Capítulo 5
Oieeeeeeeeeeeeeeeee, cheguei com mais um capítulo!!!
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O que acharam do erro da clínica? Absurdo, né? Mas vcs acreditam que isso já aconteceu de verdade? Pois é, em minhas pesquisas encontrei alguns erros clínicos e fiquei tipo Meu Pai rs
Agora é aguardar os próximos capítulos. Ah, o próximo será beeeem interessante hehe
beijão e feliz ano novo, meu povoooooooooooooo!
amo tus!!!!
O colo da minha mãe, sem dúvida alguma, era tudo o que eu precisava.
Assim que eu a vi, desabei e tão cedo não vou me esquecer do seu rosto deformado pela preocupação. Em meio às lágrimas contei tudo, despejei minha frustração, os meus temores, a minha raiva. Meu pai até tentou me consolar, dizendo que poderia levar o caso para a imprensa, mas eu só queria ser ouvida naquele momento. Não tinha cabeça para resolver ou pensar em nada.
Foi compreensível o desespero deles, afinal, ficaram horrorizados e abalados com o que aconteceu. Não teria como ser diferente. Quem vai imaginar que isso poderia acontecer com alguém? Ainda mais com uma filha sua? Parece até um dos episódios daquele programa de TV "Casos de Família".
Perdi a completa noção de quanto tempo fiquei debruçada sobre as pernas de mamãe e só fui sair do meu torpor quando Renata chegou, meia hora atrás. Sua voz corta meus devaneios:
— Quel, a clínica já ligou duas vezes para o seu celular. Uma mensagem também chegou e pelo que pude ver são eles perguntando quando você pretende retornar.
Fecho os olhos, sabendo que não poderei fugir para sempre. Levanto meu tronco e apoio minhas costas no sofá. Minha mãe se remexe e apenas me encara, sem saber o que falar ou se deve falar comigo.
— O que foi, mãe? — pergunto de uma vez.
— Por mais absurda que a situação seja, você já está gerando um bebê, ele é seu, ninguém poderá tomá-lo, o que muda é que agora você não terá a responsabilidade total, talvez...
— Talvez? — incito.
— Talvez não seja tão ruim assim.
Arregalo os olhos diante de sua conclusão, mais absurda do que a própria notícia.
— Mãe! Você está se ouvindo? Eu estou gerando o filho de um cara que eu não tenho noção de quais são seus ideais, o tipo sanguíneo, se é compatível comigo... características que pesquisei durante semanas até encontrar um doador que me fizesse ter certeza da minha escolha. É frustrante demais saber que as coisas deram errado. Pior ainda, como uma clínica daquela pôde permitir que algo dessa proporção acontecesse? Isso é seríssimo!
— E eu concordo! Só estou dizendo que não tem o que você fazer agora a não ser olhar para o lado positivo, como sempre olhou, querida. Compreendo que esteja machucada, se sentindo enganada, mas seu filho já sente tudo o que você sente, então pense bem no que quer transmitir.
Suas palavras doem, mas retratam a realidade. A verdade sempre dói, não tem jeito. Respiro fundo e olho para Renata.
— E você? O que acha de tudo isso?
Renata levanta do tapete e senta ao meu lado, fazendo-me virar para ficar de frente para ela. Minha irmã chorou junto comigo assim que soube, em choque e ao mesmo tempo incrédula pelas palavras que minha mãe dizia, porque eu não tinha forças e nem ânimo para contar novamente.
Rê pega minha mão e a entrelaça com a sua.
— Não é um cenário que eu tenha visto algum dia, muito menos em livros ou filmes, mas está acontecendo, com você, minha irmã, o que posso dizer é que se quer continuar com esta gravidez, e dou total apoio, pois é seu filho também, a gente precisa pensar em uma forma de a clínica arcar com todos os custos essenciais do seu filho, de maneira vitalícia. Em troca, você assinaria um termo de confidencialidade. Sair na imprensa só iria prejudicar a sua imagem e a do seu filho mais tarde. Confie em mim.
Eu contei que minha irmã é advogada? Não? Pois ela é, e das boas.
— Mas e o cara? E se ele quiser a guarda do meu filho? Eu não vou aguentar isso, Rê. Eu preciso de alguma cláusula que o impeça de me procurar, existe isso? Diga que é possível. Não foi culpa minha, esse caos todo, caramba!
Não é minha irmã que fala comigo neste momento, mas a profissional que conquistou respeito nos tribunais.
— Raquel, eu entendo o seu medo, a sua frustração, você que sempre foi tão organizada e metódica com seus planejamentos, e se ver em uma circunstância imprevisível como esta deve ser mais difícil ainda, mas precisamos deixar o coração de lado e enxergar de maneira racional. Você pagou para a clínica te inseminar, certo?
— Certo.
— O doador, que não é o doador, é cliente como você e foi igualmente lesado, certo?
— Certo — respondo, com uma expressão derrotada.
— O seu óvulo se uniu com o espermatozoide do desconhecido, certo?
Fico sem responder porque é ruim demais admitir em voz alta, então ela continua:
— Conclusão: ele tem tanto direito ao bebê quanto você. O que vai acontecer quando a criança nascer precisará ser decidido entre vocês, como dois adultos que são. Sua vida não precisa mudar completamente, porém, em vez de deixar seu filho algumas vezes com uma babá, por exemplo, você terá com quem contar... Ou quando perguntarem sobre o pai, você não vai precisar mentir. Era isso o que nossa mãe queria dizer, mas você não quis ouvir. Você sabe que te amo, e crescemos acreditando que tudo acontece por um motivo. Não cabe a nós procurarmos os porquês, mas buscarmos soluções para que a chegada desse bebê seja a melhor possível.
Ela sabe ser dura quando precisa, porém não confiaria minha vida e meus negócios a outra pessoa.
— Ah, meu Deus! Isso realmente está acontecendo... — murmuro.
— Filha, sua irmã está corretíssima. Tente pensar no lado bom. Eu confio na sua força. O baque foi grande, mas você vai se reerguer e enfrentar isso tudo com confiança e determinação. Tenho muita fé em você.
— Obrigada, gente. Eu não sei o que faria sem vocês. Não consigo mensurar a sensação de impotência que estou sentindo, mas vou me reerguer. Meu filho não tem nada a ver com isso e precisa de todo meu amor. Farei tudo por ele.
— Exatamente. Esse é o pensamento. Você quer que eu prepare a proposta para apresentar à clínica?
Estremeço só de pensar que preciso voltar àquele lugar. Tenho que ser forte.
— Sim, por favor. Você acha que podemos ir quando?
— Que tal daqui a dois dias? Já terei redigido o documento, assim fechamos o ano com uma definição.
— Tudo bem, pode ser.
— Só um aviso — Renata adverte.
— O quê?
— É provável que o pai do bebê esteja lá também com um advogado. É comum que as partes envolvidas se encontrem a fim de realizarem um acordo satisfatório para ambos.
— Meu Deus! Que horror. — Respirando fundo, assinto com um leve aceno de cabeça. — Fazer o que, não é?
— Então, já vou começar a agir. Me passe o telefone da clínica e o nome do médico, porque vou informar, como sua advogada, o dia que vamos comparecer. Amanhã vou à sua casa para discutirmos todos os detalhes.
— Tudo bem. Obrigada, Rê.
Levantando-me do sofá, anuncio que vou para casa.
— Não quer ficar aqui esta noite, filha?
— Não, mãe. Prefiro voltar. Tenho muito o que pensar, digerir...
— Ok, mas qualquer coisa estaremos aqui.
— Obrigada, mãe. Dê um beijo no papai por mim — peço, pois ele foi ao mercado.
— Pode deixar. Dirija com cuidado.
Assinto e abraço minha irmã.
— Dê um beijo nos meninos — sussurro.
— Fique bem, Quel. Vai dar tudo certo!
Passando a mão sobre minha barriga, abro um sorriso fraco e respondo:
— Eu sei que vai.
*
Dizem que quando estamos sozinhos é que os monstros atacam, e não poderiam ter mais razão. Desde que cheguei em casa, não paro de pensar em como as coisas vão mudar, que não vai ser tão fácil como minha mãe e Renata pensam. Elas esquecem que agora serão duas opiniões, haverá divergências quanto à forma de criar, terei que compartilhar a atenção, o amor...
Eu queria aceitar com mais facilidade, mas a cada minuto que passa só vejo contras. Como mudar a mentalidade de uma pessoa que se acostumou com uma ideia, de uma hora para outra? Eu já havia visualizado uma vida em que seria apenas meu filho e eu, estava me preparando com uma psicóloga, conforme recomendado, e, pelo visto, terei que continuar para não entrar em parafuso. O máximo de intervenção seria da minha família e agora precisarei alinhar meus pensamentos com um homem que deve ter seus próprios planos e intenções.
Meu Pai, como é difícil!
É claro que para minha mãe parece ser mais fácil. Ela é de uma geração que torcia o nariz para mulheres donas de si e que se impunham de alguma forma. Não que ela sustente este pensamento, mas viver em uma sociedade que pensa assim acaba influenciando.
Ainda hoje a produção independente é vista como uma novidade, um tabu até, pois há quem pense que é porque a pessoa não teve sorte no amor ou é egoísta demais para querer compartilhar, sendo que é algo muito maior que tudo isso.
É sobre querer formar uma família, é sobre querer cuidar de alguém, é sobre querer experimentar aquele sentimento que só uma mãe sente, é sobre realizar um sonho. E olhando para o lado fisiológico, eu estou com uma idade que requer atenção e não posso me dar ao luxo de esperar uma eternidade para encontrar o meu alguém especial. Se um dia ele aparecer, pelo menos terei realizado meu desejo a tempo.
O interfone toca e penso duas vezes antes de levantar e atender.
— Oi?
— Srta. Raquel, é a Vanessa.
— Ah, tudo bem. Obrigada.
Eu não queria a companhia de ninguém e tenho quase certeza de que minha amiga já sabe o que aconteceu. Minha mãe sempre abrindo o bico.
A campainha toca e quando abro a porta Van examina meu rosto vermelho pelo choro — o mal de ser tão branca é que qualquer irritação me deixa com placas vermelhas pelo corpo, principalmente no pescoço.
— Oi — balbucio, abrindo espaço para que ela entre.
— Sei que você quer ficar sozinha, mas se fosse comigo eu preferiria manter a mente ocupada. E quem melhor do que eu para fazer isso por você?
Sorrio e ela me abraça. Um abraço forte, repleto de significados — como se dissesse: "tudo vai ficar bem", "eu estou com você", "não fique triste", "eu te amo" — e retribuo o gesto com a mesma intensidade, derramando mais lágrimas no processo.
— Como você está? — pergunta.
— Tentando achar o lado bom da situação.
— Eu posso te ajudar com isso — diz, como se fosse a coisa mais fácil do mundo.
Vanessa tira os saltos, senta em posição de índio no sofá, pouco importando se está com um vestido minúsculo e bate a mãozinha para que eu sente ao seu lado.
Estreito os olhos, ciente de que ela vai falar besteira, entretanto, me acomodo no sofá.
— Humm... É mesmo? — incentivo, querendo saber aonde ela quer chegar.
— Sim. Já imaginou se o cara é um gato?
— Eu sabia que não viria coisa boa.
— Estou falando sério, Raquel. Ele pode ser um gato, podre de rico, que não encontrou a mulher ideal. Melhor, ele sempre esteve te esperando, só não sabia.
— Putz! Não acredito que você está me dizendo essas coisas. — Sou obrigada a rir porque é surreal demais. — Acho que você anda lendo muitos romances clichês.
— Não zombe da minha intuição.
— Ah, agora é intuição? Pensei que fosse apenas uma demonstração sobre ver o lado bom da situação.
— Mas agora estou pressentindo, não duvide da minha mediunidade.
— Sério, Van, tem hora que você me assusta com a sua imaginação fértil. Pode até escrever um livro.
Ela solta uma gargalhada e sua cabeça pende para trás, os cabelos negros e volumosos contrastando com o sofá creme. Impossível segurar a risada diante de sua loucura.
— Só estou te fazendo olhar para uma hipótese que aposto que você não fez questão de cogitar.
— Você acha que um cara lindo e rico precisaria de uma clínica de reprodução para ter um filho?
— Oras, você é linda, tem grana e recorreu a uma clínica. Essa sua justificativa não cola. E outra, se o cara tem condições de pagar uma barriga de aluguel nos Estados Unidos, pobre ele não é. Você sabe quanto custa o aluguel de uma barriga lá?
— Não tenho nem ideia, mas aposto que você fez o trabalho de pesquisar.
— É claro!
— Então conta que fiquei curiosa.
— Em média, trinta mil dólares.
Fico boquiaberta.
— Dólares? Trinta mil dólares?
— Isso mesmo! Dórales, como diz aquele humorista.
— Mas, gente! Isso equivale a...
— Quase R$ 150.000,00, com o dólar a R$ 5,00.
— Estou pasma! — exclamo, verdadeiramente chocada.
— Já temos uma informação sobre o desconhecido: é podre de rico. Você fez o cara economizar uma boa grana.
Vanessa para de falar, sem saber se deve rir ou ficar séria, mas eu começo a rir.
— Só você pra fazer piada num momento desse. Puta merda! — praguejo, sem conseguir conter a risada.
— Fazer o que se sou sincera? Lulu Santos não fez aquela música à toa.
— Para de falar besteira, Van, pelo amor de Deus!
— Voltando para o pensamento positivo sobre a coisa toda...
— Lá vem.
— Sabendo que toda grávida tem aqueles dias de tesão...
— Para! Não vou deixar você continuar.
— O quê? Eu hein! Não ia falar nada de mais. Só ia dizer que agora você pode ter uma companhia...
Jogo uma almofada em sua direção e, escandalosa como só ela, logo ouço seu grito:
— Aaaaai! Você está louca, Raquel?
— Não! Mas vou ficar, se continuar me enchendo com suas maluquices.
— Ainda bem que não acertou meus olhos. Fiz a manutenção da extensão dos cílios ontem e se perdesse algum fio você estaria ferrada.
— Van, estou pensando aqui. E se o cara tiver uma mulher que não pode gerar filhos?
— O combinado era pensarmos só nas coisas boas, Quel.
— Estou falando sério.
A expressão divertida abandona seu rosto. Os dentes branquíssimos mordiscam o lábio inferior, uma mania que tem quando está reflexiva.
— Falando sério? Acho que seria uma merda.
— Bota merda nisso!
— Você não acha que o médico teria falado alguma coisa, se fosse o caso? — questiona.
— Eu não o deixei se explicar o suficiente, muito menos dar detalhes sobre o cliente. Estava com muita raiva para assimilar qualquer coisa.
— Compreensível, mas vamos parar de fazer suposições. Daqui a dois dias você e sua irmã vão saber de tudo.
— É melhor mesmo.
— Quer ver algum filme? — pergunta e agradeço internamente pela mudança de assunto,
— Pode ser. Eu ia pedir uma pizza, quer?
— Sorte sua que hoje malhei o equivalente a dois dias. Pode pedir.
— Estou vendo as veias sobressaltadas. Não sei como gosta de ficar assim, Van.
— Gosto é gosto, né, amiga? Me sinto bem. Além do mais, o Carnaval é em dois meses e preciso estar na minha melhor performance. Tenho fé que será o ano da Roseira.
— Fico boba com a sua disciplina. Você é um exemplo, Van. Queria ter a metade da sua disposição, mas atividade física, para mim, é só para saúde, ou seja, faço apenas o recomendado, você sabe. Por falar em atividade física, rendeu alguma coisa aquele encontro com... esqueci o nome dele, o personal trainer que você me apresentou...
— Tony.
— Isso! Que fim deu?
— Nós saímos, transamos e só. Foi bom, nada mais do que isso.
— Você desistiu mesmo do amor, não é?
Ela revira os olhos e sei que a conversa chegou ao fim. Desde que Vanessa pegou o ex-marido com sua amiga de infância, há dois anos, ela decidiu não se envolver com outro homem, a não ser para encontros casuais.
Os homens correm atrás dessa mulher como se estivessem hipnotizados. Não os julgo, porque minha amiga é linda, só tenho pena porque eles não têm quaisquer chances.
— Vou pedir a pizza. Escolhe o filme — peço.
— Sim, senhora.
Ao vasculhar a lateral da minha geladeira repleta de ímãs de restaurantes, reflito em como a presença de Vanessa me deixou leve. O peso que estava sentindo, a tristeza que parecia querer me carregar para lugares que nunca estive antes, foram abafados pelas risadas que estou dando com ela.
Os monstros podem continuar querendo me pegar, mas nada supera o poder de uma amizade verdadeira.
Com esse pensamento, faço o pedido na pizzaria e passo o resto da noite trocando ideia com minha amiga, tentando, a todo instante, impedir que meus pensamentos foquem no que acontecerá em dois dias.
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