Capítulo 16 - União
Koda desligou o telefone bruscamente. Sentia-se completamente frustrado. Tinha passado a manhã e à tarde ligando para possíveis compradores de potros, aqueles que já tinham feito compras ao rancho, sendo a maioria fiéis ao seu pai, porém parecia que ninguém queria fazer negócio e sua ideia estava o deixando desanimado. Quando achava que tinha uma solução, ela se esvaía.
Ele fechou o caderno de contatos que tinha achado na gaveta superior e em seguida se levantou, suas costas protestaram. Se sentiu quebrado, cansado e faminto. Mas a sua mente foi logo para Penny e Sheldon, não deu a atenção devida para os seus bebês. Falando em atenção, sua mente viajou para dois dias atrás, quando cuidou de um Devon doente, um sorriso se formou, sua barriga se encheu de borboletas.
Ainda sentia os lábios do Capataz nos seus, era uma sensação inimaginável, nunca foi beijado, tocado daquela forma e estava com medo, mas se ordenou para tirar esses pensamentos. Devon com certeza o veria como amigo e aquele beijo, mesmo sendo o melhor do mundo, não iria ocorrer mais, infelizmente. Era o que ele pensava.
Depois de ajeitar o resto da mesa, o ruivo saiu do escritório e foi atrás dos seus filhotes, ele andou quase a casa toda e os encontrou brincando na varanda do quintal da casa. Penny berrando e pulando, Sheldon brincando com ela, o seu sorriso se abriu.
— Penny, Penny! Oh garota bonita. — ele se abaixou, logo em seguida a pegou nos braços, ela bateu em seu peito como se dissesse: "Oi, papai!". O seu sorriso se abriu mais, Koda acariciou a sua pelagem, depois a sua atenção foi para um Sheldon miando ao seu lado, assim a sua atenção foi dividida entre os dois.
— Olha o que temos aqui, vejo que estão se divertindo.
Ao ouvir a voz de seu pai, Koda ergueu a cabeça. — Boa tarde, Tom. Sim, estava com saudades deles, passei a manhã e à tarde ocupado. Mas me fala, como o senhor está?
— Estou bem. Ocupado em quê, posso saber? — Thomas andou com a sua cadeira até ficar do lado da mesa que tinha ali na varanda.
Na mesma hora Devon apareceu, ele tirou o seu chapéu e o segurou. — Boa tarde. Koda, alguma novidade?
O ruivo suspirou e negou com a cabeça. — Ninguém quer fazer negócios, disseram que já estavam cheios de cavalos. Alguns disseram que iriam retornar depois, quando precisassem de potros, mas. — deu de ombros desanimado.
— Oh merda. — o Cowboy esbravejou. — Pensei que algum contato antigo poderia querer, mas valeu a tentativa. Voltamos à estaca zero.
Koda se levantou e foi até ele, ao se aproximar colocou sua mão em seu ombro e apertou levemente. — Não se preocupe, iremos achar outra solução. Não iremos desistir. Naruto nunca desistiu, o Vegeta nunca desistiu de derrotar o Goku e não é a gente que vai desistir de dar a volta por cima. Ok?
Devon sorriu. — Você e suas referências. Mas está certo, vamos atrás de outra coisa.
— Certo rapazes, poderiam me dar alguma luz aqui, por favor. Do que estão falando? E quem diabos é Naruto e Vegeta?
Koda acabou rindo. — Thomas, depois te mostro quem são, agora não vale dizer que Naruto é melhor do que Dragon Ball, se não, eu saio de casa.
— Ok. — o velho rancheiro acabou rindo. — Agora me explica isso.
Assim o seu filho explicou uma possível solução para o rancho, mas depois de tentar obteve um resultado negativo.
— Oh, querido! Agradeço pelo que está fazendo, vocês dois, fico feliz por terem vocês aqui. E não fiquem triste, sei que é uma situação horrível que estamos, mas iremos conseguir. OK? Nada de tristeza.
— Isso mesmo. — o ruivo acabou pulando. — E então, Devon. Como está o rancho? Alguma novidade? Precisam de ajuda?
— Está tudo correndo bem. Mais tarde iremos retirar o gado do lado leste. Se quiser vir.
— Ok, então. Irei. Uma ajuda é sempre boa.
— Isso mesmo. — os se entreolharam e sorriram.
Thomas viu a troca de olhares e também percebeu que ficaram presos um no outro, um sorriso se fez e ficou quieto, não queria quebrar aquele momento, porém uma Maria desavisada apareceu na varanda animada com o telefone na mão.
— Thomas, ligação para você. Adivinha quem é? — perguntou empolgada.
O rancheiro arqueou a sobrancelha. — Espero que sinceramente não seja o banco ou Martinez, mas como você está pulando feito pipoca na panela, concluo que é Sara.
— Errou. É o Senhor Mattos, quer falar com você.
Nesse momento Thomas paralisou, logo em seguida um sorriso involuntário saiu, suas mãos ficaram suadas. — Oh, ok.
— O que será que ele quer? — indagou Koda curioso.
Thomas deu de ombros, tentando disfarçar o quanto ficou mexido. — Olá, Mat... Oh, estou bem e você? ... Como está aí em Arlington? A fazenda indo bem? Ah, não está em Arlington e assim aqui? ..... Oh sim, estarei esperando.... — Thomas virou a cadeira se colocando de costas para os outros, para ninguém perceber o seu rosto corar. — Sim, eu também, mas... Ok, é que... Certo, tchau. Venha com cuidado. — por fim desligou a chamada e o seu olhar ficou preso no seu telefone.
— Então teremos visita? Espero que ele passe a noite, a estrada é muito perigosa, então vou ajeitar o quarto dele de sempre e preparar a janta.
— Sim, com certeza. Faça as costelas, ele ama isso e por favor também faça purê e se tiver como fazer a torta de nozes também. — pediu Thomas.
— Como sempre, toda vez que ele vem aqui é o que faço, não irei quebrar essa tradição. — respondeu Maria sorrindo. — Agora vou indo, se não, não vai dar tempo de preparar nada.
— Quer ajuda, Maria? — indagou Koda logo depois.
— Oh, não obrigada, querido... Bem, poderia me ajudar a descascar as batatas, se não for incomodo.
— Claro que não. Devon, quando forem retirar o gado, me avise.
Assim Koda seguiu a mulher para a cozinha, lavou suas mãos e pegou as batatas, com a quantidade que Maria disse, ele as lavou e pegou uma faca.
— O senhor Mattos sempre vem visitar o rancho? — indagou Koda um tempo depois.
— Sim, mas faz meses que veio aqui. Só quando o seu pai se acidentou, ficou quase uma semana no hospital.
— Ah, então os dois são muito amigos mesmo. Quero conhecer ele ainda mais e saber mais sobre o Thomas e ansioso para comer essa torta de nozes.
— Você vai amá-la.
— Não tenho dúvidas. — Maria riu ao ver sua cara de desejo. — Então, faz quantos anos que os dois se conhecem?
— Bem, tipo uns 27 anos. — respondeu ela distraída. — 26 para 27.
Koda franziu o cenho. — A minha idade, então.
— Sim. Isso mesmo. — ela riu. — Agora me recordo, eles ficaram amigos três meses depois que soube que sua mãe estava grávida. Mattos o ajudou nisso. — em seguida Maria olhou para longe. — Seu pai ficou louco com a notícia e destruído quando sua mãe negou o direito dele, o Mattos o ajudou muito nisso. — suspirou. — Agora acelere ai, logo ele estará chegando e nada do jantar ficar pronto.
— Certo, chef! — ele bateu continência os fazendo rir.
Meia hora depois, Koda deixou Maria para terminar o resto da janta e foi com Devon ajudar a mudar o gado. Suas mãos doíam por ter descascado quase 25 batatas, mas tinha valido a pena, só de imaginar de saborear um purê o deixava sua boca salivando.
Bem, não era só comida que o deixava assim, também um certo peão, de corpo esplêndido, de olhos quentes e boca saliente o deixava babando, o bom de tudo isso era que já tinha tocado, beijado, apertado e Deus, ele queria mais.
— Koda... terra para Koda. — algo o cutucou, o que fez quase colocar Cat para correr, ele olhou assustado e viu Devon gargalhando em cima de Noite. — Em que mundo estava? — indagou entre risos.
O seu rosto esquentou e logo desviou o olhar, para o Capataz não ver o seu constrangimento. — Por aí. — deu de ombros.
— Ah não, pode me contar agora. — Devon aproximou-se dele, colocando os cavalos pareados. — Vai, desembucha! — o cutucou no seu quadril, bem na dobrinha, o fazendo rir involuntariamente. Vendo a reação do outro, ele acabou beliscando aquela área e para a sua surpresa viu o exato momento do ruivo ofegar e o seu rosto corar ainda mais, algo em si tocou, uma sensação conhecida, mas totalmente nova.
Koda quase se bateu por se sentir quente só por aquele aperto, bem, quem diria que suas dobrinhas faziam parte de suas zonas de prazer? Ele fez um barulho na garganta e tentou parecer normal, coisa impossível. — Bem, estou pensando na comida quando chegarmos em casa. Esse Mattos deveria vir sempre, estou doido para experimentar essa torta.
— O fazendeiro sempre vem nos visitar, ele e seu pai ficam altas horas conversando e sempre Maria faz sua comida favorita, sempre e sempre o seu pai pede. Na primeira vez que Mattos viu seus pratos favoritos na mesa ele ficou sem palavras, nunca o vi assim. O fazendeiro é bem diferente, tem um ar sério, sabe? Mas ele sempre sorri com o seu pai, dá para ver a amizade entre os dois.
Koda sorriu. — Fico feliz pela visita dele, assim Thomas poderá se divertir mais e relaxar. Agora vamos nos apressar, já, já vai escurecer. Quem foi a ideia de mudar agora?
— É que os rapazes acham que viram lobos por aqui, então é melhor prevenir do que remediar.
Nesse momento o ruivo parou. — Você disse lobos? Tipo, lobos selvagens e famintos?
Devon olhou para ele com a sobrancelha arqueada. — E existem outros lobos?
— Sim, dos desenhos. Eles são mais amigáveis. Vai escurecer e tem lobo por aqui, aí Batman. Não previ minha morte assim. — gemeu insatisfeito.
— Posso perguntar como você previu sua morte? — indagou com um ar divertido.
— Não ria. Promete que não vai rir. — Koda o olhou firme. — Jure.
Surpreso, Devon concordou. — Ok, você tem a minha palavra. Diga-me como vai ser sua morte.
— Tenho a absoluta certeza que irei me arrepender. — suspirou derrotado. — Você sabe que sou apaixonado pelos irmãos Winchester, né? Igualmente para os atores e tenho certeza se um dia for para algum evento deles, no primeiro deslumbre de um deles, com certeza surtaria e acabaria morrendo de felicidades, para piorar não iria controlar a minha bexiga e pow, fazeria o número 1. Por isso quando vejo algum evento perto deles, fujo para bem longe, além de morrer, iria mijar nas calças, uma morte humilhante e feliz. — o seu olhar logo foi para Devon e sua cara fechou. — Você prometeu! — exclamou bravo.
Devon estava parado, tentando desviar olhar do ruivo e tentando seriamente não rir, não aguentou, caindo assim na gargalhada, deixando Koda ainda mais emburrado. — Desculpa...— mais risada. — Não deu, sério. — ria cada vez mais. Estava até sentindo falta de ar.
— Oh Deus, você está imaginando a cena, não está? DEVON!
— Desculpa, mas não aguentei. Ai, Deus, Koda.
Koda cruzou os braços e franziu os lábios num bico, nem percebeu o que fez, ele ficou o olhando rir, até sair lágrimas de seus olhos. Não se sentia constrangido, estava tentando se manter durão, pois a risada do outro era contagiosa e também acabou imaginando a cena, mas para sua felicidade, um dos cowboys que estava na frente se virou e gritou para eles.
Fred, um dos peões acenou. — O que estão fazendo parados aí? Vai escurecer, pelo amor de Deus! Soube que a Maria vai fazer um banquete e isso inclui uma torta de nozes, se vocês me fizerem perdê-la, irão se arrepender.
— Certo, estamos indo, só deixar o doninho aqui parar com a sua crise de riso.
— O que você contou para ele estar rindo assim? Compartilhe! — pediu outro peão.
— Nem por cima do meu cadáver, já basta esse. — resmungou alto. — Vamos, Devon! Fred está certo, está escuro e não quero ser comido por lobos.
— Certo, só... — mais risadas vieram.
O ruivo revirou os olhos e fez com que Cat fosse mais rápida, assim ficando do lado dos outros vaqueiros. Não demorou muito e logo chegaram no campo onde estava o gado. Com Devon recuperado da sua crise de risos, ele comandou como seria a troca, todos seguindo suas ordens, logo estavam guiando o gado para o outro lado.
Koda em cima de Cat, observou o Capataz em seu habitat, dando ordens, olhando firme e guiando como se fosse o alfa dos animais. Um arrepio subiu em sua espinha.
Tentando não ser flagrado por um dos vaqueiros, logo o seu olhar foi para o gado, ver se algum não ficou para trás, mas vendo que estava tudo indo bem, seu olhar se prendeu aos vastos campos. Era tudo muito grande e encantador.
— Fred, tudo isso é do rancho?
— Sim. — respondeu o peão. — O Rancho Dois Coração é o maior rancho desse lado, as terras são enormes e ótimas para o gado. Um verdadeiro tesouro que o senhor Thomas herdou de sua família.
Koda assentiu admirado.
Um tesouro que ele teria que proteger, era uma responsabilidade grande, mas com sua estadia de 6 meses, que já estava diminuindo, faria de tudo para que sua partida seja com alívio e felicidade, ele faria o rancho prosperar novamente.
Como era para ser.
[...]
O delicioso aroma da janta penetrava suas narinas, sua barriga já estava resmungando. Desde que tinha chegado dos campos, Koda foi invadido pelo cheiro da comida, principalmente da tal torta, então a primeira coisa foi correr para o seu quarto e tomar banho, até sem querer ignorou a visita, que estava na sala conversando com o seu pai.
De banho tomado, se sentindo limpo e refrescado, além de vestir suas costumeiras roupas, ele desceu as escadas e sorriu tímido para Thomas e Mattos.
— Desculpa interromper a conversa, além também por ter passado que nem o Flash para o andar de cima, não estava muito apresentável e meu corpo implorava por um banho.
— Sem problemas, filho. — Thomas sorriu. — Espero que tudo tenha corrido bem.
— Da melhor forma possível.
— Ótimo. Tenho certeza que os dois já se encontraram, mas deixa eu mesmo apresentar. — Koda olhou envergonhado. — Matt, te apresento o meu filho, o meu querido menino.
— Oh Thomas. — suas bochechas coraram. — Novamente é um prazer conhecê-lo, Mattos. E também é uma ótima visita.
Mattos se levantou e apertou o seu ombro, o seu olhar se seguiu para Thomas. — Querido Tom, vejo que está explodindo de orgulho e felicidade por ter finalmente tê-lo aqui. Como dito antes, Koda, você se parece muito com o seu pai, agora vendo os dois pareados, a semelhança é extraordinária, só espero que não tenha herdado a parte rabugenta. — disse em tom de brincadeira.
— Rabugento minha bunda. — Thomas revirou os olhos, mas riu junto aos outros dois. — E sim, estou muito feliz e muito orgulhoso também. O meu menino vem mostrando que é um verdadeiro Moore e isso me deixa muito contente.
O ruivo ficou sem jeito e não soube o que falar, só sorriu largo para os dois.
— Pessoal, está na hora do jantar. Os rapazes estão nos esperando. — Maria os interrompeu.
— Certo, Maria! — Thomas sorriu. — Vamos.
— Deixa eu te ajudar. — declarou Mattos, mas logo Thomas negou com a cabeça.
— Não precisa, eu mesmo faço isso, podem ir na frente.
Koda viu os dois se entreolhar por longos segundos, até que contragosto Mattos assentiu e começou a andar, logo o seu olhar se prendeu em seu pai e viu o seu desconforto, o que deixou preocupado.
— Tudo bem, Tom? — indagou ele.
Thomas suspirou e assentiu. — Sim, filho. Vamos antes que Maria volte e nos puxe pelo cabelo. — por final sorriu, um sorriso fraco.
Koda encolheu os ombros e se direcionou para a cozinha, ao chegar avistou alguns vaqueiros ali, todos em pé conversando e rindo, mas a sua visão se prendeu a Devon, que ajudava Maria a colocar as últimas coisa em cima da enorme mesa.
Os homens cumprimentaram Mattos, logo em seguida todos se sentaram, novamente Thomas fez as preces e começaram a se deliciar com as iguarias, mas antes de degustar os belos pratos, Mattos pegou na mão de Maria e a beijou, dizendo obrigado pelo carinho por ter feito os seus alimentos favoritos, o que a deixou risonha e corada, arrancando risos deles. Maria não deixou por isso e brigou com eles ameaçando os expulsar da cozinha, assim os rapazes ficaram em silêncio num passe de mágica e em seguida ela mesmo gargalhou, o que levou o restante da mesa a rir.
Quando todo mundo devorou a comida que ali tinha, a governanta se levantou e pediu ajuda para limpar a mesa para poderem comer a torta de nozes que fez.
— Oh céus! Estou sonhando, você fez. — declarou Mattos surpreso.
— Mas é claro. Tinha que ter, mas também se eu não fizesse, o Thomas ficaria zangado, pois deixou bem claro, toda vez que o senhor viesse, teria que a fazer, pois ele mencionou que você vivia sem essa torta.
Naquele momento Mattos olhou com um sorriso enorme e olhos brilhantes para Thomas. Koda quase se engasgou bebendo sua água. Tinha visto ele sorrir, mas não com toda aquela intensidade, principalmente dirigida ao seu pai, que por sua vez estava constrangido.
Aquilo eram bochechas coradas? Iguais as suas? Deus, tinha certeza que estava pirando.
— Tom, sem palavras. — comentou o fazendeiro.
— Sem mais nada. Se você ficar sem torta, fica resmungão, melhor prevenir.
— Uhun, está certo. — os dois ficaram se olhando, mas com as retiradas dos pratos, desviaram rapidamente o olhar.
Vendo que estava ficando doido da cabeça, Koda suspirou e a primeira lufada do aroma da torta, ele gemeu. — Agradeço por ter vindo, Mattos, pois irei apreciar uma boa torta, pelo visto. Assim quem sabe esqueço dos problemas do rancho.
— Como assim? Problemas no rancho? — Mattos olhou para ele seriamente, em seguida o seu olhar foi para o seu velho amigo. — Thomas, o que está acontecendo?
Koda quase se estapeou. — Descobrimos umas coisas nada agradáveis e estamos tentando ver se conseguimos achar uma solução, mas... — por fim suspirou desanimado.
— O que aconteceu? — insistiu o fazendeiro.
— Olha rapazes, acho melhor levar essa conversa para sala e aproveitar pelo menos a torta. É um assunto bem sério. — Maria comentou.
— Maria está certa. — Thomas declarou, ele sorriu forçado para o amigo. — É um assunto muito drástico, sério e envolve o rancho todo, então é melhor irmos para sala e falo tudo o que aconteceu, ok Matt?
— Certo. — assentiu relutante.
— Chefe, não é querer me intrometer, mas será que podemos participar dessa conversa? — indagou Garcia. — Estamos preocupados também e queremos ajudar o máximo possível, né rapazes?
Os outros vaqueiros que ali estavam concordaram rapidamente. Koda olhou atentamente e viu a preocupação genuína e o querer ajudar em seus olhos, o que fez sorrir. Eles não estavam sozinhos.
— É claro que sim. — Koda respondeu. — É de grande importância que participem, pois também se trata do futuro de vocês.
Assim que entraram em consenso, a deliciosa torta de nozes fora posta na mesa e Koda salivou e admirou, mas para sua decepção, o primeiro a ser servido foi Mattos, que parecia uma criança feliz, porém logo um sorriso se abriu ao ter sua vez para pegar um pedaço daquela torta.
Depois de apreciarem aquela fabulosa obra de arte, eles ajudaram na cozinha, porém não por muito tempo, Maria os expulsou e prometeu levar café para eles, assim saíram do recinto e foram para a sala de estar. Ao chegar cada um pegou um lugar para se sentar. Mattos escolheu o lugar que ficava ao lado do seu velho amigo, Koda por sua vez sentou-se encostado a Devon.
— Como fui o responsável que descobriu tudo, assim explicarei desde o começo. — Koda começou a discorrer sobre o estado do rancho, o que tinha descoberto o que o antigo contador tinha feito, o enorme rombo financeiro.
Como era de esperar, todos estavam com raiva e preocupados. Mattos que estava em silêncio absorvendo tudo aquilo, virou-se para Thomas seriamente.
— Porque diabos não me contou tudo isso, Tom? — indagou ele.
O rancheiro deu de ombros. — É a minha bagunça, não queria te envolver.
— Não me envolver? Sério mesmo? — revirou os olhos. — No momento que ficamos amigos, tenho direito de me envolver. Principalmente quando fiz parte da roubalheira. Ainda não acredito que esse cara fez isso com você... o dinheiro todo do rebanho que me vendeu está perdido e como os outros, como você quer que eu não me envolva, hein? Como quer que eu permaneça no escuro enquanto tudo isso acontece? Pensei que era algo para você.
— Matt, eu sei. — Thomas suspirou derrotado. — Só não queria você visse o quanto incompetente sou. — naquele momento todos intrometeram na conversa, exclamando que ele não era incompetente.
— Nunca pensaria disso de você, querido! — Mattos falou com tom mais alto, para que o outro pudesse escutar, mas assim que suas palavras saíram, os outros rapidamente se calaram. — Você é um dos rancheiro mais competente do Texas e não é um canalha que vai manchar isso. E eu prometo, Tom, que irei ajudar no que puder e não me diga para não fazer isso, pois não escutarei. Ok?
— Certo, está certo. Obrigado. — os dois sorriram.
— Bem, vocês já pensaram em alguma solução? — indagou o fazendeiro logo depois.
Koda levantou a mão e começou a falar de uma possível solução, que infelizmente não obteve resultado positivo. — Ninguém dos contatos de Tom quis fazer negociação.
— Nenhum? — perguntou Garcia surpreso. — Esses caras estavam sempre ansiosos para fazer negócio com o Thomas, porque agora não querem?
— Não sabemos, mas iremos procurar outra solução. — disse Devon. — Alguma sugestão?
Alguns vaqueiros tentaram sugerir algo, mas nada sólido, o que os deixou cada vez mais desanimados, até que, Mattos que antes estava pensativo, lembrou-se de algo, assim falou chamando a atenção deles.
— Existe uma fazenda em Arlington, vizinho meu, que por acaso é uma fazenda de cavalos e ele, o Dr. Albert, está atrás de comprar potros de raça pura e também de fazer com que sua égua de estimação cruze com um verdadeiro Puro-Sangue Árabe.
— Calma aí, temos alguns Puro-Sangue Árabe e por acaso alguns filhotes. — comentou Devon. — Será que ele gostaria de comprar esses potros? — indagou ele.
— Oh, é difícil de encontrar puro sangue dessa raça, estou impressionado, acho que o Albert ficaria doido, pois já que seus filhos e seu negócio é sobre equestre olímpico, sendo esta raça perfeita para isso.
Koda sentiu-se muito feliz por aquele comentário. — Tem como falar com esse Albert?
— Sim, te darei o contato, mas com certeza que vai pedir para vocês se encontrarem para falar sobre e isso seria em sua fazenda.
Koda olhou para Devon e deu de ombros. — Não importa, só queremos fazer negócio. Obrigado, Mattos! Estava quase endoidando.
— Não precisa agradecer, só conversem com ele e mostre a qualidade desses potros e do cavalo que poderá cruzar com a égua. Ok?
Koda assentiu e bateu palmas. — Pode deixar. — ele se virou para Devon. — Vamos conseguir, você vai ver!
Devon sorriu. — Sim, juntos, vamos conseguir.
[...]
Koda revirou na cama, vestindo um de seus kigurumi de Batman, ele acabou se sentando, sua barriga roncou e o desejo de comer uma tal torta o tomou. Maldita hora que Maria disse que tinha feito duas, agora estava desejando igual uma grávida.
Desistindo de dormir e com um desejo de morte, pois se Maria soubesse o que iria aprontar, iria o esgoelar, mas sua barriga pedia por aquela torta de nozes. Calçou suas pantufas de Batman, pegou seus óculos e correu para fora do quarto.
Com passos leves, foi para a cozinha, porém no meio do caminho escutou uma porta bater, seu coração acelerou, porém como era curioso, ele guiou para onde vinha o barulho, que por acaso era na direção do quarto de seu pai.
Ao aproximar-se do corredor notou uma figura negra encostado na porta de Thomas, o seu coração quase saindo do peito, o medo assolou. Mas criou coragem, com o seu Kigurimi de Batman foi mais fácil.
— Quem está aí? Juro por Deus, se for algum ladrão, não vai sair daqui vivo e Batman, se for um fantasma, quem não vai sair vivo sou eu.
A sombra pulou de susto e olhou para ele, por Céu, quase o ruivo cagava nas calças, mas para sua surpresa a tal sombra riu.
— Não acredito nisso, até um fantasma tá rindo de mim. Por céus.
— Koda? É você? — indagou tal sombra ainda rindo.
O ruivo arregalou os olhos e se aproximou mais, assim viu quem era. — Mattos? Oh, o que o senhor está fazendo aqui numa hora dessas?
— Eu que pergunto, o que está fazendo aqui vestido de Batman?
— Você o conhece? — indagou surpreso.
— Mas é claro! — respondeu o fazendeiro. — Mas o que faz acordado?
— Só não vale dizer a Maria. Estou prestes a roubar um pedaço de torta. Quer ir comigo?
— Não filho, pode ir. Er, sobre estar aqui, fiquei até tarde conversando com o Tom, colocando a conversa em dia, sabe né. Vamos, antes que ele acorde com a gente aqui conversando.
— Oh, sim! Fazia tempo que os dois não se viam. Então, o que achou sobre ele estar assim? Na cadeira de rodas? Thomas ainda não aceitou muito bem isso. — encolheu os ombros pensando em seu pai.
— Bem melhor que ficar em coma. — respondeu ele. — A cadeira agora faz parte dele e ele precisa aceitar isso, mas como o conheço, rabugento como é, vai demorar para se dar como vencido.
Koda riu. — Estou feliz que tenha vindo, ele precisava se distrair e melhor que um velho amigo, hein? Obrigado por ter vindo.
— Sem agradecimentos, Koda. Thomas é o meu melhor amigo e sempre estarei por perto. Agora vou indo, a cama me chama e tome cuidado para Maria não te pegar.
— Pode deixar.
Os dois se despediram, assim Mattos foi para o andar de cima e Koda na direção da cozinha. Ao chegar no recinto, as luzes estavam acesas e tinha um lindo cowboy sentado debruçado na mesa com um prato cheio com torta.
Com um sorriso espertalhão ele chegou perto. — Que bonito, comendo escondido.
Devon que estava tão distraído com seu pedaço de torta, acabou se assustando, o que fez com que o que tinha na boca desceu lado errado, assim acabou se engasgando.
O ruivo arregalou os olhos o vendo se engasgar.
— Água... — pedia desesperadamente o Capataz.
— Santo Batman, fica parado aí. — rapidamente correu para pegar um copo e correu para a pia, encheu de água e voltou para o cowboy e entregou o objeto cheio de água.
Devon bebeu logo em seguida grandes goles, até que por fim voltou ao normal. Ele respirou fundo, já não tinha a sensação iminente de morte por engasgo.
— Está melhor? Quer mais água? — indagou Koda preocupado.
— Obrigado. Estou melhor, não precisa mais. Mas na próxima, avise a um cara quando entrar em algum lugar.
O contador riu. — Avisar? Foi mal, mas você estava tão absorvido nessa torta, que pensei que ninguém o faria tirar desse prato.
Devon estreitou os olhos. — Espertinho.
— Agora me imagino se fosse Maria, ela com certeza que te deixaria engasgar por estar comendo a torta escondido.
— Olha, não nego. — os dois riram. — Mas também posso adivinhar o que senhorzinho veio para a cozinha fazer justamente isso. — sorriu malicioso.
Koda fingiu horror. — Não pensei que pensava tão pouco de mim. Nunca, jamais faria isso.
— Ah é, Batman? Então essa colher que guardei. — mostrou o objeto reluzente que estava escondido. — E esses dois pedaços extras de torta não irão mais servir, pode deixar, eu mesmo como. — Devon suspirou.
A colher ele colocou do lado do prato e com a sua própria tirou um enorme pedaço de torta, assim contou até três até que viu pelo canto do olho Koda se enfiar na cadeira de seu lado e pegar a colher, logo estava compartilhando o mesmo prato.
O cowboy sorriu largo. — Eu sabia. — comemorou.
— Cala a boca e coma. — resmungou Koda devorando o seu pedaço de torta.
Devon riu, mas fez justamente isso. Os dois colados comeram aquela saborosa torta, com um sentimento de pavor para não serem pegos, mas de felicidade por estarem se divertindo, mesmo que em silêncio, pois estavam compartilhando aquele momento.
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