Capítulo 2

Oiee, meu povo!!!

Vamos de segundo capítulo desta história linda e emocionante.

AVISO: Dia 18.12 o livro será lançado na Amazon, mas continuará sendo postado por aqui, 1x por semana (às quintas).

Beijo grande e aproveitem. Não esqueçam de votar, comentar e divulgar, porque é muito importante para mim e para os futuros livros que serão postados por aqui.

Amo tus!

Trinta minutos depois de ligar para minha irmã, ela chegou esbaforida, olhando ao redor até me encontrar. Renata estava mais calma, porém emocionada. Contei tudo. Desde o momento em que decidi que faria a inseminação até a escolha do doador, respondi a todas às suas perguntas, como será o procedimento, como saberei se deu tudo certo, o prazo para o resultado.

Ela também quis saber se vou parar de trabalhar e eu respondi que no primeiro ano pretendo cuidar do bebê com uma ajudante, indo esporadicamente no escritório. Depois, verei se o colocarei em uma creche ou algo parecido, pois quero aproveitá-lo ao máximo.

Renata ficou abismada com todo meu planejamento, a forma com que me organizei, sem nem sequer pedir sua ajuda. Isso a deixou chateada. Não há como negar que ela ficou magoada por eu ter escondido algo tão importante, contudo decidimos deixar qualquer chateação para trás e focar no que está por vir. Apesar de tudo, ela disse que está feliz por mim e apoia minha decisão. Não sei se é possível, mas eu a amo mais por isso.

— Não pensei que fosse atrasar tanto e quanto mais tempo fico aqui, mais nervosa fico — confesso para minhas acompanhantes.

— Vou perguntar para a recepcionista. É um absurdo essa demora toda — Vanessa se pronuncia.

— Não, deixa que eu vou. Do jeito que você gosta de um barraco... — retruco.

Ela tem um "jeitinho todo especial" para resolver as coisas. Já eu sou mais política e fujo de confusão.

— Para com isso. Está me chamando de barraqueira? Vou fingir que não escutei isso — fala e sai em direção à recepção, ajeitando os cabelos crespos e cheios, os quadris remexendo para lá e para cá, como se estivesse em uma passarela.

— Essa mulher é bonita, não é? Ela está fazendo alguma coisa para a pele dela brilhar tanto assim? — Minha mãe adora a Vanessa e toda vez que a vê faz um comentário de admiração. Ela se refere às pernas da minha amiga que estão realmente muito iluminadas.

— Mãe, acredito que seja algum creme. Você sabe que ela vive para se cuidar.

— Você deveria fazer o mesmo. — Olho para Renata, indignada, e ela dá de ombros. — Estou falando sério. Ainda mais agora que vai ter um bebê. A nossa sorte é que a genética da família é muito boa. Nós não gostamos de malhar e somos magras, mas não vai durar para sempre. Eu já me dei conta disso e estou correndo atrás do prejuízo. Olha lá a batata da perna daquela mulher! — minha irmã exclama quando Van fica na ponta dos pés para ver algo que a recepcionista está apontando no computador.

— É verdade, vocês duas precisam se cuidar. Quero ver chegarem aos 65 anos tão inteiras quanto eu. O pilates foi minha salvação.

— Vocês são animadoras. Isso lá é conversa pra gente ter minutos antes de eu entrar em uma sala para tentar engravidar?

— Tentar não, você vai engravidar, querida — minha mãe decreta. — E é uma conversa saudável, oras. Só queremos o seu bem, que tenha uma gravidez sem complicações. Eu que sei como foi duro enfrentar pés inchados, sem condicionamento físico nenhum.

Elas não estão erradas e por isso há algumas semanas comecei a malhar 3x por semana com um personal trainer e já conversei com Kleber sobre minha futura condição. Ele disse que tem séries direcionadas para grávidas, ou seja, está tudo encaminhado.

— Eu estou fazendo atividades físicas, fiquem tranquilas.

— Até isso me escondeu? — Renata, dramática como só ela, pergunta.

— Não foi de propósito, Rê. Além do projeto do bebê, as lojas estão uma loucura e não tive tempo para atualizar vocês. Comecei quando precisei tomar remédios para induzir a ovulação. Fiquei uma pilha de nervos e resolvi procurar uma forma de relaxar.

— Que bom, Quel. Você vai precisar relaxar ainda mais durante a gravidez, porque eu não deixei o Fernando em paz.

— Como assim? — Assim que a pergunta deixa meus lábios, assimilo o que ela quis dizer. Seu sorrisinho é um indicativo de que estou certa.

— Desculpe, mamãe, sei que não vai querer ouvir isso da sua filhinha, mas quando estava grávida eu virei uma viciada em sexo. Foi assim nas duas gestações. Não conseguia conter meu desejo, era uma fome insaciável...

Ela nem termina de falar quando dona Cecília interrompe:

— Minha filha, seu pai e eu fizemos sexo até o nono mês de cada gravidez. Não tenho o menor problema de falar sobre isso. Eu queria agarrar aquele homem em cada canto da casa, no carro...

Tanto eu quanto Renata ficamos chocadas. Nós nunca fomos de discutir sobre sexo com nossa mãe, porém confesso que estou gostando dessa abertura. É saudável, já temos uma certa idade, experiências, não há qualquer constrangimento.

— Agora já sei a quem puxei — Renata constata e nós três rimos.

— Mais um motivo para eu malhar bastante. Essa é a parte ruim de não ter um parceiro — comento, de bom humor. As duas se entreolham. — Podem parando com esses olhares de pena. Hoje em dia é muito fácil de resolver. Os brinquedinhos estão aí para isso. Depois que tiver meu bebê terei tempo para satisfazer minhas vontades.

Renata solta uma gargalhada e outras mulheres olham em nossa direção.

— O que foi? — questiono.

— Quel, depois que você tiver o bebê será uma outra fase. A fase de não querer olhar e fazer mais nada a não ser cuidar da bela criaturinha nos seus braços, que vai depender de você para tudo. Sexo não será a sua prioridade. Pelo menos, para mim, não foi. Fernando que o diga.

Na verdade, eu nunca fui de focar em sexo. Trabalhei muito e não tive experiências maravilhosas como minha irmã e Vanessa, e até minha mãe, dizem que tiveram. Não me considero uma pessoa frígida, nem nada do tipo, só acho que não tive sorte nesse quesito. Mais um motivo para não querer esperar o "homem ideal". Eu sei o que eu quero e eu quero ser mãe, independente de viver em uma sociedade que sabe julgar demais e se solidarizar de menos.

— Gente, mas que tanto a Vanessa conversa? — Renata chama a minha atenção.

— É verdade, está demorando demais.

Van continua conversando com a recepcionista, abrindo sorrisos falsos — que só eu como amiga sei que são falsos. Ela olha para mim e pisca, como se dissesse: olha aqui como sou civilizada.

Reviro os olhos e rio sozinha.

Minha amiga é uma negra linda, tem 40 anos, mas não aparenta de forma alguma a idade que tem. Sua pele é mil vezes mais tonificada que a minha, o corpo é esculpido pela malhação diária, além de ter um brilho natural, enquanto eu pareço uma vela ambulante, opaca, e preciso passar litros de creme para ficar minimamente hidratada. Ainda mais com o clima louco de São Paulo.

Ela retorna e seu andar se transforma no da passista que encarna quando desfila pela Rosas de Ouro, escola de samba que ama e da qual é musa. Nós duas não poderíamos ser mais diferentes, porém nosso relacionamento de amizade e profissional dá certo porque ambas respeitamos os gostos e vontade de cada uma. Uma não recrimina a outra, pelo contrário, nós nos motivamos.

— Você é a próxima — diz ao ficar na minha frente.

— E por que demorou tanto?

— Já era para você ter ido, só que deu um problema no sistema e só agora foi resolvido. Uma outra mulher entrou na sua vez e se eu não tivesse ido lá, a Carla não saberia que você está esperando.

Carla? — O sarcasmo escorre da minha voz diante da intimidade.

— Sim, nos tornamos amigas até. Carlinha é maravilhosa.

Vanessa é ridícula e só está fazendo isso para me distrair. Impossível não rir.

Minha mãe passa uma mão nas minhas costas, de cima para baixo, a fim de me acalmar em silêncio. Há dois dias nos divertimos como há muito tempo não fazíamos. Fomos para o Shopping Iguatemi, que para mim tem a melhor decoração natalina de shoppings em São Paulo, e tiramos fotos e mais fotos. Ela me encheu de presentes, desde roupas para grávidas até roupinhas para bebê.

É claro que eu havia comprado algumas peças para me acostumar com a ideia, mas nada comparado com o que minha mãe me deu. Aquele gesto foi tão importante para mim que me deu mais confiança para enfrentar esta nova fase.

— Será que esse atraso todo não é um sinal?

Lá vem minha irmã, em uma hora como essa, me falar de sinal.

— Do que, Renata? — pergunto, sem paciência.

— Não estou falando por mal, Quel. Só estou dizendo que está demorando demais. Quem sabe...

— Raquel Souza Travassos.

Meu nome é chamado e meu sangue gela.

Chegou a minha vez.

— Esquece o que falei, tá bom? Desculpa. Eu estou nervosa, só isso — minha irmã diz rapidamente ao me dar um abraço forte.

Viro para minha mãe e ela me abraça.

— Vai dar tudo certo, querida. No Natal estaremos comemorando esse lindo presente!

Caso o procedimento tenha sucesso, eu saberei que estou grávida na véspera de Natal. Com certeza seria o melhor presente da minha vida. Seria não, será!

Emocionada demais para conseguir falar, levanto-me e fico cara a cara com a Van.

— Vai lá que eu estou louca para te ver de barrigão. Será tudo perfeito, como você merece. Tira essa preocupação do rosto e mostra para aqueles espermatozoides que o seu óvulo é foda!

— Meu Deus! — exclamo em meio à risada alta que escapa dos meus lábios. Minha mãe e Renata também não se aguentam. — Só você, Vanessa.

— Agora vai antes que chamem outra pessoa no seu lugar novamente.

Minha expressão fica séria e solto um longo suspiro ao me virar e caminhar em direção à moça sorridente que me espera, mentalizando que vai dar tudo certo. É o que eu mais quero, o que venho planejando e sonhando há tempos, o receio é normal, afinal, é uma mudança gigante, mas preciso dar um passo de cada vez.

E lá vou eu com o pensamento positivo para gerar meu tão sonhado bebê.

*

Ao entrar na sala, já vestida com uma camisola de hospital, touca na cabeça e sapatilhas descartáveis, o Dr. Arantes sorri para mim.

— Chegou o grande dia, Raquel.

— Enfim!

Ele ri.

— Vamos começar — ele diz e meu coração acelera.

Deito na mesa ginecológica, as pernas abertas, como se eu fosse fazer um exame preventivo, e apenas aguardo.

Por não ser um procedimento de grande complexidade, ele é feito na própria clínica, sem anestesia. O melhor é que logo depois daqui poderei voltar às minhas atividades normalmente. Incrível, não é?

Sinto um leve desconforto, então sei que ele iniciou a condução do espermatozoide até o meu útero através de um cateter. Tudo foi explicado dias antes, quando um dos exames apontou que eu estava no ápice da ovulação.

Uma emoção enorme me atinge e não consigo impedir que lágrimas vertam dos meus olhos. A chance de dar errado é grande, mas me agarro à porcentagem de sucesso. De que logo estarei pulando e vibrando com a notícia de que serei mãe.

Mãe.

Meu Deus! Nem consigo acreditar que realmente estou fazendo isso. Que em alguns dias poderei ter uma sementinha crescendo dentro de mim, que minha vida vai mudar completamente...

— Pronto! Agora é esperar uns vinte minutinhos deitada, tudo bem?

— Já acabou? — pergunto, realmente assustada com a rapidez.

— Já!

— Uau! Tudo bem, então — respondo, dando o maior sorriso que poderia dar.

— Ótimo. Fique tranquila que vai dar tudo certo. Relaxe, respire fundo. Daqui a pouco retorno.

O médico sai da sala e minha mente não para de maquinar.

É muito cedo para dizer que já estou me sentindo diferente?

Acho que sim, mas pensamento positivo é a alma do negócio e no fundo do meu coração, misturado a algum tipo de sexto sentido, eu sei que a partir de hoje tudo será diferente.

De alguma forma, eu sei!

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