(Stephan na mídia.)

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Stephan

Charlote era um anjo.

No caminho de volta ao apartamento, eu não conseguia tirar o sorriso idiota da cara pelo sucesso que estava sendo o dia.

Tinha conversado bastante com Hilary durante o café da manhã, fazendo perguntas para as quais suas respostas eram relativamente curtas, mas carregavam uma animação que, depois de tantas semanas, parecia-lhe um pouco atípica, mas me deixavam ridiculamente feliz e aliviado. Estava satisfeito com todo aquele progresso e já tinha me convencido de que querer mais que aquilo no momento seria pedir demais. Não era. Ela tinha conseguido fazer uma amiguinha no parque. Tudo bem que era uma menina tão tímida quanto ela e que as duas parecessem bastante confortáveis em silêncio, o que mais importava era que tinham passado quase que o tempo todo juntas brincando nos balanços e em alguns outros brinquedos de vez em quando.

Hilary estava começando a voltar a parecer a criança que era. Isso era bom.

Depois de sairmos do parquinho a levei em um restaurante de família bastante acolhedor para almoçarmos. Tiago tinha me indicado o lugar mais cedo e eu teria que agradecer por isso.

O único problema é que eu ainda não tinha feito nenhum progresso em me estabelecer corretamente na cidade, muito menos começado a procurar uma babá para Hil. O que significava apenas uma coisa: Eu teria que bancar o maior cara de pau e pedir para Charlote cuidar dela novamente. O que não era tão difícil assim.

Toquei a campainha e pouco depois meu irmão abriu a porta.

— Vocês se divertiram? — perguntou abrindo um sorriso.

— Sim — minha menina disse tímida.

— O clima está um pouco estranho por aqui, espero que não se incomodem.

Tiago saiu da frente da porta para nos deixar passar e a primeira coisa que vi ao entrar na sala foi uma Charlote chateada atacando um pote de sorvete com a cabeça apoiada no ombro de seu irmão que a abraçava de lado. Tinha trocado de roupa e agora vestia apenas uma camiseta preta e um short amarelo, suas pernas encolhidas em cima do sofá. Mesmo que Otávio estivesse a poucos metros sentado no chão empenhado com um brincando de montar, a cena me pareceu extremamente deprimente.

— O que aconteceu com ela? — perguntei a Tiago que estava ao meu lado também a observando.

— Algo que ela vem esperando a mais de dois anos aconteceu — disse, me deixando ainda mais confuso. — Agora minha florzinha não sabe como lidar com isso.

— Espero que não tenham esquecido que estou aqui — Charlote apontou para mim com a colher prateada. — Se quiser saber algo me pergunte diretamente.

Franzi a testa, quase rindo pelo quão direta ela havia sido.

— Desculpe, mas esse parece ser um terreno perigoso e como quero pedir um favor não me sinto muito tentado a dizer algo errado e testar sua paciência no momento — fui sincero.

Ela inclinou a cabeça no instante em que seus lábios se curvaram.

— Quer sorvete? — perguntou a Hilary sorrindo. Ela balançou a cabeça dizendo que não. — Então porque você não brinca um pouco com o Tavi, querida? Os adultos precisam conversar, vai ser chato pra você.

Dessa vez ela assentiu sorrindo e praticamente correu até Tavinho. Quando Charlote voltou a falar seu tom de voz foi mais baixo.

— Se o favor for pra eu cuidar dela novamente, não vejo problemas.

Como eu disse, um anjo.

— Mas tem algumas condições — e Nick é o demônio. — Você vai me ajudar no escritório hoje, nem pense em beber, dançar ou atrapalhar a Alexia de novo.

Fiquei confuso.

— Quem é Alexia?

— Oh, meu Deus, Stephan, você é o pior. — disse Charlote, quase como se quisesse rir.

— Nós te apresentamos ela ontem e mesmo depois de passar a madrugada a cantando você já esqueceu? — Tiago sentou no braço do sofá ao lado de Charlote, me encarando.

— Ah — falei ao lembrar da barwoman morena que em momento algum pareceu incomodada com a minha presença. É verdade, esse era o nome dela. — Vocês me apresentaram muitas pessoas ontem. — Justifiquei. — E não acho que ela tenha pensado que eu estava atrapalhando.

Nick revirou os olhos.

— Por acaso seu irmão ainda é um galinha? — perguntou Charlote olhando para Tiago.

— É o que parece. Era de se esperar que ele tivesse evoluído um pouco nos últimos anos, mas parece que continua o mesmo.

— Desviem toda essa atenção de mim e deem logo um nome ao defunto — falei, sentando-me também. — Qual é o problema?

— Porque exatamente eu deveria falar da minha vida tão abertamente para alguém que mal conheço? — Charlote perguntou pegando uma colher cheia do sorvete parcialmente derretido.

— Porque, querendo ou não, você vai ter que tolerar minha presença daqui pra frente — dei de ombros. — É simples assim.

— Quer dizer que pretende ficar no Brasil?

— No momento não estamos falando de mim — falei, recusando-me a voltar a ser o centro das atenções.

Charlote me fitou com cara de tédio e sem dizer nada votou toda sua atenção para o sorvete novamente.

— A noiva do pai do Tavinho saiu do coma essa manhã — disse Nícolas, passando a mão no cabelo da irmã, como se a estivesse consolando.

— Noiva? — repeti, surpreso. — É por isso que você parece tão chateada?

— Não pense besteira, eu não sou tão egoísta assim — disse ela, erguendo a voz num tom defensivo. Um olhar culpado apareceu em sua face no mesmo instante e ela olhou para as crianças. Hilary nos ignorava propositadamente, distraindo Tavinho, o que pareceu deixá-la mais aliviada. Charlote suspirou. — Quando comecei a namorar o Van, não sabia que ele tinha uma noiva.

— Não pensei que ele fosse esse tipo de homem — comentei secamente, instantaneamente começando a sentir raiva.

— Você entendeu errado — ela disse suavemente. — Elisa já estava em coma a anos… ele estava sofrendo e só queria viver normalmente de novo.

— E então o idiota resolveu esconder da minha irmãzinha que já amava outra pessoa — completou Nícolas com o tom tão seco quanto o meu.

— Nick — Charlote o repreendeu. — Não comece. Não é como se ele não me amasse também.

— Isso não muda o fato de que ele deveria ter te contado.

— Nós já conversamos sobre isso e eu não quero persistir nesse assunto. É inútil. — olhando para mim novamente, ela continuou: — A família dele não era a favor do nosso relacionamento e a mãe de Evandro acabou me contando. Foi nessa época que eu terminei com ele. Nós acabamos tendo uma recaída poucos meses depois e eu engravidei do Tavinho. O resto você já deve saber. Eu não quis me casar com ele, minha mãe me expulsou de casa porque não queria uma mãe solteira como filha e eu vim pra cá.

Sim, isso Tiago tinha me contado. Mas eu ainda não estava entendendo completamente.

— Você ainda o ama?

Charlote me olhou como se eu fosse um idiota.

— E isso importa? O ponto aqui é que Elisa foi o fator responsável por todas as mudanças que aconteceram na minha vida nos últimos anos. Depois de engravidar, tudo com que eu me preocupei foi em construir uma vida estável para mim e pro meu filho, impondo limites onde eu achava que deveria. Estou muito feliz por ela ter acordado, mas não tenho ideia do que vai acontecer daqui pra frente. E isso me dá medo.

Finalmente entendi. Charlote temia perder o controle de toda a estabilidade que havia conseguido. Ela não sabia realmente quem era Elisa e o quanto a presença dela afetaria sua vida. Eu entendi, mas aquele era o fato menos importante no momento.

Troquei um olhar com Tiago, perguntando-me se ele tinha percebido o mesmo que eu ou se sabia de algo. Charlote evitou a minha pergunta. Em momento algum ela disse que não o amava.

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Não disse que postava ainda essa semana? Eu queria ter postado ontem, mas não estava conseguindo fazer o capítulo avançar como eu queria (isso acontece às vezes), então decidi deixar pra hoje ao invés de postar qualquer coisa. Um capítulo com qualidade é melhor, né?

O próximo vai continuar com a narração do Stephan... falando nisso, o que acharam da foto ali na mídia? Parece um pouco com o que vocês imaginavam ou nada haver?

Enfim, obrigada pelas leituras, votos e comentários. Estou amando saber a opinião de vocês. Foi bem estranho saber que algumas pessoas não gostam da Elisa e estão torcendo pelo Van, mas isso me fez rir ao pensar nas possibilidades. Vocês estão me ajudando a crescer. 😊

Bjos e até a próxima, amores. 😘