Capítulo 2❄

Stephan

Agora, ela está morta.

Semanas já haviam se passado, eu tinha começado a me acostumar com minha nova realidade, mas não estava nem perto de ser fácil aceitar algo como isso. Ela estava morta, e não havia nada que eu pudesse ter feito para contornar algo pelo qual ela já esperava havia tanto tempo. Seu único arrependimento antes do inevitável acontecer, era deixar Hilary sozinha. E por algum motivo ela tinha escolhido alguém como eu para preencher o vazio deixado por ela. A mim.

Nunca entender as mulheres era algo constante em minha vida e eu já estava acostumado com isso como sendo totalmente inevitável, mas agora, não tinha outra palavra que pudesse me descrever que não fosse “perdido”. Ainda que ela não tivesse família, haviam muitas pessoas melhores que ela poderia ter escolhido. Infinitamente mais adequadas que um modelo portador de um grande gosto por mulheres e festas. O que Alice tinha na cabeça?

Senti um leve aperto em minha mão direita e olhei para baixo, para Hilary. Seus cachinhos loiros balançavam enquanto olhava de um lado para o outro com olhos inquietos e então voltava sua atenção para mim. Larguei o carrinho com nossas malas por um momento, sabendo que era nada menos que um incômodo ao ficar parado em meio aquele mar de pessoas e sequer me importando com isso. Me abaixei ao nível da altura de Hilary e segurei seus frágeis ombros.

— Querida, falta só um pouquinho, ok? — falei em inglês. Ainda que sua mãe fosse brasileira e tivesse lhe ensinado a falar português muito bem para uma criança de quatro anos, eu sabia que ela se sentia mais a vontade ao usar e ouvir a língua de onde viveu por quase toda sua vida. — Eu sei que você não conhece esse lugar e não gosta de ficar perto de muitas pessoas, mas garanto que vai gostar de viver aqui. E também da escola nova. Você confia em mim?

Hilary apertou o coelho branco de pelúcia que segurava junto ao corpinho com mais força, demonstrando o quanto estava nervosa, mas assentiu fervorosamente. Olhei para seus olhos azuis cristalinos por um momento a mais antes de me levantar, pegar sua mão novamente e com a outra voltar a empurrar o carrinho, dando graças aos céus por ela ser uma garota doce e quieta, do contrário, eu não tinha a miníma ideia de como poderia sequer começar a lidar com tudo que vinha acontecendo nas últimas semanas. E o que ainda estava por vir.

❄❄❄

— Alô?

— Você atendeu! — a voz incrédula do meu cunhado soou do outro lado da linha, fazendo com que eu me questionasse a quantidade de vezes que ignorei cada chamada que viesse dele ou do meu irmão desde a morte da mãe de Hilary. — Seu bastardo, você finalmente atendeu! O que está acontecendo?

— Meu celular acidentalmente se afogou na banheira algumas semanas atrás e não tive tempo de comprar um novo. Sabe como é, trabalho demais — menti, apoiando o cotovelo na porta do táxi. Hilary estava sentada ao meu lado, quietinha, jogando jogos educativos que baixei em meu tablet para mantê-la ocupada sempre que a levava ao trabalho. Tinha funcionado bem o bastante para que eu pudesse começar a ficar tranquilo a cada seção de fotos a que ela me acompanhava.

Nícolas bufou, provavelmente achando que aquela era uma das mentiras mais ridículas que eu havia dito em toda minha vida, o que era relativamente impressionante, considerando a lista extensa.

— Nick, vai brincar com o Tavinho e me passa esse celular, você parece estar prestes a pisoteá-lo — a voz do meu irmão era baixa, e tão séria quanto a de Nícolas ao fazer o pedido. Meu cunhado já estava provavelmente de saco cheio de falar comigo, porque não se passaram dois segundos antes que a voz de Tiago se tornasse mais clara. — Que tal falar a verdade agora, imbecil?

— Que adorável! Aprendendo com o namorado?

— É a convivência. Agora dispense o sarcasmo e fale sério.

Suspirei. Eu estava enrolando, é claro, isso pelo simples fato de querer ver sua cara quando aparecer de frente a sua porta com Hilary, mas não tinha porque não falar algumas verdades e omitir outras. Principalmente omitir. Afinal, não me sentia confortável em falar sobre coisas tão complicadas por um celular, muito menos com a garotinha ao meu lado por perto. Era delicado demais, e ela já tinha aguentado o suficiente.

— Acabei de chegar ao Brasil — falei, aparentemente entediado.

— Como é?! — como pensei, fui capaz de surpreendê-lo. Também me sentiria assim se estivesse em seu lugar. Se há dois meses atrás alguém me dissesse que estaria voltando a esse país tão cedo, deixando tudo para trás, eu teria rido e dito que essa pessoa estava precisando urgentemente de um psiquiatra.

— Estou num táxi. Chego na sua casa no máximo em vinte minutos — continuei.

Tiago inspirou com força. Quando pensei que meu irmão começaria a me bombardear de perguntas, seu tom foi surpreendentemente calmo.

— Nossos pais não mencionaram nada sobre isso. E o trabalho?

— Não é porque você é ocupado demais para ler os tabloides que o fato de eu ter me aposentado vá mudar, irmão.

Silêncio. Passaram-se segundos, e olhei para o celular franzindo a testa. Isso não era nem de longe tão divertido quanto deveria ser. Xingamentos e questionamentos sem fim estavam mais perto do esperado. Geralmente era o que acontecia quando alguém o tirava do sério. Esperei um pouco mais, cogitando a ideia de Tiago ter sofrido um infarto e Nícolas ainda não ter percebido.

— Você disse vinte minutos não foi? — disse entredentes. — Se apresse. Vamos ter uma boa conversinha quando chegar aqui e você vai me contar o que diabos está escondendo!

Um sinal sonoro soou, me dizendo que ele tinha acabado de desligar na minha cara. Olhei novamente para o celular, me sentindo o idiota que ele achava que eu era, e que de fato era as vezes.

— Será que é mesmo impossível esconder o que quer que seja de você? — murmurei, pensando se aquilo ia ser tão difícil quanto pensei que seria.

❄❄❄

— Lembre-se, Hil: Por mais que você possa gostar do Tiago, eu sou o gêmeo mais bonito.

Pisquei para ela, sorrindo. O lindo sorriso em seus lábios e o assentimento, diziam que ela tinha entendido e estava levando aquele assunto bem a sério. Preocupei-me por não ter ouvido sua voz em momento algum desde que chegamos, mas procurei não demonstrar isso por saber por experiência própria o quanto ela podia ser perceptiva. Hilary era naturalmente quieta, mas tinha passado a falar bem menos que o normal desde a morte de sua mãe. Por mais que eu tentasse incentivá-la a se incluir mais em conversas, ainda não tinha conseguido atravessar a barreia que ela tinha imposto entre ela e todo o resto.

O elevador abriu.

Antes de vir aqui, nós tínhamos parado num hotel e deixado nossas coisas lá, o que me fez passar um pouco dos vinte minutos estipulados. Eu esperava que Nícolas e Tiago não estivessem tão estressados, o que era basicamente o mesmo que pedir um milagre.

Peguei Hilary no colo, e logo estávamos parados de frente a porta do apartamento deles. Toquei a campainha, e como se alguém estivesse parado perto da porta só nos esperando chegar — o que eu não tinha dúvidas —, ela se abriu de rompante. Nos segundos que se passaram a seguir, observei com divertimento o olhar severo de Nícolas sumir e seu rosto perder a cor, enquanto seu olhar se fixava em Hilary.

Sorri, imaginando claramente o que devia estar se passando em sua cabeça.

— Hil, diga oi para o tio Nick.

❄❄❄

Olá! Eu queria ter postado mais cedo, mas a minha operadora simplesmente não colaborou, e decidi deixar para agora.
Se há uma coisa sobre o Stephan é: Ele tem uma personalidade bem complicada e gosta de se divertir de todas as formas possíveis. Ou seja, é meio que imaturo, algo que contrasta bastante com a personalidade da Charlote. Eles tem algumas coisas a aprender um com o outro, vamos ver o que irá acontecer daqui pra frente.

Obrigada por estarem lendo! Tanto aqui, quanto Aos 18. Estamos subindo bastante no ranking, isso me deixa tão feliz!!!! Só tenho o que agradecer a vocês. 😊

Por fim, se gostaram, votem, tá? Ajuda MUITO! Eu adoraria se comentassem também, quero saber o que estão achando.

Bye-bye, amores! Até o próximo capítulo! 😘😍

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