Capítulo 16❄

Stephan

— Quem diria que você é um bagunceiro, hein, carinha? — falei a Tavinho enquanto limpava seu rosto com um lenço.

Quando Charlote me pediu para cuidar dele, eu não pensei por um segundo que pudesse ter alguma dificuldade. Já tinha lidado com algumas crianças ao longo da minha vida, principalmente nos últimos anos, e até onde eu tinha visto, Otávio era um anjo. Bem, isso foi até eu descobrir quanta bagunça ele faz na hora de comer.

Pelo seu sorriso, acho que para ele parecia um jogo, porque na maioria das vezes que eu tentava aproximar a colher de sua boca, ele tentava afastar minha mão, motivo pelo qual minha camisa tinha vestígios de papinha de bebê para todos os lados.

Hilary nunca foi tão difícil assim, mas tinha passado quase que o tempo todo nos observando como se estivesse se divertindo com a cena.

— Isso sim é uma cena interessante — comentou Nícolas entrando na cozinha. Usava uma camiseta branca, bermuda marrom e tênis.

— Vai correr? — perguntei, limpando da melhor forma possível com um pano de prato uma das manchas que a papinha de Tavinho deixara.

— Vou — respondeu pegando uma garrafa de água na geladeira. Ele se virou para mim. — A Char já foi?

— Sim. Já faz mais de uma hora aliás. Camila ligou chamando-a no escritório, então ela foi. Ainda não sei porque, Charlote estava com muita presa.

Franzi a testa para a mancha que estava apenas aumentando e larguei o pano de prato sobre a mesa, desistindo.

Tavinho olhava para mim com os braços erguidos, abrindo e fechando sus mãos pequenas. Era óbvio o que ele queria. Tirei-o da cadeirinha e o coloquei no chão. Com confiança aparente, Otávio seguiu em direção a Hilary que estava sentada a mesa com o tablet nas mãos. Ela deixou o Tablet de lado e saltou da cadeira, oferecendo as mãos para Tavinho.

— Hum… eu não pensei que você fosse capaz de cuidar de uma criança tão pequena.

— Eu não chamaria exatamente de capaz — indiquei minha camisa com desgosto.

Nick riu baixinho e deu de ombros.

— De qualquer forma, foi uma surpresa a Charlote te deixar com ele. Parece que já conseguiu a confiança da minha irmãzinha.

Sorri.

— Charme natural.

— Errado, seu metido — disse se encaminhando a porta. — Estou saindo. Até logo.

❄❄❄

— Porque você não visita o Stand de vendas daqui do prédio? Talvez ache algum apartamento que te agrade.

Olhei para Tiago, pensando que aquela era uma boa ideia. Eu já estava ficando bastante acomodado naquele lugar mesmo… acho que fazer deles meus vizinhos me tornaria ainda mais preguiçoso e folgado, mas não deixava de ser perfeito. Melhor do que sair por aí procurando às escuras.

— Eu…

— Apesar de que esse prédio não faça bem seu estilo, certo, senhor esbanjador? — Tiago me interrompeu, olhando-me com uma xícara de café em suas mãos. Ele tinha levantado pouco depois de Nick sair. Tinha me emprestado uma camisa limpa, mas ainda tinha as roupas de dormir amassadas, a cara de sono e o cabelo despenteado muito mais bagunçado que o normal, sem falar de um sorriso presunçoso de quem sabia das coisas.

— Não sou esbanjador, só gosto de aproveitar o que lugares de alta classe tem a oferecer — retruquei, como se houvesse muita diferença, embora o hotel parecesse cada vez menos atraente para mim. Fitei por um momento as crianças no outro sofá assistindo a um filme qualquer da Disney que Hilary tinha pego entre tantos outros na estante e sorri. O apartamento de Nick e Tiago seguia uma linha mais confortável, não tão luxuosa e era relativamente pequeno para uma pessoa espaçosa como eu, mas parecia-me um bom lugar para construir uma relação familiar. E obviamente deixaria as coisas muitos mais fáceis. —  Mas esse prédio vai ter que servir.

— “Vai ter que servir” — meu irmão zombou, me imitando. — Não fale como se não fosse nada demais quando é óbvio que você quer.

— Claro que eu quero, não estou fazendo descaso.

— Então porque não desce lá agora e faz negócio? Eu cuido das crianças.

Tiago gesticulou com a mão como se estivesse me dispensando e eu neguei com a cabeça, sorrindo, mas me levantei mesmo assim.

— Isso é tudo vontade de me manter por perto?

— Seu amor-próprio não tem fim? — Seu tom brincalhão era óbvio.

— Claro que não irmãozinho. Já irei realizar seu desejo. Não se preocupe, não demorarei a voltar. — olhei para Hilary. — Querida, vou sair um pouquinho, já volto.

Ela assentiu obediente e me dirigi para a porta.

— Boa sorte — disse Tiago. — E não me chame de irmãozinho! Eu sou o irmão mais velho! — foi a última coisa que o ouvi dizer antes de fechar a porta atrás de mim.

Espero que tenha algum apartamento vago. Ao menos uma vez as coisas que estão dentro do plano tem que ser mais fáceis para mim.

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