Capítulo 28 - Nova York

Koda suspirou, era mais um dia de trabalho. Sentia-se esgotado, porém o pensamento de estar progredindo e fazendo algo de útil o fazia esquecer dos problemas que estavam acontecendo, mas não era sempre, como hoje. Ver Mattos cabisbaixo, Maria calada e Devon sério, partia seu coração.

— Ei, Koda.

O ruivo que estava escorado na parede da construção do resort, se virou dando de cara com Mattos.

— Ei. — sorriu de lado.

— E aí, como anda a construção? Acabei de chegar. — declarou parando e cruzando os braços.

— Cara, acho que não vai demorar muito para terminar, todas as paredes estão erguidas, estão colocando as cerâmicas e fazendo o teto. Falta só comprarmos os móveis e a decoração.

— Sim. Verdade. — olhou ao redor. — Eu já sei onde iremos comprar os móveis, mas a decoração temos que pensar em uma que combine, meio country e moderno.... e sabe, ano passado eu encontrei um pintor que poderíamos encomendar umas artes para resort, o que acha? Ele tem vários quadros de lobos, natureza e tals, bem bonitos, além de esculturas de barro que remetem aos povos indígenas.

— Pode ser. — assentiu. — Você poderia me mostrar como são esses quadros? Assim eu poderia ver onde encaixar e tals.

— Tenho o site dele, ai depois te passo... então, mudando de assunto. — Mattos arranhou a garganta. — Alguma novidade do caso? O que advogado falou? A fiança....?

— Oh. — sua expressão se tornou séria. — Ainda nada, o advogado falou a mesma coisa, estou pensando em mudar, pois esse está meio que fazendo nada e nada do juiz aceitar a fiança.

— Merda! — exclamou irritado. — O que há com essas pessoas? Estão mantendo em prisão um inocente que foi mais vítima que todos. A justiça às vezes é cega, surda e muda.

— Isso mesmo. Estou sempre ligando para lá e indo para a delegacia, mas parece que não adianta, e só de pensar o meu pai preso sendo vítima disso tudo... eu sei que iremos mostrar a todos que ele é inocente e logo estará aqui, com a gente, principalmente, com você... Olha, Mattos, vem cá. — acenou. — Eu sei da verdade.

Mattos franziu o cenho, mas o seguiu. — Que verdade? — perguntou assim que Koda parou em uma ala do resort.

O ruivo sorriu de lado. — Que você e meu pai são... amantes.

— O-o quê? — indagou surpreso.

— Isso mesmo, eu sei que você e meu pai são namorados e faz bastante tempo que estão juntos.

— Ele te disse? — franziu o cenho.

— Na verdade, não.

— Mas como descobriu?

— Ele só disse que estava com alguém, que eram almas gêmeas, mas não disse quem era, perguntei se era Maria, ele negou e então só veio você na minha cabeça e é isso. — declarou dando de ombros.

— Uau!

— Pois é... eu estou feliz por vocês dois, só que ainda não entendi por que ficam escondendo.

— É complicado... — assim Mattos explicou um pouco sobre o relacionamento dele com Thomas. — E é por isso que escondemos há 26 anos que estamos juntos, porém ele disse que logo iria acabar isso.

— Deve ser difícil para você, principalmente agora com meu pai preso.

— Sim. — suspirou. — E daqui a duas semanas é meu aniversário e desde que ficamos juntos esse dia passamos um do lado do outro, não teve um dia que ficamos longe, eu amo o seu pai e faria tudo por ele. Fico feliz que você nos aceita.

— Mattos, é claro que eu aceitaria. Não é todo dia que o seu pai é gay e namora um cara gostoso. — declarou o fazendo rir. — É sério, na primeira vez que te vi, eu te sequei... caraca, eu sequei o meu padrasto. — arregalou os olhos. — Meu Deus!

— Só você mesmo. — disse rindo. — Você é demais, Koda.

— Nah. Eu tento. — deu de ombros sorrindo. — Mas estou muito feliz, ter você de padrasto e saber que você ama meu pai é maravilhoso, bem-vindo a família. — ao terminar de falar o ruivo o puxou e o abraçou. — E logo papai estará aqui.

— Obrigado, é uma honra escutar isso de você. E sim, logo o Tom estará, eu espero realmente.

— Ele estará, nem que para isso eu vá até o juiz eu mesmo. — disse se afastando depois do abraço. — Não sei porquê de tanta demora, queria ter alguma amizade de dentro para saber como está, porém.... Alguém de dentro... Oh céus. — arregalou os olhos.

— O que está falando, Koda?

— Porque não pensei nisso antes? — murmurou mordendo a unha do polegar. — Mattos, por favor, fique aqui, eu lembrei de algo, volto logo.

Sem entender, o fazendeiro assentiu. — Ok, vai lá!

Koda sorriu hesitante e começou a andar para fora do local.

— Merda, não acredito nisso... Miro, eu preciso de você.

[...]

— Ei, doçura. — Devon ao entrar na cozinha o cumprimentou. — Alguma novidade? Por que me chamou?

— Amor... Vem cá. — acenou para a mesa onde estava sentado. — Preciso falar com você sobre algo.

— O que foi? — indagou se sentando. — Maria. — a cumprimentou.

— Querem alguma coisa, queridos? — perguntou ela.

— Não, obrigado. — responderam. — Pode se sentar Maria. — Koda apontou para as cadeiras. — Eu tenho algo para falar e preciso da opinião de vocês.

— O que é? Pode contar, bebê!

— Então, estava falando com Mattos agora pouco e me veio uma lembrança e uma ideia na minha cabeça, sobre ter alguém de dentro para saber como está o caso e o que falta para inocentar o meu pai, então lembrei de um colega meu de faculdade, que acaso se tornou o melhor detetive e perito criminal de Nova York, o Miro Stravos.

— E como fará para que esse Miro faça isso? — indagou Devon.

— Bem, ele está me devendo um favor, mas ele só poderia me ajudar se eu fosse para Nova York, encontrar com ele. Se ele ainda for como era na faculdade, só indo pessoalmente para cobrar esse favor. Então, você vai comigo?

— Bem, não posso deixar o rancho sozinho, amor. Se nós dois sair, não vai dar certo.

— Oh...

— E o Mattos?

— Mattos precisa ficar por causa do Resort e cogitei ir sozinho, mas preciso de outra pessoa também para convencê-lo a fazer isso, pois o Miro é teimoso que nem uma mula, mas está bem, irei sozinho e farei ele vir.

— Ou eu posso ir também. — comentou Maria erguendo a mão.

— Sério? Mas e a comida dos vaqueiros? — Koda perguntou.

— Peço que umas das mulheres façam, elas irão entender. Agora para quando é essa viagem? E do que eu preciso para usar lá?

Koda sorriu. — Não se preocupe, você vai amar Nova York.

[...]

— Ok, quando você disse que eu amaria Nova York, em qual momento isso iria acontecer? — indagou Maria se tremendo por conta do frio.

— Então, não sabia que você não era fã de frio, vamos lá. Estamos perto de chegar no meu apartamento. — comentou tirando duas bolsas do táxi. — Vamos torcer para que o elevador esteja funcionando.

— Então era aqui que você morava? — indagou olhando para o prédio de dez andares. — Uau!

— Sim. Morei aqui desde que comecei a faculdade, esse foi meu lar até Devon vir de madrugada dizendo que eu tinha um pai. Faz cinco meses desde esse dia. — falou suspirando e relembrando aquele acontecimento. — E saber que cinco meses depois estaria namorando aquele Cowboy, teria um infarto naquela manhã.

Maria começou a rir e o puxou para um abraço. — Oh querido, só você mesmo. Acho melhor entrarmos antes que congele aqui fora.

— Oh sim. Vamos. — acenou e com as duas malas em mãos Koda esperou Maria abrir a porta e entrar no seu antigo prédio.

E para a sua surpresa encontrou o seu porteiro favorito, Jaron, que ao vê-lo olhou e sorriu surpreso.

— Ei, senhor! — acenou. — Como está? Faz tanto tempo.

— Senhor Harris, que bom revê-lo. Pensei que tinha se mudado, tenho umas coisas guardadas que vieram pelo correio.

— Oh, é mesmo. Esqueci de mudar meu endereço. Poderia me entregar?

— Sim, claro. Um momentinho. Bom dia, senhorita. — em seguida Jaron a cumprimentou e se afastou.

— Ui. — Koda murmurou a cutucando. — Aquilo foi um sorriso? — mexeu a sobrancelha direita.

— Oh Koda, que sorriso? Céus!

O ruivo acabou rindo e ganhando um olhar irritado de Maria. — Ok, me rendo. Mas não vai me dizer que o Jaron é bonito, né?

— Céus... ok... ele é...

— Aqui está. — Jaron apareceu com uma caixa e vários envelopes. — Tenham um ótimo dia.

— Obrigado e você também. — Koda assentiu. — O elevador funciona?

— Sim.

— Graças a Batman. — comemorou. — Vamos Maria, o dia hoje vai ser cheio.

Maria pegou a caixa, que para seu alívio não estava pesada. — O que tem aqui? — indagou olhando para o objeto.

— Para falar a verdade, não faço ideia, deve ter sido uma encomenda da China ou coisa do tipo. — deu de ombros. — O meu apartamento deve estar cheio de poeira. Antes de irmos encontrar com Miro, irei dar uma limpada, iremos dormir lá, pelo menos não em cima de ácaros.

. Eles foram para o elevador, não demorou muito e logo Koda estava abrindo o seu apartamento, para sua sorte estava a mesma coisa desde que o deixou. — Vamos lá, me dá isso. — pegou a caixa das mãos de Maria e a colocou no centro de mesa. — Depois olho o que tem. Se quiser tomar um banho, fique à vontade.

— Está frio aqui. — comentou se abraçando.

— Verdade, se sente, vou ligar o aquecedor. Depois vou limpar a cama e o resto e a senhorita vai ficar aí, sentadinha. Quer ver alguma coisa? O controle está ali. — apontou para o rack.

— Não se preocupe, estou bem aqui. Sua casa é maravilhosa. E aí, sente falta daqui? — indagou olhando ao redor.

— Na verdade, não. — respondeu dando de ombros. — Pensei que quando veria minhas coisas sentiria falta e daria vontade de ficar, mas só estou pensando na nossa volta. Sinto que esse apartamento não é mais meu lugar e sim meu depósito de móveis, depois que falar com Miro, irei pegar umas coisas e doar o resto, pois não voltarei mais para cá, já que agora tenho uma casa para voltar e uma família que me quer.

— Estou tão feliz em ouvir isso, menino. — Maria se levantou e o puxou para um abraço. — Quando o seu pai ouvir isso, vai morrer de felicidades, ele e o Devon.

— Verdade. — ele riu imaginando a cena. — Mas não conte a minha decisão aos dois, quero contar no momento certo.

— Pode deixar. Ah, estou muito feliz. — novamente ela o abraçou e em seguida se afastou. — Agora, vá ligar esse aquecedor antes que eu vire um picolé porto riquenho.

— Certo, madame. — declarou rindo. — Mal posso esperar para ver Miro e ter certeza que ele irá nos ajudar.

— Ele vai, nem que para isso a gente o sequestro.

[...]

Para a sua sorte, Koda ainda tinha o número de Miro em sua agenda e como conhecia o seu antigo colega de quarto, ele não tinha mudado de número ou até mesmo de celular.

Após terminar de tirar a poeira das coisas do apartamento e limpar o chão, Koda se sentou no sofá com o celular em mãos, ligou para Miro e no terceiro toque a chamada foi atendida.

— Aqui fala o melhor detetive de Nova York, se você está me ligando, é porque transou comigo ou é minha mãe. Alô.

O ruivo acabou desatando em gargalhadas. — Sério? Você não mudou o discurso? Bem, só tirou o melhor do campus para o melhor detetive, bem a sua cara, querido Miro.

— Calma ai, eu conheço essa voz. — disse o outro. — Koda, é você? O ursinho do campus? O meu antigo colega de quarto? Uau, estou surpreso, cara sardenta. Porque me liga? Calma, você foi preso, é isso? Finalmente, querido nerd, finalmente quebrou as regras. Agora me diga que crime cometeu?

— Oh céus, não, não fui preso, não eu.

— Não você? Quem? Sua mãe? Sua mãe foi presa com algum amante mafioso? Bem a cara dela.

— Miro, por favor, se minha mãe fosse presa, ela já estava solta e pegando todo o dinheiro do mafioso, o delatando, claro. — revirou os olhos. — É outra coisa, lembra daquele dia que eu te salvei? Então, estou cobrando esse favor.

— Foi o que eu imaginei. — suspirando. — Esses amigos que arrumo... que favor é esse, ursinho?

— Para de me chamar de ursinho. — reclamou.

— Ursinho. — insistiu Miro.

— Oh Santo Batman... podemos nos encontrar? O assunto é sério!

— Isso é um encontro? Eu já te falei que meu negócio é mulher.

— Cristo amado, estou falando sério Miro.

— Calma ursinho, só estou te atazanando, que por certo, estou fazendo certo. — riu enquanto falava. — Me encontro com você no almoço? Ainda não comi, vida de policial tem dessas.

— Almoço, pode ser.

— Ótimo, estou perto do meu restaurante favorito, sabe aquele que fica perto do departamento?

— Sim, sei onde é. E por favor, pegue uma mesa com três lugares.

— Três? Calma aí, você está namorando, nerd?

— Não é da sua conta, mas sim. — sorriu lembrando de Devon. — Porém é outra pessoa que vai almoçar, quando chegar ai eu te explico tudo, ok? Te vejo daqui a pouco.

— Certo, estou te esperando, ursinho.

Depois que desligou o telefone Koda se recostou no sofá e respirou fundo.

— Pelo que ouvi esse seu amigo é bem imaturo. — declarou Maria o olhando. — Espero que ele nos ajude.

— Miro sempre foi assim, mas é uma pessoa boa e um gênio em forma de um grego paquerador, você vai gostar dele.

— Se ele conseguir tirar o Thomas da prisão, meu amigo, irei adorá-lo que nem um deus grego. — comentou o fazendo rir.

— Nem fale isso para ele, pois poderá leva-a sério. — disse se levantando. — Vamos lá, vamos almoçar e ter um bate papo com Miro.

[...]

Não demorou muito e logo estavam chegando ao restaurante, após pagar o Uber, caminharam até a entrada do estabelecimento, que por acaso era um restaurante grego, e foram diretamente para o maître, que era uma linda mulher que sorria simpaticamente.

— Pois não, senhores? — indagou a moça.

— Estamos com Miro Stravos. — respondeu Koda.

— Oh sim, venham comigo. — falou gentilmente dando passagem.

— Uau. — comentou Maria olhando a decoração. — Lembro que o único lugar que fui assim foi no casamento do seu pai com Katherine, aquilo sim foi festão.

— Imagino, mas mesmo com tudo, eu prefiro a nossa cozinha e sua comida. — Koda a olhou sorrindo. — E lá está ele, Miro Stravos.

— Calma lá, aquele ali é o seu amigo? — Maria olhou admirada. — Nova York sabe fazer homens.

— Nova York? O Texas, isso sim, hello, Devon. — mexeu com a sobrancelha.

— É.... mas. — deu de ombros.

— Aqui senhores. — declarou a mulher parando. — Logo o garçom estará anotado o pedido, tenham um ótimo apetite.

— Obrigado. — respondeu Koda e em seguida se virou para o seu antigo colega de quarto, Miro Stravos, que por acaso, tinha mudado só um pouco, traduzindo-se, barba, a pele de oliva reluzente, os olhos negros e cabelos lisos bagunçados era a mesma coisa, o mesmo charme de seu amigo.

— Ora, ora, olha quem o gato trouxe. Koda Harris, quanto tempo. — disse se levantando. — Caraca, o que houve com você? Está mais moreno e... magro? É isso mesmo?

— Já saquei, mudei nada, deixa de brincadeira. — falou revirando os olhos.

— Mas estou falando sério... ohh, quem é essa deusa? — em seguida se afastou do ruivo e sorriu abertamente para Maria. — Olá, prazer conhecê-la. — disse se inclinando e pegando em sua mão e a beijou docemente.

— Oh. — Maria sentiu seu rosto esquentar. — Prazer, eu acho.

— Como é o seu nome, querida?

— Maria... Maria Hernandez.

— Encantado. — por alguns segundos ambos ficaram se entreolhando, se não fosse por Koda, os dois ficariam assim por um bom tempo.

— Então. — disse Koda com o cenho franzido. — Er, acho melhor sentarmos e começar a falar.

— Sim, sim, claro, mas. Por favor, querida, sente-se.

Koda observou surpreso aquela interação, Miro com toda atenção e cuidado tirou a cadeira para Maria se sentar e gentilmente afastou-se.

— Ok. — murmurou para si mesmo. — Vamos lá. — Koda puxou sua cadeira e se sentou. — Não disse antes, mas foi bom falar com você.

— Digo o mesmo, você sumiu depois que a faculdade terminou.

— Eu? Meu querido, você que sumiu com o treinamento, mas foi ótimo para você. Melhor detetive policial de Nova York, não é para muito esse título.

— É, eu sei. — deu de ombros. — Mas sobre o que é esse favor que você está pedindo? Falamos agora ou depois que comermos?

— Se quiser, pode ser enquanto comemos, por mim, tanto faz.

— Então vamos pedir por enquanto e depois conversamos. — disse Miro acenando para o garçom e em seguida pediu pelo menu. — Já pode anotar o meu, quero uma Moussaka com um copo de água, estou de serviço, então. — deu de ombros.

Maria, ao pegar o cardápio, franziu o cenho. — Não conheço nada daqui, caraca!

— Oh, se quiser eu posso te aconselhar a pedir um Moussaka também, é uma lasanha grega, é feita com carne de carneiro, berinjelas, e tomate, porém é fortemente temperado com pimenta, mas se não gostar de nada apimentado recomendo um belo carneiro assado.

— Moussaka está ótimo, adoro comida apimentada. — declarou sorrindo.

— Meu Deus, acho que acabei de me apaixonar.

— Oh céus. — Maria riu envergonhada.

— Ok, acho que irei pedir o mesmo. — disse Koda olhando para os dois. — E um vinho rosé para nós dois, por favor. — ele pegou o menu e entregou de volta para o garçom, que se despediu dizendo que logo estaria os servindo. — Ok, vamos falar sobre isso daqui. — entregou uma pasta. — Miro, eu sei que você é um excelente policial, por isso viemos aqui por isso, precisamos da sua ajuda.

— Ajuda para quê? — indagou confuso.

— O meu pai, sim, eu tenho um pai e ele é um cowboy. — Koda sorriu. — Ele foi preso injustamente e eu sei que as provas que o incriminavam são falsas.

— Calma lá, é muita informação. — Miro ergueu a mão e em seguida olhou atentamente para o amigo. — Como assim você tem pai? Pensei que era órfão de pai, foi o que sua mãe disse, e como assim, preso injustamente? O que aconteceu? Koda, meu amigo, como a sua vida mudou assim?

— Culpa do meu recente namorado que veio me dizer que eu tinha um pai há cinco meses atrás e chega de pergunta. — disse logo quando o viu abrir a boca. — Depois respondo sobre meu recente namorado e recente pai descoberto depois e vamos focar nesse caso, por favor, nos ajude a tirá-lo da cadeia.

— Ok, mas primeiro preciso entender esse caso.

— Está tudo aí, qualquer dúvida a gente responde.

Miro assentiu e em seguida abriu a pasta, assim, nos primeiros minutos o detetive passou lendo e relendo as informações que continha, até que finalmente a comida chegou e foram comer. Stravos respirou fundo e olhou seriamente para o seu antigo colega de quarto.

— Ok, acho que entendi tudo que está aqui. — ditou sério.

— E aí? Vai nos ajudar? — indagou Koda preocupado.

— Mesmo se não fosse o favor que estou te devendo, iria ajudar mesmo assim, pois o que tem aqui é muito grave e preciso investigar mais. Com tudo que li aqui, já tenho uma resposta que por acaso já venho investigando faz anos. O policial que está encarregado de caso de seu pai é nada menos do que Paul Adams, um filho da puta corrupto que era da minha antiga unidade, que infelizmente não consegui provar, mas com isso que tenho em mãos e se aprofundar mais, com certeza finalmente irei provar a sua corrupção.

Koda ficou boquiaberto. — Santo Batman, é pior do que imaginei. Estou feliz por ter lembrado de você e seja qualquer coisa, te ajudarei, ok? Agora estou mais leve, pois sei que iremos provar a inocência do meu pai.

— Sim, o seu pai foi só uma mera peça de xadrez, isso aqui é algo grande e iremos acabar com tudo.

— Oh céus, espero com todo o meu ser que isso aconteça. — declarou Maria.

— Não se preocupe, querida. — Miro pegou sua mão. — Irei acabar com isso e em seguida, poderemos ir a um encontro. — em seguida a beijou e piscou.

— Er... me sinto lisonjeada, porém, você é muito novo.

— Idade é só um mero detalhe. — sorriu largo. — O importante é que eu tenha a honra de passar mais tempo contigo, senhorita.

[...]

Depois do almoço com Miro e de terem planejado a ida dele para Wichita Falls, Maria e Koda foram para outro local, o antigo emprego do ruivo, que por acaso, ficava no centro de Nova York.

Koda aproveitou que estava na cidade para finalmente resolver sobre o seu antigo emprego e fechar esse arco, pois não voltaria mais para Nova York ou para sua antiga vida. O prédio da empresa era comercial, onde ficava várias departamentos, sendo que a ala da contabilidade era no segundo andar, então logo chegou no seu destino.

Assim que a porta do elevador parou, Koda ficou estático, lembranças do seu último dia tomaram conta de sua mente, de como o seu antigo colega de trabalho o fazia perder de ir no elevador e o xingava novamente.

— Ei, Koda, tudo bem? O elevador vai fechar novamente. — disse Maria com a mão impedindo que a porta fechasse.

— Oh, estou bem, só... — suspirou. — Vamos lá, tenho que resolver só uma parada no RH e poderemos voltar para o meu apartamento, para amanhã voltarmos para o Texas.

— Sim. — sorriu. — Vamos lá, me mostre onde o meu querido ruivo trabalhava.

— Um spoiler: Era chato! — ditou ele andando. — Por aqui. — acenou para outro corredor, aqui onde fica as cabines.

Assim que viraram a esquina se depararam com várias pessoas em seus cubículos trabalhando, porém todos olharam na mesma hora para os dois, assim começou uma pequena onda de cochichos entre eles.

Koda só fez dar de ombros. — Vamos indo, logo ali é o RH. — apontou para outro corredor, que ficava ao lado dos cubículos.

— Não vai falar com nenhum deles? — indagou Maria curiosa olhando para o pessoal e em seguida para Koda enquanto andavam.

O ruivo deu de ombros. — Não somos amigos ou até mesmo colegas de cabine, eram apenas desconhecidos que faziam questão de me humilhar, não sei por que, antes ligava, mas agora? Agora quero que se fod..., desculpa o palavreado.

— Não se preocupe querido, super te entendo, já tive colegas de escola que eram terríveis. — deu de ombros. — Vamos lá!

Mas quando estavam perto de outro corredor, uma voz conhecida chamou o nome do ruivo, o fazendo parar e se virar.

— Pois não? — ergueu a sobrancelha.

Era Peter, o mesmo cara que o empurrou e o xingou no seu último dia. — Espero que sinceramente não venha pedir o seu antigo emprego de volta, pois já arranjamos um cara melhor do que você. Na verdade, qualquer um era melhor do que você. E onde estava? Cidade das baleias? Quebrou a barbatana? — por último riu fazendo com que alguns rissem também.

— Ignore querido, ele não vale o seu tempo. — Maria murmurou de volta enquanto fuzilava o outro cara pelos olhos.

— Mas calma aí, deixou de ser bicha? Acho que finalmente deu uma dentro, porém, querida, acho melhor trocar de homem, pois esse te esmagaria na cama.

— Seu filho da...— Maria declarou raivosa, se não fosse por Koda a impedindo, ela teria ido até Peter.

— Peter, deixa de ser um imbecil. — Koda exclamou. — Qual é o seu problema cara? Eu te fiz algo, por acaso? Pois eu tenho certeza que não, pois desde que comecei a trabalhar aqui você e os outros me perturbam, isso é que não foi com a minha cara ou se sente ameaçado... Oh. — sorriu largo. — Acho que descobri, se sente ameaçado, não é? — ele soltou uma breve risada. O pessoal se entreolhou desconfortável e Peter enfurecido. — Agora não sei por quê, porém, não vou mentir e dizer que sou ruim no que faço, oh não, de acordo com o meu antigo chefe, eu era o único a fazer o trabalho no prazo e sempre com o melhor desempenho. É, acho que sei por que se sente ameaçado. Além de ser o meu contador, o mais bonito daqui.

— Está de brincadeira, né? Uma baleia? — Peter riu debochado.

— Cinco meses atrás eu concordaria contigo, porém não mais. Eu tive uma conversa séria com um homem sábio que me disse que não me deixasse se abater com comentários assim, pois quando a sociedade encontra algo diferente, ela tenta o derrubar, seja com comentários de mal gosto ou agressão. Cinco meses atrás eu deixaria ser derrubado só por um comentário, mas não mais. — enquanto falava Koda foi caminhando até chegar em Peter.

— Eu sou gordo sim, e daí? Por acaso estou comendo as suas custas? Antes eu odiava ser gordo, antes, mas agora... — ele passou as duas mãos em cima da barriga. — Isso daqui, meu bem, eu amo. Essa barriga pode ser grande, mas o meu namorado ama e eu também, o que é o principal motivo. Eu me amo, coisa que você não sente consigo mesmo, né? Sempre tentando diminuir o próximo para aumentar o seu próprio ego. Um conselho que digo para você e para os outros. — olhou para o resto do pessoal.

— Cuide da sua própria vida, pois meu querido, é a melhor coisa que uma pessoa pode fazer na vida. E não se preocupe, não vim atrás de emprego, já que não moro mais em Nova York, não sei se vocês sabem, mas encontrei meu pai e estou com ele vivendo minha vida, espero que façam isso, vivam a sua vida sem denegrir o próximo. — ao terminar de falar Koda sorriu virou as costas. — Vamos Maria, vamos resolver isso e vamos embora para o Texas, para a minha casa.

Maria que estava vendo tudo aquilo tinha lágrimas nos olhos. — Oh meu menino, estou tão orgulhosa. — ela o abraçou e em seguida encaixou o seu braço no do outro. — Tchau, vadias! — se despediu fazendo o ruivo rir.

[...]

Uma semana depois....

Koda tamborilou os dedos na cabine. Ao seu redor tinha quase dez pessoas conversando com outros presos, todos estavam separados por vidro e tinham dois telefones para que a comunicação acontecesse, como nos filmes.

Sua mão coçava, ainda estava engessada, se sentia cansado, mas não queria transparecer e não preocupar o seu pai. Só de pensar nele seus olhos ardiam, porém teria que se manter forte, pois logo tudo iria acabar e iria levar seu pai para casa, onde pertence.

Cinco minutos depois a sala do outro lado se abriu, ver o seu pai, ali, com roupa de preso, a barba por fazer, o cabelo bagunçado e o olhar distante, algo se partiu dentro de si.

Ele esperou o outro se aproximar e hesitante acenou, Thomas por sua vez sorriu e assentiu, na mesma hora pegaram o telefone.

— Papai...

— Koda...

Ficaram assim por alguns segundos, até que Koda engoliu o seu choro e sorriu. — Já se filiou em alguma gangue? Por favor, me diz que é dos cowboys solitários.

Thomas acabou rindo, aliviando o clima. — Então o Mattos te contou.

— Sim... ele sente sua falta e muito, sei que ele tenta não demonstrar, mas papai, está sendo difícil, para todos nós.

— Eu sei, querido. Mas por favor, não se prendam nisso, vivam, por favor. É o que peço a vocês.

— Oh pai... bem, como estão as coisas ai dentro?

O rancheiro deu de ombros. — Acho que normal, a maioria me ignora e sempre tento ficar longe de confusão, às vezes nem dá, ainda não consigo correr nessa cadeira. — declarou rindo. — Mas estou bem filho, não se preocupe. E como anda a construção do resort? O Devon? Sinto falta dele.... de Maria, do rancho.

— A construção vai a todo vapor, falta pouco para terminar e já estamos pensando na decoração. O Devon, está cuidando de tudo no rancho, ele está empenhado e me perturba sempre quando quero ajudar, só por causa desse gesso. — falou erguendo a mão. — Mesmo dizendo que estou bem, o Dev não aceita, o que me irrita. Rumpf!

Thomas não aguentou e soltou uma risada um pouco alta. — Oh céus, vocês dois. Fico feliz que ele esteja cuidando de você e ele está certo, não se esforce muito, querido.

— Vou tentar, mas não prometo nada.

— Certo... alguma novidade sobre o caso?

— Sobre isso... — Koda sorriu de lado. — Pai, quero que você conheça o Miro Stravos, o nosso salvador e o crush de Maria.

Thomas olhou sem entender. — Crush? O que é isso?

— Obrigado pela entrada, ursinho! — exclamou Miro aparecendo e em seguida pegando no telefone das mãos de Koda — E Crush não, futuro marido da senhorita Maria, e ah, é um prazer te conhecer.... é, você é a cara do teu pai, ursinho. — sorriu abertamente. — Isso vai ser divertido, vamos colocar para foder.

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