Capítulo 14 - Desire/Discoveries
Obs: Os valores citados nesse capítulo é completa ficção, como uma pessoa de humanas e pobre, não sei se o valor é cabível para a situação, então perdoe se esta baixo ou alto.
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Bile subiu, sua boca ficou com um gosto amargo, se controlou para não esvaziar o seu estômago bem na mesa do gerente do banco, o que acabara de ouvir e de ver pelos seus próprios olhos o fizera quase vomitar e sair quebrando tudo com raiva, principalmente, uma vontade de bater em certo alguém.
— Isso é tudo? — indagou Koda após verificar os papéis contendo as retiradas das contas bancárias do rancho. — Como isso tudo aconteceu sem o banco ligar para o responsável? As enormes retiradas, as contas em vermelhos.... o empréstimo em nome do rancho, isso é algo inacreditável.
O gerente suspirou pela décima vez, ele ajeitou o colarinho e abordou um sorriso falso em seu rosto. — Novamente, senhor Harris, entremos em contato com o senhor Thomas, não só uma vez, mas várias vezes, porém ele deixou sempre bem claro que tudo o que foi retirado e colocado foi com a permissão dele, permissão dada ao Evan Parker, a culpa não é nossa e os empréstimos estão todos com a assinatura de Thomas Robinson Moore, tudo legalizado e nada falsificado, então não insinue que é uma farsa, pois estas são as assinaturas do senhor Moore, que por acaso, os valores para serem pagos estão atrasados....
— O que você está dizendo? — ele estreitou os olhos.
— Apenas que se o empréstimo que está em vigor não for pago, o rancho terá que ser leiloado pelo banco, pois consta como segurado. — por fim o gerente de nome Calvin, deu de ombros e sorriu.
Santo porra Batman, pelo sangue do demônio em Sam, pelo sarcasmo de Sheldon, pelas séries que já vi, que vontade de quebrar os dentes desse idiota. Pensou Koda fuzilando o cara pelos olhos.
— Acho que está tudo resolvido, né? Já expliquei tudo, se por acaso se ainda não compreendeu posso explicar mais uma vez, mas é isso. Espero que tenha um ótimo dia.
Koda se levantou e assentiu bruscamente. — Ok. Igualmente. — ao terminar de falar, pegou a sua bolsa com as pastas e a passos pesados saiu do pequeno cubículo.
O banco em questão estava um pouco cheio, mas não se importou e continuou indo ao encontro de seu pai e Devon que estavam sentados na recepção, o cowboy ao vê-lo se levantou e quando percebeu a sua expressão, franziu o cenho confuso.
— E ai? Deu tudo certo? — Devon indagou assim que Koda parou do lado deles.
— Vamos para o Rancho, lá eu falo.
— Filho? O que aconteceu? O que o Calvin falou?
Koda não se atreveu para olhar nos olhos do seu pai, não tinha forças para tal coisa.
— Precisamos ir para o rancho. — ao terminar de murmurar, ele não os esperou e saiu apressado do banco.
Devon ficou preocupado pela atitude do ruivo, um arrepio subiu em sua espinha, sabia que tinha alguma coisa errada para deixar Koda assim. Sem perder tempo ele se colocou atrás da cadeira de rodas e guiou para fora do prédio, encontrando Koda escorado na sua caminhonete, ele tinha a testa encostada no automóvel e olhava para baixo.
O seu estômago se contorceu, o que aconteceu fez com que Koda ficasse completamente diferente e preocupado. Vendo que o ruivo só iria falar no rancho, logo mais colocou Thomas no banco do passageiro, assim partiram para casa.
[...]
Quando chegou ao rancho, a primeira coisa que o ruivo fez foi correr para o escritório, verificou mais uma vez o computador, pegou as pastas da estante, mas o resultado era o mesmo, tudo indicava para uma única coisa.
— Estava bom demais para ser verdade. — Koda murmurou ao fitar a tela do computador. Ele suspirou. — Como irei contar ao meu pai a atual situação do rancho? Como poderei encará-lo após vê-lo chorar? Preciso consertar isso, necessito. Mas como?
Os seus olhos queimaram, uma vontade de chorar por desespero o tomou, mas não iria fazer isso, não quando teria que ser forte, para o pai e para o rancho, como não sabia, mas esperava que Dean, Sheldon, os seus dois Batman's particulares o ajudassem antes que perdesse a cabeça.
Com os papéis em mãos, iria fazer a única coisa que prometeu a Devon, só iria falar a Thomas quando tivesse provas concretas das suas suspeitas e elas estavam em sua posse.
Koda deixou o escritório e caminhou para a sala da frente, encontrando Devon, Maria e Thomas conversando. Com o semblante sério, ganhando a atenção de todos, ele se sentou no sofá oposto a eles e fitou cada um.
— Filho? — chamou o vaqueiro. — Vai nos contar o que está acontecendo? O que são esses tantos de papéis? O que aconteceu no banco?
— O que irei dizer agora é algo bastante sério e preocupante. — os outros três se entreolharam.
— Irei deixá-los sozinhos. Querem tomar alguma coisa? — Maria se levantou.
Koda ergueu a mão e fez que não. — Pode sentar, Maria. Você também precisa saber disso, mas se puder, por favor, traga água ou café para eles.
— Volto num instante.
O ruivo começou a organizar os papéis em silêncio, ele sentia o olhar de Devon e seu pai queimando em sua pele, mas se manteve firme.
— É o que estou pensando? — indagou o Capataz quebrando o silêncio.
Por um instante ele fechou os olhos, ao abri-los, fitou Devon e assentiu. — Sim.
— Garotos, o que está acontecendo? Para que tanto mistério?
— Se acalme, Tom. — pediu o filho. — Deixa Maria voltar que irei explicar tudo, mas só peço que seja forte, vai ser difícil, mas lembre-se que tem a mim e ao Devon, com certeza, o resto do rancho para passarmos por isso. — ao terminar de falar a mulher voltou carregando uma bandeja, ela colocou no centro na mesa e distribuiu as xícaras de café. Koda agradeceu, mas deixou a sua de lado e começou a contar o pesadelo do Rancho Dois Corações.
— Desde que cheguei fiquei desconfiado pela maneira como o contador do rancho fazia o serviço, a situação era bastante estranha, mesmo vocês me dizendo que ele era de confiança, que nunca iria fazer algo ruim, mas não tirava da minha cabeça que tinha alguma coisa de errado. O sumiço, o contrato do leilão, a casa vazia por meses e por fim, mexendo nos registros financeiros do Rancho para calcular o pagamento de Marcus e Davi encontrei umas coisas bem sinistras.
Koda pegou os papéis e entregou para o seu pai e o capataz.
— O que estão vendo aí são os registros de anos do rancho. Quando chegou em 2006 houve uma mudança drástica. Números não batendo, irregulares e até faltando e no computador a mesma coisa. Concluindo tudo, o dinheiro que consta é muito pouco para o tamanho desse rancho, do dinheiro que entra e sai, principalmente quando Devon falou os valores que vendem os rebanhos, um valor extremamente alto, por isso que precisava ir ao banco e ver o histórico das contas, das retiradas, dos depósitos... é a parte que afirma tudo o que estou dizendo e ainda mais.
Os outros ouviam atentamente, as expressões denunciavam o quantos estavam surpresos, principalmente via a confusão em Devon e Thomas.
Koda respirou fundo e continuou. — O gerente do banco me mostrou todo o histórico, me falou de tudo o que aconteceu nas contas do rancho. O rancho tem três contas bancárias, as três contas constam as retiradas de valores super altos, transferências para outras contas, que por acaso são de empresas, que ainda não sei de que é, mas provavelmente empresas fantasmas. Precisarão de uma investigação, não só isso, mas de tudo. Também vi que o dinheiro que o senhor Mattos depositou, não está mais na conta designada, pois quando encontrou o mesmo valor foi repassado para outras contas e isso já vem acontecendo em outros valores depositados de leilões do rancho.
— O quê? — exclamou Devon sem acreditar, a expressão raivosa tomou a sua face e Maria e Thomas estavam igualmente. — Como o banco deixou isso acontecer? Não desconfiaram que poderia ter sido algum roubo? Era para ter nos contatados no primeiro momento da transferência de um valor alto, não é o certo? Incompetentes. — o Capataz balançou a cabeça e começou a andar nervosamente pela sala com os papéis em mãos. — Não acredito nisso.
— Devon...— ele fez uma pequena pausa suspirando. — Eles fizeram isso e continuaram a fazer até se cansarem, pois recebia a mesma resposta, a confirmação de Thomas. Que era um procedimento normal, que o Evan Parker tinha total autoridade de mexer com as contas, pois ele era o responsável pela finança do rancho.
— Quê? — Devon negou com a cabeça. — Mas...
— A culpa foi minha. — Thomas desviou o olhar. — Quanto tem de dinheiro nas contas?
Koda mordeu o lábio e entregou outro papel ao seu pai. — Aproximadamente trezentos mil dólares, quando era para ter um milhão e meio. Mas isso não é tudo, descobri que o rancho fez empréstimos.
— Bem, é verdade. — concordou Thomas. — Fiz há quase dez anos atrás, já estão quitados.
— Foi o que pensei, mas o empréstimo que consta e os outros, foram dos anos 2008, 2010, 2013 e por último, 2015, que por acaso, ainda está em rigor. Acho que o de 2010, 2013 e 2015 você não sabia?
— O que fiz tem dez anos, o único foi de 2008. O que diabos está acontecendo? Porque Evan fez isso?
— Quais são os valores dos empréstimos? — indagou Devon sério.
— 50 mil, 70 mil e por último, 100 mil dólares, que por acaso, está sem pagar nenhuma parcela desde o ano passado e com os juros correndo, o valor está mais alto e se não pagar até daqui a dois meses, de acordo com essa carta, o Rancho Dois Corações vai a leilão, pois esta como segurado. Concluindo, Evan Parker roubou esse rancho há bastante tempo e agora fugiu e deixou esse pouco dinheiro para não desconfiarem, pois sabia o quanto vocês confiavam nele, infelizmente.
O silêncio se alastrou no ambiente, todos perdidos em seus pensamentos, na traição e na situação do rancho. Koda quando terminou de falar, baixou a cabeça, não queria ver o olhar decepcionado e magoado do seu pai, a dor em seus olhos, mas um grito e vidro quebrando o fez se assustar.
— Esse porra de Evan, nós confiamos nele, éramos amigos... A culpa foi minha em deixar isso acontecer, como Capataz era para acompanhar isso tudo. Mas não irei deixar isso assim, não mesmo. — numa rapidez, Devon saiu pela porta da frente, os deixando abismado.
— Devon. — gritou Thomas. — Volta aqui. Droga de cadeira. — xingou fervorosamente.
— Vou atrás dele. — Koda se levantou e correu atrás do Capataz.
A reação de Devon o pegou desprevenido, mas entendia perfeitamente a raiva que o outro exalava, porém nada iria se resolver com violência ou algo parecido, ele teria que dar algum sentido ao Capataz.
Quando saiu da casa, Koda procurou avidamente por Devon, arregalou os olhos quando o viu dentro da caminhonete e já ligando o motor. Rapidamente correu de encontro ao automóvel, quase caindo ao tropeçar nos próprios pés.
— Devon, saia desse carro agora. — ele exclamou bastante sério.
O Capataz olhou surpreso, só fez baixar o vidro. — Koda, irei atrás desse bastardo. Ainda não estou acreditando o quanto fui burro, mas irei consertar isso, por favor, se afaste.
— Santo Batman, homem. Saia desse carro e vamos conversar. Sei o quanto está com raiva, mas nada vai resolver isso. Saia daí.
— Eu não posso, eu preciso encontrá-lo... desgraçado.
Koda acabou pulando de susto quando Devon acabou dando um murro no volante da caminhonete e fez com que tocasse a estridente buzina.
— Ok, agora é sério, se você não sair, eu vou entrar e te puxar. — mas sem paciência, Koda acabou abrindo a porta do carro e pegou na mão do Capataz, com dificuldade o puxou.
— Koda. — exclamou o outro surpreso, mas acabou sendo levado para forma do automóvel. — Eu preciso ir na cidade, caçá-lo, o que ele fez... ele enganou nós todos e se eu fosse mais competente, tudo isso não teria acontecido.
— Isso não é verdade, esse cara foi que usou a confiança de vocês e usufruiu. O único erro foi confiar demais, mas agora precisamos de um plano para contornar isso tudo.
— Não Koda, você não está entendendo. Tudo isso foi culpa minha, eu era o responsável junto com Evan, eu o ajudava a resolver as finanças, mas não via o que ele estava fazendo, não desconfiava e quando você desconfiou, eu não acreditei, não acreditei. É minha culpa e irei consertar isso... Puta merda. Eu me odeio por isso, ajudei a cravar a faca no único homem que estendeu o braço para mim, não mereço ter mais o respeito de Thomas ou seu, a confiança.... Mas não se preocupem, assim que pegá-lo, irei embora.
— Como assim, ir embora? — Koda olhou assustado. — Você não vai para nenhum lugar, senhorzinho. O seu lugar é aqui e deixa de besteira, você não tem culpa de nada, nada.
Devon riu com tom de depreciado. — Você não entende. Eu deixei isso acontecer, eu deixei esse cara entrar e ter total direito sobre as finanças, só por causa que o burro aqui não sabe fazer porra nenhuma de matemática ou de outras coisas, eu não mereço estar onde estou, era para ser um simples peão, como fui designado desde que nasci, um sem ninguém, assim nenhuma pessoa poderá se prejudicar.
— Não Devon, não vou escutar essas palavras depreciativas sem dizer nada. Você merece estar onde está. Só comentou um único erro que todo mundo comete, foi confiar, só isso e por favor, deixa de besteira, seu lugar é aqui e Thomas continuará tendo respeito e confiança de você e a minha também.
— Eu não acredito nisso. — negou com a cabeça. — Me sinto errado, muito errado, sei que fiz merda e irei pagar por isso, eu não mereço ser mais o braço direito de Thomas, não mais, pois... — ele continuou falando o quanto foi um imbecil e Koda era para estar vendo isso e querer o afastar definitivamente do rancho.
O ruivo olhava sem acreditar, as palavras cada vez mais absurdas saíam da boca do Capataz, ele via o quanto Devon estava com raiva, com nojo, triste e continuou se autodepreciando. Não sabendo como calá-lo, o seu corpo e coração fez a única coisa sem o consentimento do seu cérebro, ele simplesmente quebrou os centímetros que os afastava e o puxou para um brusco beijo.
Ele gemeu ao sentir os lábios do Capataz colados aos seus, macios e sedosos como imaginava, mas ao mesmo tempo viu a rigidez do corpo e a paralisação pelo choque de sua ação, foi o que fez voltar a si e ver o que acabou de fazer.
Koda se afastou rapidamente para trás com os olhos arregalados. — Oh... D-e...de...
Os seus olhos cresceram cada vez mais ao ver Devon aproximar do seu corpo, instintivamente deu um passo para trás, mas não fez com que escapasse dos braços do Capataz, que rodeou a sua cintura, e da sua boca, que segundos depois estava colado nos seus lábios. Ele arfou de surpresa, o que fez com que Devon aproveitasse e enfiasse a sua língua em sua boca, novamente Koda acabou soltar pequenos murmúrios de prazer ao degustar da boca deliciosa do Capataz.
Era mil vezes melhor do que imaginou, aquele simples beijo fez sua pele esquentar, o seu coração bombardeava sangue rapidamente, indo diretamente para o sul, as suas bochechas esquentaram, não sabia se era de vergonha por estar excitado por um beijo ou quente de prazer.
O sabor de café na boca de Devon o fez gemer, querendo cada vez mais, o beijo foi ficando cada vez mais brusco, selvagem e pequenos gemidos soltava, principalmente quando sentiu as mãos calejadas do Capataz passeando em suas costas, eram como brasas e ele queria mais e mais, as suas próprias mãos estavam soltas e prendia o sedoso cabelo de Devon, o seu torso, peitoral.
Se sentia uma gosma, uma gosma completamente feliz e quente.
Devon o segurava de uma maneira única, forte o deixando atordoado e faminto pelos lábios, já estava sem fôlego, mas não queria parar, não queria soltar aquela boca, parar de morder aqueles lábios ou de chupar a sua língua, a sua mente já não raciocinava direito, que nem percebeu que estava andando, até sentir uma parede dura em suas costas, foi quando viu que Devon o tinha levado para encostar na lateral do automóvel.
Durante o beijo ele sorriu e puxou o corpo do Capataz para o seu, colando os corpos, não deixando nenhum ar passar, assim acabou gemendo ao sentir a pressão da perna de Devon em sua virilha, ocasionando prazer pelo simples toque.
Quando os seus pulmões pediam por ar, ele sentiu a boca do outro em seu pescoço, a língua sedosa passeava em sua orelha, mordidas vieram logo após, o que fez soltar mais gemidos de prazer, pois sem querer Devon acabou achando umas das suas áreas erógenas.
As suas mãos apertaram as costas do outro, e uma das suas mãos acabou escapando e foi diretamente para a bunda e apertou junto, acabou sentindo que Devon gostou, pois ouviu um pequeno gemido. Um sorriso se abriu e aproveitou, continuou apertando e alisando aquela bundinha redondinha e arrebitada.
Tudo estava indo perfeito, o delicioso beijo, as mãos bobas criando vida, que os dois nem se lembrava mais que estava em público, do lado de fora da casa do rancho, que qualquer poderia vê-los, só estavam focados em se beijar, se esfregar e matar aquele desejo que consumiam seus corpos, mas nem tudo eram flores, um tempo depois, não se sabia se fora minutos ou horas, mas os dois acabaram pulando de susto ao escutar buzinas e barulho de pneus de carro bem próximo.
Eles se afastaram abruptamente, totalmente atordoados, mas ainda febris pela excitação, os dois se olharam incrédulos e desejosos, viram o estado que o outro estava e concluiu em pensamentos que estava do mesmo jeito, lábios inchados, pupilas dilatadas, ofegantes e com a roupa totalmente desarrumada.
Koda lambeu os lábios e os mordeu e viu o olhar de Devon em sua boca, o que fez morder cada vez mais, sem saber como agir ou falar, se sentiu mais tímido do que era e um pouco envergonhado do que acabou de acontecer, do inusitado beijo, inusitado e gostoso beijo.
Acabou se perdendo em seus pensamentos e fitando o Capataz, mas um som de porta abrindo e fechando o fez desviar o olhar e sair da sua mente, acabou dando de cara com uma linda mulher de longos cabelos negros, de pele pálida e de olhos azuis, que parecia ter a mesma idade de Maria, ela caminhou até eles com um pequeno sorriso no rosto, o seu rosto ficou mais vermelho.
Santo Batman, eles tinham plateia? Se perguntou em pensamentos e gemeu internamente.
— Sara? — Devon quebrou o silêncio e abriu um sorriso hesitante. — Bom dia, Sara! Que surpresa.
Koda só fez franzir o cenho e continuou na sua, mas observou a interação da recém chegada e do cara que tinha acabado de beijar.
— Devon, querido. — a mulher sorriu e o puxou para os seus braços e o beijou nas duas bochechas.
Sem querer, o ruivo acabou soltando um resmungo nada feliz ao ver aquela troca de carinho, o que ganhou a atenção do Capataz e da Sara.
— Não acredito no que estou vendo. Desde que Tom ligou me dizendo que estava aqui, que ainda não caiu a ficha, mas vendo pessoalmente, aqui no rancho... Deus, estou tão feliz. — exclamou com um enorme sorriso no rosto, ela se aproximou. — Koda, Koda... queria tanto te conhecer.
O cenho franzido do ruivo se aprofundou confuso, mas para não bancar o mal educado e ciumento, coisa que não era para estar, forçou um sorriso. — Er... Oi, é um prazer conhecê-la, Sara, né?
— Sara para os outros, mas para você é especialmente a Tia Sa. É um enorme prazer em conhecer finalmente o meu amado sobrinho.
Koda arregalou os olhos totalmente surpreso. — Tia...? Ah, meu Deus. Tia! — um sorriso se abriu em seu rosto.
Sara o abraçou e o beijou na testa. — Desde que soube que ia ter um sobrinho sempre queria fazer isso, pena que demorou 26 anos para acontecer. Cadê o meu irmão rabugento e chato? Quero matar as saudades dele e ver se está melhor, vim visitá-lo no hospital com os meus meninos, pena que infelizmente o Casper e Cary não puderam vir.
— Casper e Cary? — perguntou confuso.
— Os seus primos. — Devon foi que respondeu, ele suspirou e olhou sério para Sara. — As coisas se complicaram, Sara. Ainda bem que você veio, para dar apoio ao Thomas.
Logo a mulher ficou séria. — O que aconteceu dessa vez?
[...]
— Já liguei para o advogado da família. — concluiu Sara. — Ainda não acredito que isso aconteceu, querido irmão. Nunca pensei que alguém da sua extrema confiança fizesse algo assim, mas graças a Deus que Koda está aqui e descobriu tudo isso, antes mesmo do banco vir e leiloar o rancho sem vocês saberem de nada.
— Sim, sou um sortudo, né? Tenho o melhor filho do mundo. — Thomas sorriu. — Agora é esperar a investigação começar, fazer a denúncia na delegacia e mudar todos os cartões e senhas, não quero aquele desgraçado mexendo mais nas minhas coisas.
— Depois do almoço iremos fazer isso, era para termos feito isso na mesma hora que estávamos no banco, mas precisava contar a vocês aqui e trazer todas as provas que achei no escritório.
— Não se preocupe, filho. Entendemos, tudo irá se resolver, vai ser difícil, bem difícil.
— Falando em difícil, você poderia dizer ao Devon que ele não tem culpa nenhuma do que aconteceu? — Koda comentou.
O Capataz que estava em silêncio em seu canto, arregalou os olhos surpresos. — Koda.
— Como assim, Koda? Culpa? Devon.... você está se culpando? — Thomas estreitou os olhos confuso.
— Er que...
— Sim, disse que ia embora do rancho, pois não merecia ser mais o seu braço direito, que a culpa foi dele que Evan Parker roubou o rancho e falou outros absurdos.
Devon suspirou e deu de ombros. — Sim, a culpa foi minha. Eu não fiz o meu trabalho e irei ajudar em tudo para que volte ao normal, mas depois, irei embora para não causar mais problemas.
— Bebeu leite de vaca estragado, Devon? Por Deus, para de drama. Você não tem culpa nenhuma nisso, o único culpado e responsável foi Evan Parker e ele é que vai pagar pelo que fez e o senhor vai continuar aqui sendo meu Capataz e cuidar deste rancho. Ainda bem que estou preso nessa cadeira de rodas, se não, ia ate ai e te dar um pé na bunda para ver se via a razão, céus!
— Está vendo? Foi o que eu disse, você deve ficar aqui e iremos juntos resolver isso. Certo? — Koda arqueou a sobrancelha desafiando o vaqueiro dissesse o contrário.
O Capataz suspirou, um pouco aliviado. — Vocês estão certos.
— Vejo que o meu sobrinho já é muito amigo do Devon. — comentou Sara com um pequeno sorriso malicioso. Koda e Devon desviaram o olhar, ambos sem jeitos, o que fez aumentar o sorriso dela. — Bem, já que está tudo encaminhado, depois do almoço iremos para a cidade e enquanto isso, quero conhecer melhor o meu sobrinho. Será que podemos cavalgar juntos? O sol não está muito forte e estou com muitas saudades de montar. — mas logo o seu sorriso se desfez preocupada. — Bem, sabe cavalgar, querido?
— Graças ao Devon. — disse logo em seguida, mas quando terminou de falar, ele percebeu o que acabou de falar, as suas bochechas esquentaram. — Er, quer dizer, o Devon me ensinou... a cavalgar... no cavalo! Isso, ele me deu aulas, aulas.
Sara mordeu a bochecha para não rir. — Oh, então vamos. Querido irmão, Devon, Maria, se me dão licença, agora irei roubar um pouco o meu sobrinho. Mais tarde o devolvo.
— Tenham um ótimo passeio. Queria poder me juntar a vocês. — Thomas deu de ombros.
O ruivo se levantou e foi até o pai dele, se abaixou e o abraçou, beijando a sua bochecha esquerda. — Eu também queria, mas depois irei levá-lo para outro passeio ao redor do rancho, o que acha? Sara pode se juntar a gente.
— Ah, perfeito. — comemorou a mulher.
— Ótimo. Agora vocês precisam ir antes que o sol fique bem mais quente e o senhorzinho leve o seu chapéu, da última vez ficou com insolação. — recomendou Thomas.
Após isso Sara o mandou esperar no estábulo enquanto se arrumava, com isso Devon o seguiu para deixar os cavalos prontos. O caminho todo foi num silêncio mortal, ambos sem jeitos e sem saber o que falar e quando se olhavam, acabavam desviando o olhar como adolescentes no ensino médio, coisa boba quando eram dois adultos.
Quando chegaram no estábulo, Koda o ajudou, o que fez Devon murmurar algumas instruções e falaram o mínimo possível. Depois que os cavalos já estavam prontos, os dois se entreolharam, hesitantes e constrangidos, Koda acabou soltando uma pequena risada de nervoso, o que ganhou uma sobrancelha arqueada do vaqueiro.
— Er...— quando Devon ia falar, eles escutaram passos e acabou se calando.
Sara, já completamente vestida como uma verdadeira vaqueira, pegou as rédeas de seu cavalo, era um lindo garanhão de nome Merlim e novamente Koda iria montar em Cat.
Os dois montaram assim que chegaram no campo, um do lado do outro cavalgaram calmamente por alguns minutos, em silêncio contemplando a companhia, mas logo Sara o quebrou, iniciando uma pequena conversa animada.
— Ainda não acredito que você está finalmente aqui, do lado de Thomas. Vi ele sofrer esses anos todos por estar separado de você e eu sem poder fazer nada. Você não sabia de nada, né? A Katherine fez como prometido e nem sei como ela não está aqui tentando impedir esse reencontro.
— A mãe está muito ocupada viajando não sei para onde com o meu novo padrasto. — comentou Koda. — E também, se ela tentar me separar de Thomas, não vou deixar acontecer. Passei a minha vida toda sem saber que tenho um pai, uma família e quero aproveitar, nem que seja por seis meses.
— Ele fez a proposta. — concluiu ela pensativa. — Então, o que vai fazer nesses seis meses? E vejo que ainda não o chama de pai, deve ser estranho depois desses anos todos, te entendo.
— Irei resolver essa bagunça que o contador deixou, darei todas as provas para que a justiça seja feita e salvar o rancho, o dinheiro que sobrou é muito pouco para dar de conta dos funcionários, dos rebanhos e com próprio rancho. Precisamos achar um plano para que o rancho não se afunde cada vez mais, só não sei como. E, sim, ainda me sinto estranho de chamá-lo assim, mesmo que internamente o chame de pai. Um dia isso vai acontecer, eu sei.
— Não se preocupe, vai dar tudo certo. Pois estarei sempre os ajudando, no que precisar e também tem o Devon, que é o melhor funcionário do rancho, ele vai se doar por completo nessa luta... e falando nele, então, são bem próximos, né?
Koda acabou se engasgando com a própria saliva, as suas bochechas ficaram escarlates. Sara acabou rindo. — Ai meu Deus, você viu, não viu? Santo Batman!
— Oh se vi. Foi a primeira coisa que vi quando cheguei perto da casa. Então, estão namorando escondidos? Hum?
— Que? Namorando? Não, tia! — negou rapidamente. — Foi só um... um...
— Um o que? Um beijo de língua incluindo mãos bobas? — ela sorriu descarada para ele.
Koda gemeu. — Humpf. Ok, foi um beijo inesperado e bem, acabou se prolongando, mas não somos namorados, ficantes ou algo parecido, só amigos, só isso. Devon pode ter retribuído o beijo por pena e também por necessidade, vai que ele esteja igual eu, sem beijar mais de três anos. É isso, foi a força da necessidade que o fez agir daquele jeito.
— E você o beijou por pena? Por necessidade? Ou você queria e muito aquele beijo?
— Ai, tia! — ele gemeu e escondeu o rosto. — Eu queria, tá? E muito. Desde que cheguei nesse rancho que não paro de ver o quanto ele é lindo, mas é só isso, um desejo. Mas agora to curioso, você parece muito confortável com esse papo, porque?
— Eu não tenho preconceitos, principalmente quando tenho um filho que é bi. Casper já teve vários namorados, mesmo que tenha um lindo filho de seis anos.
— Não acredito. Eu tenho um primo bissexual, que demais. Pera, ele tem filho? Me conta mais deles.
E assim Sara falou de Casper, Cary e Simon, do seu esposo que já era falecido e também da história dela quando criança, que era filha fora do casamento do Robinson, por isso que não era ruiva igual o Thomas, que puxou a mãe. Depois desse passeio, eles voltaram para o rancho bem na hora do almoço.
[...]
Três dias se passaram depois de descobrir toda a verdade e ainda estava a mesma, sem saber como fazer para que tudo se resolvesse. Ele via a preocupação visível nos olhos de seu pai, mas também via o quanto o vaqueiro estava tentando se mostrar forte, por isso queria logo achar uma solução.
Depois de passar quase o dia todo e a noite no escritório atrás de uma solução, Koda se levantou, com o corpo dolorido e uma pequena pontada na cabeça.
— Definitivamente preciso relaxar. — já sentia que não ia dormir, estava cansado, mas sem sono.
Deixando o escritório, ele caminhou para a sala, porém parou assim que viu a TV ligada passando Supernatural. Franziu o cenho confuso, mas quando viu quem estava sentado assistindo, o fez paralisar.
Devon estava completamente relaxado no sofá maior, de costas para onde Koda se encontrava. As vezes ele ria e levava alguma coisa para beber, na escuridão não dava para identificar.
O ruivo ficou alguns minutos observando, mas quando tomou coragem suficiente ele deu um passo e arranhou a garganta.
— Não acredito que já está quase terminando Supernatural sem mim e o nosso trato? — indagou caminhando até o sofá, circulou o imóvel e se sentou no mesmo sofá, porém com uma certa distância entre os dois.
Devon se assustou pela presença inesperada, quase fazendo derrubar a sua cerveja.
— Merda. — exclamou erguendo a garrafa.
— Uo, calma cowboy. Te assustei? — brincou com um pequeno sorriso no rosto. — Então, vai me responder? Já está quase nos últimos episódios, quando foi que maratonou sem a minha presença? Hum?
— Nesses últimos três dias e bem, você estava trancado no escritório, não queria perturbar e não sabia como te ajudar, assim vim para a sala e acabei achando o DVD, espero que não se irrite por não pedir antes.
— Na próxima me chame, por favor. Estou todo dolorido por ficar sentado e com dor de cabeça procurando alguma solução.
— Então, achou alguma? — indagou olhando para Koda, que encolheu os ombros desanimado.
— Nenhuma opção viável ou uma ideia útil.
— Foi o que imaginei. O que faremos? O bom disso é que a dívida do banco foi quitada, mas não quer dizer que estamos bem.
— Não sei, mas espero que achem logo uma solução. Hum, será que tem mais dessa? — apontou para a cerveja nas mãos do Cowboy.
Devon arqueou a sobrancelha. — Só se me prometer em não fugir e acabar roubando outro cabrito.
O contador acabou rindo. — Por hoje não, mas quem sabe acabe achando outro irmãozinho para Penny, que por sinal deve estar no meu quarto junto com Sheldon.
— Já que não tem perigo de mais roubo, aqui está, bom proveito. — o Vaqueiro se inclinou e pegou do chão uma lata e a entregou ao ruivo.
Koda abriu a lata, a espuma subiu, rapidamente ele absorveu aquela espuma, caindo pequenas gotas em sua pele. — Hum, refrescante. — deu pequenos goles e fitou a tela, os dois ficaram em silêncios só escutando Dean e Sam falar.
Ambos se sentiam sem jeitos, o que perceberam, os dois acabavam se olhando, mas desviavam o olhar logo em seguida e assim foi até que os olhares se encontraram, fazendo-os rir constrangido.
— Ok. Isso está sendo ridículo. — comentou Devon. — Parecemos adolescentes envergonhados. — ao terminar de falar ele pegou o controle e pausou o DVD. — Precisamos conversar.
Koda gemeu, porém assentiu. — Está certo. Eu... fui eu que começou tudo, então...
— Então? ... — o vaqueiro arqueou a sobrancelha.
— Não sei... quer dizer, não era para ter feito o que fiz, mas fiz, porém somos amigos e não quero estragar a nossa amizade, mas mesmo que eu tenha gostado muito. Bem, não estou falando coisa com coisa e você deve estar achando tudo isso uma bobagem e chatice, quem não estaria? Olha, vamos esquecer tudo isso e fingir que nada aconteceu.
Devon o olhou estranho, logo Koda ficou desconfortável.
Sabia, deve está achando que sou louco e que se arrepende amargamente em retribuir aquele beijo. Certeza. Pensou amargurado.
— Hum. Esquecer e fingir que nada aconteceu? — Devon desviou o olhar por meros segundos e assentiu logo em seguida. — Se é o que você quer, ok. Bom, vamos continuar assistir?
— Não está com raiva de eu ter te beijado? Está tudo bem com nós?
— Não! Estudo bem com a gente e eu nunca iria ter raiva disso, somos amigos, como você mesmo disse.
Koda suspirou aliviado. — Ok. Vamos ver supernatural e imaginar que o imbecil do Evan é a menina do quadro e que Sam e Dean da fim nele, que tal? — ele ergueu a lata quase vazia para um brinde.
— Parece um bom plano. — Devon sorriu e juntou a sua garrafa num brinde, que logo em seguida riram do ato. — Vamos lá.
O vaqueiro pegou novamente o controle e deu play, os dois se aconchegaram no sofá, assim ficaram assistindo os últimos episódios da primeira temporada e bebendo os restantes das latas de cerveja que ali estavam.
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