Descobertas
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Enquanto caminhava de volta para casa, Sasuke se empenhou em acompanhar Naruto calmamente para que ele não tropeçasse em nada por causa de seu jeito desajeitado. Segurava a cintura deste com uma das mãos enquanto a outra tentava conter a filha que não parava de pular desesperadamente feliz por saber que o alfa moreno estaria em casa.
Por onde passavam atraíam olhares rapidamente, muitos sorrisos e cumprimentos alheios que faziam o loiro sorrir verdadeiramente foram recebidos, e aquilo o fazia relaxar o corpo por alguns minutos. Sasuke havia notado que o ar estava diferente na aldeia, a névoa começava a se expandir de forma rápida. Estava tenso, pois sabia que se o ataque acontecesse naquele momento, sua família estava exposta e poderia se machucar.
O esposo também pareceu perceber a mudança do clima, inconscientemente se enroscou nos braços do seu alfa a fim de se sentir mais seguro. E com certeza o marido adorou, no afinal de contas ele gostava de protegê-lo, de trazer paz e ser seu porto seguro. Talvez por isso não conseguia contar a situação de perigo constante em que estavam. Sentiu o companheiro parar de andar e também o fez, então esperou o ômega loiro cumprimentar uma senhora, que gentilmente lhe ofereceu frutas.
— Você está a cada dia mais bonito, querido! — Chiyo estendeu o braço com as frutas para ele, mas antes que Naruto segurasse a cesta, Sasuke a pegou de prontidão. — Você é um homem de sorte Uchiha.
— A Senhora não faz ideia. — O alfa admirou as bochechas do rapaz ao seu lado se tornarem rubras e a pele se arrepiar, como se não esperasse que ele dissesse isso. Constrangido, o ômega virou o rosto para o lado na intenção de esconder o tom rosado das bochechas. A mulher de idade sorriu vendo a cena, quando o outro beijou a marca na nuca alheia. — Ele é meu bem mais precioso. Eles são.
Encantada, Chiyo encarou Sasuke após suas palavras; ele não era mais o garoto frio de anos atrás e com certeza Naruto não era mais solitário. O Moreno o escolheu e o fez seu por todo esse tempo, o casal era admirado por toda aldeia, mas claro que haviam muitas pessoas descontentes com a proximidade dos dois e como se tornaram íntimos. Desde que Naruto nasceu e seus pais foram levados para guerra, este sofrera a ponto de poucas vezes ser visto fora de casa.
A velha ainda se lembrava de vê-lo parado em frente à entrada de Konoha esperando seus pais voltarem, não importava se estivesse caindo uma tempestade, ele estava lá. Entretanto, seus pais nunca voltaram. O loiro tentava inutilmente se enturmar, mas as outras pessoas o olhavam com pena ou deboche da vida miserável. Até que Sasuke Uchiha entrou na vida dele, desde então Naruto não ficava mais sozinho.
— Desculpe Chiyo, mas preciso levá-los para casa. O tempo está esfriando...
— Oh! Sim, claro. — O patriarca da família os conduziu a andar novamente, Sarada acenava para a velha. — Tome conta deles.
— Sempre. — O rapaz advertiu a filha com a cabeça indicando para não correr entre as barracas de venda, porém Sarada sequer ligou e continuou a correr. O moreno percebeu que mesmo sendo o Alfa não conseguia ter autoridade tanto quanto Naruto para com a filha, já Boruto não desgrudava do ômega, o filho mais novo chegava a chorar por passar minutos longe dele. — Você quer comprar massa? Podemos fazer uma torta com as crianças.
— Sério? — O coração do ômega loiro parou por alguns segundos. Sasuke assentiu. — Certo... podemos comprar.
Toda aquela hesitação e cuidado com as palavras já estavam começando a deixá-lo bravo. Sentia o menor estremecer toda vez que tocava nele, a expressão de surpresa quando falou que ele era seu bem mais precioso era o que mais lhe chateava. O que estava acontecendo afinal? Naruto estava estranho, agora não podia negar. Ele estava distante e temeroso, dificilmente olhava nos seus olhos, até porque sempre que se aproximava qualquer coisa ao redor era mais importante.
Compraram a massa e mais alguns ingredientes, na volta para casa puderam ver aos poucos a casinha pequena rodeada de flores, plantadas pelo loiro e Sarada. A filha mais velha teria corrido para casa, mas assim que se aproximaram da residência avistaram um homem sentado. O moreno estranhou ver um dos seus guardas ali, ainda mais parecendo entediado, mas assim que ele os viu se levantou rápido.
— Senhor. — Este se curvou, mas quando os olhos dele encararam Naruto, um sorriso saiu dos lábios. Também pôde ver brilho de felicidade na íris do guarda. Mas ele não estava com ciúmes. — Naruto, você está tão... Quer dizer, está lindo.
"Irritado" o Líder da alcatéia puxou delicadamente o seu ômega para dentro da casa ajudando-o com as compras. Emburrado o loiro deixou Boruto no tapete do chão da sala e seguiu o companheiro quando ele fez menção de sair. O segurou pela camisa e o virou para si, os olhos transbordando medo e insegurança.
Não queria que ele fosse embora.
— Você vai sair? — Os olhos pidões encaram mais firme o moreno, que o segurou pela cintura e trouxe o corpo pequeno para si. — Achei que ficaria comigo e as crianças, só um pouco. — Sasuke acariciou a bochecha rosada, apertando o quadril gordo. Fazia tanto tempo que não se tocavam intimamente que quando as mãos do maior escorregaram para o bumbum alheio, Naruto ofegou apertando os ombros largos. — Fica, só mais um tempinho.
— Eu disse que ia ficar com vocês, não vou deixá-los. — Os olhos do ômega ex-Uzumaki brilharam. — Me deixe falar com o Asuma, prometo que será rápido. Você pode ir preparando as coisas, não vou demorar.
— Está bem.
Quando o loiro tentou se afastar, o Uchiha puxou-o de volta deixando um selinho demorado nos lábios. O contato não durou muito, pois, Sasuke sentiu alguém tocar seus pés e ao olhar para o chão encontrou Boruto tentando mordê-lo. Soltou uma gargalhada alta, pegou a criança nos braços e beijou o rostinho delicado fazendo o menino sorrir. Naruto logo tomou o filho para si, beijando a bochecha dele conforme ele se enroscava em seu peito.
— Volto em cinco minutos. — Dessa vez o encostar de boca fora tão rápido que o menor quase não sentiu os lábios do marido.
Sasuke encontrou Asuma fumando em frente à sua casa, pela feição apreensiva era fácil perceber que não se tratava de uma notícia boa. O Sarutobi puxou o cigarro entre os dedos para enfim soltar a fumaça com vigor, o Uchiha revirou os olhos e esperou que ele começasse a falar, no entanto este parecia desconfortável.
— O que está fazendo aqui? A Kurenai e Mirai devem estar sozinhas a uma hora dessas e você sabe que estamos correndo perigo.
— Foi por isso que vim aqui. — O mais velho falou baixo, sem sequer encarar o Líder. — É possível que Madara esteja pelas redondezas. Encontramos pegadas bem próximas da nossa aldeia e o Gaara foi atacado quando saiu daqui, por sorte ele está bem. — Asuma enfiou as mãos no bolso na calça e o cigarro foi jogado fora. Espiou pela janela aberta da casa, podendo ver Naruto e as crianças lá dentro. Eles sorriam lindamente graças a ocultação das informações que Sasuke se recusava a falar. — Ele está procurando pelos Uchihas, ouvi dizer que ele atacou Sasori por pensar que Itachi estava lá.
— Ele não vai tocar um dedo na minha família, não irei permitir. — O mais novo sentia uma fúria tomar conta do seu corpo, não conseguia desviar o olhar do sorriso de Naruto enquanto ele tinha a ajuda de Sarada, que estava em pé na cadeira arrumando os bolinhos de arroz na mesa. Não podia privá-lo do perigo, mas algo quebrava dentro de si toda vez que pensava em tentar explicar a situação. Não queria ter que presenciar todos os dias a expressão amedrontada do esposo.
— Ainda acho que deveríamos chamar o seu irmão ou levar Naruto até ele, sabe que ninguém está seguro aqui.
Os olhos escarlates encararam o outro alfa, Sasuke teve a sensação de que ninguém na sua aldeia confiava nele o bastante para protegê-los. Estavam em uma situação quase crítica, sob ameaças de alguém que era frio o bastante e não se importava se estava machucando crianças ou ômegas.
Mas todavia, chamar Itachi ou deixar Naruto sobre a proteção dele era algo absurdo. Itachi nunca quis ser o comandante da alcatéia, ele não queria toda atenção voltada para si, o grande prodígio Uchiha só estava interessado em viver bem longe de toda a bagunça que era aquela aldeia, a bagunça que seu próprio pai transformou. Antigamente a aldeia não tinha felicidade, as crianças não brincavam livremente, tudo era assustador e com um ar pesado. Então Sasuke conheceu Naruto enquanto os pais passavam um tempo na aldeia, seu lobo o escolheu assim que sentiu o cheiro jasmim. Quando Sasuke assumiu o controle e tornou-se o mandante, tudo pareceu melhorar e a tristeza não fazia mais moradia em Konoha.
— Se Madara estiver atrás dos Uchihas, Itachi também corre perigo. Irei enlouquecer se passar muito tempo longe deles, e também Naruto odeia ficar sozinho. — O que não era mentira, o esposo sempre se mostrou desgostoso com o fato de ficar longe muito tempo. Sempre que voltava tarde do trabalho o ômega estava ali, deitado dormindo no sofá cansado de tanto esperar. — Não sei se consigo deixá-lo.
— É melhor falar com ele antes e alertá-lo, o inimigo pode tentar algo contra eles quando souber que são sua família e que carregam Uchiha no nome.
— Vamos sair à noite para fazer uma ronda. Avise aos outros.
[...]
Quando Sasuke entrou na casa pôde ouvir rapidamente os risinhos da família, mesmo que vez ou outra os rosnados de Sarada saíssem tímidos e baixos. Escorou-se no batente da porta da cozinha, encantado com a imagem de Naruto de avental rosa. Boruto também tinha uma amarela, já a pequena garotinha estava emburrada enquanto o pai loiro ajudava a colocar o avental certinho.
— Eu sei fazer isso sozinha papai. — Reclamou.
— Sei que sabe, mas eu gosto de fazê-lo. O que foi? Só porque vai fazer seis aninhos já é independente? Vai me deixar? — Claro que o drama do esposo era brincadeira, mas a menina pareceu ficar preocupada com o pai e o abraçou. Naruto sabia como amolecer o coração dos Alfas, tanto os da casa como os amigos de Sasuke, não precisava de muito para tirar suspiros alegres.
— Eu nunca vou deixar o papai, vou proteger você e o bebê. — O ômega arregalou os olhos e seu corpo ficou tenso. De que bebê estavam falando? Sasuke olhou desconfiadamente para a expressão que substitui a face do amado, parecida com medo. — Papai, o Boruto correu para a sala.
Com agilidade o moreno abaixou e pegou o filhote antes que ele concluísse seu destino até o outro cômodo, o garotinho tentava puxar uma cadeira pequena junto de si de todas as formas, mas o pequeno Boruto se assustou quando o pai o pegou pelos braços de repente, sacudindo o seu corpinho.
— Peguei você! — As mãozinhas de Boruto seguraram as bochechas de Sasuke, apertando e amassando o rosto com um sorriso no rostinho angelical. O Líder não sentia-se mais tão tenso como estava quando conversou com Asuma, é claro que não, não conseguia se sentir daquela maneira quando era recebido com muito amor e carinho pela família. — Você está atrapalhando seu papai? Que garoto travesso!
— Quem será que ele puxou? — A risada de Naruto contagiou a todos enquanto o mais velho entre eles se fez de desentendido. — Você foi uma ótima ajudante, merece uma recompensa. O que você quer?
Sarada correu para sala sendo seguida pelos pais, pegou o desenho feito na escola e mostrou ao loiro.
— Eu quero brincar no parquinho. Papai nunca me deixa brincar lá, eu quero brincar com a Mirai e o Shikadai. — Naruto sentou no colo do marido quando ele deixou Boruto no tapete e se sentou, a menina o olhava com os olhos brilhantes e cheios de expectativas. Sasuke sempre evitava que a filha brincasse no parquinho, tinha medo de que as mesmas pessoas que se atentaram contra a vida de Naruto quando souberam do casamento, fizessem o mesmo com Sarada.
— Não. É melhor brincar em casa que é mais seguro. — Respondeu e o ômega o fitou bravo, assim como a filha. Sarada sabia como convence-lo, por isso este tirou o loiro do colo e saiu da sala. No entanto, o baixinho o seguiu com uma expressão furiosa e os braços cruzados. — Minha resposta é não. — Reforçou.
Um suspiro saiu pelos lábios finos quando o Moreno terminou de subir as escadas e entrou no quarto dos dois, o caminho todo tentando não olhar o companheiro que o seguia nos olhos. Se sentou com os músculos rígidos, tenso com o assunto em que a filha tocou e fez consequentemente com que eles falassem agora. Mesmo com a tensão sentiu o corpo dele se aproximar e depositar as mãos frágeis em sua cabeça, se aproximando até estar dentro da zona de conforto do líder.
— Não podemos mudar o passado, Sasuke, mas podemos fazer dele mais um motivo para ser forte. Não acha? — Acariciou os fios bagunçados do Alfa, tentando acalmar os demônios dele, que logo levantou o queixo para o olhar melhor. — Você não pode privá-la por tanto tempo, sabe disso.
— Eu sei disso. Me desculpe, fiquei tão obcecado por proteger vocês que acabei esquecendo o que importava. Eu sou um idiota. — Naruto soltou um sorriso encantador, deixando seu corpo ser puxado para mais perto do moreno. O Uchiha apertou a cintura delicada, enquanto seus lábios estavam rente à barriga de Naruto, então se lembrou do que a filha disse mais cedo. O bebê. — Você...
— Não aperte tanto, não vamos incomodá-la.
Por um momento Sasuke prendeu a respiração, o queixo caindo aos poucos sem parar de encarar o sorriso travesso do amado. Aquele belo ômega era capaz lhe fazer perder o chão, amava-o com todas as suas forças. Com os olhos marejados e a boca trêmula, o moreno beijou a barriga quase sem volume.
— Por que não me contou?
— Você nunca estava em casa, não queria incomodá-lo. — Antes que pudesse questionar algo, principalmente quando pôde pela primeira vez perceber que Naruto queria chorar ao fazer a menção da sua ausência em casa, viu Sarada e Boruto entrar correndo no quarto.
— Papai, a torta.
O Uchiha viu o esposo arregalar os olhos e correr para a cozinha, tendo obviamente os dois grudizinhos indo atrás dele. Com medo de que o filho mais novo se machucasse pelo caminho, decidiu segui-los e aproveitar mais de sua família antes que o caos caísse sobre eles. Uma sensação de estar sendo vigiado o alertava tremendamente, mas decidiu ir comer com os outros na cozinha. Estava decidido que pela madrugada iria fazer uma ronda pela aldeia, mesmo sabendo que Naruto ficaria bravo.
Após ajudar o loiro a vestir os filhos, deixou que eles dormissem naquela noite na cama deles, assim o ômega não ficaria sozinho. Entretanto, o que o Alfa não sabia era que Naruto iria sim perceber sua saída, e novamente iria se sentir sozinho.
Mas naquela noite, o sorriso de pelo menos um se alargou ao ver quem era o esposo do líder e o quão vulnerável estava.
*
Espero que tenham gostado ❤
Obrigada a todos por ler e comentar. Até o próximo amores<3
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