Chapter 6

- Não, não... eu nem lembro de nada. Talvez.... talvez a gente só tenha dormindo um do lado do outro.

- Pelados? – ele perguntou, se sentando do lado dela e a encarando. Os peito nu dele estava suado, e brilhava devido a luz solar que escapava da cortina entreaberta do quarto. O lençol se amontoou em cima na cintura dele, no caminho da perdição. – Quer repetir a dose?

Pega no flagra, ela escondeu o rosto.

- Não, isso não aconteceu. Eu não gosto de você.... e além disso eu nem me lembro, ou seja, não existiu. – ela murmurava de forma desesperada. Beto riu.

- Eu me lembro bem.

- Co-mo?

- Estou acostumado com essas bebidas.

- Quê?! – Franziu o cenho. - Mas o que foi que aconteceu, então?

- Você chegou na praia com Ricardo, eu coloquei ele para correr...

- Não, disso eu me lembro.

- Até onde você se lembra, então?

- Você... – ela buscou na mente. Quando lembrou, sentiu as maças do rosto queimarem. – Você me desafiou a um beijo, eu disse que não ia te dar...É, foi isso.

- Não. Você disse que não ia me provar, mas quando tentei me distanciar, você me beijou. – Ele relembrava com um sorriso torto nos lábios. – Então...caramba, se não fosse a sua ideia de ir para um quarto, acho que a gente transaria ali mesmo na praia.

- Mas não transamos... – O cérebro ainda tentava negar o que estava claro. – Mas que ideia foi essa que eu tive?

- Ah, acho que foi algo parecido com aquela brincadeira, eu nunca... Agora não me lembro bem.- deu de ombros. - Mas quem dissesse eu nunca tinha que tirar uma peça de roupa e...

- Mas eu estava de vestido! – Aquilo era um absurdo, como pudera ter aquela ideia maluca?

- Exatamente. Foi por isso que você ficou nua...

- Pelo amor de Deus, para. Eu...eu tenho que ir. Beth deve estar me procurando... – ela se levantou e levou o cobertor consigo, se esquecendo totalmente que era o mesmo tecido que escondia a nudez de Beto. Alicia soltou um gritinho e tampou os olhos. Beto riu.

- Você já viu tudo o que tem pra ver, Alicia.

- Só... aponta para a direção do banheiro, Beto.

- Se eu apontar, você não irá ver já que está escondendo os olhos...

- Então me diz.

Ela podia imaginar um sorriso nos lábios desenhados dele.

-Pode olhar. – Ele disse. Desconfiada, ela liberou um olho. Um travesseiro tampava o membro masculino. Ela abaixou as mãos aliviadas. – É ali. – Ele apontou para uma porta à esquerda.

Alicia foi atravessando o quarto, que por sinal era mil vezes maior que o dela. Além de que as paredes era de um coral pastel, com todos os moveis rústicos. Se o dela era um espetáculo, aquele era surreal.

Quando ia pisar dentro do banheiro, voltou.

- O que foi? – ele pareceu curioso.

- É que... tem duas camisinhas usadas no chão.

Um silêncio estranho pairou no quarto. Beto pareceu desconfortável.

- Alicia, se pensa que eu usei com outras mulheres...

- Não! Não estava pensando nisso. – ela sentiu um nojo estranho em imaginá-lo com outra. – Nós... fizemos quantas vezes?

- Duas.

- Tem certeza?

- Bom... quase fizemos uma terceira, você estava insaciável...

- Ai jesus. – ela voltou envergonhada para o quarto. Outra mulher devia ter se personificado no corpo dela ou... Alicia parou na frente do espelho do guarda roupa.

Sua pele estava brilhante, e seu cabelo era um embolado de areia e suor. Seu pescoço tinha alguns pequeninhos hematomas. Beto surgiu ao lado dela, ainda segurando o travesseiro. Sem pedir permissão, ele pendeu a cabeça dela, e expôs a nuca feminina para ele.

Os olhos claros estavam semicerrados analisando os círculos roxos.

- Desculpa por isso. – ele a soltou com uma expressão estranha no rosto. Ela esfregou a mão no local.

- Beto, isso não pode acontecer de novo.

- Tudo bem, eu não darei mais chupões...

- Não, Beto. Não podemos mais ir pra cama novamente.

- Tem certeza?

- Eu não tenho certeza de nada, Beto. Fui parar em uma festa cheia de drogas e... Ai beto, só colabora, por favor.

- Se é o que você quer, assim será. – Aquele veredito dele deixou o coração de Alicia apertado. Ela engoliu a sensação estranha.

- Acho melhor eu ir indo, Beto. – ela foi até o amontado de roupas, pegando o vestido que usava na noite anterior. Alicia fez uma manobra de reality show, enfiando o vestido pela cabeça enquanto segurava o lençol. quando terminou, ela se virou para ele. – Então... a gente se vê por ai.

Ela sorriu. Beto foi até ela, e tomando cuidado para não chegar tão perto, deu um selinho nela. De repente, como numa espécie de vertigem, todas as memórias voltaram. Flashes expuseram momentos em que cavalgava nele. Os gemidos. Os gritos. Os tapas.

Ela suspirou. É... tinha sido selvagem.

A força com que as memórias retornaram foi tão forte que ela ficou ali, parada observando qualquer coisa através dele.

- Foi...tão ruim assim? – ele perguntou, chamando a atenção dela de volta. Alicia o encarou, mergulhando fundo nos olhos de íris salpicadas de verde...ou era azul? um misto celestial inebriante. – Alicia?

- Ah...então...não, não foi ruim não. – ela pigarreou. – Na verdade, foi... - Alicia parou, vendo que Beto tinha o olhar fixo nos lábios dela. Ela desistiu da resposta. – Beto, tenho que ir.

- Acho melhor ir embora, mesmo.

Assim que saiu do quarto com os saltos na mão, Alicia demorou um pouco para entender onde estava. Ela surgiu num corredor de cercas vivas e chão de areia, percebendo que estava em um dos bangalôs. Quando se redirecionou, ela praticamente correu para o quarto.

- Deixa eu adivinhar... perdeu o café da manhã? – Beth indagou quando ela surgiu na porta. Quando a amiga analisou um pouco mais, um olhar de preocupação transpareceu. – Lícia, o que foi que aconteceu?

- Beth... – Alicia entrou se arrastando. – eu participei de uma festa muito louca.

- Por isso que seu cabelo está parecendo um poodle?! E o que é isso no seu pescoço... – Beth colocou a mão na boca. – Caraca, teve um noite bem quente, hein.

- Não foi na festa... foi depois. – Alicia gesticulou. – Mas deixa eu terminar...onde estava mesmo? – aquelas drogas ainda deviam estar na mente. Ela estalou os dedos. – Lembrei! Então, a festa onde eu estava tinha as bebidas batizadas e...

- Alicia, você foi pra festa da erva?!

- Quê?

- Recebemos um convite no quarto. – a amiga foi até a cômoda e pegou, balançando o papelzinho entre os dedos. – Foi a festa que os atores deram. Tudo estava batizado, até as comidas.

As explicações daquele noite ficavam cada vez mais bizarras. Alicia tinha vontade de pegar o celular e discar 190 pra chamar a polícia.

- Mas... – ela ia dizendo. A amiga nem a deixou terminar.

- Disseram que drogas ajuda na criatividade, acredita?! Pra mim tudo baboseira para se viciar... mas não entendi o porquê de você estar lá. Você não ia sair com o Beto?

- Ia, mas ele cancelou...

- Ué, você teve essa noite sórdida com quem, então?

- Elizabeth! Me deixa explicar. Eu já não to boa da cabeça, e você ainda fica me interrompendo. – ela desabafou.

A amiga passou um dedo em cima dos lábios, simulando um zíper. Alicia continuou:

– Então, como eu ia dizendo, o Beto cancelou. Daí, pensei: já que estou com a roupa separada, vou aproveitar... fui parar lá naquela festa, me envolvi com o barman, e quando a gente ia pro vamos ver na praia, Beto estragou tudo, falando que era meu namorado. Não entendi nada. – ela bateu uma mão na outra. – Só que quando eu ia embora, minhas pernas estavam estranhas, e eu comecei a falar tudo embolado... Beto, que tinha bebido da garrafa que estava comigo ficou do mesmo jeito. Ai... - Ela deu uma parada para respirar e continuou. – Fui desafiada a dar um beijo nele, e o resto... é tudo um borrão de mordidas, gemidos e gritaria.

- Vocês transaram na praia? – A amiga estava boquiaberta.

- Não! Quer dizer, diz o Beto que não.

- Mas que desafio de beijo foi esse? Essa história está tão estranha... – Beth estava desconfiada. Alicia apontou pra cima, no planeta causador de tudo. – Alicia, pelo amor de Deus né. Nem tudo é culpa do Mercúrio! Foi você quem beijou o cara.

- Beijei porque tinha de provar que eu não sentia nada por ele. Só assim iria me deixar em paz pra encontrar um boy do futuro!

- Qual a moral da história, então? – A amiga perguntou. Estava muito óbvio, e a macumba do planeta estava tão grande que talvez tivesse de tomar um banho de descarrego. Mas quando Alicia ia responder, Beth levantou a mão, adivinhando: - Você sente algo por Beto do colégio. Será...paixão?

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