Bônus💔

Dedicado a ednamartins269 que teve pena do Evandro. Rsrs ^-^

Tentei acessar a internet o dia todo ontem e não consegui, só tive êxito hoje de manhã (tristeza de quem mora no sítio). Vou acelerar a programação do cronograma, ou seja, provavelmente tem mais capítulo hoje (pela tarde ou noite).

Esse bônus da Elisa é narrado em terceira pessoa. Eu estava escrevendo em primeira, mas ia ficar muito confuso, então preferi assim. Boa leitura. :)

💔💔💔

No começo, tudo pareceu mais confuso e letárgico.

Ao abrir os olhos e deixá-los digitalizarem cada canto visível daquele quarto, ela queria apenas a resposta para a pergunta que qualquer ser humano normal se faria: “Onde estou?”

Não demorou muito para que descobrisse.

Com a consciência, veio a dor.

As peças começaram a se encaixar e memórias dolorosas de ferro e sangue passaram a bombardear sua mente numa sucessão de imagens ligeiramente borradas que se tornavam mais nítidas a cada segundo.

E então, o terror e o choque, acompanhados de uma outra pergunta, esta, não tão inofensiva quanto a anterior: “Porquê eu não morri junto com eles?”

Seu peito e sua garganta doíam ao ver o quanto estava magra e frágil, mas os olhos continuavam secos, sem derramar uma lágrima. Quando uma enfermeira e um médico vieram, ela não emitiu nenhum som, não respondeu por meio de palavras a nenhuma das perguntas que lhe faziam, mas por gestos de sim ou não com a cabeça, querendo que eles saíssem logo dali.

Lhe ofereceram um pouco de água, e por mais difícil que tenha sido ingerir o líquido, pior foi ouvi-los ao seu lado fazendo especulações murmuradas sobre seu estado.

Ela não conseguia compreender a si mesma, pois, por mais que os sentimentos amargos se condensassem em seu interior, sua face não mostrava qualquer emoção, permanecendo apática.

Depois de muito girarem confusamente os seus pensamentos em retalhos lhe deram uma resposta: Algo tinha se quebrado dentro dela.

💔💔💔

Quando sua família começou a chegar, suas expressões entre alegria, esperança e pesar, ela teve a confirmação. Eles não estavam ali. Nunca mais estariam.

Elisa sabia disso antes, então porque foi tão doloroso não vê-los chegar? Não seriam eles os primeiros que deveriam estar ao seu lado naquele momento? Porque tudo tinham sido retirado dela tão cedo?

Sua prima Dayana falava e falava, segurando sua mão como se quisesse impedi-la de partir, como se desejasse que Elisa passasse o maior tempo possível acordada, como se tivesse medo de que ela voltasse a dormir novamente. Uma hora se passou. Duas. Elisa se sentia como se estivesse prestes a explodir.

Tinha perdido os pais. Ela tinha perdido cinco anos. Todos os sonhos de uma vida haviam sido rasgados, jogados fora e agora estavam sangrando.

Das palavras que ouvia, eram poucas as quais dava atenção, mas quando Dayana disse, ainda chorando, que devido ao trauma todos passaram esses cinco anos acreditando que ela não queria acordar, Elisa deixou que aquelas palavras afundassem em seu coração defeituoso, tendo a mais pura certeza de que não podiam estar erradas.

E sabendo que se pudesse cair naquele sono sem dor novamente, dessa vez para sempre, o faria.

💔💔💔

E foi só quando ele chegou que Elisa notou o quanto estivera desejando que ele nunca aparecesse.

Ela o conhecia bem. Melhor do que qualquer um. Isso, claro, foi antes. Com a descoberta de que cinco anos haviam se passado, Elisa já tinha se convencido a não se deixar iludir acreditando que as coisas não teriam mudado. Dayana tinha sido estranhamente cuidadosa ao falar nele também. Mais do que qualquer outra pessoa, ele fez com que ela tivesse certeza…

No lugar daquele que ela amava, apareceu um homem maduro e elegante, tão belo quanto em suas lembranças. Aquilo também era doloroso ao seu próprio modo. Quem ela era agora senão uma mulher feia e quebrada, muito diferente de quem ele tinha amado? Como poderia sequer desejar que nada tivesse mudado?

Ver o olhar emocionado que ele tinha foi como receber um forte tapa.

"Você não vê que a mulher que você amava não existe mais?"

Ele estava dizendo alguma coisa. O que poderia ser? Sua cabeça parecia estar repleta de barulho. Eram risos, gritos alegres, promessas sussurradas, planos feitos. Antes de sofrer o acidente, ela estava sonhando com seu casamento. Agora, no entanto…

Ela não queria sentir o toque dele em suas mãos. Não queria ouvir sua voz. Não queria ver suas lágrimas.

— Vai… embora — as palavras quase sussurradas saíram por entre seus lábios, rasgando-lhe a garganta, trazendo-lhe o pânico. Ela não queria ouvir a própria voz.

O silêncio cobriu o quarto como um pesado manto.

Eram só os três ali agora. Dayana, Evandro e ela. Parecia excessivo. Até então, Elisa ainda não tinha dito uma única palavra e por mais que Evandro não soubesse disso, Dayana parecia chocada. E talvez um pouco feliz. Tinha estado bastante preocupada com seu silêncio, então era compreensível. Talvez ela nem tivesse prestado atenção no que suas palavras significavam.

Mas ele sabia. Ao menos parecia saber.

— Elisa? O quê…?

Ela virou o rosto para o outro lado. Ele se calou.

A peça quebrada dentro dela parecia estar tentando se encaixar. Ela estava com medo.

— Dayana — a voz rouca saiu com um pouco mais de facilidade, mas ainda fez seu coração bater mais rápido. Ela não queria ouvir. Não queria. Mas era preciso. — Tira ele daqui. Por favor.

Aquela voz que tinha inutilmente chamado e chorado por seus pais no banco de trás pouco antes de cair inconsciência, agora miserável e apática. Aquele rosto magoado e confuso.

Sai daqui agora.

Dayana tampouco parecia entender, mas ela não lhe perguntou nada.

— Vem — disse a Evandro, levantando-se da cadeira onde tinha estado sentada desde que chegou. Era a primeira vez que ela sairia de seu lado.

Evandro ainda lhe encarava fixamente, como se estivesse tentando compreendê-la. Como se quisesse fazê-la voltar atrás.

Elisa fechou os olhos.

Abri-os apenas quando teve certeza de que não estavam mais lá.

E agora permaneceria em silêncio novamente. A Elisa que todos eles conheciam, tinha morrido com seus pais.

💔💔💔

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Bjos, amores.😘

Até mais tarde! (Se a internet não cair de novo😭).

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