Capítulo 24 - Segure-me
Antes de vocês forem ler, só quero dizer duas coisas. Nessa semana Meu Capataz conseguiu um marco, pela primeira vez um dos meus livros conseguiu ter 5 mil votos em menos de um ano, além de ter 36,4k de visualizações, tudo isso por causa de vocês, muito obrigada de todo o meu coração. Ainda nem estou acreditando.
A outra coisa foi que hoje Meu Capataz está em primeiro lugar no ranking na tag de Texas, outro marco. Estou tão feliz de uma forma, que só quero abraçar vocês e comemorar esses dois marcos. Bem, é isso. Agora vão ler o capítulo.
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Koda fez tudo no automático quando chegou em seu quarto, ainda estava dormente pelo que aconteceu no andar de baixo. Pegou do seu armário uma jaqueta que Devon tinha esquecido e uma camiseta, não se lembrava que dia, porém estavam ali, em seguida pegou a primeira roupa que viu, tirando sua calça moletom e sua regata. Em seguida calçou seu tênis, pegou as duas carteiras e por fim a chave da caminhonete.
Voltou no andar de baixo um pouco desconfortável, pois temia a reação de Devon, na verdade, ambos não falaram sobre esconder seu relacionamento, estava indo no fluxo daquele envolvimento, agora com a sua boca grande todo mundo sabia. Esperava que Devon não ficasse com raiva ou coisa do tipo, todavia se sentia um pouco satisfeito em dizer aquilo na frente de Josias, mesmo parecendo um adolescente no colegial.
Ao chegar no andar térreo, seu olhar fora para Devon, que por acaso estava numa calorosa conversa com o seu pai e Mattos, mas não viu nenhum sinal de Josias, o que achou estranho.
— Hey, aqui está suas roupas. — declarou se aproximando. — Er... cadê Josias?
— Já foi. — respondeu Devon se levantando. — Obrigado, doçura.
— Então. — Thomas exclamou. — Filho, estou tão feliz.
Koda arqueou a sobrancelha. — Hum?
Devon sorriu e pegou em sua mão. — Depois que você disse, o teu pai teve uma conversa comigo.
— Oh... juro que eu não queria falar aquilo, quer dizer, foi sem querer. Devíamos ter conversado sobre isso. — mordeu o lábio de nervoso.
— Ei, doçura, está tudo bem. Devia, mas já foi. E também o principal que era para saber era o seu pai e pela conversa que tivemos, acho que está tudo bem. Né, Thomas?
— Mais que bem, os meus dois filhos estão juntos. E torcia por isso desde o começo, só para deixar anotado.
Koda sorriu, um pouco surpreso. — Oh. Nem sei o que dizer, mas é tão bom escutar isso. Essa aceitação. Obrigado. — ele foi até o seu pai e o abraçou. — Acho que devemos ir, qual é o hospital que seu pai está?
— No United Regional Hospital. — respondeu o Capataz.
— Sobre isso... Devon, você quer mesmo ir? Depois que tudo que aconteceu? Josias e o Velho Martinez podem muito bem cuidar do Denver, ele é o capataz do rancho.
— Eu preciso, ele é meu pai...
Thomas suspirou resignado. — Ok. Vão, de manhã irei lá com Mattos, né querido?
— Claro. Vocês tomem cuidado na estrada, ok?
— Obrigado, Mattos. — respondeu Koda. — Vamos lá, até mais.
[...]
Quando estava quase chegando no lugar, Koda suspirou e quebrou o maldito silêncio que habitou quando os dois entraram.
— Dev, como você está, realmente? — indagou olhando de esguelha. Ele o viu se mexer no banco e morder o lábio. — Hum?
— Verdadeiramente? — Koda assentiu. — Me sinto mal e triste por ter acontecido isso....
Na mesma hora o ruivo tirou a mão do volante e pegou na sua mão. — Sei que tem mais.
Devon sorriu e virou, o olhando. — Sim... estou com medo, muito medo, doçura. Medo... medo do que ele irá falar comigo lá depois desses anos todos.
— Ei. Eu entendo por que se sente assim, quer dizer, não sei o que realmente aconteceu, porém não se sinta preso a isso. E você não estará sozinho, estou aqui para qualquer coisa, ok?
Koda sentiu sua mão ser apertada, o que fez sorrir. — Eu sei, eu sei. Obrigado. — Devon murmurou de volta com um leve sorriso no rosto.
— Sem agradecimentos.
Os dois continuaram a viagem assim, de mãos dadas e em silêncio, Koda sabia que o outro precisava disso e estava contente em demonstrar que estava ali para qualquer situação.
Não demoraram muito e logo chegaram no hospital, o prédio era enorme e parecia bem movimentado. Sabia que em Wichita existia mais outros hospitais e também que aquele era o melhor da cidade, pois seu pai tinha ficado internado nele quando estava em coma.
Ele estacionou a caminhonete e juntos foram para a portaria, assim que entraram Devon correu e foi para a recepção.
— Boa noite. — disse o Capataz assim que parou em frente a moça. — Por favor, gostaria de saber onde se encontra Denver Collins, ele deu entrada com parada cardíaca.
A moça, que era uma linda loira e de olhos castanhos expressivos, olhou surpreso. — Devon, é você? Oh, quanto tempo.... Ah, o seu pai está na ala de cardiologia, no momento se encontra sem receber visitas, porém pode ir e falar com o médico responsável. O senhor Collins está no quarto 12 e o médico é o Doutor Niro.
— Sim, faz tempo mesmo, obrigado!
— Onde fica essa ala? — indagou Koda olhando ao redor.
— Por aqui. — Devon acenou para o elevador. — Fica no segundo andar. Eu sabia que isso algum dia iria acontecer. — suspirou cansado.
— Ei, amor. — disse após ver o outro se escorar na parede do elevador vazio depois de apertar o número do andar.
— Sabia que isso iria acontecer, aquele velho ama um bacon mais do que a própria vida e sempre quando reclamava ele fazia questão de comer mais, parecia uma criança birrenta. — por um segundo o seu sorriso e olhar ficou nostálgico. — Mas aí aquilo aconteceu e nunca mais nos falamos. Agora estamos aqui por que suas veias entupiram por tanta gordura... que merda e ainda mais estou receoso do que vai acontecer. Será que ele está bem?
Koda se sentiu um pouco desconfortável quando Devon falou em gordura, porém mandou sua mente calar a boca e o puxou em seus braços. — Se acalma, ta? Vamos falar com o médico e perguntar como o senhor Collins está e vamos esperar até você poder entrar no quarto, ok? Não pense sobre o que poderá acontecer, isso vai ficar remoendo sua cabeça e vai ficar cada vez mais estressado e ansioso, não é nada bom, certo?
— Certo. Que bom que está aqui comigo, sei que sozinho não estaria completamente são.
— Não se preocupe... só uma coisa antes, quer que eu me afaste um pouco de você? Por que tipo, meio que estou agarrado a ti agora. — apontou para o zero espaço entre os seus corpos. — Porém super entenderia, pois estaremos em público e dã, Texas. — por último revirou os olhos.
Devon por sua vez soltou uma pequena risada. — Sim, Texas, porém não me importo. Gosto de ter você perto.
— Ok, tudo está entendido e acho melhor irmos, antes que o elevador desça de novo. — apontou para a porta se fechando.
Os dois riram e apertaram o botão para abrir, porém antes de colocar o pé fora do elevador, Devon pegou em sua mão, o que o deixou surpreso e com um sentimento engraçado em seu coração.
Porém a sua possível felicidade quase se desfez quando deu de cara com Josias se levantando de uma cadeira e vindo na direção deles, com a cara fechada olhando para as mãos deles unidas.
— Pensei que não viriam mais. — declarou Josias. — O médico já veio aqui, você era para ter vindo comigo, seria bem mais rápido do que....
— O que o doutor falou? — Devon o interrompeu. — Melhor, para que direção ele foi? Assim ele me explicará melhor.
— Sinto muito, porém ele saiu apressado, teve outro paciente que precisava dele, assim disse a mulher da caixa. — apontou para umas caixas ao redor das alas, que comunicava para chamar os médicos. — Mas não se preocupe, o Dr. Niro falou que o Denver está estável, porém está em estado observatório e precisa deixá-lo assim para ver se os medicamentos que deram estão a fazer efeito e também que vão interná-lo, pois precisa fazer uma tal de cirurgia. Ele disse umas coisas que não entendi direito, mas falou que assim que poderia estaria aqui para falar com você, agora só resta esperar.
— Droga, era para ter dirigido mais rápido. — Koda suspirou resignado.
— Ei, doçura. Não se preocupe. Se viéssemos mais rápidos a gente ultrapassaria o Flash.
— Oh Santo Batman. — ele arregalou os olhos surpreso e admirado. — Isso foi uma referência? Oh, foi sim. — o seu sorriso ficou enorme. — Sem palavras.
— Aprendi com o melhor. — piscou o olho sedutor, contudo o clima foi interrompido por Josias, que fingiu tossir e olhava cada vez mais amargurado e um pouco com raiva.
Koda viu aquele olhar e por um segundo visualizou o outro indo na sua direção e o enforcando.
— Sério mesmo? Vocês estão sorrindo quando o Denver está internado? Principalmente você, Koda, né? Por favor, respeita o ambiente.
O ruivo sentiu suas bochechas esquentarem por vergonha. — Oh, s-sinto muito. Devon, eu não queria...
— Deixa disso, Josias. — exclamou Devon o olhando afiado. — Pelo menos ele está me distraindo da situação. Bem, vamos, Koda, nos sentar e esperar. A madrugada vai ser longa. E não se reprima por estarmos aqui, ok? Seja você.
Ele assentiu. — Ok. E sobre a madrugada ser longa... já estamos acostumados, né? — mexeu com a sobrancelhas, o que fez rir.
— Sim, bem acostumados. — eles se entreolharam com um olhar conhecedor.
— Antes que me esqueça, liguei para casa e pedi para trazerem uma bolsa com as coisas do seu pai.
— Certo, obrigado Josias. — Devon se sentou e o olhou. — Se quiser, pode ir, Koda e eu podemos ficar, ok?
— Não... quer dizer, como disse antes, o meu pai mandou eu vir. Então...
— Oh, sim, o seu pai. — revirou os olhos. — Sempre faz o que o papai manda.
— Devon, não é assim...
— Olha o que temos aqui. Devon, Koda e Josias. — comentou o médico Daniel Turner se aproximando com uma prancheta em mãos, quando terminou de falar sorriu e olhou longamente para cada um deles e por fim para as mãos dadas de Koda e Devon.
"Falando daquele jeito parecia que iria acontecer o apocalipse." Pensou Koda.
— Senhor Daniel. — ele acenou. — Como está?
— Estou bem, obrigado. Devon, soube do seu pai, espero que ele melhore. Já falou com o médico responsável?
— Obrigado... Ainda não, porém o Josias falou e disse que o Doutor Niro foi para uma emergência.
— Ah sim. Vou dar uma passadinha e ver se ele terminou e digo que você está o esperando.
— Agradeceria muito.
— Não se preocupe. E Koda, cadê o meu paciente favorito?
— Em casa, mas de manhã Mattos vai trazê-lo.
— Não sabia que o Bush estava aqui.
— Bush? Ah?
— Mato só com um "T" significa mato no português. — respondeu Daniel sorrindo. — E adoro sacaneá-lo. Bem, vou indo garotos, mais tarde passo aqui. E aconselho que comam algo e bebam, a madrugada sempre é longa. Vocês vão achar naquele corredor virando a esquerda.
— Boa ideia. — Koda se levantou. — Vou pegar café e algum lanche.
— Típico. — Josias bufou em risada.
O ruivo tentou ignorar e se virou para o seu Capataz. — Quer que eu traga algum lanche para você? Vou trazer café.
— Só o café está bom para mim. Obrigado.
— Certo...
— Ah, e traga um para mim também. — exclamou o outro cowboy sorrindo faceiro e colocando as duas mãos para trás da nuca.
Koda iria rebater, porém achou melhor não e só fez assentir.
— Não demorarei. — porém antes de sair, Devon não o deixou, puxou pela mão. — O quê? — indagou sem entender.
— Ah, nada. — balançou com a cabeça. — Na verdade... — ele não terminou de falar e beijou suavemente a mão que estava segurando do ruivo. — Era isso.
As bochechas de Koda ficaram rubras. — Oh... volto já. — ditou sem jeito e na mesma hora se virou e andou depressa para o corredor.
[...]
Quando estava saindo do refeitório com a sua bandeja, que continha três copos de café e quatro sanduíches naturais, Koda ao passar por uma mesa repleta de enfermeiras parou assim que escutou o assunto da conversa. Para disfarçar, deu a curva e se escondeu atrás de uma pilastra que fazia parte do local.
— Vocês não vão acreditar no que acabei de ver. — declarou uma mulher se sentando na mesa. Sem dar tempo das outras se responderem ela continuou a falar. — Devon e Josias estão sentados juntos no corredor da ala cardiologista. Os dois estão em um maior papo.
— Já sabíamos. — comentou outra rindo. — O pai de Devon deu entrada no hospital com parada cardíaca.
— Que barra.
— Pois é... mas o mais barra disso é o que aconteceu no passado. E vê-los assim, juntos, perto do outro... sei não viu.
— Sabe, ouvir boatos que os dois ainda estão juntos, só que mantêm o relacionamento escondido por causa do que aconteceu. Mas se eu fosse o Devon, largava de vez o Josias, principalmente o que houve com ele... e nem sei porque ele está aqui com o pai dele, que fez o que fez com o pobre garoto. Ele só tinha 14 anos.
— Mas o Josias não é noivo?
— Por causa do pai. — respondeu outra. — O Martinez manda e desmanda naquele garoto, se o velho dizer para ele casar com uma árvore, o filho casa com uma árvore. Mas acho isso um absurdo, o Martinez fazer isso com o filho, o Denver ter feito aquilo com o Devon quando era apenas um adolescente e do Josias, atormentando Devon e o deixando preso nesse relacionamento tóxico.
— Bem, se os dois fossem direitos, estariam ambos casados com mulheres, como Deus permite e ninguém estaria sofrendo.
— Nem vem Charlene, estamos no século 21, por favor.
— E daí?
— Não liga, Bella, essa daí está presa nos séculos antigos, igual o resto do Texas.
Vendo que a conversa mudou de rumo e estava ali feito um stalker, logo começou a andar para fora do refeitório, porém sua mente estava preso no que acabara de escutar. Sabia que Josias e Devon já ficaram juntos, mas que ainda o mantinha o relacionamento deixou com um gosto ruim na boca, principalmente quando ouviu da mulher que ambos estavam bem próximos.
— Não é nada. — comentou para si mesmo. — Só estão conversando e Devon está comigo, é isso, apenas isso. Ele beijou a minha mão e me chamou de doçura várias vezes em frente de Josias, isso quer dizer alguma coisa, não é? Claro que sim.
Sorriu confiante. — É isso aí, mente estúpida, não é nada demais. Devon está comigo e é isso.
Contudo, assim que virou e chegou no corredor, parou de vez ao constatar o que a moça dissera no refeitório. Josias que era para estar sentado em seu lugar, que era a três cadeira após Devon, agora sentava em seu lugar e tinha suas mãos em cima do seu Capataz, sorria e o tocava a cada momento.
No braço, na mão, no rosto, no ombro.
E Devon parecia nem ligar, estava absorvido na conversa, dando liberdade para que o outro continuasse o que estava fazendo, que deixou Koda desconfortável, para não dissesse outra coisa.
— Er, aqui está. — declarou ao se aproximar. — Aqui o seu café, Dev, como você gosta. Com uma colher de...
— Creme e uma colher de açúcar. — completou Josias sorrindo largamente. — E obrigado por ter trago para mim, te devo quanto, hum? — arqueou a sobrancelha.
— Não se preocupe com isso. — respirou fundo. — E sei que você disse nada de lanches, mas achei melhor trazer algo, que por acaso tinha do seu favorito.
— Uai, não vejo o de peito de peru. — apontou Josias dando um olhar incriminatório.
— É que eu não gosto mais desse. — Devon falou pegando o café e o sanduíche. — Meio que tive uma indigestão comendo o do peite de peru, agora só como o de frango com bastante alface.
Naquele momento o ruivo sorriu e se sentou, escorando a bandeja em suas pernas. — Pois é, agora ele tem um novo sabor favorito. — Pegue essa referência, querido. — Então, o que estavam conversando, posso saber?
— Você não entenderia, era quando Devon morava no meu rancho e né, você sabe. — deu de ombros.
— Não, eu não sei. — o olhou sério.
— Pena. — sorriu e piscou. — Continuando... lembra daquela vez, querido, que fomos para o campo só nós dois, com Noite e o Dia? Foi o melhor dia da minha vida.
— Dia? — Koda arqueou a sobrancelha.
— O meu cavalo, a gente nomeamos juntos, né querido? Pois o dele era negro que nem a noite e o meu branco que nem as nuvens, Aí veio Noite e Dia, demais né?! Devon e eu éramos inseparáveis, na verdade ainda somos.
— Hum.
O pior de tudo era que Devon ficou em silêncio, porém observando bem o Capataz estava nem comendo e sim olhando para sua frente, Koda viu que Devon estava preso nos seus próprios pensamentos, o que não culpou, pois pelo que ocorreu do seu pai e sem notícias do que estava acontecendo com o próprio era algo bem tenso e preocupante, assim tentou esquecer o que acabara de ouvir.
De Josias esfregando em sua cara o quanto ele e Devon eram inseparáveis antigamente, o que era ainda pior é usar o termo presente na parte de estar juntos. Contudo se obrigou a ignorá-lo e ficar em seu lugar, do lado de Devon e o apoiando. Dane-se que os dois tiveram um passado, agora ele era o futuro de Devon.
Esperava que não tivesse se enganando.
[...]
Como Daniel e os outros disseram, a madrugada foi longa, o bendito café que fora o alicerce para se manterem acordados. O Dr. Niro veio encontrá-lo era quase quatro horas da manhã, assim as dúvidas foram tiradas e pelo que entendera, o Senhor Collins precisava fazer uma cirurgia dali a três dias, para retirada do pedaço da veia safena, localizada na perna, para substituir a parte obstruída da artéria do coração, reativando o fluxo sanguíneo normal para o órgão.
Agora estavam esperando uma enfermeira dar o aval para poderem entrar no quarto de Denver, ela tinha entrado para ver como estava e se precisava de mais uma coisa.
— Ei, amor. Se acalma. — Koda não aguentou vê-lo andar de um lado para o outro. Foi até Devon e pegou em sua mão, ganhando a sua total atenção. — Logo ela vem e você vai entrar para vê-lo.
— Não é isso... o que ele dirá, doçura? O que ele vai dizer quando me ver? — o olhar desesperado de Devon doeu em seu coração.
— Infelizmente não sou a Nura Nal para saber o que vai acontecer, mas sei de uma coisa, seja qual for a reação de seu pai, não importa se for boa ou má, estarei aqui, esperando por você. Ok?
Ele assentiu, sorrindo hesitante.
— Ter medo é algo normal, lembra no que disse no avião? — novamente Devon sentiu. — Só precisamos de apoio e chocolate.
O Capataz suspirou, relaxando, assim ele colocou os seus braços rodeado ao corpo robusto do ruivo. — Apoio já tenho, melhor apoio... falta-me chocolate.
As suas bochechas ficaram rubras, porém estava feliz por aquele contato, meio que despistou qualquer pensamentos sobre outro para longe. — Não seja por isso, vi uma máquina de venda por ali.
— Oh, então está tudo perfeito. — os dois se entreolharam. — E e-eu...
— Devon, por favor, para que essa cena? — Josias que estava observando aquela cena, já enfurecido pela troca de carinho e palavras amorosas, se levantou e caminhou firme até o casal, pronto para tirar as garras de Koda de seu Devon. — Eu sou...
— Rapazes. — ditou a enfermeira saindo do quarto 12, quarto que estava Denver Collins. — Oh. — ela arregalou surpresa pela cena de Koda e Devon se abraçando no meio do corredor. O seu rosto logo ficou vermelho. — Er... o paciente já pode receber visitas, porém só permito um de cada vez. O senhor Collins sofreu dois ataques cardíacos e ainda está muito debilitado, então por favor, não o incomode muito. Ele ainda está dormindo.
Koda sem graça, se afastou um pouco, contudo não soltou a mão do outro. — Melhor você ir. — apontou para a porta. — Lembre-se, estarei aqui, eu e o chocolate.
Devon assentiu, estava um pouco hesitante. — Certo. — ele se afastou e caminhou para a porta, soltando a mão do ruivo, mas antes de poder entrar, virou o rosto com um pequeno sorriso de lado. — Espero que seja do meu favorito. — assim entrou no quarto, os deixando no corredor.
O ruivo fechou os olhos. Sabia profundamente que aquilo era angustiante para o seu Devon e isso era angustiante para si, não podia fazer nada para o Capataz, só estar ali para ele. Assim lembrou da promessa, agora teria que comprar o chocolate.
— Eu volto já. — comentou para Josias. Era uma boa, pois não queria ficar a sós com o outro vaqueiro. — Obrigado, Senhorita Isabella. — agradeceu a enfermeira.
Quando ia saindo do corredor, indo na direção do refeitório ele sentiu alguém se aproximar.
— Vou contigo. — a voz forte de Josias retumbou em seu ouvido.
Koda continuou em silêncio, tentando ignorá-lo. Parecia que a sua saída falhara. Ao aproximar da máquina, pegou sua carteira, tirando o dinheiro e depois escolhendo qual chocolate pegar, para a sua sorte, o favorito de Devon era chocolate ao leite da Hershey's, assim pediu logo cinco barras. Saberia que não comeriam agora, mas era o gesto que contava.
— Por quanto tempo você vai continuar se iludindo? — Koda por um momento parou a sua mão que iria pegar os chocolates, mas continuou e fingiu que não o escutou. — Deve saber que toda essa cena que acabara de fazer é só um passatempo para o Devon.
Koda pegou os chocolates e se virou, continuando a ignorar Josias, todavia o outro não permitiu e se enfiou na sua frente, quase o fazendo bater nele.
— Ei. — o ruivo deu um passo para trás. — O que você está tentando fazer? Dizer? Preciso voltar para lá.
Josias suspirou e sorriu. — Querido bochechudo. — ele pegou em suas bochechas e apertou.
— Ei. — se afastou tirando as mãos deles do seu rosto. — O que você quer, Josias?
— Apenas dizer a verdade. — se tornou sério. — Que Devon não é para você, nem para ninguém, e só para mim.
— Uau... e com direito você diz isso? — arqueou a sobrancelha.
— São fatos. Devon sempre foi meu, desde que éramos dois garotos.
— Ah, deixa eu te dizer outro fato. Devon e eu estamos juntos, lide com isso. — revirou os olhos e tentou sair, mas Josias não deixou. — Ai meu Santo Batman.
— Olha aqui, sua bola de gordura. Devon estar contigo só para fazer ciúmes a mim, pois quem é o maluco a querer algo contigo quando tem um homem como eu? Hum? Poderia contar inúmeras diferenças, mas só basta olhar para nós dois.
Ok, aquilo doeu. — Devon não liga sobre a minha aparência.
— Se você diz... mas, tem certeza mesmo? Olha garoto, Devon e eu temos uma história e com tudo o que aconteceu ele nunca ficou longe de mim, sempre acabava em minha cama, sempre... Como por exemplo, na feira do vaqueiro. Ele estava comigo e vai estar comigo em qualquer outro momento, principalmente quando sentir falta do cara que ele ama.
Koda sentiu seus olhos marejaram, todavia não queria dar um gostinho ao outro, engoliu suas possíveis lágrimas e sorriu. — Vocês podem ter tido uma história, no passado, agora ele e eu que temos uma. Sua tentativa de abalar isso não está dando certo.
— Tentativa? — o cowboy começou a rir. — Oh Céus! Isso não é uma tentativa e sim um aviso, um aviso para que não chore depois quando ver Devon comigo, pois ele nunca iria preferir um gordo cegueta que só presta para ser um buraco de esperma do que o cara que ele ama, digo isso, pois desde os meus 12 anos o escuto dizer que me ama. Então, Devon já te disse isso? Acho que não e nunca vai ouvir.
— Seu filho da... — Koda queria gritar, partir para cima e quebrar aquele sorriso de merda, porém, no seu interior, uma voz concordava com tudo o que Josias acabou de falar, a sua insegurança e seu medo estava acenando freneticamente, concordando com tudo aquilo. — Você não tem o direito de dizer... — porém suas palavras foram abafadas por gritos e correria, de fundo escutou a voz de Devon. — Oh não.
Os seus olhos arregalaram, esquecendo de vez a sua pequena discussão, ele empurrou o outro e correu direto para o corredor e lá estava o que temia que iria ocorrer.
Devon tinha manchas de lágrimas e xingava, batendo na parede em frente a porta, enquanto isso de longe ouvia uma voz grossa xingar com tudo que era nome, principalmente ofensas homofóbicas, tudo direcionado a Devon.
— Oh não... Devon! — largou os chocolates que segurava e correu para o Capataz, pegou suas mãos já vermelhas de tanto socar a parede. — Oh, querido!
— Eu sabia que isso iria acontecer. — exclamou o Capataz com lágrimas nos olhos. — Eu sabia, mas fui burro de ter vindo... ele nunca vai me aceitar, nunca.
— Oh amor.
Koda queria chorar junto, mas teria que ser forte, mesmo que por dentro estava destruído, destruído com as palavras de Josias e por ver Devon daquele estado. — Vem cá, vamos sair daqui, ok?
— Por que Koda, por quê? — lágrimas desciam ruidosamente pelo seu rosto bronzeado. — Ele é meu pai...
— Senhores, acho melhor vocês saírem, o paciente está muito exaltado e isso não é bom para ele. — ditou a enfermeira saindo do quarto. — Por favor, sei que é uma situação delicada.
— Certo, não se preocupe. Vamos, Dev.
— Olha, vá para aquele corredor, ali tem um quarto vazio, leve ele lá para se acalmar, tá? — sem poder agradecer a moça, ela entrou de volta no quarto.
— Vamos lá. Assim teremos mais privacidade, ok?
— Não... eu...
— Shii... olha, até comprei os chocolates para ti, como prometi, está vendo? Oh, estão no chão...
Devon sorriu em meio às lágrimas. — Não importa, você prometeu e aí está.
— Devon, bebê. Eu sinto muito que ele tenha feito isso. — Josias apareceu, ao aproximar, tentou empurrar Koda, que o empurrou de volta. — Ruivo, saia, eu cuido disso.
— Josias, por favor, agora não. — Devon respirou fundo e limpou o rosto.
— Mas bebê.... estou aqui, como sempre.
— Não, você nunca esteve. Vamos, Koda. — ao terminar de falar o Capataz pegou na mão em sua mão e o puxou. — Vamos sair daqui, por favor.
— Mas Devon... não acredito nisso, e enquanto a mim? — indagou incrédulo quando viu os dois andando de mãos dadas para o elevador.
— Aí está. — Devon se virou sorrindo fraco. — Você nunca pensou em mim, só pensa em si mesmo. Fique com os chocolates, precisa mais do que a gente.
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Quero desejar um Feliz Natal para todos, que esse Natal seja muito especial para cada um e o meu muito obrigada por estarem aqui. Beijos e até logo.
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