Dormi antes de terminar o capítulo de novo? SIM!

Sorry... tenham uma boa leitura. (^^)

💕💕💕

Charlote

— Bem-vinda de volta.

Com um sorriso fraco, Lara se sentou diante de mim, pousando a bolsa preta sobre o colo.

— Obrigada. Você não trouxe o Tavinho hoje?

— Ah… — suspirei. — Achei que o clima estava tenso demais para uma criança. Já conversou com o Van?

Ela negou.

— Parti do aeroporto direto para o hospital e acabei de chegar de lá —  silêncio recaiu sobre nós por alguns segundos e eu sabia o que ela estava pensando somente de ver sua expressão. — Eu não sei o que dizer para ele. A Elisa está…

A frase se perdeu no ar, novamente trazendo o silêncio, como se fosse doloroso dizer.

— Eu sei — murmurei. — Eles precisam de você. Os dois.

Piscando com surpresa, Lara franziu sua testa, tornando suas linhas de expressão ainda mais evidenciadas, me olhando. Eu sei, não éramos nem mesmo amigas, apenas agíamos civilizadamente uma com a outra, mantendo um certo nível de intimidade e ligadas pela existência do meu filho, ou seja, falar algo assim era totalmente fora do meu normal, tanto quanto demonstrar fraqueza era anormal para ela, e de repente tive tanta consciência disso que rapidamente mudei de assunto.

— Sobre o trabalho, a Sra. Ribeiro telefonou mais cedo e pediu que você retornasse a ligação para discutirem sobre o processo de divórcio — folheei a agenda a procura das anotações que tinha feito essa tarde marcando por ordem de urgência as pessoas que haviam ligado. Clara Ribeiro estava encabeçando a lista. Eu sabia que, ainda que muito comum, aquele era um caso extremamente delicado ao qual Lara vinha dedicando bastante atenção ultimamente. — Ela parecia muito nervosa, por isso acredito que seja melhor que ligue de volta o mais rápido possível.

Já recomposta, Lara pegou a agenda das minhas mãos e levantou com os olhos fixados na pequena lista, as sobrancelhas bem feitas, levemente arqueadas.

— Certo, farei isso agora mesmo — ela se virou em direção a sua sala, mas parou ali mesmo, como se hesitasse. — Charlote, antes que eu me esqueça, desmarque todos os meus compromissos de amanhã. Tem algo que preciso fazer e vai tomar todo meu tempo.

Entreabri os lábios, levemente chocada. Era bem raro que algo assim acontecesse. Me perguntei se realmente havia surgido outra coisa ou se seu emocional estava tão abalado ao ponto de fazê-la querer uma folga.

— Claro — respondi, sem questionar.

Seus saltos clicaram no chão quando ela voltou a se mover e por fim se fechou em sua sala.

Rapidamente abri a agenda eletrônica no computador e peguei o telefone, procurando reorganizar todos aqueles compromissos para manter minha mente longe de assuntos inoportunos. Tudo que estava acontecendo já me sobrecarregava demais, eu não podia começar a me preocupar com Lara agora.

💕💕💕

Não havia absolutamente ninguém em casa quando cheguei.

Estranhando por nenhum deles ter me ligado avisando que iriam sair, peguei meu celular, procurando o número de Stephan enquanto andava ate o meu quarto. Afinal, tinha sido aos cuidados dele que eu tinha deixado meu filho.

— Já chegou? — ele perguntou assim que atendeu.

Sentei na cama, tirando os saltos e esticando os pés, aliviada. Eu definitivamente não era fã de sapatos fechados.

— Sim. Onde você está? Já foi pra Egoist?

— Ah, não, não precisa se preocupar. Ainda estou no prédio — era impressão minha ou ele parecia alegrinho demais? — Espera um pouco que eu e o Tavinho já vamos descer.

Descer?

— Onde…?

Antes que eu pudesse concluir a pergunta, Stephan desligou.

— Que beleza — resmunguei, deitando de costas na cama.

A colcha macia foi muito bem-vinda e fechei os olhos aproveitando o único momento de descanso que tive em horas. Esforço mental foi do que mais precisei hoje e ainda assim me sentia tão cansada quanto se tivesse me esforçado fisicamente.

Eu sempre fui do tipo de pessoa que pensa demais, que deixa cada coisa pequena se transformar em um grande incômodo em minha mente, por isso o meu temperamento nunca foi dos melhores. Por mais que eu tenha me tornado mais ciente de minhas responsabilidades, mais paciente, haviam momentos em que eu não conseguia deixar de ficar irritada. Comigo. Simplesmente por não conseguir conter a curiosidade e silenciar meus pensamentos, o que era frustrante. Parece que serão tempos turbulentos esses.

— Charlote?

— No quarto! — gritei em resposta ao chamado de Stephan.

Levantei afastando os cabelos do rosto e prendendo-o num nó frouxo.

Quando ele apareceu diante da porta aberta, meu foco finalmente pôde alternar para algo que não fosse Elisa e a família Villa. Sim, Stephan parecia definitivamente feliz. Embora um sorrisinho travesso quase sempre estivesse em seus lábios, eu poderia dizer que era ligeiramente diferente agora. Eu estava com um pouco de medo de perguntar o que tinha acontecido para deixá-lo assim.

— Quem foi a vítima dessa vez? — questionei, pegando Tavinho no colo. Ele estava um pouco sonolento, como se tivesse brincado sem pausa o dia inteiro.

— Hein? — Stephan pareceu confuso por um segundo, então essa confusão desapareceu deixando uma expressão vazia em seu lugar, e ele estendeu a mão dando um peteleco na minha testa.

— Ai — falei recuando, esfregando o local dolorido —, eu não sou criança, Stephan.

— Eu sei disso — seus olhos percorreram meu corpo de um modo que quase me fez rir de nervoso. Esse cara existe? — Mas também não sou o galinha que vocês pensam. Não tem nada a ver com mulheres, eu estava cuidando do seu filho, lembra?

Isso não te impede de paquerar ninguém, pensei. Caras que tem jeito com crianças costumam chamar atenção.

Mas de qualquer forma…

— Eu só estava brincando — porque não consigo imaginar o que poderia deixá-lo com uma expressão como essa. — Cadê a Hilary e os meninos? E porque você parece tão satisfeito consigo mesmo?

Seu sorriso voltou.

— Dois andares acima. Um apartamento maior que esse.

— Perdão? — falei sem entender.

— Nós seremos vizinhos, sweet. Isso não é ótimo?

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Até o próximo! 😙😙😙