Capítulo 15 - Koda's Anatomy

Quase um mês depois que descobriu todo o desfalque no rancho, Koda ainda não conseguiu arranjar uma solução, para piorar não conseguiram achar o Evan Parks. Os policiais que estavam no caso disseram que não podiam fazer nada, além de colocá-lo na lista de procurados e que iriam continuar investigando, mas o dinheiro que foi desviado não tinha como recuperar, pois não sabia para onde foi.

Com tudo o que estava acontecendo, Devon e ele estavam se doando por completo para cuidar do gado. Com o gado que foi infectado e o que foi vendido para o Senhor Mattos, eles tinham um número bem baixo para poderem vender, era isso o que estava cobrando um pedágio neles, preocupados, sem solução e vendo cada vez mais o Rancho Dois Corações afundar.

Koda suspirou, pegou seu chapéu e foi na direção do campo. Mais um dia de trabalho.

A primeira coisa que viu ao entrar no pasto fora Devon em cima de seu cavalo, olhando para o gado e cuidando, mas ao se aproximar viu que tinha alguma coisa de errado com o cowboy.

Devon que tinha uma ótima pele bronzeada, estava um pouco pálido, além disso estava tossindo muito. Outra coisa também que notou foi que desde ontem à noite não o viu na cozinha para comer. Preocupado, ele acenou e chamou o Capataz.

— Bom dia, Devon! — exclamou.

— Bom... — antes de terminar o cowboy teve outra crise de tosse. — Dia, desculpa!

— Gripe? Se sente bem? — Koda franziu o cenho.

— Só um resfriado passageiro. Nada demais.

Koda viu o exato momento em que Devon estremeceu e por segundos ele se abraçou, mas logo voltou ao normal.

— Tem certeza? Você não parece bem.

— Estou ótimo. Não se preocupe. — novamente mais tosse.

O ruivo negou com a cabeça. — Vem aqui! — ao falar, ele se escorou na cerca e levou a sua mão para a pele pálida do peão, surpreendendo ao sentir o toque extremamente quente.

— Quando foi a última vez que você comeu?

Devon olhou confuso. — O que isso tem a ver? Não estou sentindo fome, na verdade, desde ontem.

— Você está doente, Devon. Pelo visto com febre, sem apetite, tossindo muito e mais pálido do que o Drácula. Vamos, desça daí, você precisa descansar, tomar remédio para melhorar.

— Não, estou bem. Está vendo? — mas a sua pose foi manchada mais uma crise de tosse.

— É melhor você descer sozinho ou eu te tiro daí. Qual opção quer?

— Koda...

— Nada de Koda. Você está mal, precisa descansar para melhorar e nem adianta negar. Sei que quer ficar aqui e trabalhar, mas nessa situação não tem como e também nada vai mudar, então tire sua bunda daí e vamos para dentro. Vou pedir para Maria fazer algo para você comer e procurar remédio. Quer ir para o barracão? Mas acho melhor ficar em um quarto da casa, pois terá mais sossego.

Contragosto, Devon desceu de Noite. — Preciso levá-lo para dentro.

— Deixa ele ai, quando voltar cuido do Noite. Vamos!

Devon o seguiu.

Ao entrar na cozinha, Maria os olhou surpreso.

— A margarida apareceu. O que te deu? Desde ontem não veio comer. — disse ela limpando as mãos em um pano de prato.

O Capataz olhou constrangido. — Estava sem fome e ainda estou.

Maria os fitou preocupada. — O que aconteceu?

— Ele está doente e ainda queria trabalhar, vê se pode um negócio desse. Rumpf. — negou com a cabeça. — Maria, por favor, arranje um quarto para o Devon ficar, não quero deixá-lo sozinho no barracão e se não for pedir muito, faça algo para ele comer. Mesmo sem fome, precisa se alimentar. Enquanto isso vou procurar algum remédio para baixar a febre.

— Pode deixar, irei preparar uma receita de família, é ótimo para gripe e ajuda a baixar febre. Não se preocupe, Devon possui o seu próprio quarto aqui, sempre o arrumo. Ele sabe onde fica.

Nesse momento Koda paralisou e olhou para o Capataz. — Como é que é, você possui um quarto?

Mais constrangido e um pouco desconfortável Devon assentiu.

— Mas por que você ainda mora no barracão? Bem, vamos logo, estou vendo a hora de você cair. Quando tiver deitado e confortável, o senhor vai me explica.

Deixando Maria para preparar a sua receita, Koda foi levado por Devon até chegar em um quarto no andar de baixo. O recinto estava bastante limpo, arejado e tinha o seu próprio banheiro, o que deixou Koda ainda mais confuso por Devon ainda morar no barracão e compartilhar as coisas com os outros homens, quando tinha o seu próprio espaço privado.

— Deite-se. Tire essas botas, fique confortável, ok? Não pense no trabalho, em nada.

— Mas Koda...

— Mas nada. Você está bastante doente. Vai, deixa eu te ajudar.

O ruivo se ajoelhou e o ajudou a tirar as botas, a sua atitude fez com que Devon ficasse paralisado o observando, coisa que Koda não percebeu e continuou o que estava fazendo. Em seguida colocou as botas ao lado da cama, depois com delicadeza empurrou Devon para se deitar na cama. O seu chapéu já estava em cima do criado mudo.

— Bem, fique confortável. Vou cuidar de Noite e buscar algo para você tomar. Quer que eu feche as janelas?

— Está bom assim. Obrigado. — murmurou Devon, ele puxou o lençol e colocou até no meio do peito.

— Certo. Volto já.

No meio do caminho para ir pegar os remédios que tinha em sua maleta de primeiro socorros, decidiu só tirar as rédeas e a sela de Noite, iria deixar o garanhão caminhar um pouco, pois como o seu dono estava doente, era melhor deixá-lo andar, já que não teria passeios durante o dia.

Com a maleta em mãos, ele desceu as escadas e no mesmo momento escutou vozes um pouco alteradas. Curioso, Koda caminhou na direção, que dava na sala e para a sua surpresa acabou encontrando uma desagradável visita, que por sinal estava deixando o seu pai com raiva.

Thomas tinha a expressão fechada, face corada e esbravejava do mesmo modo que o visitante.

Já irritado, Koda andou com passos pesados até ficar do lado de seu pai.

— O que está acontecendo aqui? O que o senhor está fazendo aqui? — por último se dirigiu ao Martinez, que estava vestido impecavelmente.

— Bom dia para você também. — disse Martinez sorrindo com desprezo.

— Thomas, o que está acontecendo?

— Thomas? Pensei que ele era seu pai. — exclamou o velho vaqueiro imediatamente.

— Ele é e não é da sua conta a maneira que me dirijo a ele. Agora diga do porquê veio aqui, que eu saiba ninguém te convidou ou estou enganado?

— Não se preocupe filho, o Martinez estava já de saída, não é mesmo?

— Não. Parece que o seu acidente afetou o seu cérebro, acho que o seu filho poderia ver a razão.

Koda franziu o cenho. — Que razão?

O velho Martinez abriu um largo sorriso. — Em vender o rancho, soube que estão na pior. As notícias voam, por isso que estou aqui. Sou a solução para os seus problemas, vendendo o rancho para mim.

Koda prendeu a risada, mas não conseguiu controlar. — Só pode estar brincando com a nossa cara. Quem te falou que o rancho estava à venda?

— Só quis trazer a solução, mas vejo que os dois são burros e não veem a oportunidade perfeita para sair do poço. Mas terei que ir, tenho um rancho para comandar e por sinal, está bem melhor do que esse. Porém a minha oferta está aberta, é só me procurarem. Tenham um ótimo dia.

Thomas e Koda o observou caminhar até a porta e sair da casa, logo em seguida os dois suspiraram aliviados.

— O que esse homem veio fazer aqui? Quem disse a ele da nossa situação? — perguntou o ruivo indignado.

— Sabe como é filho, cidade pequena, a língua do povo é grande. — Thomas deu de ombros.

— Eu pensei que só as minhas vizinhas eram fofoqueiras. Não acredito que esse homem teve a cara de pau de vir aqui e se oferecer para comprar o rancho. Absurdo isso.

— Não tão assim. — naquele momento Koda olhou sério para o seu pai. — A nossa situação está caótica, acho que o velho Martinez está certo, a única solução é vender o rancho, mas não para ele.

— Este não é o Thomas que conheço, por acaso você bebeu? — ele viu o lábio tremer do vaqueiro. — Falo sério, Tom. Não podemos nos dar por vencido, iremos enfrentar isso e nenhuma venda está como opção, a não ser vendas de cavalos e do gado, para sairmos dessa, se não, esqueça. Ok?

— Está certo, é que estou preocupado e a qualquer momento isso vai virar mais bagunçado e não temos solução. Mas obrigado filho, sem você aqui e o Devon, já estaria perdido. Falando nele, cadê?

Nesse momento Koda pulou, tinha esquecido completamente do Capataz. — O Devon está doente, achamos que é gripe. Por isso que dei o dia de folga a ele, para cuidar, ele nem queria parar de trabalhar. Homem teimoso! — negou com a cabeça. — Preciso só cuidar de Noite e assim irei voltar para o quarto dele aqui na casa e dar algum remédio para febre e dores de cabeça se ocorrer.

— Estranho, nunca o vi abatido ou doente. Mas fico feliz que já tenha cuidado disso e também por estar cuidado dele, o Devon não tem ninguém, a não ser nós. Estou feliz que sejam amigos.

Koda sorriu. Amigos... Oh, pai, se você soubesse o que eu queria mais do que isso... — Pode deixar, Devon não vai saber o que atingiu, serei o melhor amigo-enfermeiro que ele já viu. Vou cuidar do cavalo e depois voltarei para o quarto. Nos vemos depois.

— Se cuida. E espero que ele melhore logo.

Após se despedir do seu pai, o deixando na sala, ele correu para fora da casa, deixando a maleta ao lado da porta e foi para o campo. Koda encontrou Noite comendo no pasto.

O enorme cavalo negro era deslumbrante, como o seu dono.

Como já tinha andado ao lado de Noite em suas caminhadas com Devon, já era familiarizado com o animal, então nem teve medo de enfrentar o equino, mesmo que fosse mais alto do que ele. Com carinho e palavras mansas, tirou a sela e o deixou totalmente solto.

Koda se afastou um pouco e admirou Noite galopar pelo terreno, relinchando como estivesse feliz e um sorriso se abriu em seu rosto. Ele conhecia a personalidade do animal, que por acaso era quase semelhante ao Devon.

As palavras de seu pai se infiltraram em sua mente.

— Estranho, nunca o vi abatido ou doente. Mas fico feliz que já tenha cuidado disso e também por estar cuidado dele, o Devon não tem ninguém, a não ser nós. Estou feliz que sejam amigos.

Isso queria dizer que Devon no passado tivera doente e não dissera a ninguém, pior, trabalharia mesmo sofrendo. Uma ideia surgiu, ele faria isso mudar, o primeiro passo era mostrar ao Capataz que tinha um amigo que cuidaria dele, sendo assim, não sairia do lado dele.

Com um sorriso no rosto, Koda procurou um vaqueiro para cuidar de Noite e depois guardá-lo, em seguida falou que hoje, nem Devon e ele iria trabalhar, mas que se houvesse alguma emergência que o avisasse, pois assim ele iria.

Com tudo feito, o ruivo voltou para a casa e foi correndo para o quarto que era de Devon. Ao entrar o encontrou feito uma bola na cama, os lençóis o cobrindo por completo, tremendo um pouco, o que o fez ficar preocupado imediatamente.

Ele rapidamente se pôs de lado do Capataz, tirou um pouco o lençol e colocou a sua mão na testa dele, o toque extremamente quente o assustou.

— Oh, merda! — Koda abriu sua maleta e procurou os seus remédios, alívio o inundou quando achou logo.

Colocou um pouco de água da jarra que trouxe da cozinha no copo e se sentou na beira da cama.

— Ei, Devon, acorde! — o cutucou com delicadeza. — Devon, acorde, por favor. Precisa tomar o remédio.

Continuou assim até que conseguiu que o Capataz acordasse, mas ele estava desorientado, Koda achou que não estava totalmente acordado. Mas sem pestanejar, colocou a cápsula dentro da boca dele e em seguida segurou o copo e o fez engolir a água, que por sinal, bebeu toda.

Koda percebeu que os seus lábios estavam rachados por causa da febre alta, assim deu mais água para ele poder se hidratar, em seguida o ajeitou para deitar novamente, colocou o lençol de volta, logo depois Devon estava dormindo, tremendo, mas dormindo.

O ruivo ainda ficou sentado o vendo dormir, esperava que o cowboy melhorasse logo, mas enquanto ia se recuperando, não sairia do seu lado. Um tempo depois ele se levantou, tirou da maleta os remédios que poderia precisar, em seguida voltou novamente e ficou observando.

Vendo que estava igual um obcecado, rapidamente se levantou e caminhou ao redor do quarto, foi até a janela, as fechou e puxou as cortinas, assim para dar mais conforto ao seu Capataz. Momentos depois puxou uma poltrona que ali tinha e se sentou, pegou o seu celular do bolso, começou a fuçar.

Semanas atrás conseguiu colocar o wi-fi ao redor da casa e no barracão, assim os vaqueiros poderiam ter fácil acesso à internet, já que tinham celulares modernos. Ele rodou seu Facebook, depois o insta, mas nada ganhou a sua atenção, por isso que decidiu ir ler as histórias em quadrinhos que tinha salvo na memória do celular.

Tosses foram ouvidas ao decorrer do tempo, de vez em quando checava Devon, a febre no começo parecia que tinha dado uma abaixada, mas ainda estava quente, por isso o fez beber água para se hidratar.

Porém algum momento depois ele começou a escutar resmungos, choramingar e pequenos gritos. Koda olhou assustado e viu Devon revirar na cama e cada vez os seus murmúrios foram ficando mais fortes e altos.

O ruivo largou seu celular na poltrona e correu de encontro ao Capataz, o que permitiu entender as lamúrias dele, o deixando confuso e curioso.

— Por favor, papai... não faça isso. — choramingou. — Por favor, não me deixe... está escuro, muito escuro... por favor, não me deixe.... Eu prometo ficar quieto, por favor... por favor. Oh não, dói, dói muito... arde, queima, por favor, não me machuque. — o choro foi intensificando, deixando Koda assustado. — Josias, por favor, me ajude, me ajude. Não me abandone, por favor, não me abandone. Pai... Josias, não me abandonem.

Era de partir o coração, os seus próprios olhos arderam, ver Devon sofrendo, chorando mesmo delirando, era horrível. Koda se enfiou na cama e o puxou para os seus braços. Tinha certeza que aquelas palavras tinham a ver com o passado do Capataz, o que deixou curioso e com raiva.

O que tinha acontecido para deixá-lo assim? Era uma pergunta que ficaria sem resposta.

— Shii, não se preocupe, De, estou aqui. Estou aqui. Não chore, ninguém vai te abandonar. Não chore, Dev, não chore. — ele encostou o seu queixo na cabeça dele e o acariciou, beijando e o acalentando. — Shii, não se preocupe, estou aqui. Se acalme, Dev. Ninguém vai te abandonar, nunca mais, não irei deixar. Sou seu amigo, amigo, viu? Estou com você, Dev, com você.

Continuou até que sentiu o corpo dele relaxar, os choramingos foram diminuindo, até que ficou totalmente calmo, o que o fez suspirar aliviado.

— Estou aqui e não irei sair.

— Koda. — Devon murmurou, apertou o abraço.

O ruivo paralisou e seu coração aqueceu. Um tempo depois, quando iria sair da cama, o Cowboy choramingou e o puxou para mais perto, o deixando sem saída. Vendo que não tinha jeito, acabou ficando ali, com o seu Capataz em seus braços e pior, ele totalmente amou, mas se sentiu um idiota por se sentir assim, Devon estava frágil e vulnerável, então pegaria conforto de qualquer pessoa, tinha sorte que era o seu.

...

Não tinha percebido que pegara no sono até que escutou Maria chamá-lo, o que o fez ficar envergonhado por ser encontrado enroscado com Devon na enorme cama, mesmo que por dentro estivesse pulando de alegria. Ter ele em seus braços era maravilhoso.

— Desculpe querido por te acordar. Mas o caldo ficou pronto.

— Oh. — foi o único som que conseguiu sair de sua boca.

Maria, com um sorriso conhecedor, se afastou e colocou a bandeja em cima do criado mudo. — Deixarei aqui, assim você o acordará para comer, já vou. Ah, também trouxe uns cookies para você degustar, depois trago algo mais sustentável.

— Ah, obrigada, Maria. Sim, parece que a febre baixou. Que caldo é este? Parece bastante cheiroso. — o seu próprio estômago resmungou.

— Só uma receita de família que ajuda a combater a gripe, vai deixá-lo novo em folha, principalmente por não ter comido desde ontem. E também trouxe pedaços de pão para ele.

— Perfeito! Novamente obrigado.

Ela só deu mais um sorriso e os deixou sozinhos, assim deu coragem para Koda sair dos braços de Devon. Ele se afastou e o chamou, acordando-o.

— Hum? O que foi? — indagou desorientado, a sua voz estava rouca, mais do que o normal. — 'Porcaria, parece que engoli foi areia. — resmungou.

— Ei, está melhor? — Koda se inclinou e olhou em seus olhos, estavam vermelhos e ainda estava com círculos escuros ao redor.

— Koda... estou melhor do que quando acordei hoje, estava uma porcaria. — o ruivo sorriu. — Er, obrigado por ter...

— Nada de agradecimentos! — o interrompeu. — Se sente, Maria fez um caldo delicioso para ajudar a combater esse resfriado, parece que os meus remédios não ajudam muito.

— Oh, o famoso caldo. Disseram que é tiro e queda. Hum, calma aí, seus remédios? Além de contador, agora é enfermeiro? — indagou com um leve sorriso no rosto. Devon se sentou e escorou o tronco na cabeceira da cama.

— Não te contei? Sou contador, cowboy e enfermeiro nas horas vagas. Aprendi tudo no Grey's Anatomy. São 14 temporadas de aprendizagem, surto, choro e desespero.

Devon não aguentou e riu. — Então estou em mãos seguras.

— Com certeza, meu paciente. Agora vamos, está na hora de comer.

Dito isso pegou a bandeja e colocou no colo de Devon, que logo pegou a tigela e começou a comer.

— Os cookies são meus, os pãezinhos são seus para comer junto com o caldo. Mas se quiser, divido.

— Não precisa, está bom assim. Oh... picante. — disse após dar uma segunda colherada. — Bem que os rapazes me avisaram, essa coisa é puro fogo.

— Quê? Não creio. Pensei que era um caldo comum. — arregalou os olhos surpreso.

— Não deixe Maria ouvi-lo, se não ela vai te dar um discurso daqueles. — disse rindo. — Este é especial, é dos antepassados dela e o ingrediente principal é a especiarias picantes, bom, mas arde como fogo.

— Ainda bem que não experimentei, única coisa picante que aguento é chili e olhe lá. Mas aproveite. Está sentindo dores?

— Só uma dor de cabeça, uma leve dor de garganta, mas de resto está ótimo.

— Maravilha. Se sentir pior, me avise. Depois de comer pegarei outro ibuprofeno.

Devon assentiu e continuou a beber o caldo junto os pedaços de pão ensopados. Os dois ficaram em silêncio, se entreolhando, não era um silêncio constrangedor, ambos estavam confortáveis com a presença um do outro, principalmente Devon, que se sentia um pouco surpreso por ter Koda ali, cuidando dele, era algo novo, mas era reconfortante, o seu peito aquecia.

Após comer, Koda pegou de volta a bandeja, colocou de volta no criado mudo e se virou para ele. — Agora, pode descansar. Irei deixá-lo para dormir mais.

— Oh não, pode ficar... — Devon pegou em sua mão, o impedindo de andar. — Sei que estava aqui o tempo todo, aprecio a sua presença. Também estou já sem sono, dormi demais. — os dois sorriram.

— Certo, não se mexa, vou pegar o ibuprofeno para aliviar essa dor de cabeça, também acho que tenho uma pastilha aqui ótima para a garganta.

Só que Koda não se mexeu, pois a sua mão ainda estava sendo segurada pelo Cowboy, os dois ainda estavam se olhando e ele não queria cortar aquilo, até que o próprio Devon percebeu o que estava fazendo e Koda jurou que viu suas maçãs do rosto ficando vermelhas.

— Er, ok. Obrigado. — murmurou o Capataz sem jeito.

Sentindo falta da mão do outro, ele se virou, revirou sua maleta e encontrou suas pastilhas que aliviam as suas dores de garganta, em seguida pegou o remédio e um copo de água, as entregou para Devon e o observou tomar, depois deu as duas pastilhas para ele.

— Hum, menta... refrescante. — murmurou Devon. — Senta aqui, você não vai passar o tempo todo em pé.

— Oh, a cadeira, ali...

— Aqui é mais confortável e também é enorme.

— Ok. — agora era ele que estava sem jeito, principalmente depois que cochilou deitado nos braços do outro, que infelizmente não sabia disto. Koda se sentou ao lado dele e olhou para o peão. — Agora me conta por que você não fica aqui? Estava me corroendo de curiosidade. Não me leve a mal, o barracão é ótimo, mas aqui você teria privacidade, um lugar só seu.

— Então, não me sinto confortável vivendo aqui. Sei que Thomas me deu esse lugar, mas não quero que os outros pensem que tenho privilégios, por isso prefiro o barracão.

— Eles nunca pensariam isso, os únicos seriam Davi e Marcus, agora estão bem longe daqui. Mas se sinta confortável para ficar nos dois lugares. Além disso, as noites você está sempre perambulando por aqui.

— Sim, é verdade. Não consigo dormir à noite e também aqui sempre tenho companhia para passar, assistindo séries que nunca imaginei existirem e roubar a geladeira de madrugada. Lembra daquela vez que a Maria nos pegou comendo as gotas de chocolate que ela usa nos cookies?

Koda gargalhou relembrando a cara dela e as suas, completamente culpados e com medo. — Sua culpa que ela nos ouviu.

— Minha? — indagou indignado. — Foi eu que soltei um grito ao encontrar o pacote escondido? E também por derrubar a cadeira ao ficar correndo pela cozinha. Ela te escutou e veio ver o que estava acontecendo.

— Protesto! Não foi minha e eu não gritei. — negou com a cabeça. — Foi sua, que me fez cócegas depois que peguei o pacote de suas mãos... eu tive que correr pela cozinha, o que acabou com você derrubando a cadeira.

— Pegou? Você o roubou de mim. Rumpf.

— Peguei, roubar é diferente, só peguei emprestado. — deu de ombros sorrindo.

— E não quis devolver. — Devon estreitou os olhos. — Bem, depois disso ela nos proibiu de comer os cookies por três dias... Ela me colocou de castigo, culpa sua.

— Lá vai ele me culpando. Eu que devia te dar o troco por me fazer cócegas.

— Ah é? Vai atacar o seu paciente enfermo? — fez cara de coitadinho.

Koda se controlou para não rir. — Agora vai fazer chantagem? Agora pouco estava me culpando.

— Era sua culpa mesmo. — sorriu largo.

— Vamos ver se você aguenta manter isso.

Com isso Koda levantou as mãos e mexeu os dedos, Devon suspirou e tentou se afastar, porém o ruivo foi ligeiro, o atacou fazendo cócegas no seu troco, ele sentiu o cowboy se contorcer em suas mãos, o seu sorriso se abriu e riu junto com Devon, que gargalhava. Mas para a sua surpresa, o Capataz o pegou e o prendeu, o fazendo deitar na cama, os seus braços foram levantados e o encostou perto da sua cabeça.

— E você é o culpado. — declarou Devon sorrindo. Ele estava com o seu corpo em cima de Koda, o deixando sem saída. — Confesse.

— Não. — o ruivo sentiu sua respiração falhar, o rosto do Capataz estava muito perto do seu, o seu coração falhou, os seus lábios se sentiram secos, ele o lambeu e viu o momento que Devon seguiu sua língua com o olhar. — Não irei confessar.

— Ah é? — mas Devon estava muito distraído olhando para a sua boca e Koda acabou mordendo o lábio, aquilo o fez resmungar, até que não aguentou a tentação e quebrou os centímetros, o beijando com vontade.

A conversa de um mês atrás de que eram só amigos foi para os ares, os dois só queria sentir a boca um do outro. As mãos de Koda ainda ficaram presas, o fazendo ficar à mercê total de Devon, o que deixou totalmente duro.

Sentir o corpo, a mão dele apertando seus pulsou e a outra a apertar sua bunda, era o paraíso, Koda só fez retribuir o beijo com total paixão, choramingando e chupando, mordendo e brincando ao redor daquela cavidade saborosa, o sabor da menta junto com algo picante era fabuloso.

— Meninos, ainda não acredito que o idiota do Martinez... — Devon e Koda paralisaram por meros segundos, em seguida os dois pularam da cama, ficando longe um do outro, ambos assustados e se olhando com os olhos arregalados, pupilas dilatadas, lábios inchados e crescentes ereções. Em seguida olharam para a porta, ambos suspiraram aliviados ao ver que Maria estava de costas enquanto falava, ela carregava uma coisa nas mãos que a fez abrir a porta com a sua bunda. — Veio aqui só para perturbar o Thomas, querendo comprar o rancho. Da próxima vez, o expulsarei daqui a vassouradas. — ela se virou e sorriu. — Oh, Devon, está melhor?

O Cowboy se sentou e assentiu. — Sim, obrigado pelo caldo, estava excelente.

— Que bom. Agora trouxe sanduíches para os dois. Depois trago o almoço.

Koda sorriu, todo vermelho, foi até ela e pegou a bandeja. — Muito obrigado pela gentileza.

Ela acariciou a sua bochecha e sorriu. — Não precisa agradecer, querido. Oh, está quente, não vai me dizer que também está doente?

— Oh. — Koda ficou mais vermelho e constrangido. — Não, é só o clima. Estou bem.

— Ok, vou pegar a outra bandeja e fazer companhia para o seu pai. Está muito resmungão, e terminar o almoço, já, já os peões chegam.

— Certo, até mais tarde.

Ele a observou fechar a porta, mas não teve coragem para se virar, até que sentiu uma mão em seu ombro, o que fez pular.

— Opa calma! — a voz grossa de Devon retumbou. — Me dê isso aqui e me explica o que ela acabou de me dizer. O Martinez veio aqui?

Koda entregou a bandeja e suspirou. Não sabia se estava aliviado pela cena momentos antes ou chateado por Devon não tocar no assunto, mas achou melhor ignorar igual o Capataz. — Você não vai acreditar na audácia daquele homem. — ele voltou para a cama e se sentou, tentou manter a distância, mas viu que era bobagem. Koda explicou a visita inesperada do rancheiro, o que deixou Devon morto de raiva.

— Aquele velho só vem para perturbar. Ainda bem que você o cortou. Mas o conheço, ele ainda voltará a encher a nossa paciência.

— Não se preocupe, na próxima deixo Maria o enxotar a vassouradas. — os dois riram, aliviando o clima. — Isso também só mostra que a gente precisa achar uma solução. Será que tem como vender os cavalos? Sei lá, para assim cobrir as despesas do rancho, até conseguirmos dar a volta por cima?

— Olha, a nossa especialidade é fazer inseminação e vender os potros de um ano. Agora, não temos muitos e não temos nenhum pedido, mas é uma boa para pensarmos mais a respeito. E também, uma ideia é sempre bem-vinda. Agora me pergunto por que não pensamos nisso antes.

— Não se martirize. — Koda, sem pensar, colocou a sua mão na coxa de Devon. — Estivemos estressados, com raiva, com medo, angustiados e não conseguimos pensar. Mas agora, podemos procurar uma solução viável. Não se preocupe. Vamos conseguir achar algo para sairmos dessa.

— Sim. Iremos. — Devon sorriu, em seguida colocou a sua mão em cima do ruivo, o que o fez paralisar. — Juntos, em equipe. — ele piscou e o seu sorriso se abriu mais.

Koda sorriu de volta, mas por dentro o seu coração estava enlouquecido. Um dia o Capataz ainda o mataria, principalmente, de desejo.

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