foi chamado suavemente. Ao escutar a voz, continuou a sorrir e olhou para o seu filho.
Ângelo já estava com 15 anos, houve mudanças ao passar do tempo, mas o que nunca mudou em seu menino foi o amor e o carinho que emanava dele, ele sempre tinha aquele sorriso no rosto, um olhar gentil e amável, sempre disposto a ajudar alguém e abraçar quem tivesse triste.
— Papai, terminou já? Todos estão te esperando. O vovó Mattos está perguntando por você faz horas, está fazendo os hambúrgueres do jeito que você gosta. E o papai estava te procurando, disse que tinha algo para te mostrar... E ah, a Tia Sara e o Tio Edgar estavam te esperando para preparar os fogos. O Simon está ansioso para isso... e principalmente de tudo... quero te apresentar alguém. — por último, as bochechas dele ficaram rosadas, o que surpreendeu totalmente Koda.
— Oh, ok. Foi muita informação, mas quero saber mais dessa última. Apresentar alguém? Meu amor... é o que estou pensando? — ele se levantou e foi até o outro. Os dois estavam quase da mesma altura.
Ângelo possuía o seu corpo rechonchudo, por causa mais de sua síndrome e do seu
— Sim, papai... mas só quero contar o resto lá fora, pode ser? Quero apresentar para a família.
— Ok. — assentiu. — Vamos lá, estou ansioso.
Koda antes de sair pegou o seu chapéu. Os dois conversaram enquanto saiam da casa grande, falando sobre coisas das escolas e sobre aquele dia importante, era 4 de julho, um feriado alegre para eles, pois a família toda se reunia como tradição, porém aquele dia parecia ser bem mais especial, não só a família do rancho estava ali, mas uma outra família estava presente, o que já deixou Koda ansioso para ver se estava certo e estava quase se controlando para não surtar, pois era algo que um dia iria passar, mas nunca esperou que iria ser tão cedo assim.
Ao chegar no quintal, Koda ficou admirado com a decoração. Tinha bandeiras, balões e os seus animais estavam enfeitados, o que fez rir.
— Adorou o que fizemos na Penny, no Mister Peru e no Sheldon? Foi ideia da tia Cary. — comentou Ângelo.
— Eu amei.— riu o abraçando de lado. — Meu Deus, nunca pensei um dia em ver um peru fantasiado...
— Ei, não é qualquer peru, é o meu Mister Peru, tá bom, pai?
— Oh! Não está mais aqui quem falou . — Koda disse sério, mas ao se entreolharam, os dois gargalharam.
— Que risadas são essas, qual é a piada? Novamente o Edgar caiu da cerca? — Devon falou se aproximando dos dois.
— Ei, foi só uma vez! — Edgar retrucou. — E eu não tive culpa, estava nervoso.
— Sabemos disso, querido. Tudo por minha culpa. — comentou Sara. — É normal qualquer genro ficar nervoso em conhecer a sogra. E para a sua sorte, a sogra era eu, assim pude dá assistência médica a você.
— Isso mesmo, sogrinha. — Edgar piscou.
Edgar era o marido de Cásper, os dois se conheceram em um supermercado e logo descobriram que eram vizinhos, e o Cásper um dia ficou sem babá, assim, correu e pediu desesperadamente para que Edgar ficasse com Simon, e assim nasceu uma história de amor, cheia de altos e baixos, como toda história.
Koda amou quando Cásper trouxe pela primeira vez o Edgar, principalmente quando ele ajudou no pedido de namoro dos dois, ficou roendo as unhas até que Edgar disse o sim, foi espetacular. Eles se viam sempre nos feriados, se tornaram bons amigos, sempre um ia visitar o outro, além disso, Simon e Ângelo eram melhores amigos, os dois são apegados um no outro como cola.
— Bem, papai, você pode chamar a atenção do pessoal? Quero contar antes que o Tio Fred comece a cantar, você sabe quando ele começa, ele não quer parar.
— Ok, meu amor. — Koda sorriu e em seguida assobiou, chamando a atenção do pessoal. — Ei, todos me ouvindo?
— Sim! — gritaram.
— Bom, venham para cá, o Ângelo quer apresentar alguém para nós. — concluiu. Ele pegou na mão de Devon e o puxou, deixando apenas o seu filho no centro das atenções.
— Apresentar? Apresentar quem? — indagou o cowboy para o marido sem entender.
— Logo saberemos, amor. — piscou e o beijou nos lábios.
— Ei pessoal! — Ângelo falou, ganhando vários oi's, o que fez rir. — Estou um pouco nervoso...
— Não se preocupe, meu neto! Continue! — Mattos estimulou.
— Bem, nos ensinamentos que meus pais e avós me passaram é em ser eu mesmo, viver abertamente, sem esconder o que sinto e o que penso, mas sempre ser gentil e amável, mesmo que o mundo não seja assim. Quando vir parar aqui eu não sabia direito sobre a minha síndrome, sobre o que iria passar com ela, mas ainda bem que tive o privilégio em estar aqui. Aqui vi como era um amor de família, de casal, de amigos e de aceitação.
— No mundo fora deste rancho as pessoas iriam me julgar por ser Down, por ser filho de um casal homossexual, mas também iria encontrar pessoas boas e gentis, que vêm atrás dos rótulos e nisso acabei encontrando alguém, que era o que eu sempre quis achar, alguém que me vê mais do que apenas a minha síndrome, alguém que me respeita e me aceita como sou, que ama a minha família, que adora o Mister Peru e que sempre estar pronta para uma aventura. Nisso vi que estava me apaixonando, fiquei com medo.... e preocupado, mas tomei conselhos com os meus vovôs e tomei coragem. Ângelo respirou fundo e foi até a uma menina que estava com os olhos cheios de lágrimas, ela vestia um lindo vestido florido ressaltando o seu tom de pele escuro, os seus lindos cabelos negros e encaracolados combinava perfeitamente com a imperfeição de seus olhos, um castanho e outro completamente branco, sinalizando a sua cegueira.
Ângelo foi até ela e pegou em sua mão, a puxando de lado e a abraçou. — E eu a pedir em namoro e ela disse sim... então, família, apresento a vocês oficialmente a minha namorada, a minha flor, a Amara.
— Amor! — murmurou a jovem envergonhada. O seu rosto detinha um lindo sorriso demonstrando o quanto estava alegre ali, ao lado de Ângelo. — Eu te amo.
— Também te amo. — ele a olhou nos olhos e para a surpresa de todos, foi ela que tomou a frente e o beijou ali, para todos verem, o que fez o pessoal gritarem animados comemorando aquele amor entre os dois pombinhos.
Koda estava transbordando de admirando e de orgulho em ver o seu lindo filho ali, virando um homem, um homem apaixonado e muito, muito romântico. Sabia que um dia o seu Ângelo iria se apaixonar e namorar, mas nunca pensou que iria ser tão cedo, estava com ciúmes, o seu menino estava crescendo, mas vê-lo declarar aquelas lindas palavras e tomar coragem em falar abertamente para todos, o seu peito se enchia de orgulho.
Os casais que ali estavam se aconchegaram, admirando um amor juvenil, como todos ali um dia tiveram.
Devon juntamente com Koda se aproximaram do novo casal de namorados, logo Ângelo se afastou um pouco de Amara, mas não soltou a sua mão, ele olhava nervoso para os dois.
— Papais...
— Filho, Amara.... quero parabenizar vocês dois, felicidades para os dois. — comentou Devon animado.
— Obrigada, senhor Moore. — sorriu Amara.
— Já te falei, Amara. Não senhor Moore, me chame apenas de Devon, principalmente agora que você é da família.
— Ok. — ela riu e se aconchegou no namorado.
— Estou tão feliz por vocês dois. — Koda não se aguentou e abraçou os dois. — O meu menino já namora, meu Deus, vocês crescem tão rápido. — murmurou fazendo eles rirem. — Sério, estou muito feliz. Isso precisa de um brinde, quem concorda?
Eles assentiram concordando, nisso foram pegar as bebidas e chamaram o pessoal para participar do brinde.
— Um brinde para o mais novo casal do Rancho. — começou Koda.
— Um brinde para a nossa felicidade juntos, por ela ter dito sim, por estarmos aqui em comunhão e também para comemorar a cura da Tia Jo. — Joana estava ao lado de Veronica, as duas estavam namorando fazia três anos e nesses cinco anos, finalmente Joana se recuperou do câncer, estava em remissão, mas pelas falas do médico, estava curada. — E também do vovó poder ter os 70% os movimentos das pernas novamente. — completou Ângelo.
Thomas continuou a fazer fisioterapia por todos esses cinco anos, o que resultou nas forças em suas pernas, o equilíbrio voltou, porém ainda era difícil ficar muito tempo em pé e andar, mas ainda tinha a sua muleta e a sua cadeira de rodas, ele as via como forças para continuar a sua luta, não as via mais como empecilhos ou inúteis, as vias como amigas e também não se importava tanto como o começo, mas em voltar a ter forças novamente em suas pernas fez com que ele voltasse finalmente a conseguir andar a cavalo sozinho, coisa que amava e que no começo era difícil de ocorrer, e a montaria ajudava cada vez mais em sua recuperação.
— Um brinde a nós, do Rancho Dois Corações, do amor que nos unem e que nos fortalece. — terminou Devon. E brindaram, em seguida bateram palmas alegres e completos, aqueles momentos que tinham juntos eram únicos e sempre especiais.
Após o brinde, a comida fora distribuída e cada um voltou para o que estava fazendo. Koda logo foi ajudar Edgar e a sua tia a ajeitar os fogos, que por acaso eram os silenciosos, por conta dos animais do rancho.
O dia foi transcorrendo bem, conversas animadas, risos e cantaria, até que a noite chegou e eles se juntaram fazendo uma fileira em frente a cerca que separava a casa dos pastos e na contagem de 10 segundos os fogos foram acesos.
— Feliz dia 4 de julho! — gritaram juntos ao sinal do primeiro fogos de artifícios queimar no céu, os deixando brilhar pelas cores da bandeira dos Estados Unidos, em seguida do Texas e para a surpresa de todos, as cores do arco-íris enfeitou o céu.
Koda olhava admirado para aqueles lindos brilhos no céu estrelado, o seu sorriso já estava fazendo o seu rosto doer, mas aquilo era demais para o seu pobre coração.
— Gostou? — perguntou Devon ao pé do ouvido de Koda. Ele estava com os braços rodeados no marido, o abraçando por trás.
— Amei, esta muito lindo. Esse dia foi cheio de alegria, estou bastante satisfeito.
— Que bom! — os dois se entreolharam e se beijaram. — Eu te amo! — declarou após os lábios se separaram, os seus rostos ainda estavam próximos, dando para sentir a respiração do outro.
— Eu também te amo. — Koda suspirou. — Te amo muito.
Eles ficaram assim por um bom tempo, se olhando nos olhos, se abraçando, sentindo o corpo quente um do outro. O amor deles a cada ano crescia cada vez mais, a alegria e a união fortalecia aquele relacionamento, mas claro que nenhum relacionamento era perfeito, existiam brigas e desavenças, entretanto eles sempre resolviam as diferenças na cama, o que apimentava cada vez aquele matrimônio. Estavam casados a 5 anos, tinham um filho, um rancho e um resort para comandar e amigos e familiares para compartilhar desses momentos.
— Ah, ia me esquecendo. O Ângelo falou que você queria me mostrar algo, o que era? — perguntou o ruivo um tempo depois.
— Oh! — Devon mordeu o lábio inferior. — É mesmo, então. — suspirou. — Estou um pouco nervoso. Mas... Koda, eu conseguir, eu fui aceito na
— Eu sabia, eu sabia que você ia conseguir! Ai Meu Deus, o meu amor vai ser um universitário, meu Deus. Parabéns amor... Pessoal, o Devon conseguiu, foi aceito na Midwestern State University, não é... — antes de poder terminar a frase, o cowboy o interrompeu o beijando, o que deixou o ruivo atordoado, mas retribuiu o beijo.
O pessoal riram e começaram a parabenizar o Devon por aquela conquista. Ele tinha voltado aos estudados fazia dois anos, mas a seis meses que tomou coragem e tentou entrar no curso que tanto queria, de agricultura, a sua paixão. E conseguiu.
— Eita! — declarou Koda após o beijo terminar. As suas pupilas estavam dilatadas, ele olhou um pouco confuso, porém feliz. — Uau! Que beijo.
— Obrigado, obrigado por ter me ajudado. — o cowboy falou olhando diretamente para Koda. — Foi você que me ajudou a estudar, que me deu aulas e não me fez desistir nos momentos que eu pensei que não ia conseguir, essa vitória é nossa, obrigado por sempre estar ao meu lado, me amando, cuidando de mim e sendo esse homem incrível que é. Eu te amo 3000.
Koda entreabriu a boca e bateu no ombro de Devon. — Ah não, você não fez isso! — declarou o ruivo embasbacado.
— Eu sei que você venera a DC, mas sei que tu tem uma quedinha pelo Homem de Ferro. — piscou atrevido.
— Rumpf! Ok... ok, aquela cena me fez chorar, mas ninguém precisa ficar sabendo disso. — por fim acabou rindo. — Eu também te amo 3000. — os dois sorriram e se abraçaram.
— Vamos lá, meu homem fanático por heróis, vamos aproveitar mais esse momento em família. E amanhã quero ir com você comprar os meus materiais para estudar, estou animado.
— Eu também.
Abraçados de lado, eles se juntaram novamente aos outros, que abraçaram o Devon, o parabenizando pela entrada na universidade. E assim passaram o restante da noite, em boa companhia, compartilhando momentos e sentimentos.
Assim era o Rancho Dois Corações, um lugar de harmonia e de amor, onde as pessoas tinha um lugar para se chamar de lar, onde era aceita por ser o que era e pessoas que se apoiavam e se aceitavam. E nunca tinham um tempo ruim, pois a alegria em viver era comemorada o tempo todo, mesmo tendo vidas diferentes, porém os seus corações eram parecidos, pois o amor é universal.
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