Capítulo 30 - Date

Devon coçou a barriga enquanto bocejava, ainda estava sonolento e só queria voltar para cama e para os braços do seu urso ruivo. Amava dormir e acordar aconchegado em Koda, o fazia dormir divinamente e os pesadelos? Agora era difícil de acontecer, principalmente após enfrentar o seu pai.

— Não, me recuso estragar essa manhã preguiçosa pensando nisso. — exclamou andando para a cozinha. — Que fome da porra. — outra vez bocejou e sorriu ao ver a porta que dava para a cozinha, se apressou, pois queria pegar as sobras do café da manhã, se não tivesse, iria preparar algo para Koda e ele.

Nada do que melhor café da manhã na cama com uma companhia que o fazia rir e sorrir a cada segundo, porém Devon parou no limiar da porta assim que seus olhos bateram nas únicas pessoas dentro da cozinha, sua sobrancelha arqueou e um sorriso malicioso se abriu.

Maria estava de costas para a pia, as suas duas mãos se apoiava na beira do objeto, enquanto isso Miro, o amigo de Koda e detetive, tinha o seu corpo em frente ao dela e suas duas mãos atrás de Maria, aprendendo ali.

Os dois se encaravam de uma maneira luxuosa, dava para notar o clima de tesão ali, sem querer perturbar aquele momento, o capataz entrou de fininho e foi diretamente para a geladeira, porém os seus olhos sempre se desviando para o recente casal.

Devon nunca tinha visto a sua amiga daquele jeito, na verdade, nunca tinha visto a com alguém e estava feliz por ela, mesmo que o cara fosse um pouco, digamos, atirado, mas quem era ele para julgar?

A sua atenção logo foi para dentro da geladeira e pegou a jarra de suco, pois a mesa estava ainda com o restante do café da manhã, naquela hora o seu estômago roncou e um segundo depois passos foram ouvidos junto com vozes. Devon se virou e viu Maria alarmada, empurrando Miro e em seguida respirando fundo, ele reprimiu um sorriso, mas logo a sua atenção foi para a porta.

Koda, vestido com uma camisa, o que fez arquear a sobrancelha, entrou no recinto junto com um casal.

— Katherine. — murmurou Maria surpresa.

Agora foi a sua vez de olhar surpreso. O seu rosto esquentou e rapidamente devolveu a jarra de suco para geladeira. Santo Cristo, não era todo dia que você conhecia a sua sogra. Agora se martirizou por esta sem camisa.

— Maria Hernandez, não estou surpresa por te ver aqui, já que é a fiel escudeira do meu ex-marido. É bom te ver. — ela foi até a outra e a abraçou. — E quem são esses dois? — arqueou a sobrancelha curiosa olhando Miro e Devon.

— Mamãe. — Koda acenou e foi na direção do capataz e pegou em sua mão, o que fez Devon sorrir. — Este é Devon, meu namorado e este é Miro, lembra dele?

— Oh céus. — entreabriu a boca. — Não creio! Claro que lembraria de Miro, céus, garoto, te deram fermento?! Vem cá.

— Fermento? Isso, Kath, é correr atrás dos bandidos. — declarou rindo. Os dois se abraçaram longamente.

— Eu vi você no noticiário, fico feliz que esteja indo bem, só me pergunto do porque está aqui, nesse fim mundo... mas depois me explica, agora, quero conhecer o meu genro. — ela sorriu e em seguida olhou para Devon.

O capataz engoliu em seco e sorriu amarelo.

— Olá. — disse ela se aproximando.

— Olá, é um prazer conhece-la, senhora!

— Digo o mesmo. Pode me chamar de Kath, só me pergunto do porquê... — ela olhou de Koda e para ele com um olhar de indagação.

Koda suspirou e deu de ombros.

— Sinto muito, como assim?

— Não importa... oh, quero que conheçam o meu marido, desculpa Pedro. É que fazia anos que não pisava aqui. Este é Pedro Oliveira, meu esposo, ele é brasileiro, mora aqui faz uns dez anos, né querido?

— Sim, amor. — ele sorriu. — Koda, é tão bom te ver. Te trouxe presente do Brasil, estávamos na Amazônia, por isso que não deu para entrar em contato antes. E é um prazer conhecê-los. — disse simpaticamente.

— Oh, Pedro. Não precisava. Vocês já comeram?

— Na verdade não, paramos em um hotel antes, porém não deu tempo... Wichita não saiu da mesma desde que saí daqui. Lugarzinho fim de mundo. — exclamou revirando os olhos.

— Pois é... bem, sentem, ainda tem comida, os vaqueiros ainda não vieram comer... acho que estão de ressaca. — comentou Maria acenou para a mesa e os fazendo sentar.

— Ressaca? Mas hoje é de dia semana. — disse Kath sem entender.

— É que ontem tivemos uma comemoração, por isso que acordamos agora. — exclamou Koda apontando para Devon e ele. — E acho que papai ainda não acordou.

— Thomas... soube do acidente, como ele está? E na verdade, queria conversar contigo, Koda, de como você veio parar aqui.

— Ora mamãe, eu que quero conversar com a senhora sobre do porquê esconder o meu pai de mim.

— Eu não escondi. — deu de ombros. — Só não queria que minha vida antiga me perturbasse.

— Não te perturbasse? Mas essa sua antiga vida é o meu pai e a senhora sabe que sempre quis saber dele, mas as mentiras que me disse....

— Foram para o seu bem, pois como seria sua vida? A gente morando em Nova York e ele aqui, não. Foi melhor assim.

— Melhor para quem, Katherine? Melhor para você? Pois para mim e meu filho não foi melhor, foi terrível. — comentou Thomas entrando na cozinha com Mattos atrás comandando a cadeira de rodas.

— Ora, ora. — Kath sorriu. Ela se levantou e fitou o ex-marido. — Thomas, não mudou nada.

— E você continua a mesma, só de cabelos curtos. — retrucou Thomas. — Agora quero saber do porque me dá a honra da tua presença?

— Soube que Koda estava aqui, vim visitá-lo e saber como isso aconteceu, pois tínhamos um trato.

— Trato esse, mamãe, que me privou de conhecer o papai.

— Koda, por favor, ninguém te chamou na conversa. — exclamou com os lábios franzidos. — E acho melhor nem pensar em pegar esses bacons, já se viu no espelho, querido? Ou não lembra do que falei? Por favor, você já está gordo, quer exagerar? Melhor, quer perder o Devon?

— Sinto muito, senhora... como assim? O que tem ele comer para a gente se separar? Eu conheci o Koda assim e gosto dele do jeito que ele é, e não é eu ou ninguém que o fará mudar. — declarou Devon seriamente. — Koda é gordo, sim, mas e daí? Ele é lindo e sou sortudo em ser o namorado dele.

Koda ao ouvir as palavras do namorado entreabriu a boca surpreso e olhou encantado para Devon. — Amor?

— É isso aí, doçura! E não sinto muito se a ofendi de algum modo, senhora, mas só queria deixar bem claro isso.

Katherine suspirou e deu de ombros. — O gosto é seu, não posso fazer nada. Só desejo boa sorte que ao invés dele querer sexo vai querer uma fatia de bolo de chocolate.

— Mamãe, quem disse a senhora que a minha pessoa recusaria sexo? Melhor ainda, sexo com chocolate, meus favoritos juntos... acho que devemos testar, amor. — ele sorriu malicioso e cutucou Devon nas costelas o fazendo rir.

— Nossa senhora. — negou com a cabeça e se virou. — E ah, quem é você? — arqueou a sobrancelha ao ver Mattos colocando Thomas próximo a mesa e depois pegando em sua mão. Ela franziu o cenho pelo ato, principalmente pela aliança reluzente no dedo anelar.

— Acho que não fomos apresentados. — disse Mattos se afastando e em seguida ergueu a mão. — Eu sou Mattos Callum Bernard, noivo de Thomas, é um prazer conhecê-la.

Katherine soltou uma leve risada e apertou a mão. — Não estava enganada, uma fruta não cai muito longe da árvore, agora sei do porquê do meu filho ser assim. É um prazer conhecê-lo.

[...]

Maria se sentia nervosa, sabia que era tolice, principalmente que não era a sua primeira vez em um encontro, porém fazia anos que tinha um, na verdade, contava em uma mão nos encontros que foi.

Sua vida de relacionamentos era pobre, por assim dizer, sempre foi tímida e receosa em se envolver com alguém, mas ali estava ela, se arrumando para ir jantar na cidade com um homem que poderia ter a idade de teu filho, coisa que não tinha.

Ela suspirou ao se olhar no espelho, seu coração estava acelerado, quase saindo pela boca. Estava usando um vestido de cor vinho, que ia até no meio das coxas, de alça e não tinha decote. Para completar o look, usava brinco e colar que nem sabia que tinha, pois achara em meios a nécessaire, mas era bonito.

Os seus cabelos castanhos avermelhados estava solto, com um balanço que amava. A sua face não tinha muita maquiagem, optou só de usar um batom vermelho, lápis de olho e um rímel, mas já estava achando que era um exagero.

— Maria Hernandez, se controla, mulher. É só um jantar, nada demais, isso com certeza vai mandar o Miro para bem longe, pois quem quer um relacionamento com uma mulher mais velha? Uma mulher velha e caipira. — ela mexeu nos cabelos e tentou uma pose sexy, contudo aquilo a fez rir. — Céus, pareço que tenho 16 outra vez, no meu primeiro encontro com Martinez.... Primeiro encontro trágico. — franziu o cenho ao recordar.

— Toc, Toc, posso entrar? — indagou Koda do outro lado da porta.

Maria acabou pulando de susto, mas respirou fundo e assentiu. — Claro, está aberta, entre, querido.

— Uau. — foi a primeira coisa que o ruivo falou ao entrar no recinto. — Meu Deus, que mulherão. Céus, é isso que tudo que você esconde detrás de um avental? Santo Batman, Maria. Você é linda, mas toda produzida... Miro vai enlouquecer. — disse se aproximando.

Ela riu envergonhada. — Obrigada... mas não está tudo um exagero? Acho que é melhor eu tirar o batom, não sou muito chegada...

— Nem pensar, está formidável. Simples, elegante, sexy e maravilhosa. Um arraso.

— Assim você me deixa sem jeito. Mas obrigada. E então, queria falar alguma coisa?

— Na verdade não, só queria fugir da minha mãe. — revirou os olhos. — Não sei porque ela está aqui.

— Por sua causa? — ergueu a sobrancelha.

— Nem pensar. Ela quer alguma coisa ou só queria saber de como vim parar aqui. Pelo menos o Pedro é gentil, me comprou várias coisas do Brasil, doces... meu Deus, depois te dou para experimentar.

— Oh, quero sim, obrigada. Será que os doces de lá é bom? — indagou curiosa.

— Olha, eu peguei um da sacola que ele trouxe, é um tal de pé... "pé dé mouleque". É duro e feito de amendoim, amei totalmente. — declarou dando ênfase.

— Já quero. — Maria andou para o outro lado do quarto e pegou a bolsa preta. — Acho que já está na hora.

— Oh sim. Vamos lá, quero ver isso acontecer. — Koda bateu as mãos animadamente a fazendo rir. — Espero que o Senhor Miro a honre e a leve para o melhor restaurante daqui.

— Não precisa ser o melhor restaurante, na verdade. Só basta ser um lugar calmo e que dê para conversar.

— Olha ela, gostei. — Koda a cutucou e em seguida ergueu o braço. — Me acompanhe, madame!

Maria riu, fez o que o ruivo pediu e assim os dois saíram do quarto e seguiram para a sala. Lá encontraram Mattos, Thomas, Kath e Pedro, todos conversando, mas pelo clima, não estava muito amistoso, a não ser Pedro, que por acaso conversava numa boa com Mattos, ignorando o clima de sua esposa com o ex-marido.

— Meu Deus do céu, quem é você e o que fez com Maria? — exclamou Thomas chocado.

— Ah Thomas, por favor, né. — disse envergonhada.

— Mas o quê? Falei a verdade, você está ainda mais linda. Estou ansioso para ver a cara de Miro ao te ver.

— Ele vai pirar. — declarou Koda. — Cadê o Devon?

— Saiu com Fred para o barracão. E o Miro, vem de que horas? — Mattos perguntou.

— Ele disse umas setes, já são seis e quarenta. Não deve demorar muito. — Maria conferiu o relógio da sala. Na mesma hora escutaram batidas vindo de fora. — Acho que é ele. — ela olhou amedrontada para a porta, na mesma hora Koda foi até ela e apertou levemente sua mão.

— Não entre em pânico, Miro é um cavalheiro, às vezes meio atirado, mas é o jeito dele.

— Oh não, querido, não é isso que eu tenho medo ou coisa do tipo. É que faz anos que sair para jantar com um homem.

— Ah, então só relaxe, ok?! Quer que eu atenda a porta? — inclinou a cabeça para o lado.

— Não precisa, obrigada... eu mesma irei.

Ela respirou fundo e abriu um sorriso confiante. Com passos firmes e tentando não tropeçar, ainda bem que o salto que pegou era pequeno e não fino, por sinal era confortável e fazia com que ficasse um pouco alta. Ao chegar perto da porta contou até três e abriu, na mesma hora foi surpreendido por um enorme buquê de flores coloridas.

Um sorriso se fez.

— Miro? — falou suave.

Miro abaixou a mão o revelando, ele a olhou intensamente boquiaberto.

— Er, Miro? — ela insistiu.

— Estou no céu, é isso? Que anjo. — murmurou ele encantado.

— Céus. — Maria riu e balançou com a cabeça. — Entra.

— Na verdade, melhor irmos, mas antes... é para você. — ele entregou o buquê. — Espero que goste.

Maria sorriu, ao pegar as flores ela aproximou um pouco e as cheirou, fechando os olhos, sentindo o delicado aroma delas. — Obrigada, mesmo! Eu amei.

— Fico feliz que tenha gostado. Agora me dá a honra de me acompanhar?

— Claro... Oh, pessoal, até depois.

— Tchau, demore o quanto quiser. — exclamou Thomas. — E Miro, se comporte.

— Mas é claro que irei me comportar. Só iremos jantar e conversar, como bons amigos e quem sabe... — ele encolheu os ombros com um sorriso de lado no rosto.

— Céus... tchau pessoal. Vamos Miro. — afobada acenou freneticamente e em seguida puxou Miro para fora da casa.

— Espera, deixa guardar as flores para não murchar. — disse Koda os seguindo.

Maria de prontidão entregou o buquê e por última vez se despediu, assim seguiu Miro, que abriu a porta do carro para ela entrar. Koda ficou no limiar os observando sair.

Após vê-los indo embora, com o buquê em mãos, ele entrou e foi diretamente para a cozinha, atrás de pegar um vaso e encher de água.

— Então, Koda, como você realmente está? — Katherine falou de repente, fazendo com que o ruivo pulasse de susto.

— Santo Batman! Quer me matar do coração? Quase que o vaso ia junto. — declarou suspirou e empurrando o vaso para o meio da mesa. — O que a senhora quer? — ele se virou e cruzou os braços a fitando no rosto.

Katherine colocou a longa franja loira para trás da orelha e deu de ombros. — Só entender tudo isso. Pois que bem me lembro você não tem cara de morar no interior ou viver em um rancho que lida com gado. Na verdade, nunca te vi fazer tal coisa.

— Eu também não, mas o papai me fez fazer um trato, de que ficasse por seis meses para ver o que dava, acabei gostando.

— Acho que entendi. Só isso mesmo para te fazer ficar aqui. — ela sorriu. — E quando esses seis meses acabam?

— Na verdade, já acabaram. Esse mês completou os seis meses.

— E qual foi a sua decisão?

Koda encolheu os ombros. — Acho que isso não te interessa, não é da sua conta. Vou para a sala. — ele começou a andar, porém foi parado pela Katherine.

— Koda Harris, eu sou sua mãe, responda-me.

— Oh Céus, mãe! O que isso tem a ver com você? Posso saber? — ergueu a sobrancelha se virando.

— Ah, acho que já descobrir sua resposta. Você não vai ficar, foi o que imaginei. Só não quer dizer para não magoar o teu papito. Pobre do Thomas. — ela riu e apertou sua bochecha. — E nem pense pegar aquele bolo da geladeira, tá muito gordo para comer hora dessa.

— Mãe! — ele reclamou.

— Estou falando a verdade. Vamos lá, já, já tenho que pegar a estrada para ir para o hotel e depois ir visitar meus pais... você já os conheceu?

— Digamos que sim. — suspirou.

— É, acho que eles foram a linha pastores em você. — deu de ombros. — Minha vida toda aqui foi assim, por isso que fugir. Mas vamos lá, gorduchinho!

Koda revirou os olhos, mas a seguiu para a sala, estava tão absorto que nem percebeu uma presença na porta da cozinha. Devon que tinha acabado de chegar do barracão, parou assim que ouviu a conversa, não entrou pois sabia que os dois precisavam conversar, mas se arrependeu amargamente de ter escutado.

Ele fechou os olhos e escorou sua cabeça na parede, suas mãos fecharam em punho. — Por que ficaria surpreso? Já era para ter me acostumado. — riu sem humor. — Todos me deixam.... mas porque dói mais do que as outras vezes?. — Devon abriu os olhos e virou o corpo direcionando o olhar para os campos.

[...]

Maria riu pela centésima vez naquela noite, o seu primeiro encontro com Miro estava indo uma beleza. O detetive tinha escolhido um restaurante que tinha recém aberto na cidade, era a sua primeira vez ali, o espaço era elegante e sofisticado, o que dava um ar romântico ao redor do ambiente.

Ela nunca se divertiu tanto que nem agora, Miro além de ser um maravilhoso cavalheiro, era um ótimo comediante, cada situação que ele falava era uma pausa para rir. Além disso, os dois conversaram sobre várias coisas, Maria falou de como era morar no rancho, como foi sua vida desde criança até agora e Miro contou as suas aventuras como um policial e em nenhum momento ele a deixou desconfortável, ao contrário, fez de tudo para que aquela noite fosse perfeita para ela.

— Meu Deus, não acredito que tu fez isso... pobre do cara. — declarou gargalhando. Ela limpou o rosto, quando ria muito, acabava chorando. — Céus, nunca ri tanto em minha vida.

— Pobre do cara? E eu? Tive correr a Time Square sozinho, cada passada era um esbarrão.

— Oh, pobre de você. — zombou.

— Alá, me zoando. — ele riu. — Mal sabe que se continuar assim, me apaixono de vez. — em seguida piscou.

Maria balançou com a cabeça rindo, o seu rosto esquentou. — Céus... mas bom saber disso. — ela pegou a taça de vinho e ergueu um pouco como se brindasse.

— Maria, não brinca com esse coração.... Na verdade, continue, minha querida, ele gosta de sofrer.

— Oh Miro, só você mesmo. — sorriu doce.

— Mas falando sério, estou muito feliz que tenha aceitado o meu convite. Essa noite está sendo incrível, tudo graças a você. — o detetive enquanto falava levou a sua mão de encontro a mão de Maria a que estava em cima da mesa. — Você, minha bela dama, é uma mulher sensacional, obrigado por me dar a honra de tua presença!

Maria por sua vez virou a mão e entrelaçou as duas. — Eu que agradeço por me convidar, faz tempo que não saio assim e você....

— Por favor, não pense na minha idade. Posso ter 26 anos, mas sei muito bem o que quero e o que faço. E Maria, eu quero você, quero poder te enamorar, se você permitir. Posso ser mais novo, mas é só um detalhe. Dê-me uma chance.

— Oh querido. — sorriu de lado. — Vamos ver o que isso dá, ok? Nesse momento estou amando tudo isso, gosto da tua companhia.

— Tão bom ouvir isso... oh, merece um brinde.

— Um brinde? — ergueu a sobrancelha.

— Lógico, estou conquistando a mulher da minha vida, uai, tem que ter um brinde para comemorar.

— Não é para tanto. — declarou rindo.

— Sim, Maria, é; Quando te vi com Koda aquele dia, os meus olhos só foram para ti e depois você começou a falar e minha atenção era só sua. Estava nem me importando com Koda, que por acaso é um grande amigo meu. Você roubou o meu fôlego e a cada momento está roubando meu coração... e o meu estômago.

— Estou sem palavras. — disse envergonhada.

— Um brinde? — acenou com a outra mão.

— Ok. — cedeu. — Um brinde para o melhor encontro e para a melhor companhia que um dia poderia sonhar.

— Você não joga limpo, tô dizendo. Depois não reclame quando cair apaixonado por você.

Maria só fez rir e levar sua taça de encontro a outra. Em seguida bebeu do líquido carmesim, com o olhar firme em Miro e sua outra mão entrelaçada com a dele.

Um tempo depois, já na sobremesa, após conversarem e flertaram, Maria perguntou de como ele tinha conhecido Koda e o olhar dele a fez ainda mais curiosa.

— Ok, quando você escutar, pense que eu era um cara imaturo, que não teve culpa com o que aconteceu, mas disso saiu uma bela amizade e foi daí que passei a morar com Koda.

— Ok. Jesus, o que você aprontou?

— Bem, tudo começou quando uma ficante minha acabou fazendo uma surpresa, além de ficante, ela era namorada do grandalhão, que era capitão do time de futebol americano, só que eu não sabia...

........

— Patty, por favor, eu tenho que terminar isso daqui...

— Oh, bebê. Vamos, vai ser ultra maravilhoso. — declarou a loira alegremente. Ela puxou o seu braço, fazendo com que tropeçasse. — Vai ser só nós dois e poderemos ficar distante e....

Ok, aquilo sim era interessante. Miro passou o braço em cima do ombro dela e sorriu malicioso. — E o quê, querida?

— Você sabe muito bem. — riu escandalosamente. — Só posso dizer uma coisa, amor, você vai amar. — piscou. — Principalmente esse bebê aqui. — ao falar ela levou sua mão para cima da sua virilha, naquela hora o seu pau acordou.

Miro riu e a beijou no pescoço. Os dois estavam indo para os dormitórios, porém uma voz grave chamando o nome da loira os fizeram parar.

— Patty, que, quê isso? Posso saber?

Miro arregalou os olhos e se virou dando de cara com capitão do time de futebol, mais conhecido como Rank, o grandalhão.

— Amor. — Patty se afastou e abraçou ele. — O que está fazendo aqui, bebê? Pensei que estava treinando.

— E quem é esse cara? Porque está agarrado a ele... melhor, o que você pensa que está fazendo, seu imbecil, agarrado com a minha namorada? — Rank empurrou Patty de lado e partiu para cima de Miro, que ficou branco que nem papel.

— Oh.... e-eu... estávamos comentando sobre os últimos lançamentos da Vogue. — respondeu rapidamente. — E da Prada. Aquelas bolsas, meu amor, são divinas e mataria por uma.

— Miro? — Patty ergueu a sobrancelha.

— Oh. — Rank se afastou. — Mas pensei...

Miro fez cara de surpreso. — Não me diga que pensou que eu estava pegando a tua mina? Logo a sua mina? Por santa Cher, se fosse hétero não faria tão absurdo. Além de ser hétero, uma coisa horrível de ser, pegaria tua mina? Está brincando com a minha cara? Não que a Patty seja bonita, oh não, ela é minha melhor amiga e a mais gostosa, olha esse corpo... — por um segundo ele se perdeu olhando as curvaturas da loira, que sorriu safada para si. Mas logo voltou a si quando viu o olhar suspeito de Rank. — Além do mais, eu estou oficialmente comprometido, querido. Se não, eu era quem ia atrás de ti, porque senhor, olha esse corpo. — declarou mexendo com as mãos e olhando de cima baixo Rank.

O capitão deu um passo para trás e sorriu amarelo. — Ah... quem é seu namorado? Conheço?

Puta merda. No que acabei de me meter? Pensou Miro sorrindo. — Você conhece sim. — o seu olhar rodeou o campus e por segundo jurou que viu uma sintonia de anjos cantando. — Claro que você conhece, todos os conhecem, é o ursinho do campus. Amor. — ele acenou freneticamente a mão. — Kodinha, bebê! Aqui.

Koda, um cara que cursava contabilidade se virou confuso. Ele usava uma jaqueta do Batman e em suas mãos tinha uma revistinha de quadrinhos. — Oi? Falou comigo? — disse enquanto ajeita o óculos no rosto.

— Mas é claro, amor. — foi de encontro a ele. — Como estava com saudades. — Miro o abraçou de supetão e em seguida sussurrou em seu ouvido. — Pelo amor de Zeus, me ajuda, só finja.

— Eu não sabia que o urso estava namorando. — disse Rank em zombaria.

Koda arregalou os olhos e se afastou. Miro pensando que o seu plano iria falhar se surpreendeu ao sentir uma tapa em sua bunda e o abraço do ruivo em sua cintura.

— É que não queria que ninguém colocasse o olho gordo. Pois não é todo dia que a pessoa namora um grego, não é amor? Olha esse corpo... meu senhor amado... É um sonho molhado. Mas então, bebê, o que estava fazendo aqui, posso saber?

— Er. — Miro tinha sua face corada. — Só passeando com a Patty, você a conhece?

— Mas é claro, todos SABEM que ela é a namorada de Rank. — o seu olhar foi para o grego e mexeu com as sobrancelhas.

Menos ele. — Pois é... bom, acho melhor irmos, né? Deixar os pombinhos

— Oh não, só estou curioso como vocês se conheceram e começaram a namorar. Não que você, Koda, não seja bonito, mas pensei que era tímido.

Koda riu. — Besteira, foi o meu bebê aqui que me achou, não foi? Estava em um evento de quadrinhos e lá estava ele, ao lado da HQs de super heróis, o homem dos meus sonhos. Principalmente quando ele era o único fantasiado de Robin.

Rank acabou caindo na gargalhada. — Sério? Preciso de uma foto disso, mas acho melhor irmos, amor e deixar os dois pombinhos ai.

Patty que olhava tudo aquilo com irritação assentiu. — Vou sim, mas antes quero ver os dois se beijando.

— Margente. — declarou Koda estupefato. — Sinto muito, querida, mas não estamos no zoo para sermos observados....

— Patty, bebê, deixa eles, mas seria bom ver isso, assim teríamos a certeza que estavam namorando mesmo.

— Não estamos fingindo, só que o meu ursinho não gosta de se exibir, mas... — Miro sem pensar, pegou no queixo de Koda e aproximou, ele viu a surpresa e o choque nos olhos do ruivo, mas seguiu, o beijando.

No começo era só os lábios se tocando, mas Koda acabou abrindo a boca e as línguas entraram em sintonia.

— Cristo, eles estão se engolindo... vamos sair daqui. — Rank exclamou.

— Mas... — Patty falou, porém logo se calou.

Os dois ficaram assim por longo tempo, até que se afastaram relutante. — Ok, acho que sou gay. — exclamou Miro sem fôlego. — Ursinho, tu é um beijador.

— Ok. Que foi tudo isso? Quem é você e qual é teu nome? E ah, está me devendo uma. — falou Koda ofegante.

........

— Jesus cristo amado. — Maria falou rindo. — Não acredito nisso... meu Jesus. Só você mesmo.

— Minha vida é uma loucura e uma dessas conheci um amigo especial. Esse dia foi louco.

— Coloca loucura. Como você fez depois? E aí, foi para o outro time? — ergueu a sobrancelha.

— Então, eu cogitei, mas só percebi isso quando beijei outro cara e vi que só tinha gostado de beijar o Koda, mas não iria rolar, éramos como irmãos e também ele não queria nada comigo, pois de acordo com o próprio não queria um caso com um hétero enrustido galinheiro. — deu de ombros. — Mas não importa mais, não homens ou outras mulheres, só você.

— Se Devon ouvir isso... E senhor Miro, você tem um jeito com as palavras.

— Deus me livre. Esse daí com certeza me mataria. E eu não tenho jeito nenhum, só disse a verdade. — piscou. — Oh, quer pedir mais alguma coisa? — indagou quando viu Maria já sem sobremesa.

— Oh não, estou cheia. A comida estava maravilhosa. Acho que devemos ir. — ela olhou ao redor. — E acho que está perto de fechar, só tem mais dois casais aqui.

— Verdade.... Quer ir para outro lugar? Andar? Ou voltar para o rancho? Você decide. — falou acenando para o garçom. — A conta, por favor.

— Preciso acordar cedo, mas não quero que isso acabe.

— Eu também não quero. — ele sorriu doce. — No caminho a gente decide.

Após pagar a conta, eles saíram de mãos dadas do restaurante, o ar frio da noite os acalentou. Maria sentiu um arrepio, em seguida Miro tirou o blazer e colocou em seus ombros a fazendo sorrir.

— Vamos, querida! — ele abriu a porta do carro para ela e a esperou subir, em seguida correu para o outro lado. — Acho melhor irmos para o rancho. Já está tarde, mas se você quiser, podemos ficar um pouco na varanda, lá tem um balanço muito confortável.

— Ok, vamos lá. — os dois se entreolharam com um olhar conhecedor.

Miro colocou uma música suave para matar o tempo, no meio disso ele acabou ficando de mãos dadas com Maria, não era seguro dirigir só com uma mão, mas a estrada estava deserta e adorava sentir a maciez da mão dela na sua, além de ver o seu sorriso e olhar tímido.

Logo estava chegando no rancho e viu que as luzes estavam apagadas. — Está um silêncio absurdo aqui fora, só os grilos cantando... ainda bem que deixaram a luz da varanda acesa. — disse ele subindo as escadas.

— Sim. — ela andou até o balanço e se sentou. — Agora vem cá, senta aqui. — ele de prontidão a seguiu e se sentou. — Obrigada por esse jantar, foi maravilhoso.

— Não precisa agradecer, eu que tenho que dizer obrigado mais uma vez por tudo. — Miro se virou e acariciou o seu rosto. Maria por um segundo fechou os olhos e aproveitou da carícia. — Tão linda e formosa. Uma deusa.

— Assim você vai me deixar sem jeito. — disse envergonhada.

— Oh, bela. Adoro te olhar.

— Só olhar? — ergueu a sobrancelha.

— Oh céus. Assim você quer me mata do coração.

Maria riu e pegou a mão que estava em seu rosto e entrelaçou os dedos. — Eu amei essa noite, Miro. Amei mesmo.... eu... — ela se aproximou-se fechando os olhos, logo seus lábios se encostaram, Maria soltou um suspirou e em seguida o detetive tomou como para seguir em frente e aprofundou o beijo.

Miro levou a outra mão para o seu rosto suave e acariciou, sentindo a maciez e a formosura doce de sua boca. Maria por sua vez se derreteu, fazia tempo que tinha tocado em outro alguém, que fora beijada, porém sabia que era diferente de todas as vezes que beijou, Miro era diferente.

Eles ficaram um bom tempo assim, se beijando, trocando olhares, conversando até chegar a madrugada. Aquele momento fora único para ambos, Miro nunca se sentiu completo e feliz com outro alguém, a cada palavra que Maria dizia era um sorriso em seu rosto e a cada toque de seus lábios era um suspiro retirado e o seu coração batia descontroladamente.

— Está tarde... — murmurou Miro ofegante. — Não quero te deixar, mas não quero te fazer acordar mal hoje de manhã.

— Então não me deixe. — sussurrou Maria com o rosto próximo ao do detetive. — Vem comigo...

— Oh, eu quero, mas também quero fazer o certo, te mostrar que quero mais do que isso, quero que isso seja sério.

Maria sorriu. — Eu sei e eu entendo, mas Miro, somos adultos e não precisamos fazer nada, está tarde como você mesmo disse e não quero que volte sozinho nessa estrada deserta. Venha. — levantou e ergueu a mão na direção dele. — Por favor?

— Maria, minha bela... ok. — ele pegou em sua mão e a beijou, se levantou e a seguiu para dentro da casa.

Maria o levou para o seu quarto seguindo o rastro da luz da lua pela janela, ao chegar, ela pegou sua roupa de dormir e seguiu para o banheiro, dando privacidade para ele se ajeitar e para se trocar.

Estava um pouco nervosa, mas sabia que não iria rolar nada e estava feliz assim. Após se trocar voltou para o quarto e parou no mesmo instante ao vê-lo sem camiseta. — Oh Céus.

— Maria, por acaso tem alguma... Oh céus. — agora foi a vez dele de ficar boquiaberto. Ela usava uma linda camisola preta de seda, que ia até em cima do joelho e tinha um pequeno decote. — Ok... e-eu... er...

Ela sorriu e assentiu. — Sim, eu tenho escova de dente ainda com pacote fechado, pode entrar. — disse se afastando, porém ainda estava do lado da porta.

Miro ainda percorrendo o olhar em seu corpo, das curvas e formosura, assentiu e começou andar, contudo ao chegar no limiar da porta, ela o parou, levou a mão para o seu peito musculoso e a outra para o seu pescoço, o puxando para baixo, assim, ela o beijou.

Os seus braços a rodearam, sentindo a textura de seda da vestimenta em sua pele quente. Miro a apertou em seus braços, o beijo continuou profundo e um pouco erótico, mas relutante se afastou, ainda zonzo assentiu e entrou no banheiro. Depois que escovou os dentes e jogou uma água em seu pescoço ele voltou para o quarto e a encontrou deitada.

— Qual lado você dorme? — indagou ela tímida.

— Qualquer um. — disse ele se aproximando. Mas antes apagou as luzes e se enfiou na cama, ficando do lado direito.

Os dois ficaram de frente e na penumbra da noite ele a admirou e em seguida a beijou, puxando para o seu corpo. Eles ficaram assim, corpos colados, se beijando e se tocando, não houve nenhum sexo, mas não se importaram, principalmente Miro, pois só de ter ela ali, em seus braços, o beijando o fez feliz e teria muito tempo para avançarem, já que faria de tudo para que Maria fosse dele, que fosse sua parceira.

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