Capítulo 19❄

Stephan

Nícolas fechou a porta com firmeza, deixando-nos a sós no corredor, e respirou fundo, talvez preparando-se para me dar um sermão, talvez se contendo para não me bater por um motivo existente apenas em sua cabeça, quando um homem de meia idade saiu de um dos apartamentos vizinhos, trajando roupas sociais e segurando uma maleta. Ao passar por nós o homem nos cumprimentou educadamente com um aceno de cabeça, e nesse momento, meu cunhado parecia o exemplo da educação e gentileza. O que fez com que fosse meio cômico quando, após o elevador se fechar com o sujeito dentro, a expressão simpática dele se dissolveu num instante e Nícolas fez um ótimo trabalho em me fuzilar com os olhos.

— O que você pensa que está fazendo? — questionou por entre os dentes cerrados.

Não precisava ser um grande gênio para perceber o nível de sua raiva, bastava apena ver o corpo tenso e os punhos fechados. Porque esses dois irmãos eram tão facilmente irritáveis era algo que estava além da minha imaginação, mas enquanto não fosse algo perigoso, podia ser até divertido.

— O que você pensa que estou fazendo? — perguntei inocentemente.

Nícolas revirou os olhos, frustrado.

— Não faz nem uma maldita semana que você voltou ao Brasil e já…

— É verdade — lhe interrompi, sem dar muita importância —, fazem gloriosos três dias. A matemática não é uma coisa impressionante?

Pegando a gola da minha camisa emprestada, Nick me empurrou contra a parede, felizmente não com tanta força quanto ele, com toda certeza, gostaria de usar.

— Não banque o espertinho.

— Ei, judiar dos mais fracos não te envergonha, não? Além disso, como você bem sabe, essa camisa não é minha, então eu ficaria imensamente feliz se fizesse o favor de não danificá-la. Sou um homem de princípios, sabe? Gosto de devolver os itens que pego emprestado nas mesmas condições que estavam antes.

Mas ele não soltou.

— O que eu sei, é que você é um homem sem-vergonha que não pode ver uma mulher bonita.

— Não seja dramático, cunhadinho. Eu estou aqui para recomeçar com a Hil e não para corromper sua querida irmãzinha — embora pareça que o mundo está conspirando para que eu vá e faça isso. Primeiro Margaret com suas bobagens e agora Nick com esses pensamentos irracionais? Será que eu não deveria convidá-la para um encontro de uma vez e oficializar isso?

Hum… era realmente tentador. Dessa vez, Nícolas explodiria com certeza. Mas antes disso, Charlote me olharia com e eu fosse um idiota cheio de mim e me daria o fora do século. Não era nenhuma novidade que ela já achava isso mesmo.

— Minha irmã não é como as suas amiguinhas.

— Sua irmã é uma linda mulher adulta que sabe cuidar do próprio nariz. O que você pode fazer para impedi-la se ela quiser voltar a ter um relacionamento? Isso aí, meu amigo. Nada.

— Irei me intrometer o quanto eu quiser dependendo de quem for o cara. Eu tenho que zelar pela felicidade dela. Você não sabe nada sobre a Char.

— Você apoiou o Evandro?

— Não é da sua conta.

— Oh, vejo que sim. Bom, diferente dele eu posso garantir que não tenho uma noiva em coma por aí, então não precisa se preocupar.

Nícolas me encarou com ainda mais raiva.

— Tem ideia do quão babaca você foi agora?

Assenti.

— Tenho sim. Eu não estava falando sério. E se isso te deixa tranquilo, não estou me candidatando para o posto de namorado, ou qualquer coisa próximo disso, da sua irmã.

— Então me diga o porquê de vocês parecerem tão absurdamente amigáveis um com o outro agora a pouco.

Soa realmente tão íntimo assim ao ouvi-la me chamar de idiota?

— Porque somos amigos — falei o óbvio.

— Tão rápido?

— Você preferia que eu a tivesse pedido em namoro? — sorri. — Ou seria melhor um noivado? Quer me ajudar a escolher o anel?

— Não seja idiota, Stephan — Nick deu um passo para trás, finalmente me largando.

— Você não pode me impedir. Agora, me diga, sua irmãzinha prefere rosas ou lírios?

Não era apenas para tirá-lo do sério. Eu realmente precisava fazer algo para agradecê-la por tudo. Mas ele não via as coisas bem assim.

— A única coisa que vou dizer é pra você ficar o inferno longe dela.

— Eu não vou — ofereci-lhe um meio sorriso, esticando a mão para a maçaneta.

— Eu sei — resmungou. — Só não chegue perto demais. Você pode se queimar.

Ignorei totalmente sua cara ameaçadora e abri a porta. Ele, definitivamente, não estava falando sério.

❄❄❄

Esse foi um pouquinho mais curto (e deixou bem claro que o Stephan não é um cara perfeito), mas espero que tenham gostado. 😊

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