Chapter 5
Alicia cuspiu quase todo o líquido que estava na boca, e quando tentou se recuperar, se engasgou ainda mais. Beto tentou ajudá-la.
- N-não encosta em mim. – ela ralhou para Beto enquanto o líquido rascante parecia cortar a garganta. Alicia ergueu o frasco e se forçou a beber ainda mais. Ricardo ficou em pé, sem reação alguma.
- Ricardo, pode ir. – Beto disse para o barman, que não pensou duas vezes e desapareceu sob as árvores a passos trôpegos e cambaleantes. Quando foi que ele ficara tão bêbado?
- Quê? Não! – ela finalmente tinha conseguido se recuperar.
- Alicia, eu te fiz um favor, acredite.
- Não fez não! – ela tentou espernear e quase caiu estatelada na área. Beto rapidamente a segurou. – você está estragando meus encontros...
- Você ingeriu muito álcool? – ele perguntou a encarando com o cenho franzido.
- Me solta, Beto! – ela se debateu, sentindo as forças se exaurirem. – O que você é, hein? Um fiscal da vida alheia?
- Alicia! – ele a chacoalhou pelos ombros. – Você estava na festa? Deu seu consentimento?
- Sim, eu estava na festa. – ela deu de ombros, como se aquilo fosse óbvio. – E sim, dei meu consentimento...achei estranho, mas...
- Me dê isso daqui. – ele pegou a garrafa da mão dela. Alicia se empertigou.
- Me devolve minha bebida, Beto! – Ela exigiu, indo pra cima dele. Beto se virou, tirando a garrafa de sua vista. Alicia bufou, tentando pegar do outro lado. E quando viu que não teria chances contra ele, o estapeou.
Ela realmente estava estranha, se debulhando numa mistura de raiva, tristeza, agonia e euforia. E se Beto não queria devolver teria de se ver com ela. Mas quando Alicia tentou levantar a mão, Beto ergueu a bebida, levando-a até a boca.
Alicia observou boquiaberta enquanto ele tomava o álcool em goles sucessivos. Com mais raiva ainda ela o empurrou. A garrafa quase vazia caiu no chão.
- M-mas que droga deu em você?! – ela indagou perplexa.
- Alicia... – ele baixou os olhos. Ela tentou se desvencilhar dele, mas as pernas estavam molengas. Beto a segurou novamente. – Acho melhor ficar aqui para se recuperar...
- Eu não quero ficar nem mais um minuto perto de você!
- Tudo bem, eu mereci isso. – ele a sentou em um montinho de areia. O corpo dela parecia não obedecê-la. - Mas por favor, só fica sentadinha aí. Eu vou ficar aqui do seu lado, nem vou encostar em você.
Ela inspirou fundo. Se pudesse levantar, com certeza já teria feito. Mas as pernas jaziam sem vida sobre a areia fofa. Eles ficaram alguns minutos em silêncio, até que ela choramingou.
- Broga! – ela enrolou as palavras. Beto riu languidamente. – Não tem garça... Ah, por cá de que eu tô falando así? – Alicia estapeou o próprio rosto.
- Para de se bater... É o álcool que tá fazendo efeito na sua babeça. – ele gesticulou, e depois de alguns segundos pigarreou. – Padece que já tá fazendo em mí também...
Aquilo não era normal. Ela não tinha bebido tanto assim, tinha? Os olhos de Alicia se arregalaram subitamente.
- Richardo dorgô a genti?!– Era como estar em um casulo, lúcida, mas sem nenhum controle sobre o corpo e a fala.
- Bão! – ele parou por um segundo e tentou novamente - Não foi el-e. As bebiba da fe-sta é tudo batizada...
- Quê?! Izo é ilegal! – ela exclamou com os braços molengas abertos.
- Bocê leu os bermos quando assinou?
- que bermo? – ela estava com os olhos semicerrados. – Ele dis-se que era consentibento.
- Debois explibo...não to falando bideito. – Beto resmungou. Alicia sentia o corpo amolecer. Ela pensou em deitar na areia, mas provavelmente se deitasse, dormiria.
- O quê ingebimos? – ousou perguntar.
- Uma bistura de er-vas, e ba-linas...
Alicia levou a mão a boca. Se a mãe dela estivesse ali com certeza lhe daria uma surra. Ela tinha conseguido passar a adolescência toda sem provar nenhum tipo de droga. E de repente, numa festa idiota ingerira várias de uma só vez? Ou algumas vezes...
- M-as não se beocupe. Você não terá alucibações, e a bistura faz o efeito passar rábido. – Ele explicou. Ela não se sentiu nem um pouco aliviada, e o encarou como se estivesse observando um tiranossauro Rex.
Ai, Meu Deus... O que era aquilo na sombra do coqueiro, se esgueirando feito uma cobra?
- Alibia! – Beto exclamou e ela tomou um susto. – Vobê não está tendo alubinações... Preste abenção em mim. - Beto mandou, e os olhos dela se detiveram assustados nele - Me-lhor?
- Bão sei...- Ela deu de ombros observando o coqueiro com desconfiança. Beto a encarou por um longo tempo.
- Bocê beijou ele? – Beto indagou. Alicia franziu o cenho para se lembrar do que fizera com o barman.
- Hum...acho que bão. Boce atrabalhou.
- besculpa por ter cancelado no-sso encontro.
- boi belhor así.
- Bocê não quer mesmo nada cobigo...
- Clabo! Você fazia Buiyng comigo... e sempre boi todo cheio sí, todo bonibão.
- Você me acha bonibão? – Ele quase falou uma frase inteira sem erros.
- É... Bocê não é a pessoa mais feia desse bundo... – ela murmurou. Na verdade, Beto devia estar entre as mais bonitas.
- Eu bambém sempre te achei linda.
- Uhum. – debochou ela.
- Sébio! – ele se virou para ela, chegando mais perto. Beto levantou a mão, e com o dedo traçou as maças dos rosto dela. – Seu rosto me lembra um corabão.
Alicia sentiu os olhos se arregalarem enquanto ela inspirou fundo buscando ar. No entanto, como ele estava perto, só o perfume almíscarado dele entrou por suas narinas. Ah não, homem cheiroso era um dos seus fracos. Ela virou o rosto.
- Isso só torna as coisas ainda mais conbusas...
- eu fiz a aposta para me banter popular... E debois que vi que Andrews gostaba de você...
Andrews era mais um dos garotos populares da escola. De fato, o menino japonês sempre parecia estar olhando para ela. Mas Alicia sempre imaginava ser por pena. Aquela declaração dele só a deixou mais irritada.
- Não aquebito que passei tudo aquilo por causa do seu ego! - Ela se afastou dele, mas ele foi atrás dela.
- Não eba só por causa biço... – Ele segurou o queixo dela. – eba por que eu tamem gostaba de você.
Alicia ficou sem reação, observando o contorno dos lábios deles. Beto mordeu os lábios, e ela suspirou, desejosa. Então Beto a beijou. Um beijo estranho, onde as línguas mais se debatiam do que exploravam.
- Paba! – ela o empurrou. – Eu bão gosto de você.
Ela declarou, o peito subindo e descendo. Beto a analisou, com os olhos descendo pelo corpo dela. Um calafrio percorreu a espinha dela, fazendo-a ondular.
- Me pr-oba.
- Como abim?
- Me bá um beijo. Só um. Se a gente não sentir naba... eu deixo vobe ir e a gente nunca mais se vê.
- Não tenho que povar nada pa você! – Ela ralhou, com o nariz arrebitado. Um sorriso largo e triunfante começou a se abrir nos lábios dele. Beto ia se afastando, ela já sabia o que ele ia dizer:
- Eu sab... – ela não deixou que ele terminasse.
Alicia colou os lábios deles. Beto demorou algum tempo para entender o que acontecia. Mas quando entendeu, a língua dele invadiu a boca dela, quente e lasciva. Ela ofegou com o fogo que crescia dentro de si.
A vontade era de provar que não existia mais nada, nem um resquíciozinho do passado deles... mas o que descobriu, era tudo.
Beto abraçou o corpo dela, a deitando na areia. Alicia deu espaço para que ele se encaixe no meio de suas pernas. As mãos dele subiam o vestido dela, apalpando a coxa, e as nádegas.
A atitude inicial do beijo sumiu feito fumaça, dando lugar ao desejo e a luxúria.
[...]
Alicia tentou abrir os olhos que pareciam colados. Todo seu corpo estava pesando uma tonelada. O cheiro que a envolvia a lembrava uma mistura de maresia, amaciante e...perfume.
Os olhos arregalaram-se de supetão.
Todo o corpo feminino estava envolvido por ele, numa confortável conchinha. Ela podia sentir o peito nu dele às suas costas. Alicia sentiu a pele queimar onde seu traseiro era deliciosamente encoxado.
Seus braços estavam sujos de areia, como todo chão do quarto em que eles estavam. As roupas deles eram um amontoado de tecidos embolados em cima de um sofá. A respiração dela começava a se afobar.
- Alicia? – Ele murmurou em seu ouvido, finalmente retirando a mão que a envolvia para coçar os olhos. Ela segurou a respiração. – Eu sei que está acordada, sua respiração ficou tão rápida que me assustou.
- Beto... – ela tentava falar qualquer coisa que não soasse desconexa. Alicia se sentou, tentando se distanciar ao máximo que podia de Beto e sua ereção que começava a despontar através do lençol. – Ai não... o que fizemos?
- Bom... acho que está bem claro o que aconteceu aqui. – ele murmurou, com um sorriso.
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