Capítulo 1
Hey, girls!!!!
Olha quem voltou, olha quem voltou!!!!
Uh, bebê chegou!🤣🤣🤣🤣 Tá bom, parei com a graça.
É com muito alegria que abro as postagens de mais este projeto. Uma felicidade poder escrever sobre pessoas tão humanas e únicas!
Hoje vocês conhecerão Raquel e uma parte da família Souza Travassos. Espero que curtam, comentem, votem, divulguem, porque esse livro PROMETE emoções e leveza, como a série clichê se propõe a fazer!
Ao longo das postagens, ele será lançado na Amazon, ainda este mês!
Obrigada desde já pela companhia e por acreditarem em meu trabalho🙌🏻🙏🏻
Simboraaaaaaaa❤️
Amo tus🙌🏻
Os dois primeiros livros da série estão na Amazon (Meu Melhor Amigo e Meu CEO Irresistível). Lembrando que são todos independentes entre si! Aproveite sem moderação :)
— Oi, mamãe, bom dia — cumprimento e ela beija minha bochecha.
Abro um pouco mais a porta para que entre em minha casa, enquanto aperto o roupão na cintura. Ela não me avisou que viria e quando um dos funcionários do condomínio me interfonou, informando a sua presença, não tive tempo de colocar uma roupa.
Amo dormir nua, sem nada me apertando, e hoje é meu dia de folga. Não esperava vê-la por aqui.
— Bom dia, filha — responde, entrando em casa.
Como sempre, ela olha para todos os cantos para verificar se estou sozinha e reviro meus olhos.
— O que faz aqui, tão cedo? Aconteceu alguma coisa?
— Raquel, me diz que você mudou de ideia, minha filha.
Ah, meu Deus! De novo não!
— Não, mãe, não mudei. Você veio só pra isso?
— É claro! — exclama, jogando a bolsa no sofá. — Você está se precipitando, vai se arrepender...
— Não vou me arrepender, mãe. É o que eu quero.
— Filha, você é nova, tem uma vida...
— Sabemos muito bem que não sou tão nova assim e se eu continuar esperando o "momento certo", pode ser tarde demais.
— Mas, filha...
— Para, mãe! Eu preciso do seu apoio e não que me convença o contrário do que me decidi. Tenho 35 anos, já me estabeleci financeiramente, consegui alcançar minha realização profissional, comprei a casa que sempre quis, eu estou muito bem e me sinto preparada para a próxima fase.
— Não sei por que sair da capital para morar em Alphaville, aqui é pacato demais, distante de tudo.
— Mãe, mais uma vez, para! Não acredito que me acordou pra isso. Você não consegue respeitar minhas vontades, uma vez sequer? Eu sempre quis morar neste condomínio e consegui. Celebre por mim, caramba! Trabalhei demais para chegar aonde cheguei, agora é a vez de realizar outros sonhos e não preciso seguir o que se considera tradicional.
Dona Cecília vem em minha direção, os olhos castanho-claros marejados, os cabelos perfeitamente moldados com laquê e iluminados com luzes para disfarçar os fios brancos, e coloca as mãos em meus braços.
— Filha, tenho muito orgulho do que você conseguiu, do que alcançou, mas você é linda, pode encontrar alguém especial, alguém que te ame e forme a família que você quer.
— O que encontro são apenas homens que não sabem o que querem e que não estão dispostos a viver como quero e planejei. Então, não serão eles que irão me impedir de ter o que eu mais desejo.
Ela me solta, atordoada, e anda para lá e para cá. Sua expressão está derrotada ao ter consciência de que não conseguirá mudar meus planos.
— Quando você vai? — pergunta.
Por alguns segundos, penso se devo ou não passar essa informação, porém, sei que não vai me deixar sossegada enquanto não responder.
— Na sexta-feira.
— Daqui a dois dias? — O susto a deixa boquiaberta. — E não ia me falar nada?
— Eu não quis falar a ninguém, para não criar expectativas. Afinal, há chances de não dar certo na primeira tentativa.
Caminhando até o sofá, minha mãe senta e fica em silêncio. Solto um longo suspiro e me acomodo ao seu lado, colocando minha mão sobre a sua.
— Não fique assim. Você e papai me criaram para tomar decisões e fazer minhas próprias escolhas, é o que estou fazendo.
Ao longo da vida tive muitos sonhos e com determinação, dedicação e garra, realizei quase todos, sem a ajuda de ninguém. Entrei em uma faculdade pública, cursei bacharelado em Têxtil e Moda, trabalhei em algumas lojas no Bom Retiro, um bairro superconhecido em São Paulo por vender roupas no varejo e atacado, até abrir minha própria loja. Hoje, tenho uma rede que vende roupas com preços mais acessíveis, a Rava, e faz um tremendo sucesso na internet.
Quando pensei que já tinha tudo, comecei a me olhar no espelho e por mais estranho que pareça, eu sentia que me faltava alguma coisa. A sensação de vazio era recorrente. Cheguei a pensar que era porque eu não conseguia encontrar um homem bacana, que tivesse os mesmos ideais que os meus, até que um dia, ao me deparar com uma colega da época da faculdade com sua bebê no carrinho, sorrindo como se o seu mundo estivesse completo, eu comecei a compreender.
Voltando para casa, pensei na sensação de ter meus sobrinhos nos braços. A felicidade que irradiava direto para o meu coração, o amor que eu deliberadamente entregava, o sentimento de completude latente. Naquele momento, eu descobri o que estava me faltando.
Guardei aquele desejo por tanto tempo, esperando o parceiro ideal, me decepcionando de tantas maneiras... Contudo, quando uma funcionária minha mencionou que tinha o sonho de fazer inseminação, uma luz brilhou em minha mente e no mesmo instante me perguntei: como não pensei nisso antes?
Por isso, resolvi saber mais sobre a produção independente. A praticidade do procedimento foi o que mais gostei. Apesar de saber que nem sempre a primeira tentativa é bem-sucedida, estou otimista e ansiosa para sexta-feira, quando farei a inseminação. Após dois meses de tratamento para estimulação dos óvulos, chegou o grande momento.
Porém, como já esperava, meus pais não ficaram nada felizes quando resolvi compartilhar meu plano, há duas semanas. Desde então, insistem em me fazer mudar de ideia, dizem que sou nova, que vou encontrar o homem ideal...
— Você falou com a sua irmã? — minha mãe pergunta, interrompendo meus devaneios.
— Não — confesso.
Minha mãe me olha com a boca levemente aberta. Ela sabe que conto tudo para Renata. Minha irmã é cinco anos mais velha do que eu e temos uma relação muito forte de amizade e cumplicidade, porém, sei que a opinião dela — caso fosse contra o que quero — pesaria demais para mim, por isso decidi não mencionar meu plano.
Pareço uma covarde quando se trata de Renata, mas com sua família perfeita, quase como um conto de fadas, eu tenho certeza de que ela me faria mudar de ideia.
— Você precisa falar para ela, Raquel — minha mãe insiste. — Vocês são mais do que irmãs, são amigas. Ela vai ficar arrasada, eu a conheço.
— Mãe, eu... eu só preciso fazer o procedimento e então contarei a ela. Como eu disse, não há garantia de que vá funcionar logo de cara. Fique tranquila, eu falarei assim que eu souber que deu certo.
Dona Cecília balança a cabeça, indignada com a minha relutância.
— Não tenho mais o que fazer para que você enxergue que está agindo precipitadamente, querida, mas eu te amo e quero que seja feliz. Não serei eu a impedir que siga em frente. — Ela pressiona minha mão. — Estarei sempre ao seu lado, filha, e amarei meu netinho ou netinha da mesma forma que amo meus outros dois netos.
Meus olhos ficam marejados e abro um sorriso. Sei o quanto deve ser difícil para ela compreender minha vontade, mas, pela primeira vez, minha mãe está me dando seu aval, sua bênção. Fico mais emocionada ainda por dizer que amará meu bebê como ama os filhos de Renata.
João e Caio são meus dois amores. O primeiro tem dez anos e o segundo, cinco. Renata se casou com o amor da sua vida, seu primeiro e único namorado, Fernando. Para mim, eles representam a imagem do casal perfeito. Minha irmã sempre comenta que, mesmo após anos casada, é apaixonada pelo marido. Este, respectivamente, demonstra a todo momento que a ama muito.
Infelizmente, nos dias de hoje, isso é raridade e não tenho a vida toda para esperar o meu príncipe encantado. Estou sentindo na pele que se não tomar as rédeas da minha vida ficarei apenas no "e se", e isso não combina comigo.
Tenho orgulho do que conquistei, mais ainda por tentar e nunca desistir dos meus ideais. Eu vejo uma dificuldade e procuro extrair o melhor da situação. Busco olhar para o lado positivo, sempre. A única coisa que me assombra é o procedimento não dar certo. Apesar de os meus exames estarem ótimos — e foi uma bateria enorme de exames! —, é inevitável não me lembrar do aviso da clínica ao dizer que a probabilidade de sucesso da inseminação é de 20 a 25%.
Como sou saudável e estou dentro da idade, o médico disse que estava apta para escolher entre os tratamentos mais usados na atualidade, a inseminação artificial intrauterina (IIU) e a fertilização in vitro. Após muito pensar, decidi a inseminação, ou seja, em vez da fecundação se dar em laboratório — neste caso, o embrião é colocado no corpo da mulher —, os espermatozoides do doador serão inseridos diretamente em meu útero. Depois de 14 dias saberei se houve sucesso ou não.
O processo todo foi um pouco trabalhoso e com razão, afinal, estamos falando sobre gerar uma vida.
Escolher uma clínica séria e que tivesse indicações de confiança não foi fácil. Depois, foi a vez de encontrar um doador, o que é obrigatoriamente anônimo. O homem nunca saberá que recebi seu "material" nem eu saberei quem ele é. Pesquisei as características que se assemelhavam comigo fisicamente, contudo, o fator mais importante foi encontrar um doador saudável e sem vícios. Eu tinha a opção de importar dos EUA, que possuía ainda mais opções, porém a burocracia me desanimou, além de não fazer questão de que o homem seja brasileiro ou estrangeiro. O que me importa é ter meu filho nos braços.
Percebendo que estou perdida em pensamentos por um tempinho, volto à realidade. Encaro a mulher ao meu lado, que me criou, ensinou e sei que me ama como ninguém, e digo:
— Obrigada, mamãe. Isso significa muito pra mim.
Ela me abraça e sussurra:
— Vai dar tudo certo, querida. Eu estarei lá com você e não adianta contestar.
Meu coração se aperta mais uma vez e beijo seu rosto.
— Não irei contestar.
Vencida, ela respira fundo e bate uma palma.
— Ótimo! Que tal irmos a um shopping? Está tudo enfeitado para o Natal e eu sei que você ama a decoração dessa época. Preciso fazer umas comprinhas para um certo bebê.
Desvencilho-me do abraço e quando vê que estou quieta com uma expressão incrédula ao ouvir suas palavras, minha mãe emenda:
— Eu já sabia que você não mudaria de ideia, então vim preparada, Raquel. Conheço a filha que tenho. Você não vai se livrar de mim, mocinha.
— Mãe... Eu não sei nem o que dizer, além de obrigada. Sério! Você não precisa...
— Shhhh. Nem termine a frase. Não tem nada a ver com você precisar ou não, mas sim o fato de eu querer mimar a minha filha e o mais novo membro que chegará à família, em breve. Posso fazer isso ou não?
— Quem sou eu para deter Cecília Souza Travassos?
— Acho bom. Então vá. Coloque uma roupa e vamos sair.
Solto um longo suspiro e beijo sua bochecha uma vez mais.
— Amo você, mamãe. Muito obrigada por me entender. Já venho.
Saio correndo e ouço sua risada reverberar pelo ambiente. Ela sabe que basta dizer Natal que eu fico toda serelepe. A tática não poderia ter sido melhor.
Por um momento, esqueço minha preocupação quanto ao procedimento que farei em dois dias e foco no lado positivo. Em breve estarei com um barrigão, vivendo a melhor fase da minha vida, curtindo cada detalhe e instante, como venho planejando desde que decidi trilhar este caminho.
*
Minhas mãos não param de suar, minha boca nunca esteve tão seca, minha perna direita não para de chacoalhar para cima e para baixo. Olho ao meu redor e a sala está repleta de mulheres. Algumas com uma barriga enorme, outras tão nervosas quanto eu.
— Se você continuar assim, vou te levar embora — Vanessa sussurra ao meu lado.
Ela é minha melhor amiga e nos conhecemos desde a faculdade. Além disso, somos sócias. A gente se vê todos os dias praticamente e nos tornamos confidentes uma da outra. A princípio, minha mãe me olhou com olhos acusadores porque Vanessa veio e eu nem sequer contei para minha irmã, mas sabendo que não adiantaria implicar comigo, aos poucos foi voltando ao normal.
Não fiz de propósito.
Ontem, quando minha sócia e eu estávamos em uma reunião importante para a escolha das estampas da próxima coleção, ela desconfiou de que eu estava escondendo alguma coisa. Segundo sua análise, sou muito fácil de interpretar, e logo eu estava desabafando. No início, ela ficou puta por eu ter escondido algo tão sério e depois disse que só me desculparia se me acompanhasse na clínica.
Pensamentos sobre minha irmã vêm e vão, a certeza de que ela gostaria de estar comigo se soubesse o que estou prestes a fazer. Consigo visualizar seu rosto triste pela minha falta de confiança e consideração. É capaz de que ela fique sem falar comigo por um tempo...
— Filha, você precisa se acalmar — minha mãe diz, quando percebe que estou muito nervosa.
Inspiro.
Expiro.
Devagar.
Repito o gesto algumas vezes e relaxo gradativamente. Não posso deixar a ansiedade me envolver, pois sei o quanto isso pode interferir no resultado do procedimento.
— Preciso fazer uma ligação — digo, levantando de repente, deixando minha mãe e Vanessa para trás.
Antes tarde do que nunca.
Pego meu celular e faço a chamada.
Respiro fundo uma vez mais, preparando-me mentalmente para a conversa que terei.
— Alô, irmãzinha! Já estava sentindo falta das suas ligações.
É a primeira coisa que Renata fala e me sinto ainda mais culpada. Eu realmente estou em falta com ela.
— Oi, Rê! Eu preciso falar com você rapidinho.
Ela percebe a entonação da minha voz e pergunta:
— O que aconteceu?
— Olha, antes de mais nada, quero que você compreenda meus motivos e que saiba que já está decidido.
— Você está me deixando preocupada, Raquel. O que está decidido?
— Você sabe do meu desejo de ser mãe, certo?
Renata fica muda e finalmente responde:
— Sim.
— Então, você sabe também que não tenho um parceiro à vista, um homem que possa compartilhar comigo essa experiência, certo?
— Sim, eu sei disso tudo. Aonde está querendo chegar? Seja direta!
Impaciente, como sempre. Ou estou enrolando demais?
Resolvo jogar tudo de uma vez, porque não tenho muito tempo antes que me chamem.
— Eu decidi que serei mãe solo. Farei minha produção independente dentro de alguns minutos e não...
— O quê?! — ela grita, e esboço uma careta ao afastar o telefone do ouvido.
— Eu farei uma inseminação artificial hoje. Desculpe não ter te contado antes, Rê. Por favor, e-eu não queria te desapontar e sei que você me faria mudar de ideia...
— Por que você achou isso? Por que em vez de me contar algo tão importante, ficou fazendo suposições? Eu sou sua irmã, caramba! Eu sempre contei tudo para você! Tudo!
— Por favor, me desculpa. Eu sei que fui uma covarde, só...
— Onde fica esse lugar? — me corta.
— O quê?! — É a minha vez de perguntar, confusa.
— A clínica que você está, Raquel. Onde fica?
Ai, meu Deus.
Acabo dizendo o nome da rua e Renata diz que estará aqui em alguns minutos, deixando-me com o celular no ouvido, mesmo após ela ter desligado, há alguns segundos.
Sinto um toque em meu ombro e me viro.
— Está tudo bem, querida?
— Mãe, a Renata está vindo.
— Mentira! — ela exclama, com as sobrancelhas arqueadas.
— Verdade! Ela está vindo para cá. Resolvi contar o que estava fazendo, aí a senhora já sabe.
— E como você está?
— Por incrível que pareça, me sinto melhor, aliviada. Sei que vou ouvir um monte, mas pelo menos contei antes de fazer o procedimento.
— Ah, minha filha. Sua irmã te ama demais e, assim como eu, vai entender também.
— Espero que sim, mamãe, mas se não entender só será ruim para ela, porque eu estou decidida.
Dona Cecília sorri para mim e segura meu rosto com as duas mãos.
— Eu sei, filha. Eu sei. Agora vamos sentar, porque daqui a pouco será a sua vez de entrar e você precisa estar tranquila.
Ela está certa e abro um sorriso de agradecimento.
— Obrigada, mãe. Por respeitar minha vontade, por estar comigo... Obrigada, mesmo.
— Ei, eu já falei que sempre estarei com você. Só não me afaste, tá bom? E deixa que da sua irmã cuido eu. Pense apenas que é o seu momento especial e não deixe de atrair energias boas.
— Vamos sentar, antes que Vanessa venha nos caçar — digo e nos encaminhamos para a sala de espera novamente.
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